Discurso durante a 171ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo à Anvisa pelo registro da fosfoetanolamina sintética, medicamento produzido pela Universidade de São Paulo destinado à cura do câncer.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Apelo à Anvisa pelo registro da fosfoetanolamina sintética, medicamento produzido pela Universidade de São Paulo destinado à cura do câncer.
SAUDE:
Publicação
Publicação no DSF de 30/09/2015 - Página 304
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (ANVISA), MOTIVO, PROIBIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, MEDICAMENTOS, OBJETIVO, MELHORIA, CANCER, ORIGEM, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), SÃO CARLOS (SP), SÃO PAULO (SP), LEITURA, COMENTARIO, ENTREVISTA, PROFESSOR, PESQUISADOR, APOSENTADO, UNIVERSIDADE, JORNAL, ASSOCIADO, REDE GLOBO.
  • REGISTRO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, CONSELHO CIENTIFICO E TECNOLOGICO (CCT), COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, PARTICIPAÇÃO, PROFESSOR, PESQUISADOR, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), SÃO CARLOS (SP), SÃO PAULO (SP), BIOMEDICO, INSTITUTO, ADVOGADO, REPRESENTAÇÃO, PACIENTE, ASSUNTO, REGULAMENTAÇÃO, MEDICAMENTOS, MELHORIA, CANCER.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado. 

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, eu quero aqui agradecer a Deus por ter nos dado saúde, por ter nos dado inteligência e por ter dado a oportunidade de estar aqui em Brasília para continuar representando o povo do meu Estado de Rondônia.

    Quero agradecer também, Sr. Presidente, especialmente, ao povo do meu Estado de Rondônia, aos amigos, às amigas, mas também aos amigos dos quatro cantos deste rincão brasileiro, que, quando me assistem pela TV Senado ou quando estão me ouvindo pela Rádio Senado, mandam mensagens, enfim, entram em contato conosco, fortalecendo as nossas ações.

    Eu quero aqui agradecer a todos esses amigos e amigas que vão à igreja e mesmo à minha casa e que nas suas orações sempre têm pedido por nós.

    Sr. Presidente, eu vou levantar aqui hoje uma situação que, infelizmente, do meu ponto de vista, é pior do que o esquema da Petrobras. Alguém vai perguntar: "Mas ainda há coisa tão grossa depois do mensalão e do esquema do petrolão?".

    Eu fui Prefeito de Rolim de Moura, fui Governador do Estado de Rondônia. Gravei os maus políticos do meu Estado e divulguei na mídia nacional. Consegui consertar o meu Estado, devolver a dignidade e a esperança para o nosso povo. E hoje, graças a Deus, nos quatro cantos do meu Estado de Rondônia, por onde eu passo, a população sempre tem me apertado a mão, tem me dado aquele abraço, fortalecendo ainda mais as nossas ações.

    Mas a denúncia grave que vou fazer aqui hoje, Presidente, é pior do que o esquema da Petrobras, que, na verdade, só tomou o dinheiro do povo brasileiro. Desviaram e surrupiaram dinheiro da nossa população, infelizmente, causando prejuízo para essa estatal brasileira. O que vou denunciar hoje aqui é muito mais grave. A situação é muito mais crítica, porque o que vou dizer hoje aqui, especialmente para os nossos amigos do Senado, servidores desta Casa que nos acompanham até tarde - já são quase 21h20, no horário de Brasília; quase 20h20, no horário de Rondônia -, diz respeito, pelo que tenho percebido e vivido aqui hoje, ao sistema da saúde brasileira.

    Vocês podem perguntar: "Mas o que há de tão grave no que o Senador Ivo Cassol vai falar?". Vocês vão me ouvir e vão verificar que o que vou denunciar aqui nesta Casa é tão grave, tão grave, porque não é só dinheiro que está em jogo, é a vida humana, são as pessoas, são amigos e amigas que estão com câncer nos quatro cantos deste País, sendo tratados com quimioterapia, com medicamentos e tratamentos aleatórios, para prolongar suas vidas. Mas até hoje, infelizmente, não utilizam o medicamento que já deveria ter sido utilizado para eliminar o câncer de vez.

    Alguém pode perguntar: "Mas o que eu tenho a ver com isso?". Tem tudo a ver com isso. Assim como tem o Governo Federal e como tem o Ministério da Saúde, que, infelizmente, deu entrevista em que disse que não vai haver dinheiro nem para pagar os repasses para os Estados e para os Municípios, e parece até que a Presidente já mandou o Ministro embora.

