Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da utilização da fosfoetanolamina sintética, novo medicamento de combate ao câncer, ainda não autorizado pela Anvisa; e outro assunto.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Defesa da utilização da fosfoetanolamina sintética, novo medicamento de combate ao câncer, ainda não autorizado pela Anvisa; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2015 - Página 145
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • DEFESA, UTILIZAÇÃO, SUBSTANCIA, COMBATE, TRATAMENTO, CANCER, PRODUÇÃO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), SÃO CARLOS (SP), ELOGIO, HOSPITAL, ATENDIMENTO, MULHER, DOENÇA GRAVE, INCENTIVO, TESTE, MEDICAMENTOS.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

    Quero cumprimentar as Srªs e os Srs. Senadores mais uma vez pela compreensão dos amigos e parceiros desta Casa do Senado. Ao mesmo tempo, quero aqui mais uma vez, nosso Presidente, Senador Randolfe, bater numa tecla fundamental: na questão da luta pela vida que pacientes, nos quatro cantos deste Brasil e no exterior, vêm travando no dia a dia na busca do tratamento e da cura do câncer.

    O que me trouxe neste instante novamente aqui, Presidente, para usar a tribuna desta Casa, é que, após a liberação pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Ministro do STF Prof. Edson Fachin, e também pelo Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, a USP publicou uma nota hoje mostrando que até senha estão distribuindo para poderem entregar o medicamento, que é a fosfoetanolamina. E, ao mesmo tempo, a USP vem dizer que "não é remédio" - disse a USP sobre a substância controversa.

    Eu recebi também no meu gabinete hoje, Sr. Presidente, o Senador da República e ex-Ministro José Serra - foi candidato a Presidente, foi Governador do Estado de São Paulo, Ministro na época, e hoje Senador -, que lutou para implantar no Brasil o medicamento genérico, porque todo mundo sabe que os laboratórios não tinham interesse.

    Ao mesmo tempo, a própria USP diz que não é remédio. Eu até concordo com ela, mas eu gostaria que os professores e o Reitor da USP colocassem a verdade para o povo, para a população do nosso Brasil afora, a quem está, na verdade, buscando um sopro de vida a mais, sobre o que se busca com essa fosfoetanolamina. Na verdade, esse medicamento só marca as células mortas, e o próprio organismo é que produz o anticorpo para absorver essas células mortas. É assim que funciona. Nós temos no nosso organismo, nós produzimos no nosso organismo, mas, infelizmente, há pessoas que produzem pouco, e com isso, infelizmente, as células mortas acabam se aglomerando e dando a sequência ao surgimento do câncer.

    Muito me estranha a USP distribuir essa nota, quando nós temos aqui, por jornalistas, depoimentos de pessoas que colocaram em xeque quando utilizaram esse medicamento. Esse medicamento é um sopro de vida para essas pessoas que tanto buscam uma oportunidade de viver mais entre seus familiares, com seus filhos, com seus netos e seus amigos. Tanto é verdade, que nós temos n depoimentos aqui. Não só um; nós temos vários depoimentos.

    E eu aqui quero registrar, Sr. Presidente, pela compreensão que o senhor me deu aqui para usar a tribuna, que agora há pouquinho, Senador, eu falava por telefone com um médico, um médico de renome aqui de Brasília. Ele me autorizou falar o seu nome: José Antônio Ribeiro Filho. Quem é o Dr. José Antônio Ribeiro Filho? É cirurgião. Cirurgião de câncer de mama. O Dr. José Antônio Ribeiro Filho, para quem não sabe, foi diretor também do Hospital de Base aqui em Brasília. Trabalhou mais de 20 anos no Hospital de Base. Foi ele que, na época, criou aqui a mastologia, que é, acima de tudo, a busca do tratamento do câncer de mama.

    O próprio Dr. Ribeiro, como é conhecido - ele foi também membro do Conselho Federal de Medicina -, me dizia por telefone... Eu falei: Doutor, eu posso usar o seu nome? Ele me disse: "Não só pode como deve usar o meu nome. Torne isso público. Passe na TV Senado o meu depoimento como profissional. Eu vi, assisti vários pacientes meus, amigos meus que foram em busca desse medicamento", que não veio de São Carlos. Veja como é a coincidência! Veio, sabe de onde, Sr. Presidente? Aqui de Uberaba, de Minas Gerais, e também de outras regiões onde está sendo produzido. Veio também, por liminares, de São Carlos. E a maioria das pessoas teve a vida prolongada por muitos e muitos anos.

    Perguntei se ele aceitaria o meu convite para, no próximo dia 29, numa quinta-feira, estar presente nessa audiência pública. Ele e também o aluno Wellington, que também se emocionou na semana passada, se emocionou nesta semana. Wellington, um jovem, um guerreiro, que foi aluno dos professores, dos pesquisadores da USP e que também tem contribuído até hoje para diminuir esse sofrimento que todos passam juntos.

