Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pelos prejuízos ocasionados por enchentes em 56 municípios gaúchos.

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE:
  • Lamento pelos prejuízos ocasionados por enchentes em 56 municípios gaúchos.
Publicação
Publicação no DSF de 14/10/2015 - Página 93
Assunto
Outros > CALAMIDADE
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, INUNDAÇÃO, COMENTARIO, DADOS, RODOVIA, AGRADECIMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, RECONSTRUÇÃO, PONTE.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.

    Eminente Senador Jorge Viana, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores e ouvintes...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Quero aproveitar e ser solidário com V. Exª. O Estado de V. Exª, o Rio Grande do Sul, e Santa Catarina estão vivendo um drama que nós vivemos no começo do ano com as maiores cheias no Acre, nos Municípios, e agora é o Rio Grande que enfrenta esse drama.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Eu estava me lembrando disso, Senador Jorge Viana. Quando entrava no plenário hoje, lembrei-me de que, há alguns meses, era V. Exª que vinha à tribuna e fazia uma descrição da calamidade que se abalava sobre o Estado do Acre.

    E hoje, lamentavelmente, é o que fazemos. Aliás, parece que o Rio Grande do Sul perdeu as graças dos deuses. São muitos os infortúnios que conspiram contra o Rio Grande do Sul, nos últimos tempos.

    Senador Paulo Paim, V. Exª tem conhecimento porque está em contato, principalmente, com a sua cidade de Canoas, a sua cidade adotiva, que está, em grande parte, tomada pelas águas.

    Algum tempo atrás, por várias vezes, nós viemos a esta tribuna, como vieram aqui o Senador Paim, a Senador Ana Amélia, para deplorar a grave situação financeira por que passa o Rio Grande do Sul. Pois agora, para concorrer com tanto infortúnio, os céus desabam águas, como há muito não desabavam, sobre o Estado do Rio Grande do Sul. É algo jamais visto, ao menos para nós que temos menos de 74 anos, porque ficou marcante, na vida do Rio Grande do Sul, a famosa enchente de 1941, quando o estuário do Guaíba, que é para onde afluem os principais rios do Rio Grande do Sul, transbordou e ocupou todo o centro de Porto Alegre - Prefeitura, Mercado Público, Praça da Alfândega, etc.

    Depois daquilo de 1941, nunca mais havia acontecido. Pois agora aconteceu algo muito parecido; as águas só não atingiram o centro da cidade por causa do famoso, tão discutido, muro da Mauá, que, por vezes, esteve em discussão para ser demolido, mas que permanece.

    Então, nós que lamentávamos a crise econômico-financeira das finanças do Rio Grande do Sul, agora estamos deplorando os impiedosos temporais climáticos que, há duas semanas, se precipitam sobre o Rio Grande do Sul sem parar. São tempestades, alagamentos, granizo. Há milhares de gaúchos desabrigados. É algo impressionante!

    Ainda ontem à tarde, Sr. Presidente, quando estava retornando a Brasília, o avião sobrevoou uma parte da região metropolitana, e, do alto, se enxerga aquele verdadeiro mar que ocorre na região metropolitana. É um verdadeiro mar de enchente, com alguns pontos urbanos, como as grandes cidades. Eu jamais tinha visto coisa igual. Fiquei muito sensibilizado com o sofrimento das milhares de pessoas que tiveram que abandonar suas casas.

    Há poucas semanas, 13 cidades gaúchas decretaram situação de emergência, porque chove muito nesta primavera do Rio Grande do Sul.

    Cidades como Cambará do Sul, que fica no alto da serra, onde choveu muito; Campestre da Serra; Campinas do Sul; Capela de Santana; Caxias do Sul; Farroupilha; Flores da Cunha; Montauri; Rio Grande; Santa Maria do Herval; São Marcos; Sarandi, e Taquara decretaram situação de emergência há algumas semanas.

    Na semana passada, em São Sebastião do Caí, o Rio Caí transbordou; e Montenegro, onde passei grande parte da minha vida, também está tomada pelas águas.

    Nos últimos dias, somaram-se a essas cidades: Santa Maria, no coração do Rio Grande; Itaara; São Gabriel e, sobretudo, Eldorado do Sul, Município com 18 mil habitantes que vive a pior situação da região metropolitana - é o Município da região metropolitana mais atingido. Um terço da área urbana do Município de Eldorado do Sul está debaixo d'água. Metade de população, ou seja, cerca de 18 mil pessoas tiveram as casas alagadas, e 2 mil tiveram que deixar suas residências.