    Parabéns à Presidente Dilma. Mas eu gostaria que a Presidente Dilma estivesse assistindo a este meu pronunciamento. Sou Senador nascido em Santa Catarina e já estou em Rondônia há quase 40 anos. Infelizmente, vejo com tristeza quando se fala que não há dinheiro para a saúde.

    Os laboratórios e muitas unidades hospitalares não têm interesse em que se descubra o medicamento para a cura do câncer, porque não custa mais do que R$0,10 cada cápsula. Alguém vai dizer em casa, ou algum profissional de saúde, que este Senador é louco. Eu não sou louco, não. Eu não sou louco, porque eu coloco a vida das pessoas em primeiro lugar. Nós já assistimos, na mídia nacional, a discursos que falavam de profissionais da saúde que fizeram cirurgias sem necessidade, que utilizaram próteses desnecessárias e tantas outras irregularidades na área da saúde em troca de dinheiro.

    Mas para o tratamento do câncer, que parece, para algumas pessoas, ser infinito ou sem cura, já aparece essa luz, que está no fim do túnel há muito tempo. O que falta, na verdade, é determinação e acabar de vez esse com esquema podre dos grandes laboratórios, que mandam no Brasil. São os laboratórios.

    Eu tenho um projeto nesta Casa, e esse projeto, Senador Paim, não sai das comissões. E sabe como é o projeto? É para que todas as prefeituras, os Estados e o Governo Federal, que têm sistema de saúde gratuito, comprem medicamentos, comprem material diretamente dos laboratórios, pelo mesmo preço que os laboratórios vendem para as distribuidoras e para as farmácias. Temos que acabar com esse esquema fraudulento de corrupção que fomenta o Brasil.

    Por que não querem acabar com isso? Eu já mandei, Senador Paim, cópia desse meu projeto para a Presidente Dilma, para que faça uma medida provisória e que a mande de lá para cá, para que nós aprovemos aqui. Ao mesmo tempo, alguém dos laboratórios vão dizer: "Não, as prefeituras não vão pagar". A Furp produz medicamentos: um comprimido custa R$0,10. Esse mesmo comprimido, no comércio, custa R$2,00. Portanto, os laboratórios não precisam vender para uma distribuidora, que depois vai vender para outra distribuidora, cada um acrescentando 50% nos preços dos medicamentos.

    Esse projeto não anda nesta Casa, infelizmente, porque o interesse dos grandes laboratórios se sobrepõe ao interesse público para diminuir dinheiro na despesa de compra de medicamento.

    Mas o que tudo isso tem a ver com o que eu estou falando sobre o câncer? É muito simples: se o Governo Federal, que mandou para cá a CPMF para investir na saúde, adotar urgentemente essa nova pesquisa, aproveitar os pesquisadores que fizeram esse trabalho na USP, no Estado de São Paulo, no Município de São Carlos, aproveitar esse conhecimento, essa experiência, e colocar na prática, Sr. Presidente, nós vamos economizar milhões e milhões, ou melhor, bilhões de reais que estão indo para o ralo hoje.

    Por que os laboratórios e muitas unidades de saúde pública não têm interesse de que esse medicamento seja distribuído gratuitamente? É muito simples. Vocês sabem quanto custa uma quimioterapia, que deixa o paciente sem cabelo, até sem as unhas do pé, se facilitar, deixa destruído o paciente? Uma quimioterapia custa de R$5 mil a R$30 mil.

    Sr. Presidente, na semana passada, eu assisti, no domingo à noite, a um programa do SBT. Não me recordo do nome, mas o repórter, se não me engano, era o Cabrini, que mostrava uma senhora no leito, com câncer, sorrindo, acreditando que poderia ficar boa, mas preparada para receber a morte, enquanto nós temos medicamento na praça.

    Eu tenho muitos amigos em meu Estado. Alguns já estão chorando; outros, infelizmente, só estão aguardando o tempo, porque não há mais como salvar seus familiares. Alguém que está me assistindo pode ter algum parente, um amigo, uma vizinha, um vizinho com câncer. Olha o que o dinheiro faz, gente! Isso é um absurdo! O dinheiro, infelizmente, é tão podre que se sobrepõe à vida humana, se sobrepõe a nós, cidadãos, pessoas. Muitas das doenças que aí estão foram fabricadas pelos grandes laboratórios. Quem sabe a Aids não é oriunda de um laboratório? Tudo pensando no dinheiro! Tudo pensando no dinheiro. Eu sou contra isso. O dinheiro é resultado do trabalho e do suor, mas não pode estar acima da vida das pessoas.

