Discurso durante a 180ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a realizar o Fórum Inovação, Alimentação e Agricultura e celebrar os 70 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Outros:
  • Sessão Especial destinada a realizar o Fórum Inovação, Alimentação e Agricultura e celebrar os 70 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2015 - Página 8
Assunto
Outros
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), REALIZAÇÃO, REUNIÃO, ASSUNTO, INOVAÇÃO, ALIMENTAÇÃO, AGRICULTURA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, AGROPECUARIA, BRASIL, ERRADICAÇÃO, FOME, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL.

    O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente que deixa os trabalhamos neste momento, Senador Jorge Viana, Srª Presidenta; Senadora Ana Amélia, signatária do requerimento desta sessão especial; representando a FAO no Brasil, o Sr. Alan Bojanic; representando o Presidente João Martins da Silva Júnior, o Vice-Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária - CNA, Sr. José Mário Schreiner; Presidente da Embrapa, Dr. Maurício Lopes; Diretor de Operações da Companhia Nacional de Abastecimento, Sr. Rogério Abdala; Vice-Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, representando o Presidente, Sr. Francisco Maturro; senhoras e senhores; ouvintes da Rádio Senado; telespectadores da TV Senado, é com grande satisfação que participo desta sessão especial do Senado, convocada a requerimento da Senadora Ana Amélia e de outros colegas, para realização deste Fórum Inovação: Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, que entre outros objetivos comemora os 70 anos de existência da FAO -Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

    Desejo saudar especialmente os organizadores do fórum, que são a própria FAO, hoje, para nosso orgulho, presidida por um brasileiro, Dr. José Graziano; a Associação Nacional de Defesa Vegetal - Andef; a Associação Brasileira do Agronegócio -Abag, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a nossa querida Embrapa.

    É imenso, como se sabe, o desafio posto diante de nós, de alimentar 9,3 bilhões de pessoas até 2050. Maior ainda, Srª Presidenta, é esse problema quando se sabe que a população não irá parar de crescer e deverá atingir 12 bilhões em 2100, com uma África três vezes mais populosa que hoje, segundo estudo recente da Universidade de Washington.

    Daí a relevância deste fórum voltado para a inovação, já na sua sétima edição. O conhecimento será a chave para a solução desse grande e complexo problema, como já se demonstrou com o uso das sementes geneticamente modificadas - ainda tão questionadas, mas que estão fazendo bem ao mundo -, que geraram um grande salto de produtividade na agricultura mundial.

    Graças à ciência e à tecnologia, o Brasil tem alcançado produção de relevo no cenário do agronegócio mundial. A nossa safra agrícola já chega a mais de 210 milhões de toneladas, com um ganho de mais de 8% sobre a safra anterior. A pecuária de corte brasileira é um dos pilares do nosso agronegócio, perdendo apenas para a produção de soja.

    Levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indica que a produção mundial de carne bovina chegará a quase 60 milhões de toneladas este ano. O Brasil responde por 17% da produção mundial, atrás apenas dos Estados Unidos da América.

    No ano passado, porém, o Brasil liderou as exportações de carne bovina, com 21% das vendas mundiais do produto, tendo vendido carne in natura para 151 países e carne industrializada para outros 103 países. As exportações brasileiras do setor cresceram 737% - olhem só que número interessante, 737; 737 é um boeing. As nossas exportações estão crescendo, subindo como um boeing -, passando de US$2,7 bilhões, em 2000, para 6,4 bilhões em 2014, segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura.

    Tudo isso se deve, naturalmente, à inovação que vem sendo cada dia mais relevante no agronegócio brasileiro; isso, como já foi dito aqui pela Senadora Ana Amélia, preservando as nossas florestas. O Brasil preserva mais de 50% das nossas florestas. Só a Amazônia, que corresponde a 61% do Território nacional, preserva 83% das suas florestas. Apenas 17% de uma área de 61% do Brasil foram desmatados até agora.

    Eu tenho um segundo projeto tramitando - o primeiro, que era desmatamento zero, foi incorporado ao Código Florestal: desmatamento líquido zero. Isso quer dizer que nós não podemos mais desmatar se não houver compensação com outra área. É claro que a agricultura familiar ainda precisa desmatar alguns poucos hectares em cada propriedade, principalmente quando está sendo assentada pelo Incra neste momento, mas isso só seria possível se fosse compensado com outra área de reflorestamento. Então, desmatamento líquido zero quer dizer que o Brasil não avançaria mais na área do desmatamento, permanecendo preservados os mais de 50%.

    Em Rondônia, no meu Estado, também temos procurado o caminho do conhecimento para melhorar a produtividade do Estado. Graças a isso, a soma das produções de leite e café cresceu 158% entre 2011 e este ano. Da mesma forma, já estamos produzindo uma média de 500 quilos de cacau por hectare. Eu li uma reportagem, há poucos dias, dizendo que a produção de cacau no mundo pode até acabar, mas o Brasil vai continuar produzindo cacau. Isso graças a um projeto conhecido como Piracacau - um nome meio esquisito -, que combina a produção de cacau, açaí e carne de pirarucu, um peixe gigante que produzimos na Amazônia.

    O segredo da alta produtividade desse sistema está na fertirrigação, que consiste no reaproveitamento da água dos reservatórios onde são criados os pirarucus. A água tem que ser renovada diariamente e retém a maior parte dos adubos. O material orgânico é usado na lavoura, e o açaí é plantado para servir de quebra-vento e conter a perda de umidade das terras.

    São ideias simples e inovadoras como essa que nos permitirão matar a fome do mundo. O papel de destaque do Brasil na produção de alimentos é indiscutível, e eventos como este de hoje só nos ajudam a cumprir melhor esse papel.

    Precisamos produzir cada vez mais, em menores espaços, como já foi dito aqui pela Senadora Ana Amélia, mas principalmente com custo cada vez mais baixo, para que, assim, todos possam ter o devido acesso a uma alimentação minimamente adequada

    Não podemos conceber que, ainda neste século, milhares de pessoas continuam a passar fome no mundo todo, principalmente nos países mais pobres, a exemplo de alguns países da África. Diria que é nosso dever não deixar faltar alimentos na mesa de quem tanto necessita.

    Saúdo, portanto, mais uma vez a FAO, pelo seu aniversário, e as demais instituições envolvidas na promoção deste evento, que, sem dúvida, é de importância vital na disseminação da ideia da inovação na produção de alimentos em todo o mundo.

    Muito obrigado, Srª Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2015 - Página 8