    O que eu não consigo entender, Sr. Presidente, é a dificuldade que nós encontramos, na nossa legislação, quando na verdade o que cada um busca é ter uma oportunidade de prolongar ainda mais a sua vida.

    Aí alguém diz o seguinte, como disse o Dr. Ribeiro hoje: "Por que não experimentar e dar continuidade, naquilo que a legislação exige, daqueles que já estão em uma fase em que não têm mais oportunidade nenhuma, em que nem a quimioterapia pode ser aplicada mais?" Ele disse que conheceu casos, conheceu pessoas. Ele até me contou uma história de um amigo dele e de uma paciente. Ela fez os exames, ele viu todos os exames, e não havia nem como fazer a cirurgia. Não havia como dar prosseguimento, porque, infelizmente, ela estava para vir a óbito em poucos meses. E, quando ele se encontrou com esse amigo, ele falou: "Você não vai falar da minha cunhada? Você não vai perguntar da 'fulana de tal', de como ela está?" E ele ficou até sem jeito. Como é que ia perguntar, se ela já poderia estar morta? E, na verdade, ela estava firme, forte e com saúde, porque conseguiu esse medicamento de alguma maneira e, com esse medicamento, ela conseguiu se tratar e se recuperar. E ela está, até hoje, junto com os seus familiares.

    Meus amigos e minhas amigas, são tantos e tantos depoimentos que tenho aqui, cada um maior que o outro, e cada um emociona mais do que o outro, cada um mexe com o coração da gente. O que nos entristece é a maneira com que, infelizmente, alguns, por interesse financeiro, neste sistema internacional de saúde, que é podre, que só visa ao dinheiro, estão deixando amigos nossos, familiares nossos morrerem por causa de dez centavos.

    Da mesma forma que o Dr. Ribeiro, também o Prof. Otaviano, que foi professor da Uniube - de Uberaba, se não estou enganado - e lá também manipulava. Ele, como professor, que fez parte também da pesquisa, tem cadastrados mais de 2,3 mil pacientes que, até 2012, tinham acesso a esse medicamento.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Infelizmente, Sr. Presidente, esses laboratórios, os fabricantes que vivem desse dinheiro... Eu quero saber se esses multimilionários, no dia em que morrerem, pelo menos, vão poder fazer um cobertor ou um caixão do dinheiro que ganham em cima das outras pessoas. Tenho certeza de que não.

    Portanto, meus amigos e minhas amigas, só temos um caminho: agradecer a Deus por tudo o que nos tem dado e agradecer o carinho especial que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo e o juiz de primeira instância tiveram, e que deu a oportunidade... Porque nós sabemos que temos que respeitar a legislação, mas, para alguém que, infelizmente, está com câncer, sabendo que tem poucos dias de vida, entre ter uma oportunidade de vida e morrer... Com certeza, qualquer um de vocês que está me assistindo, o senhor, a senhora, quem está com câncer, com certeza, vai buscar esse medicamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - ... para que possa pelo menos tentar prologar a sua vida e - por que não? - também ser curado do câncer, porque hoje o câncer tem cura.

    Esse medicamento não faz nada mais, nada menos que provocar o próprio organismo a combater essas células mortas, para que a gente possa ter força e poder ainda mais ajudar o próximo.

    Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, por tudo o que tenho acompanhado, assistido até hoje, a exemplo do que aconteceu com o grupo de pesquisadores - Dr. Gilberto; Dr. Renato, com quem falei hoje e que está viajando; Dr. Marcos Vinícius; Dr. Divanei; Dr. Salvador e tantos outros -, a USP está preocupada com a demanda que está havendo em função das liminares. Por que a Secretaria de Ciência e Tecnologia, que tem 16 estruturas de laboratórios na nossa Federação, nos nossos Estados, não começa a produzir esse medicamento?

    Até ontem eu não sabia que a Unip...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - ... a Unip de Uberaba também produziu no passado. Portanto, nós temos alternativas!

    Nessa comissão, no dia 29, queremos buscar alternativas para que outros Estados, com químicos autorizados pela legislação... Não que possa qualquer um manipular, mas pessoas que tenham conhecimento - não da legislação, porque a legislação, infelizmente, não está aqui, neste momento, preservando a vida. Está preservando as multinacionais, está preservando o sistema internacional, que nós temos que seguir como se fosse um McDonald'Senado; como se nós tivéssemos, Sr. Presidente, uma franquia do McDonald's. Foi isso que eu ouvi de uma pessoa que tem um trabalho especial em cima do tema de oncologia.

    Também quero aqui, Sr. Presidente, permitindo-me mais cinco minutos da sua compreensão, antes que acabe o meu tempo, parabenizar...

