Comunicação inadiável durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de que a crise econômica apresentada pelo País é consequência da política adotada pelo Governo do PT.

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa de que a crise econômica apresentada pelo País é consequência da política adotada pelo Governo do PT.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2015 - Página 87
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ANALISE, RESULTADO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ANO, ANTERIORIDADE, ANUNCIO, CANDIDATO, DILMA ROUSSEFF, EVOLUÇÃO, PAIS, PERIODO, CAMPANHA ELEITORAL, CONTRADIÇÃO, SITUAÇÃO, CRISE, ECONOMIA, OBSERVAÇÃO, SUSPENSÃO, REAJUSTE, OBJETIVO, VITORIA, CARGO, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), RECESSÃO, CRESCIMENTO, DESEMPREGO, AUSENCIA, MOTIVO, CELEBRAÇÃO, HERANÇA, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DEFESA, NECESSIDADE, ATUAÇÃO, SENADO, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO, BRASIL.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Eduardo Amorim, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, Senadores, quero também, antes de mais nada, me congratular pelo Dia do Funcionário Público muito em especial com os funcionários públicos do meu Estado, tão sofridos e tão mal remunerados na grande maioria, nesta época de crise profunda no meu Estado.

    Evidentemente, os funcionários públicos do Brasil e particularmente do Rio Grande do Sul nada têm a ver com governos que se descuidaram na preparação de políticas macroeconômicas, o que hoje impede a remuneração devida principalmente aos professores e àqueles que atuam na área da segurança pública.

    Por outro lado, Sr. Presidente, quero fazer aqui, da tribuna do Senado, um pronunciamento retrospectivo em razão da data de hoje. Por quê? Porque, exatamente há um ano, se encerrava um dos mais disputados pleitos da história eleitoral do Brasil. A sociedade se engajou num processo eleitoral, como há muito não se via no Brasil.

    Famílias e famílias foram às ruas, muitas promessas foram feitas, os candidatos percorreram o Brasil, e a propaganda eleitoral, mais uma vez, foi ponto preponderante.

    Os programas de TV e rádio, particularmente da Presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, mostravam, na campanha eleitoral, um país pujante, equilibrado e próspero. E era comum ouvir-se dizer que seria uma glória se todos os brasileiros pudessem viver naquela versão de País que foi vendida aos eleitores. Infelizmente, passado o período eleitoral, uma dura realidade se abateu sobre os brasileiros e, na verdade, descemos do paraíso ao inferno com uma rapidez assustadora.

    Primeiramente os preços, que estavam represados durante o ano eleitoral, para ajudar a Presidente ser eleita, foram reajustados. Estimamos hoje, considerando o ano todo que está terminando, que somente a gasolina deverá subir, ao longo de todo ano, 9,1% neste ano de 2015. E a energia - vejam que número assustador -, um aumento de 41%.

    Sabemos que são números conservadores ainda e que o impacto será muito maior, uma vez que precisamos contabilizar o aumento de impostos. O Banco Central informou que prevê, para o conjunto de preços administrados, como telefonia, água, energia, combustíveis, tarifas de ônibus, entre outros, um aumento, para este ano, de 12,7%. Os juros acumulam sete altas seguidas, chegando a 14,25%, o maior nível desde 2006.

    Depois de seguidas quedas, o PIB, desde o terceiro trimestre do ano passado, chega finalmente à recessão em 2015. O Governo prevê para este ano uma retração de assustadores 2,8% em nossa economia. Portanto, um perturbador PIB negativo.

    Como se tudo isso não fosse o bastante, a previsão para a inflação deste ano: 9,5%. O dólar, que um ano atrás estava cotado a R$2,50, hoje circula na faixa de R$4,00, e, somente em 2015, a moeda americana acumula alta de mais de 52% sobre o real. A dívida pública, por seu turno, também subiu, atingindo o valor de R$2,734 trilhões em setembro, uma alta de 1,8%, que equivale a R$48,34 bilhões.

    Enquanto isso, o desemprego assusta as famílias brasileiras. O Brasil perdeu 1,24 milhão de vagas de emprego formal desde que a Presidente Dilma foi reeleita. Somente no mês de setembro passado, o País fechou 95,602 mil postos de trabalho - é uma crise que leva muitas famílias ao desespero -, o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em 1992.

    O desemprego no País atingiu 7,6% em setembro, a maior taxa para o mês desde 2009. A queda do emprego na indústria é de 6,9%, maior recuo da série histórica. Na comparação com agosto de 2014, o emprego caiu nos 18 ramos pesquisados pelo IBGE - chega a ser, telespectadores, um retrospecto tétrico, eu sei, mas ele precisa ser feito.

    A falta de emprego está ligada diretamente ao ambiente hostil para o investimento. Nos oito primeiros meses de 2015, o total de falências subiu 14,2%, quando comparados com os dados de 2014 - é a maior alta em dez anos. Como vemos, nossos empreendedores também têm sido duramente atingidos.