    Vejam os senhores que estamos aqui fazendo essa comunicação para que tenham conhecimento, através da TV Senado, da Rádio Senado, dos nossos pares aqui do Senado, da situação no Rio Grande do Sul. Se não bastasse a crise econômica, agora há essa crise climática terrível, que se abate sobre o Estado.

    Em setembro, os temporais atingiram 61.584 gaúchos, e, só nos últimos dias, 44.200 gaúchos foram afetados.

    A lista de atingidos, segundo a Defesa Civil do Estado, inclui pelo menos 56 cidades do Rio Grande do Sul, com 5.111 residências afetadas. Hoje são quase 5 mil pontos, inclusive sem energia elétrica.

    Outro fator decorrente das enchentes diz respeito às estradas. Vinte e duas estradas estaduais sob a jurisdição do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem estão interrompidas - 22 estradas do Rio Grande do Sul! A movimentação no Estado está muito dificultada. Agora, pela manhã, recebi inúmeras fotos sobre as crateras que foram abertas pelas chuvas, pelas enchentes, em algumas das principais rodovias do Rio Grande do Sul, causando danos aos veículos, pneus arrebentados, automóveis que perderam o controle e caíram fora da estrada, etc.

    É uma situação jamais vista, repito sempre. O nível do Guaíba voltou a subir ontem e atingiu, às 18h30, a marca histórica de 2,89m, o maior nível de subida das águas do Guaíba desde 1941 - há 74 anos não tínhamos coisa igual. A solução é que houve um muro construído ainda à época do Prefeito Thompson Flores... Foram construídos os muros e criadas as comportas, pois as 14 comportas do muro da Mauá - e muita gente achava que tinha de demolir aquele muro, que ele não tinha sentido -, pela primeira vez, desde construídas, em 1970, tiveram de ser fechadas no dia de ontem, para que as águas não atingissem o centro da cidade.

    Portanto, a maior enchente do Rio Grande do Sul desde 1941. Esse é o clima, essa é a situação que está vivendo a capital gaúcha e inúmeras cidades do interior.

    Aproveito, Sr. Presidente, para agradecer de público ao Ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que garantiu recursos federais para ajudar na reconstrução de pontes - inúmeras foram destruídas no interior do Estado, pelas chuvas. Espero que esses recursos, que deverão ser liberados pelo Ministério da Integração, não se demorem e nem sejam extraviados pelo caminho, como aconteceu em outras vezes. A solidariedade do Ministro Gilberto Occhi é muito importante.

    Já a Presidente da República...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... esteve no fim de semana em Porto Alegre, em sua residência, na zona sul da capital. Entretanto, não se manifestou, não deu entrevistas. A Presidente chegou calada e saiu muda, mas, certamente, viu e ouviu tudo a respeito da situação calamitosa que está vivendo o Rio Grande do Sul e, certamente, vai alcançar um socorro nesses próximos dias.

    Por outro lado, para finalizar, Sr. Presidente, V. Exª que já esteve aqui, nesta tribuna, para relatar alguns meses atrás, a dolorosa situação por que passou o seu Estado do Acre e, portanto, compreende melhor do que ninguém a dolorosa situação por que passa o Rio Grande do Sul neste momento, registro a comovente união e solidariedade do povo gaúcho. São milhares e milhares de gaúchos, particularmente, na capital e na região metropolitana, levando o seu apoio aos ginásios onde são abrigados os flagelados.

(Interrupção do som.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Também o Sport Clube Internacional, que teve o seu campo de treinamento invadido pelas águas, abriu o seu ginásio para o recebimento de alimentos, agasalhos, material de higiene para os necessitados, assim como também o Grêmio está ajudando muito aquelas pessoas que vivem estas dificuldades neste momento.

    O Ministro Gilberto Occhi sugeriu ao Governador Sartori que se inspire no exemplo de Santa Catarina, que criou programas de prevenção ainda no ano de 2011, após aquelas famosas cheias que atingiram a cidade de Blumenau.

    Os temporais voltaram ao Rio Grande do Sul de maneira impiedosa; hoje, faz sol no Rio Grande do Sul, pelas informações que temos, mas, segundo os boletins meteorológicos, a partir de amanhã, as chuvas voltarão. Vivemos estes momentos delicados, tristes, no entanto, não é motivo para desanimarmos; o Rio Grande do Sul está acostumado a enfrentar adversidades, saberá dar a volta por cima e, lá adiante, retomará todos os esforços para o seu crescimento.

    Desejo que o Governo central se sensibilize. Afinal de contas, apesar das agruras, dos problemas que vive presentemente, o Governo central não pode esquecer que é Governo e, como tal, deve socorrer os governados.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/10/2015 - Página 93