(Interrupção do som.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Eu queria aqui, Presidente - peço mais cinco minutinhos -, parabenizar esses hospitais que fazem um trabalho social, que fazem um trabalho quase que de investigação, mas que, na verdade, dá oportunidade para as mulheres, a exemplo do Hospital de Barretos, que tem uma unidade em Porto Velho, desde o meu tempo de governador, e que conta com duas carretas, uma em Porto Velho e outra em Ji-Paraná - assisti hoje, no jornal do meio-dia -, onde elas têm a possibilidade de descobrir câncer de mama e de fazer a prevenção, fazer exame de prevenção. Isso vai facilitar e prolongar ainda mais a vida de e tantos milhares e milhares de pessoas nos quatro cantos do País. A essas pessoas que fazem esse trabalho, o meu respeito a vocês.

    Ao mesmo tempo, eu queria desafiar todo mundo, todos os hospitais que fazem o trabalho de combate ao câncer. Vamos começar a introduzir, vamos começar a dar oportunidade. É uma pesquisa nossa! Isso não faz mal à saúde; nós já temos no nosso organismo. É, portanto, a oportunidade que nós temos de termos junto conosco aqueles que, na verdade, querem ter uma oportunidade de continuar vivos e com saúde.

    É por isso, Sr. Presidente, que quero aqui aproveitar os últimos minutos que me restam neste dia para dizer a cada um dos quatro cantos deste País: essa briga para legalizar, para autorizar a fosfoetanolamina, do jeito que a própria Justiça já autorizou, é uma conquista de quem na verdade está buscando um sopro de vida, é uma conquista de quem quer prolongar os seus dias entre os seus familiares, é uma conquista de cada um de vocês.

    Por isso, peguem um advogado na sua cidade, liguem, vejam no site, leiam no G1, busquem, vão atrás, não percam essa oportunidade. Não interessa se na USP vai dar fila de quilômetros. O que eu quero é dar oportunidade a quem precisa, porque nesta Casa, no Senado, muitos já disseram que perderam familiares com câncer, e não é justo continuarmos sendo escravos do sistema financeiro internacional, e ele andar em cima de nós de garupa, como se diz.

    Portanto, é uma conquista do povo brasileiro, é um novo conhecimento, que não é de hoje; já faz mais de 20 anos que estão trabalhando em cima dessa pesquisa. Se eu comecei a trabalhar, a buscar esse mérito, não é, jamais, para mim. O que eu quero é que os meus amigos, que as minhas amigas, que o senhor, que a senhora, independente de ser pobre, independente de ser rico, independente de ser preto, independente de ser amarelo, independente de ser branco, que nós, seres humanos, tenhamos a oportunidade de fazer muito mais pelo próximo.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - É só isso que eu quero.

    Ao mesmo tempo, para encerrar, quero pedir a todos vocês que têm fé que vão à igreja, ou, mesmo em casa, que peçam a Deus que ilumine nossas autoridades, que ilumine as pessoas de bem para que sigam juntas nessa caminhada, para que tenham força e, ao mesmo tempo, vitória, porque, com fé em Deus, essa conquista não é do Ivo Cassol, é daqueles que precisam, porque hoje a vítima é você que está com câncer e está me assistindo, mas quem me garante que amanhã não serei eu? Por isso estou lutando com vocês.

    Obrigado. Que Deus abençoe a todos.

    O SR. PRESIDENTE (Randolfe Rodrigues. Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) - Obrigado, Senador Ivo Cassol. Cumprimentamos V. Exª pelo pronunciamento.

    Quero lembrar que amanhã é o Dia do Professor. Ainda há pouco, ouvimos a Senadora Fátima Bezerra fazer referência a esse dia, com os apartes do Senador Cristovam Buarque. Eu queria aqui, em especial, cumprimentar todos os professores e professoras do País.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Apoio Governo/PP - RO) - Sr. Presidente, estou aqui tão emocionado, falando dessa situação de saúde que atinge a todos nós... E, como disse, não é só a classe pobre, não é só a rica, que muitas vezes tem dinheiro e não adianta.

    Mas eu quero aqui celebrar esse dia tão importante para todos nós. O que seríamos nós se não fossem os professores? Então, fica aqui o meu abraço a todos os meus amigos, a todas as minhas amigas, a todos dos quatro cantos do Estado de Rondônia e dos quatro cantos do Brasil. Fica o meu abraço.

    Sucesso!

    E nós vamos trabalhar para que possamos melhorar cada vez mais, porque é uma classe que é guerreira, Presidente, mas infelizmente todo mundo sabe que a diferença salarial é muito grande. Eu já fui prefeito, fui governador, e muito busquei a melhoria, como também o próprio Senador Cristovam e V. Exª; mas o que nós precisamos é adequar as receitas para que possamos compensar melhor todos esses que têm feito de nós os grandes homens do Brasil e do mundo.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2015 - Página 145