    Tenho em mãos, Sr. Presidente, uma entrevista. Falei com Gilberto Chierice, coordenador da pesquisa com a fosfoetanolamina - é uma palavra meio complicada de se pronunciar. Está aqui:

Pesquisador acredita que substância desenvolvida na USP cura o câncer

'A fosfoamina está aí, à disposição, para quem quiser curar câncer', diz. Pacientes entraram na Justiça para obter cápsulas em São Carlos, SP

Um professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) [há vinte anos pesquisando a cura do câncer] acredita que conseguiu desenvolver uma substância que pode curar o câncer. Gilberto Orivaldo Chierice coordenou por mais de 20 anos os estudos com a fosfoetanolamina sintética, que imita uma substância presente no organismo e sinaliza células cancerosas para a remoção pelo sistema imunológico. ''A fosfoamina está aí, à disposição, para quem quiser curar o câncer", disse o especialista. Como mostrou [há poucos dias atrás] o G1. a droga era fornecida gratuitamente em São Carlos, mas uma portaria da universidade proibiu a distribuição até o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pacientes que tinham conhecimento dos estudos entraram na Justiça para obter as cápsulas. Procurada, a Anvisa disse que não identificou um processo formal para a avaliação do produto em seus registros e que não houve por parte da instituição de pesquisa nenhuma iniciativa ou atitude prática no sentido de transformar o produto em um medicamento.

    Vocês sabem por quê? Porque a Anvisa, infelizmente, acoberta. A Anvisa, quando há uma descoberta de medicamento aqui no Brasil, demora quatro, cinco anos para colocar em prática. A Anvisa, infelizmente, não faz um trabalho defendendo a vida humana.

    Portanto, por mais que não tenha sido dado entrada, mas vamos ver adiante a entrevista desse pesquisador. E não foi apenas ele. O Dr. Salvador e outros participaram. Não foi uma pessoa sozinha, mais pessoas participaram.

    "Segundo a agência, para obter o registro, além da requisição, é preciso apresentar documentos e análises clínicas." Eu pergunto a vocês: que hospital público se propôs a fazer esse trabalho? Nenhum. O pouco que foi feito, infelizmente, engavetaram. Tudo por causa de dinheiro! Tudo por causa de dinheiro! Infelizmente, esse mal é pior do que o mal da Petrobras.

Mas, de acordo com Chierice [o Dr. Gilberto], a substância, também conhecida como fosfoamina, não chegou ao mercado por "má vontade" das autoridades. Ele disse que procurou a Anvisa quatro vezes e foi informado que faltavam dados clínicos. "Essa é a alegação de todo mundo. Mas está cheio de remédios neste país que não têm dados clínicos", desabafou.

Pediu, então, à agência um hospital público onde pudesse realizar novos testes - os pesquisadores afirmam que, nos anos 90, a substância foi testada em um hospital de Jaú -, mas contou que não obteve retorno.

    Vejam que o interesse pelo dinheiro, dos recursos do SUS - olhem que situação -, infelizmente, é maior do que pela vida humana. "(...) a substância foi testada em um hospital de Jaú -, mas contou que não obteve retorno. A Anvisa nega que tenha sido procurada formalmente." Já estiveram várias vezes na Anvisa, mas as dificuldades que colocam para que eles possam obter, veremos à frente, na entrevista.

Ação

O professor aposentado explicou que, com a ingestão das cápsulas, as células cancerosas são mortas e o tumor desaparece entre seis e oito meses de tratamento.

    É a pesquisa que mostra. E por que vamos desperdiçar isso e deixar que esses pesquisadores, o Dr. Gilberto e seus colegas, levem a pesquisa para outro país? Eles registraram no nome deles e deram, sem custo nenhum, para o SUS, para os laboratórios fabricarem esse medicamento, que custa R$0,10 cada um para o SUS.

    Imagina se essa descoberta, esse medicamento for registrado ou repassado para outros países? Aí, infelizmente, teremos que comprar esse medicamento a peso de ouro, porque o que vai predominar, mais uma vez, é essa propinagem vagabunda que existe no âmbito nacional e internacional.

"Mas é evidente que um caso é diferente do outro", afirmou, reforçando que o período pode variar de acordo com cada sistema imunológico. Contou ainda como a substância age e afirmou que já há outro país interessado em fabricá-la.

