Discurso durante a 180ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a realizar o Fórum Inovação, Alimentação e Agricultura e celebrar os 70 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a realizar o Fórum Inovação, Alimentação e Agricultura e celebrar os 70 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2015 - Página 10
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), REALIZAÇÃO, REUNIÃO, ASSUNTO, INOVAÇÃO, ALIMENTAÇÃO, AGRICULTURA, COMENTARIO, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, FORMA, NUTRIÇÃO, POPULAÇÃO, REGISTRO, IMPORTANCIA, CAJU, REGIÃO NORDESTE.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Bom dia a todos e a todas.

    Eu quero cumprimentar a Mesa, a Srª Presidenta, Senadora Ana Amélia; o representante da FAO no Brasil, Sr. Alan Bojanic; o representante da CNA, José Mário Schreiner; o Presidente da Embrapa, Sr. Maurício Lopes; o Diretor Executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Sr. Eduardo Daher; o Diretor de Operação da Companhia Nacional de Abastecimento, Sr. Rogério Abdalla; o Vice-Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, representando o Presidente, Sr. Francisco Matturro; senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, minha fala é muito breve até porque não estava prevista. Eu tinha que ir a uma comissão e passei para assistir um pouco. Mas eu quero parabenizar a Senadora Ana Amélia pela iniciativa. Eu acho que este é um tema muito importante para discussão, não só o aniversário da FAO, mas também a segurança alimentar e nutricional.

    Nós sabemos que o Brasil vem vencendo o desafio de dar comida, de matar a fome, de dar o alimento, de promover que as pessoas tenham alimento, mas ainda temos desafios grandes. Um deles é a qualidade do alimento. Eu acho que temos que avançar para esse passo da qualidade do produto. E aí entra a questão do agrotóxico, sim. Nós temos que ter cuidado, porque o efeito é bem mais à frente.

    Mas nós temos um elemento bem presente no momento, na questão da alimentação, que é o aumento da obesidade, o sobrepeso. Eu acho que precisamos cuidar disso, porque tem tudo a ver com a alimentação, principalmente das crianças. Nós sabemos que a alimentação nas escolas precisa ser mais vigiada, a qualidade da merenda escolar precisa ser monitorada, para que as nossas crianças não fiquem obesas, como já se está constatando.

    Temos o desafio também da própria produção, do aproveitamento. Aqui foi falado do cacau, mas eu vou dar um exemplo da minha região, o caju. O caju é um fruto do qual tudo se aproveita, mas as pessoas não sabem utilizá-lo, industrializa-se o suco e nada mais. E a culinária do caju é fantástica, o que se faz com o caju na cozinha, que alimenta muito.

    Eu fiz, no meu escritório do Piauí, uma oficina de aproveitamento do caju com o pessoal de uma cooperativa, ensinando as pessoas a usar o caju na culinária. E a gente fez coisas maravilhosas. Depois, promovi uma degustação com jornalistas e as pessoas que participaram e todo mundo adorou. Estão se multiplicando muito lá as oficinas porque se faz tudo com o caju: bife, omelete, pastel, vatapá, e a gente come e não sente falta de carne. No Nordeste, a abundância do caju é fantástica, e a gente só ouve falar da cajuína, no máximo, e de alguns outros produtos.

    Essa cooperativa está fazendo champanhe de caju. E olhem que é uma delícia. Eu já experimentei, está em fase experimental ainda, mas é fantástico o champanhe de caju. Um dia, quem sabe, trago aqui para os Senadores experimentarem. Precisamos ter o desafio do aproveitamento. A nossa natureza é riquíssima em frutos, em frutas, e a gente aproveita pouco. Então, é um desafio.

    Visitei a Embrapa Hortaliça, em Brasília, e fiquei encantada com o que se pode fazer em pequenos espaços, um processo educativo que tem que se ter com a população também. Eu também fiz oficina de hortas caseiras. As pessoas foram chamadas para aprender a plantar coisas pequenas em quintais e produzir alimentos de qualidade para seu consumo. Então, temos também esse desafio da pequena produção, e que as pessoas sejam ensinadas a se alimentar.

    Eu quero contar uma experiência que vivi. Visitei um Município para saber como estava o Programa Mais Médicos. Um jornalista que foi comigo perguntou a uma pessoa que estava saindo do consultório: "Que remédio o médico passou para você?" E ela disse: "Não, ele não passou remédio; ele me ensinou a respirar, a comer verduras, a comer legumes, a fazer exercício." Quer dizer, há todo um processo educativo para fazer com as pessoas na questão da alimentação.

    Esse é um desafio que temos neste momento. Há o desfio do desperdício também. Sabemos que o alimento é ainda muito desperdiçado no Brasil, e não só no transporte. De forma geral, há um desperdício muito grande de alimentos que podia ser evitado.

    O desafio maior é a fome no mundo. Não podemos nos contentar só em ter melhorado, ter completado um ano que saímos do mapa da fome. No dia 12, se não me engano, o Brasil saiu do mapa da fome. Nós comemoramos, mas não podemos fechar os olhos ao desafio mundial. Vimos ainda imagens chocantes de pessoas que passam fome. Principalmente em países da África, as imagens das crianças são chocantes. Então, eu acho que é um desafio para todos nós. Não podemos esquecer isso.

    Quero lembrar algumas coisas em relação ao Brasil ter saído do mapa da fome. Há um material que saiu num site dizendo que o Brasil está sendo exemplo também. O Brasil é visitado por muitos países, para ver como é que ele conseguiu sair do mapa da fome. Não é que a fome tenha acabado. Sabemos que nós ainda temos um desafio grande, há muita gente ainda necessitada, mas nos orgulha muito o fato de sermos uma referência, saber que os outros países vêm aqui saber como foi feito, que programas são esses, que proteção é essa que se deu às pessoas para que elas não passassem mais fome.

    Ele diz assim: "O brasileiro está se alimentando a cada dia - e aqui volta à questão da qualidade pior - com produtos baixo teor nutricional, rico em sódio, açúcar, gordura e conservante. Devemos mudar o hábito alimentar da população, com produtos mais frescos e mais saudáveis".

    Eu acho que esse é o grande desafio que todos nós temos, professores nas escolas, governantes. Eu acho que, principalmente, a qualidade da merenda escolar precisa ser mais monitorada.

    Com isso, eu encerro minhas palavras, agradecendo a todos e todas.

    Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2015 - Página 10