Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à reportagem exibida no programa Fantástico contrária à Fosfoetanolamina sintética e defesa da liberação da substância para o tratamento de câncer; e outro assunto.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Críticas à reportagem exibida no programa Fantástico contrária à Fosfoetanolamina sintética e defesa da liberação da substância para o tratamento de câncer; e outro assunto.
SAUDE:
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2015 - Página 451
Assuntos
Outros > MINAS E ENERGIA
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, OFICIO, AUTOR, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, MUNICIPIO, JARU (RO), ASSUNTO, INTERRUPÇÃO, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, DEFESA, SUBSTITUIÇÃO, DIRETOR, CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS), ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • CRITICA, MATERIA, PROGRAMA, TELEVISÃO, REDE GLOBO, ASSUNTO, SUBSTANCIA, COMBATE, TRATAMENTO, CANCER, FABRICAÇÃO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), SÃO CARLOS (SP), SÃO PAULO (SP), LEITURA, DEPOIMENTO, PACIENTE, RECUPERAÇÃO, DEFESA, NECESSIDADE, LIBERAÇÃO, MEDICAMENTOS.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

    Srªs e Srs. Senadores, eu quero aqui, com imensa alegria e satisfação, deixar o meu abraço a cada um dos amigos, a cada uma das amigas desse grande Estado nosso de Rondônia, que sempre me recebeu de braços abertos, e, em nome de todos os meus amigos e minhas amigas de Rondônia, quero aqui deixar meu abraço e minha gratidão a todos os novos amigos e amigas que estou conquistando, a cada dia que passa, nos quatro rincões deste País.

    Ao mesmo tempo, também quero agradecer a todos os irmãos e irmãs que vão à igreja, ou mesmo em casa, e sempre, em suas orações, têm orado pelas autoridades.

    Mas, Sr. Presidente, Dário Berger, é com imensa satisfação e alegria que mais uma vez ocupo a tribuna desta Casa, primeiro, para comunicar um ofício circular que recebi da Associação Comercial e Industrial da cidade de Jaru, em que registra as constantes quedas de energia elétrica em nosso Estado. As quedas ocorrem um dia sim e outro também, uma semana sim e a outra também.

    Infelizmente, vejo isso com tristeza, porque temos lá duas grandes usinas, várias PCHs e uma usina média, e deveria haver energia sobrando em nosso Estado, mas, infelizmente, falta energia. A linha de transmissão passa por cima de nossas cabeças e, infelizmente, acaba restando uma banana para o povo do nosso Estado, pois até o ICMS vai para outros Estados.

    Hoje, infelizmente, está ocorrendo um problema social, com muitos desempregados, pois as obras estão no fim. E não é justo que o Sistema Eletrobras trate o nosso Estado dessa maneira.

    Não sei se V. Exª sabe, Sr. Presidente, mas a Eletrobras, em Rondônia, é administrada por um grupo de diretores que vivem no Rio de Janeiro, de frente para Copacabana. Esse grupo administra seis Estados da Federação: Piauí, Alagoas, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima.

    Não há diretor que dê conta disso, e, infelizmente, os apagões continuam, por falta de investimento e por falta de gestão. E o Governo Federal continua na mesma.

    A cada dia que passa a crise se aprofunda mais, porque o que existe é falta de comando. Está na hora de a Presidente Dilma arrumar uma bota de bico fino e começar a colocar o pessoal para andar.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Lá em Santa Catarina, Senador Ivo Cassol, nós chamamos isso de "dar bicanca".

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Então, tem que dar muita bicanca.

    Ao mesmo tempo, quero aproveitar a oportunidade para, com tristeza, registrar um fato. Por que com tristeza, Sr. Presidente Dário Berger? Porque, no último final de semana, eu assisti, na Rede Globo, no Fantástico, a uma matéria sobre a fosfoetanolamina, em que um grande profissional da área da saúde, o Dr. Drauzio Varella, veio a público, usou sua imagem, usou seu nome e colocou em xeque esse novo comprimido, esse novo composto. Pessoas que estão carimbadas, que estão com câncer, já perderam as esperanças. Ele colocou em xeque.

    Eu quero dar os pêsames ao Dr. Drauzio Varella porque ele prestou um desserviço à humanidade, ele prestou um desserviço às pessoas ao divulgar isso na Rede Globo. E ao mesmo tempo que dou os pêsames à Rede Globo, quero dar os parabéns à TV Record porque também fez uma matéria a esse respeito. Falou sobre a pesquisa desse novo medicamento, desse composto, e deu a oportunidade aos dois lados, entrevistou e ouviu tanto pesquisadores como pacientes com câncer.

    Eu estou aqui como cidadão, como Senador eleito pelo povo de Rondônia, representando o povo brasileiro, não para fazer política. Eu estou aqui por uma questão humana. Não dá para ver tantos amigos, tantos irmãos e parentes morrendo de câncer, quando percebemos que essa doença é, na verdade, um comércio, que o tratamento não é nada mais nada menos paliativo e ao mesmo tempo, infelizmente, feroz.