    Olha que situação, gente! Senador Paim, meu Presidente, pesquisadores do nosso Brasil descobrem o remédio para a cura do câncer e aqui não há interesse. O Governo Federal e o Ministério da Saúde mandam para cá um projeto de lei para voltar a CPMF quando se pode economizar bilhões de reais - bilhões de reais! - com quimioterapia, com tratamento no hospital, porque um paciente com câncer não fica no hospital um dia ou uma semana. Ele fica meses!

    Então, é isso que é importante conscientizar.

    Portanto, como contou ainda como age a substância e afirmou que já há outros países interessados em fabricá-la. "Nós podemos ter que comprar esse medicamento a custo de mercado internacional, porque já está começando a aborrecer ficar todo esse tempo tentando e não conseguir", disparou na entrevista concedida ao repórter Rafael Castro, reproduzida a seguir.

    Então, vamos à entrevista, a EPTV que fez.

Que substância é essa?

É a combinação de uma substância muito comum, utilizada em muitos xampus de cabelo, chamada monoetanolamina, e o ácido fosfórico, que é um conservante de alimentos. A combinação dessas duas substâncias gera uma substância chamada fosfoetanolamina, que é um marcador de células diferenciadas, que são as consideradas células cancerosas.

    Aí, vem a outra pergunta:

Como ela age no organismo?

Essa substância nós mesmos fabricamos dentro das células de músculo longo e no fígado, no retículo endoplasmático. Então, não podemos chamar de produto natural porque é sintetizado (...).

    Olha a entrevista aqui:

Houve interesse de outro país nessa fórmula. O que pode acontecer?

Nós podemos ter que comprar esse medicamento a custo de mercado internacional, porque já está começando a aborrecer ficar todo esse tempo tentando e não conseguir, criam dificuldades que eu não sei explicar.

Eu sou um homem de ciência de 25 anos, eu não sou nenhum amador, [nenhum picareta, nenhum nó cego]. Por não ser amador, eu conheço os trâmites das coisas, como funciona. Se não for possível aqui, a melhor coisa é outro país fazer, porque beneficiar pessoas não é por bandeira.

    É por dinheiro que fazem isso, é por dinheiro que esses corruptos e desonestos matam pessoas. É por dinheiro que fazem isso.

A humanidade precisa de alguém que faça alguma coisa para curar os seus males.

    Aí, vem outra pergunta, pela EPTV:

A cura do câncer existe?

Não só pela fosfoetanolamina, deve existir por uma dezena de outras coisas, mas a fosfoetanolamina está aí, à disposição, para quem quiser curar câncer.

    Outra pergunta:

E por que a aprovação está demorando tanto? Por que a Anvisa está demorando tanto para liberar?

A razão é muito simples:

    Eu acho que existe uma má vontade, porque se existisse boa vontade, isso já tinha sido aplicado em hospitais do Governo. Olhe o que o pesquisador está falando! Dados experimentais, fase I, fase II, fase III, tudo isso já está pronto. Agora, o que falta é dentro das normas da lei, os dados clínicos, assim me disseram na Anvisa todo esse tempo. Eu acho que existe uma má vontade.

    E faço a pergunta: por que o Hospital do Câncer de Barretos não topa esse desafio? Por que o Hospital do Câncer de São Paulo e outros tantos que têm aí, A.C. Camargo, também não aproveitam isso? Por mais que façam trabalho filantrópico, têm dinheiro no fundo. É igual no meu Estado, Sr. Presidente, fazem leilão, arrecadam recursos, para mandar para o hospital de Barretos. E está certo, tem que ajudar. Mas se há o medicamento aqui, quero fazer o desafio para o Henrique Prada: coloque isso em prática, leve esses pesquisadores, leve esses cientistas para o Hospital de Barretos. Temos tantas pessoas de Rondônia que vão para o hospital de Barretos.

    E aí sabe quem vai economizar dinheiro? O povo brasileiro que tem que pagar mais imposto, que vai pagar mais imposto.

    Portanto, está aí a oportunidade. E por que a aprovação? Está aí, já falei. Porque a falta é dentro das normas da lei, os dados clínicos, assim me disseram, na Anvisa todo esse tempo, acho que existe má vontade. Então, ele repete aqui: a cura do câncer existe, não só pela fosfoetanolamina, deve existir por outras dezenas de outras coisas.

    Fez mais uma pergunta:

Enquanto essa má vontade continuar, muita gente com a doença, e a cura está mais próxima do que muita gente imagina, não é?

