Pela Liderança durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração pelo Dia do Professor, comemorado hoje, 15 de outubro; e outro assunto.

Autor
José Medeiros (PPS - CIDADANIA/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Celebração pelo Dia do Professor, comemorado hoje, 15 de outubro; e outro assunto.
HOMENAGEM:
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2015 - Página 183
Assuntos
Outros > MINAS E ENERGIA
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REGULAMENTAÇÃO, EXTRAÇÃO, MINERIO, AREA, MUNICIPIO, PONTES E LACERDA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, DEFESA, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, PROFISSÃO, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO BASICA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumprimento todos os que nos acompanham pela rede do Senado de comunicação, pelas redes sociais e os que estão nos visitando nas galerias.

    Antes de começar a minha fala, eu queria fazer um apelo ao Governo Federal. No Mato Grosso, acaba de ser descoberta este mês uma nova Serra Pelada, no Município de Pontes e Lacerda, para onde estão indo brasileiros de todos os Estados - do Nordeste, do Sul, do Sudeste. Enfim, está um verdadeiro formigueiro de gente. E a nossa preocupação é que o Governo demore a agir e que, daqui a pouco, o Município de Pontes e Lacerda não consiga ter políticas públicas para aquela totalidade de pessoas que para lá estão afluindo.

    Segundo informes do Prefeito, neste momento, a economia está extremamente aquecida, está passando por aquele momento bom do garimpo. A concessionária que vendia quatro carros por mês diz que já vendeu neste mês 35 carros, ferramentas já não há mais na cidade, e o mercado está aquecido. Só que a gente sabe que isso é momentâneo, tem data de validade, e que, logo, logo, o preço disso chegará.

    Por isso, estamos pedindo encarecidamente ao Governo Federal que não deixe isso se tornar novamente numa Serra Pelada para, daqui a pouco, haver 10 mil, 15 mil, 20 mil pessoas ali, com o problema feito. E aí vem todo o cabedal jurídico para retirar aquelas pessoas, e a gente sabe os transtornos que isso, obviamente, causa. Não estamos sendo contrários a que as pessoas possam buscar seu sustento ali. Mas que o Governo possa, já de antemão, entrar com tudo o que é preciso, se vai regulamentar aquilo ou não, se a área é privada ou pública, para que, daqui a pouco, não seja mais cara a resolução da questão.

    Sr. Presidente, feito esse registro, quero também me alinhar a todos os Senadores que por aqui passaram hoje para celebrar esta data, talvez umas das mais importantes do calendário nacional, que é o Dia do Professor. Nenhum de nós, com certeza, estaria aqui, nem os que estão aqui sentados, os jornalistas, os policiais que cuidam da Casa e os Senadores, nenhum de nós estaria aqui, com certeza, se não fosse esse profissional que é o professor.

    Neste dia 15 de outubro, em que é celebrado o Dia do Professor, temos a oportunidade de reverenciar aqueles que se dedicaram àquela que é, seguramente, a mais nobre das atividades profissionais. Digo isso sem jogar nenhum confete, porque, com certeza, cada um que nos ouve e que nos assiste concorda com isso.

    A escolarização de crianças e de jovens, Sr. Presidente, é a forma de transmitir a cultura e o conhecimento, juntamente com a família, um dos pilares da formação das crianças e dos jovens. Nesse contexto, o professor é a figura central para a preservação dos valores e saberes de uma nação e também para a sua renovação.

    Nas crianças podemos ver o futuro, e esse futuro depende muito da adequada instrução e formação da personalidade que as crianças e os jovens receberão. Esses processos ocorrem, em grande parte, na escola, sob a ação de um professor.

    Ser professor é dedicar-se a um trabalho que deve ser feito sempre com muito carinho, com muito respeito, pela instigante missão de formar e de instruir.