    A indústria está produzindo 14,1% menos do que em junho de 2013, e o mesmo que maio de 2009, quando o País estava em recessão, e era 14,1% a redução da produção industrial. O País estava em recessão, na época, causada pela crise financeira global, o que agora é diferente. Nos últimos 11 meses, foram oito quedas, retrocedemos seis anos.

    Vivemos um claro processo de desindustrialização, e isso sem falar na corrupção, fato sobejamente conhecidos de todos os brasileiros. Os desvios na Petrobras, apurados até abril, eram de R$6,2 bilhões. E, por falar na maior empresa brasileira, vale lembrar que seu prejuízo somente em 2014 foi de R$ 21,6 bilhões e a perda com desvalorização de ativos já atingiu R$44,63 bilhões - a desvalorização da Petrobras, que era o orgulho nacional!

    E, diante do novo patamar do dólar, o endividamento da petroleira pode atingir R$513 bilhões, cifra equivalente a 9,4% de todo o Produto Interno do País em 2014. São dados que refletem o primeiro ano da Presidente da República.

    Por fim, a Presidente - vejam senhores telespectadores, este é o dado mais impressionante, Presidente Eduardo Amorim...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Se contar, ninguém acredita, mas os jornais ontem e hoje estão divulgando, não há como contestar. A Presidente prometeu, em campanha, em 2014 um superávit primário de R$143,3 bilhões para este ano - R$143,3 bilhões para este ano! Seria um superávit.

    Número revisto depois das eleições, em dezembro - aí mudou, não havia mais um superávit de R$143 bilhões. O superávit previsto para este ano seria R$66,3 bilhões e diminuído em 2015, logo no início do Governo. Vejam a queda abrupta que vem acontecendo.

    No início de 2015, já a previsão de superávit era de apenas R$8,7 bilhões. Vejam a diferença! Antes das eleições, lá no começo da campanha, ano passado, R$143 bilhões seria o superávit; depois das eleições, o superávit seria R$66 bilhões e, no início do ano, baixou para R$8 bilhões.

    Agora o dado de hoje, o dado desconcertante, que todo Brasil sabe.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Isso, porque é o próprio Governo que comunicou a este Congresso. Aí, o déficit chegou a R$ 51,8 bilhões.

    O que dizer de tudo isso, senhoras e senhores? Antes das eleições, havia um superávit de R$143 bilhões. Um ano depois, o déficit confessado pelo Governo é de R$51,8 bilhões. É ou não é algo desconcertante?

    O pior cenário, contando as pedaladas - há as pedaladas, ainda, que não estão incluídas aqui -, reconhecidas unanimemente pelo Tribunal de Contas da União, pode fazer com que as contas do Governo cheguem, para este ano, a R$100 bilhões - R$100 bilhões! É a realidade que estamos vivendo. E o Brasil inteiro desconcertado.

    Como vemos, não temos nada a celebrar após um ano da reeleição da Srª Dilma. Um aniversário melancólico, inevitavelmente melancólico, que nos deixa atônitos sem saber qual é o rumo e com perspectivas dos economistas de que o ano que vem será pior. O que fazer?

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Sr. Presidente, isto não é resultado de qualquer crise externa, mas consequência direta das ações de um governo que negligenciou as conquistas que demoramos tanto a conquistar na economia. E mais, a Presidente Dilma, com esse resultado profundamente negativo, colhe hoje uma herança maldita, a herança de seu primeiro mandato e dos anos Lula. Principalmente dos anos Lula, que não previu uma macroeconomia, as reformas, nada foi feito.

    O resultado está aí. A conta chegaria mais cedo ou mais tarde, e hoje está sendo cobrada dos brasileiros. Se a Presidente não reúne os elementos para nos tirar desta crise, chegou o momento de deixar a solução nas mãos daqueles que podem ou querem fazer diferente. O Brasil precisa de reunificação, união e esforço conjunto.

    É preciso, de alguma maneira, vencer esta crise, que, aliás, não é só uma crise econômica, é também crise política. Mas a crise econômica prepondera, é a causa principal do que estamos vivendo, sob pena de estarmos flertando com outra e a pior crise de todas que seria a crise institucional, que já nos ameaça, e muito. Todos gostariam de morar - repito o que disse no início - na propaganda eleitoral da Presidente eleita, mas hoje vemos que ela não passava de uma vendedora de ilusões, alimentada, Sr. Presidente, principalmente...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... pelos seus irresponsáveis e enriquecidos marqueteiros.

    Passa da hora de encarar a realidade e de este Senado tomar atitudes e trabalhar para retornar o País ao caminho do desenvolvimento, e não se manter omisso, porque nós Senadores temos sido omissos, diante da crise que estamos vivendo. Estamos, isto, sim, a caminho, cada vez mais rápido, do retrocesso. Assim, depois de um ano da eleição presidencial, que hoje se registra, mas nada se comemora, nada há a celebrar - só a lastimar.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2015 - Página 87