    É eu penso que sim, a cura está bem mais perto. E se dissessem "ainda que falta aprimorar alguma coisa teria de ser aprimorado daqui para frente, não daqui para trás". Daqui para trás está tudo pronto.

Esta substância é a cura do câncer?

    Olhe a pergunta que a EPTV fez. Mas espera aí, e os laboratórios? Os laboratórios são os maiores patrocinadores de muitos meios de comunicação por aí.

    Está aí a pergunta: esta substância é a cura do câncer?

    Eu acredito que sim, eu acredito que sim, não só essa, como um monte delas que poderia vir de derivados.

    Entenda o caso. No dia 17, o G1 mostrou que pacientes com câncer brigam na Justiça para que a USP forneça cápsulas de fosfoetanolamina sintética. De acordo com usuários, familiares e advogados, a substância experimental acumula resultados satisfatórios no combate à doença, inclusive com relatos de cura, mas não possui registro junto à Anvisa e, por isso, só está sendo entregue por decisão judicial.

    Quer dizer, é um absurdo, Sr. Presidente, a maneira que se faz saúde.

    E olha uma situação mais grave ainda que eu quero aqui colocar e mostrar para vocês. Eu tenho aqui, Sr. Presidente... E vou precisar de mais 10, 15 minutos para concluir e mostrar todo o restante do que tenho aqui. Eu quero deixar bem mais claro.

    Eu tenho inúmeros e inúmeros processos defendendo o povo do meu Estado de Rondônia. Se eu tiver que ter mais um processo para defender o povo que precisa do tratamento, que precisa de alguém que use a tribuna e que vá atrás disso, eu me coloco à disposição, vou comprar essa briga, vou atrás e vou andar nos quatro cantos.

    Estarei em breve no Estado de São Paulo, em São Carlos, conversando com os pesquisadores. Estarei lá em Santa Catarina, visitando um catarinense, um conhecido que eu não conheço pessoalmente, mas já por telefone conversamos.

    Olha o que diz a entrevista:

Consciência em paz, afirma homem preso por doar cápsula contra o câncer.

    Olha a história desse catarinense:

Catarinense começou a produzir a substância em 2008, após caso da mãe. Carlos Kennedy Witthoeft passou 17 dias preso e responde por falsificação.

Carlos Kennedy [...] afirma que está "com a consciência em paz". Durante uma visita a São Caríos [...], ele contou corno conheceu a fosfoetanolamina sintética, apontada por pesquisadores como o tratamento alternativo para o câncer, porque quis doá-lo e o que aconteceu após ser preso e indiciado por falsificação de medicamento. "Não tem como mensurar o que a gente sentia a cada pessoa que vinha falar que estava curada", disse ele.

    Eu liguei para esse cidadão, o Carlos Kennedy. Para quem não conhece, é lá de Pomerode, vocês que estão me assistindo, cidadão humilde, simples, um comerciante. A sua mãe estava com câncer. Ele procurou o grupo de cientistas e pesquisadores da USP e deram o medicamento. Ele chegou a casa e distribuiu esse medicamento para sua mãe.

[A sua mãe] não levantava mais da cama, dava duas, três mordiscadas no pão e isso era a refeição do dia inteiro. Pedi para ela tomar o remédio e, no terceiro dia, ela andou, desceu as escadas, foi à cozinha e disse: "Eu queria comer uma sopa" [Sopa é uma canja de galinha.] narrou Kennedy. Ele afirmou que a melhora foi progressiva e, no 18° dia de consumo [do medicamento], foi surpreendido.

Eu havia saído para ir ao banco e, chegando em casa, uns 40 ou 50 minutos depois, a minha mãe estava no canto do jardim segurando a enxada. Eu disse: Mãe, o que tu queres com a enxada? E ela disse: 'Vou dar uma capinadinha". Eu disse: Mãe, o que tu queres com a enxada? E ela disse: Vou dar uma capinadinha.

    Quer dizer, 18 dias depois. Ela estava na cama, já não comia mais nada.

Nesse dia ele deu a mãe como curada e ligou para o Gilberto, perguntando se poderia indicar as cápsulas. Mas ouviu que a produção era insuficiente para atender mais pacientes. Minha mãe era conhecida em Pomerode. Pessoas viam a recuperação e perguntavam o que ela tinha feito e se eu conseguia para elas. Eu queria que amigos pudessem tomar. Como podia dizer que não tinha como fornecer?

E perguntei, então, se podia produzir, contou.

Eu disse: Mãe, o que tu queres com a enxada? E ela disse: "Vou dar uma capinadinha"

    Olha que situação! Chegou uma paciente de câncer, já em fase terminal e, com 18 dias, já estava querendo carpir.