    Nosso desafio, Sr. Presidente, é justamente o de tornar essa profissão diretamente proporcional ao que ela representa, valorizando esse profissional, para que nossos professores, aqueles profissionais que vão cuidar do futuro do País, não o façam como última tábua de salvação: "Quero ser médico ou engenheiro, mas, se nada der certo, vou ser professor".

    Que essa profissão não seja exercida por força dos pequenos salários, por força da desvalorização, como a que fazemos, de forma acessória, como um bico! Ser professor, como eu já disse, é exercer a profissão com esmero, com carinho, com vocação, mas não como alguns dizem: "Olha, tem de ser professor por vocação, não por dinheiro!" Ninguém é relógio. Quem trabalha de graça é relógio. É muito bonito dizer que é uma vocação. É uma vocação, mas todo trabalhador, todo profissional tem de receber pelo que faz. Isso é bíblico: "Não se ata a boca do boi que puxa a mó". E, por vezes, há muitos professores, pelo País afora, quase com a boca atada, sem poder adoecer, sem poder comer muito, porque senão o dinheiro não dá.

    Esta Casa aprovou, há pouco tempo, o piso salarial para os professores, mas acontece que houve uma pequena falha, Senador Elmano: não se disse de onde sairiam os recursos para pagar esse piso. E hoje os prefeitos estão com uma batata quente do tamanho do mundo na mão. Os professores, obviamente, precisam e querem receber, mas de onde virão os recursos? É esse o olhar!

    Neste Dia dos Professores, devíamos comemorar aqui, mas temos de levantar esses problemas, temos de falar disso, porque é o momento propício de falar. Como sabemos, apesar de todas as dificuldades - que merecem ser lembradas mesmo em um dia de celebração - e de todas as circunstâncias desfavoráveis que a classe profissional continua a enfrentar, Ministro Fernando Bezerra, é necessário que falemos delas e encontremos formas de superá-las.

    Todos sabemos que os milhões de homens e mulheres que se dedicam no Brasil à educação de nossos jovens padecem cotidianamente de uma série de carências. Não me refiro somente à escassa remuneração que percebem por uma atividade que é essencial para toda e qualquer sociedade que se pretenda democrática e que valorize o conhecimento, base de todas as conquistas substantivas.

    É claro que investir nos professores começa por melhorar suas perspectivas remuneratórias, por pagar salários melhores e condizentes com a importância da atividade de magistério. Além de dar maior motivação para os atuais educadores, isso incentiva o ingresso dos melhores talentos no exercício da Pedagogia. Talvez, esteja aí o segredo. Com esses parcos salários, com esses salários pequenos, os grandes talentos, os bons professores estão cada vez mais escassos nas salas de aula, porque são guindados para outras carreiras, vão exercer outras atividades e não querem saber do magistério.

    Fui professor durante sete anos, Senador Dário Berger, e cansei de ouvir os alunos falarem: "Eu não vou ser professor porque não quero passar fome." E o velho professor de Matemática o que podia dizer diante de um quadro daquele? Na época, estávamos sem receber há seis meses. Essa é a realidade que estamos enfrentando.

    Nas últimas duas décadas, o Brasil vem enfrentando um ânimo renovado sobre a questão educacional. Um grande esforço foi feito. E hoje praticamente todas as crianças de 6 a 15 anos, período da escolarização obrigatória, estão em algum estabelecimento de ensino durante alguma parte do dia. Mas falta ainda universalizar a pré-escola para as crianças antes dos 6 anos.

    Essa chamada primeira infância, Senador Paulo Paim, talvez, seja uma das fases mais importantes na vida do ser humano, porque ali ele está descobrindo o mundo. E cabe a esse profissional apresentar esse mundo, cabe a esse profissional nortear as pilastras que vão sustentar esse prédio. Isso está provado. Os neurocientistas, os estudiosos, balizados em estudos, dizem que a personalidade, o caráter, o alicerce que sustenta o ser humano é formado no período de 0 a 6 anos de idade. Essa fase está muito negligenciada. Os primeiros anos de vida constituem um período crítico para os estudos, especialmente para os filhos das classes populares, para as quais a escola é o único meio de acesso ao letramento.

