Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alegria com a inauguração de uma unidade avançada do Porto Digital amanhã, dia 16, em Caruaru-PE.

Autor
Fernando Bezerra Coelho (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PE)
Nome completo: Fernando Bezerra de Souza Coelho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CIENCIA E TECNOLOGIA:
  • Alegria com a inauguração de uma unidade avançada do Porto Digital amanhã, dia 16, em Caruaru-PE.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2015 - Página 187
Assunto
Outros > CIENCIA E TECNOLOGIA
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, INAUGURAÇÃO, NUCLEO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, LOCAL, CENTRO COMERCIAL, MUNICIPIO, CARUARU (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, MATERIAL, EQUIPAMENTOS, INFORMATICA.

    O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

    Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna para celebrar e parabenizar o Porto Digital, pela iniciativa que une o Governo Estadual, o setor privado e a academia do meu Estado, que inaugura amanhã, dia 16, uma grande unidade avançada em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, batizada de Armazém da Criatividade, um investimento da ordem de R$58 milhões.

    Esse novo complexo tecnológico irá funcionar no Polo Comercial, com foco nos eixos de empreendedorismo, experimentação, exibição, educação, compartilhamento e crédito, abrigando dez novas empresas da região, que precisam de incentivo e de dinheiro para se consolidarem no mercado. Todo esse ecossistema terá uma fina sintonia com duas grandes vocações do Agreste: o vestuário e a cultura.

    No primeiro campo, designers e profissionais da moda vão trabalhar para melhorar a qualidade das peças desenvolvidas em Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, o chamado Polo de Confecções do Agreste, segundo maior produtor de jeans do Brasil.

    A proposta é ganhar novos mercados e mais competitividade. O Polo movimenta mais de R$1 bilhão por ano e emprega 130 mil pessoas, mas pode crescer ainda mais, Sr. Presidente, se aumentar seu valor agregado.

    Em outra ponta, a unidade irá servir como base para a chamada economia criativa, com estúdios digitais de finalização para audiovisual e toda uma mentoria capaz de gerenciar negócios neste setor. A próxima cidade a ser contemplada com outro Armazém da Criatividade será a minha cidade, Petrolina, abrindo uma importante fronteira para os sertanejos.

    É uma experiência pioneira no Brasil e que muito me toca pessoalmente, pois em 2007, ao assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, convidei os gestores e articuladores do Porto Digital para uma série de reuniões, que tinham como objetivo alavancar negócios.

    Conversei com vários Parlamentares de Pernambuco naquela ocasião, pedindo a eles para alocar emendas no Porto Digital, tanto para a aquisição e reforma de prédios quanto para a melhoria dos sistemas físicos. Lembro que também trabalhamos muito para que o projeto de revitalização de toda a área do Recife Antigo, onde o Núcleo do Porto Digital está colocado, pudesse ser concluído. Hoje, o Porto Digital, que completou recentemente 15 anos, fatura mais de R$1,3 bilhão, reúne mais de 250 empresas e emprega mais de 8 mil pessoas, que trabalham desenvolvendo programas e sistemas.

    No entanto, Sr. Presidente, não podemos ficar debruçados sobre os casos de sucesso para não perdermos o bonde do futuro. Novas janelas de oportunidade começam a ser abertas e precisamos saber aproveitá-las, transformá-las em novos arranjos produtivos com capacidade de geração de qualificação, trabalho e renda.

    Em maio deste ano, o Governo Federal anunciou a redução de impostos para a importação de materiais não fabricados no Brasil. Algumas taxas caíram de até 16% para apenas 2%.

    Essa decisão afeta diretamente o setor de hardwares, que são as placas, processadores, acumuladores de energia, chips e demais componentes físicos das máquinas. Peças produzidas em grandes indústrias, dentro de sofisticadas linhas de montagem, que demandam milhares de empregos em países como Coreia, Japão e Estados Unidos. Anualmente, a fabricação de componentes eletroeletrônicos movimenta alguns trilhões de dólares, sendo comparável, em faturamento, apenas ao setor automobilístico.

    O Brasil já faz parte da vanguarda mundial no desenvolvimento de sistemas, programas e aplicativos, os chamados softwares, mas está muito atrás de outras nações no desenvolvimento dos componentes físicos. O que acontece agora é que o mundo está prestes a experimentar mais uma revolução nas comunicações. Com o desenvolvimento da tecnologia, além da internet aplicada aos celulares, tablets e computadores, iremos viver a era da chamada internet das coisas, definição que o Professor Silvio Meira, um dos idealizadores do Porto Digital, tanto gosta de utilizar. Teremos, Sr. Presidente, cada vez mais objetos com possibilidade de conexão via internet, como relógios, carros, canetas, bolsas, placas de trânsito e tudo o mais onde couber a criatividade humana. Para que toda essa gama de informações trafegue nessas plataformas, que em breve vão fazer parte do nosso dia a dia, serão necessários equipamentos.

    Portanto, a medida anunciada pelo Governo deve ser aplaudida, por estimular a produção de hardwares do Brasil. Porém, se quisermos, de fato, liderar esse processo na América Latina e demais países em desenvolvimento, precisamos fazer muito mais. Temos que aliar o baixo custo das linhas de produção a fortes mecanismos de pesquisa; caso contrário, seremos meros montadores. Precisamos estimular as universidades e a iniciativa privada a investirem para que possamos formar novos engenheiros no País, e precisamos lutar para manter esses profissionais aqui.

    Nosso papel, como atores públicos, é estreitar o debate nessa direção, aproximando governos, pesquisadores e investidores, para que os três vetores possam combinar a direção a seguir.

    Precisamos também trabalhar para fortalecer toda a indústria do descarte, o reuso do lixo eletrônico, que não pode ser depositado na natureza em virtude de seu grande potencial poluente, mas que é amplamente reciclável e, por sua vez, rentável.

    Sr. Presidente, a capacidade que uma Nação tem de antever o futuro e se preparar para ele faz toda a diferença num mundo globalizado e competitivo. Se queremos, daqui a alguns anos, ocupar a dianteira desse gigantesco mercado que está se abrindo, precisamos começar a trabalhar imediatamente, porque o futuro já foi iniciado.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2015 - Página 187