    E, ao mesmo tempo em que ele entrou em contato com o Dr. Gilberto e se propôs a produzir e começou a distribuir esse medicamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - ... para as pessoas da região de Palmerode.

    Resultado: fizeram denúncia contra o Sr. Carlos Kennedy. Ele foi preso por falsificação de medicamento. Além de ter sido preso, a sua esposa teve um derrame. No décimo sétimo dia em que ele saiu da cadeia a sua esposa veio a falecer.

    Infelizmente, eu fico triste, e por que fico triste? Porque com saúde não se brinca. Quem determinou a prisão de repente ainda não sentiu na pele - os carcereiros, os delegados, todos -, talvez ainda não tenham sentido na pele o que é ter um familiar com câncer. Talvez ainda não tenham tido alguém na família ou tenham perdido alguém com câncer.

    Fico revoltado. Era o mesmo quando eu metia a boca no Ibama no meu Estado, porque caia uma ponte e a família que morava do outro lado precisava de acesso e nós não tínhamos licença para retirar uma árvore. Nós, então, retirávamos uma árvore igual à 429. Vinha, então, o Ibama e nos multava e dava, então, um processo para mim ou para os servidores do Estado.

    Eu dizia que esses servidores não tinha a mãe morando do outro lado do rio. Se tivessem não estariam fazendo aquilo.

    Então, o que vale é, ao mesmo tempo, ter a consciência para fazer o melhor e levar o bem-estar para todos.

    Então, Sr. Carlos foi preso, ficou 17 dias preso, porque ele produzia, manipulava esse medicamento. Tudo bem, ele não tina autorização, não era bioquímico. Mas tantos outros medicamentos são manipulados. Mas quem estava fornecendo? Era a USP. Agora, por determinação judicial, também cancelaram.

    E por que a Anvisa do Governo Federal? A Anvisa é nossa. A Anvisa é do Governo Federal, é para atender os interesses do povo brasileiro. É para defender o medicamento. E a Anvisa, infelizmente, está fazendo o jogo dos laboratórios, dos fabricantes. Infelizmente, a Anvisa está fazendo o jogo de uma quimioterapia que custa até R$25 mil, R$30 mil.

    Por que não pegar um hospital público, urgente, e colocar à disposição para que essa equipe de professores, de pesquisadores, possa complementar o trabalho deles. E aproveitar essas pessoas que já estão em fase terminal, que coloquem como cobaia, para que tomem esse medicamento. Pior do que isso é a quimioterapia, gente - pior do que isso é a quimioterapia.

    Eu já perdi uma tia com câncer de seio, ela fez de tudo para poder se salvar e veio a falecer. E quantos e quantos amigos, eu tenho o Rolim de Moura, uma família de amigos meus, que é o pessoal dos Coati. Tenho lá uma sobrinha, filha da irmã dele, que está com câncer, deve ter uns 17, 18 anos.

    Tantas outras pessoas que buscam alternativas de tudo quanto é jeito, nós temos aqui na porta da nossa casa oportunidade de poder testar isso. Mas, gente, não pode testar nas pessoas de câncer. Então, vai testar em quem, gente? Vai testar em quem? Se as pessoas de câncer já estão marcadas para morrer, se as pessoas de câncer já estão em fase terminal. Isso é brincadeira, isso é caso de polícia.

    Eu voto contra a CPMF, agora, se a Presidente Dilma botar, urgentemente, na saúde pública, abrir as portas e determinar que toda instituição pública... bota a Anvisa para funcionar de verdade, acaba esse sistema em que o dinheiro sobrepõe as vidas humanas. Porque, gente, dizer que não pode produzir esse medicamento porque a Anvisa não aprovou.

    Diretores da Anvisa, você estão preocupados com quem? Com quem? Porque vocês não têm ninguém com câncer dentro da família de vocês, porque se tivessem, com certeza, vocês estariam correndo atrás.

    Alguém está achando ruim, estou pouco me lixando com quem está achando ruim. Eu estou com dados na mão. Eu conversei com o Dr. Gilberto, eu conversei com os demais pesquisadores, eu conversei com a advogada que está entrando na Justiça,

    Eu conversei com esse cidadão catarinense, o Carlos Kennedy. Quando ele falou comigo, ele chorava ao telefone. Eu falei: "Não, para!". E ele falou: "Cassol, eu não vou dizer para você quem são as pessoas que estão curadas de câncer, mas vem a Pomerode, que eu vou lhe dou o endereço delas para você ir vê-las".