    Infelizmente, estamos longe de atingir o ponto ideal na educação brasileira. A despeito das conquistas já efetivadas, das quais a universalização do acesso ao ensino fundamental é a parte mais visível, ainda não logramos oferecer à sociedade brasileira a educação básica de qualidade que todos merecem e que a realidade contemporânea exige.

    Avançamos muito, é verdade. Sou de uma época em que comecei a estudar aos 6 anos porque um padre passou na zona rural e emitiu uma ordem, dizendo o seguinte: "Todas as crianças aqui, a partir dos seis anos, têm de ir para a escola." Senão, eu não tinha ido para a escola. Os padres naquela época passavam ali. Não existiam muitas políticas públicas, e os padres eram a autoridade ali, e as pessoas os ouviam. Graças ao Padre Cornélio, de Guiratinga, um padre italiano, que soltou esse decreto, fui para a escola.

    O desafio agora, Sr. Presidente, é manter todas as crianças o dia inteiro nas escolas, e me refiro à escola de qualidade. Mas não teremos escolas de qualidade enquanto a instrução e o conhecimento não forem socialmente valorizados, enquanto a profissão de professor continuar a ser a última opção dos que não conseguem ocupação mais bem remunerada e menos estressante. Digo que é estressante, Senador Elmano, porque hoje o índice de estresse crônico, que se chama de síndrome de Burnout, está na sala de aula. Esse profissional tem de dar aula, tem de preparar aula, tem de fazer os diários de classe e está em pleno estresse.

    Portanto, Srªs e Srs. Senadores, precisamos retirar da atividade do magistério em nosso País a pecha de martírio, de abnegação, de sacrifício. Precisamos vinculá-la à nobreza do ensino e da formação educacional de toda uma geração que definirá, no futuro, os rumos do desenvolvimento da Nação.

    O Senador Fernando Bezerra, com certeza, vai se lembrar do que estou dizendo. Antigamente, era um orgulho para qualquer pai casar sua filha com um professor. Hoje, não é que ele não queira isso. "Ah, é decisão da filha, e ela vai casar!" Mas ele já fica pensando: "Meu Deus do céu!" Ele já fica pensando no aperto que ela vai passar.

    Estou frisando isso para dizer o quanto que foi nobre essa profissão. Era um orgulho! Duas profissões eram nobres: a de funcionário do Banco do Brasil e a de professor. Mas, infelizmente, hoje, as duas estão em baixa.

    Neste Dia do Professor, portanto, desejo saudar todos os professores e professoras do Brasil, todos os combatentes pela mais justa causa: a construção de um Brasil mais produtivo, mais rico e mais igualitário. Aos milhões de professores e professoras que se dedicam a construir e transformar nosso Brasil, minhas melhores homenagens!

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Quero saudar e cumprimentar o Senador José Medeiros por mais um pronunciamento, entre tantos que tem feito no Senado Federal, em que aborda um tema de extrema relevância para o Pais, tema que está relacionado à educação.

    V. Exª traz à discussão esse tema, e, infelizmente, temos um longo caminho a avançar para que possamos trazer dignidade ao nosso professor. Há Estados brasileiros que não pagam sequer o piso nacional.

    Penso que a carreira de professor deveria ser uma espécie de carreira de Estado. Só assim, evidentemente, vamos escrever uma nova página na educação brasileira, no sentido de valorizar nossos professores, para garantir o futuro das nossas crianças e dos nossos jovens.

    Então, parabenizo mais uma vez V. Exª. Meus cumprimentos e minha admiração por fazer parte com V. Exª do Senado Federal.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Obrigado pelo carinho, Senador. Com certeza, os milhares de professores deste País também agradecem a sua fala.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2015 - Página 183