    Quer prova maior do que isso? Querem prova maior que isso? Não. Infelizmente, o dinheiro se sobrepõe a isso, porque tem que consumir um coquetel que custa milhões de reais. E quem acaba pagando a conta somos todos nós.

    Sr. Presidente, hoje fiz um requerimento à Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e informática - CCT -; à Comissão de Assuntos Sociais também - fiz com o Senador Cristovam. Conversei com a Senadora colega de Partido, Senadora Ana Amélia, que já se prontificou... Ela já está com esse requerimento em mão; está na CAS - Comissão de Assuntos Sociais -, que regulamenta a questão dos medicamentos.

    Que sejam convidados para a audiência pública conjunta os Srs. Gilberto Orivaldo Chierice, professor e pesquisador aposentado da Universidade de São Paulo - USP, campus da Cidade de São Carlos/SP; também o Sr. Salvador Claro Neto, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo - USP, campus da Cidade de São Carlos/SP; também Durvanei Augusto Maria, biomédico do Instituto Butantan, na cidade de São Paulo/SP; Renato Meneguelo, Mestre de Bioengenharia pela Universidade de São Paulo - USP; além da Srª Alexandra Carmelino Zatorre, advogada e representante de centenas de pacientes que estão tomando esses medicamentos, a quem foi dada a liminar.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - E quero parabenizar o juiz que deu essa liminar - mas ela já foi derrubada na instância superior.

    Ao mesmo tempo - mais cinco minutos eu garanto, Presidente, que encerro -, faço esta denúncia aqui, chamando a população do Brasil inteiro para começar a se movimentar; caso contrário, a vítima amanhã pode ser você, pode ser eu, podem ser vocês aqui do Senado, ou a mãe, ou o pai, o irmão de alguém.

    Convidamos também a advogada e representante legal do grupo de pessoas portadoras de câncer na cidade de São Carlos para prestar esclarecimento acerca da matéria vinculada no portal G1, de 24/08/2015, inclusive em rede nacional de TV, sobre a descoberta e o desenvolvimento das pesquisas médico-farmacológicas clínicas com a droga fosfoetanolamina sintética na Universidade de São Carlos, no decorrer de 20 anos de trabalho, bem como seus resultados clínicos e os entraves burocráticos com que a equipe se defronta com o registro da patente e produção no País desse importante medicamento.

    Peço aos meus ilustres pares, citados colegiados que aprovem o requerimento.

    Na CCT, já foi aprovado hoje e, amanhã, vai ser colocado em extrapauta na CAS pela Presidente, Senadora Ana Amélia. E ela já me confirmou hoje que também aprovarão amanhã, para que possamos ouvir o esclarecimento dos componentes.

    Sr. Presidente, eu vejo com tristeza a situação que o Brasil vive, que os Estados vivem, os Municípios vivem, de falta de recurso para manter o Sistema Único de Saúde. E o tanto de dinheiro, de milhões e bilhões em dinheiro, o tanto que o Estado gasta. Por exemplo, o Estado faz o TFD, que é o tratamento fora de domicílio, e gasta milhões. No meu tempo de Governador, gastavam-se de R$600 a R$700 mil por mês. Esse recurso pode ficar no Município, no Estado, para fazer tratamentos de ortopedia e tantos outros que existem e que têm dificuldade.

    Mas, não! Infelizmente a Anvisa... Eu quero saber se a Anvisa é brasileira. Eu quero saber se a Anvisa, os diretores, o Presidente da Anvisa vão comprar essa briga ou vão ser funcionários dos laboratórios. Eu quero saber agora quem paga o salário deles, porque eles tinham que ter corrido atrás, já tinham que ter buscado mecanismos para trazer esses professores, esses pesquisadores, para colocarem em prática e buscarem uma unidade pública.

    Mas o que eu não consigo entender, Sr. Presidente, nenhuma unidade pública tem interesse em fazer a Fase 1, Fase 2 e Fase 3, que já fizeram tudo isso. Qual é o risco que existe, Sr. Presidente, se os pacientes já estão com câncer? Muitos já estão em fase terminal. Não existe risco nenhum!

    Mas há um risco, sim, é que muitos deles vão perder sabe o quê? Isto aqui: dinheiro. O dinheiro do imposto que nós pagamos. E agora vem um projeto de lei, uma PEC, para nós aprovarmos a CPMF de novo. Está errado! Está errado! Vamos, primeiro, buscar colocar na prática esse medicamento que custa R$0,10.

    Sabe por que eu falo isso, Sr. Presidente?

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Quando eu era Prefeito ou era Governador, infelizmente - infelizmente! -, havia muitas prefeituras que não queriam comprar o remédio do instituto da USP de São Paulo, e os medicamentos básicos. Enquanto tu compravas medicamentos para o Município de Rolim de Moura na minha época com R$10 mil, R$12 mil, se tu fosses comprar na farmácia, pagarias R$80 mil, R$100 mil. Eu comprava lá e, quando o pessoal atrasava o pagamento, eu dava bronca neles.

    Alguém diz o seguinte sobre este meu projeto de vender direto os medicamentos: e se a prefeitura não paga? No meu projeto, o banco em que eles têm a conta do Fundo de Participação deposita, imediatamente, na conta dos laboratórios para fornecer. Nem isso anda aqui nesta Casa!

    Portanto, Sr. Presidente, gostaria aqui, como bom gaúcho que o senhor é - antes de acabar o tempo, peço mais cinco minutos e, aí, encerro tudo; eu prometo para o senhor -, entre comigo nesta briga.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Pode procurar esses dados. Se o senhor permitir, encaminharei ao seu gabinete essas pesquisas.

    E eu pedi mais. Eu pedi a esta Casa, à Comissão que, nesta semana, me coloquem à disposição um jornalista ou uma jornalista desta Casa, e um cinegrafista, para a gente, Zezinho, poder filmar e documentar essas pessoas que foram curadas com esse medicamento.

    Por isso, não abro mão dessa luta, eu não abro mão dessa busca. E se hoje eu estou com saúde, quem me garante amanhã? Quem me garante amanhã? E vocês que estão me assistindo, está tudo bem? Não vão se mexer porque está tudo bem em casa? Ninguém vai se mexer, ninguém vai fazer nada? Está tudo tranquilo? Não faça isso, não! Não faça isso não, gente. Ninguém de nós está prevenido. Ninguém de nós está preparado. Ninguém de nós está prevendo que dia vai ficar doente e do que vai precisar amanhã.

    Assim, se a situação da saúde no Brasil hoje está mal, se o Governo Federal não tem dinheiro, as prefeituras têm dificuldade, o governo do Estado também tem dificuldade, nem as cirurgias eletivas estão sendo feitas, é um desespero no meu Estado, é um desespero porque não fazem cirurgia...

    A pessoa se quebra, fica lá quebrada 30, 40 dias. As pessoas estão apodrecendo nos hospitais do Estado de Rondônia. Eu fico triste com isso. E a reclamação é falta de dinheiro.

    E nós, o que estamos fazendo aqui para convalidar a experiência que a USP fez, com seus cientistas, com seus pesquisadores? A USP simplesmente diz que não tem mais condições de fornecer o medicamento.

    E essas pessoas que foram curadas? Você que já tomou esse medicamento e está me assistindo agora, manda para meu e-mail aqui no Senado, Senador Ivo Cassol, manda para cá essa comprovação. Eu preciso dela para que possamos fazer, a cada dia, discursos mais fortes aqui nesta Casa.

    Portanto, mais uma vez, agradeço ao Presidente o carinho, e aos parceiros que estão até esta hora nos acompanhando - 10 horas da noite -, neste discurso. Mas não posso falar de outra coisa, com a indignação que estou pela maneira como estão agindo com o nosso povo brasileiro, na falta de um tratamento sério de saúde. Não só por falta de dinheiro, mas porque o dinheiro está sendo mal gasto. Infelizmente, o dinheiro está se sobrepondo às pessoas. Isso não pode. Quem faz isso, o capeta leva. Quem faz isso, vai para o inferno, porque está levando vidas e mais vidas.

    Tenho acompanhado a reportagem de domingo à noite do Cabrini. Cabrini, do SBT, você que fez aquela matéria, no C.Camargo, domingo à noite, compra essa briga junto!

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Ratinho, eu o conheci pessoalmente, você é um guerreiro, você é um lutador, compra essa briga! Se o laboratório tem algum contrato com o SBT, manda para os quintos dos infernos! Mas compra essa briga, Ratinho, você é um cara corajoso, determinado! Para poder convalidar esse medicamento aqui, para poder curar o câncer, só há um caminho: gente de coragem, que não tem medo.

    Peço a Deus, e também por vocês que sempre têm orado com a gente, que continue me dando saúde e paz. Do resto, nós corremos atrás.

    Um abraço. Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/09/2015 - Página 304