    E quero aqui dizer, de público, fiz isso hoje na CCT e quero fazer aqui agora, que eu gostaria que o Dr. Drauzio Varella dissesse para a sociedade, na televisão, o que mais prejudica um ser humano, uma pessoa, uma vida: se é a quimioterapia, que acaba com a pessoa, faz com que perca o cabelo, a unha e até a roupa, porque quem pesa 80, 90 quilos passa a pesar 30, 40 quilos, ou se é, na verdade, a fosfoetanolamina, que, como ele disse, nem para animal pode ser utilizada. 

    O Dr. Drauzio Varella, infelizmente, como profissional, tinha pelo menos que conhecer as pesquisas já realizadas. Foram realizadas pesquisas em ratos, no Instituto Butantan, em São Paulo, pelo Dr. Durvanei, que possui todos os relatórios, já divulgados em revista internacional de saúde. Por que só aqui no Brasil não querem aceitar esse novo medicamento, que é uma oportunidade de dar esperança para quem está com câncer? Por quê? Por causa do dinheiro, Senadores? Por causa do interesse financeiro?

    Eu não estou aqui à disposição de grupo empresarial, de laboratório nenhum não. Mas, infelizmente, a matéria que foi ao ar domingo à noite foi tendenciosa. Tanto é verdade que toda a sociedade, está todo mundo mandando, nos meios de comunicação eletrônica que existem hoje - temos o WhatsApp, temos o e-mail, temos tudo -, e o pessoal está percebendo o erro que cometeu.

    Por que é que nesse mesmo programa do Fantástico não foram entrevistar as pessoas que conseguiram e tiveram o direito na Justiça - ou mesmo antes -, para saber se elas ao menos se recuperaram?

    Eu tenho aqui cada depoimento, Senador Donizeti e demais Senadores, de pessoas que mandaram vídeos... E estão mandando. Eu quero pedir ao povo brasileiro, a quem está me assistindo, em Santa Catarina, no seu Estado, Dário, lá em Pomerode. Lá existe um catarinense, um gaudério corajoso, determinado. Ele não era um químico. Ele era simplesmente um vendedor. Sua mãe estava com câncer. Ele veio, buscou medicamento, deu para sua mãe. Com uma semana ela já estava andando; com uma semana estava tomando sopa; com 18 dias, ela já estava no quintal e já estava com uma enxada na mão. Estava carpindo.

    E ele se sensibilizou. Veio a São Carlos. Aprendeu a manipular o medicamento, voltou a Santa Catarina e começou a produzir e a distribuir de graça. De graça. Para mais de 800 pessoas. Carlos Kennedy, de Pomerode, acabou sendo preso. Denunciaram-no, por ele estar fabricando e distribuindo remédio sem controle. Ninguém parou para analisar direitinho o que é que estava acontecendo. Para quem assistiu ao programa da televisão, até pareceu que estavam distribuindo essas cápsulas como se fossem droga, com a qual se ganham milhões e milhões de reais. Pelo contrário. Sabe quanto custa uma cápsula dessas, gente? Dez centavos. Dez centavos.

    Quanto custa uma quimioterapia, gente? Eu pensava, até a semana passada, retrasada, que custava R$5 mil, R$10 mil. Gente, há quimioterapia que custa até R$90 mil! Vocês, que estão com câncer - quem tem familiares com câncer, quem tem amigos com câncer -, vocês acham que esses hospitais, que esses laboratórios que têm um esquema internacional de seguir a meta deles, como disse um desses proprietários, que ele tem que seguir a medicina internacional... É São Judas Tadeu para criança, MD Anderson para adulto... É como se fosse uma franquia do McDonald's.

    É assim que nós, seres humanos, somos tratados por alguns profissionais que tinham que estar respeitando a vida, e não estão respeitando a vida. Quando estão dizendo - como o Dr. Drauzio Varella falou no domingo à noite - que essa droga não pode ser aplicada nem em animais. Usou até o irmão dele, que estava com câncer e morreu. Eu tenho certeza, Dr. Drauzio Varella, que, se o senhor tivesse utilizado esse medicamento, esse composto, lá atrás, se pedisse para o seu irmão, no dia em que ele estava com câncer e com vida, que ele pelo menos aceitasse tomar esse medicamento, ele tomaria.

    E eu pergunto para quem está com câncer... O senhor, Drauzio Varella, espalhou o pânico, o senhor, que é um profissional, um apresentador, um homem que tem utilizado os meios de comunicação, infelizmente fez um desserviço para a sociedade, fez um desserviço para a humanidade. Fez, na verdade, e trouxe um pesadelo para o nosso povo. O senhor não teve coragem de pegar um depoimento de um desses pacientes para trazer aqui e colocar nessa entrevista sua.

    Eu estou indignado! Eu não sou médico não, mas também não sou nem um leigo e nem um burro. Eu, antes de comprar essa briga, Presidente Dário, fui me inteirar, fui conhecer, eu fui saber exatamente o que aconteceu. Eu recebi ligação de pessoas importantes em nível de Brasil, de dono de clínica que eu não posso citar o nome porque senão é descredenciado, e que me falou: "Cassol, vá em frente, eu sei que eles vão tentar te destroçar, mas não desista; não desista, porque esse medicamento está dando certo, a fosfoetanolamina está dando certo. Eu tenho vários amigos que curaram." E quantas pessoas conseguiram na justiça.

    Está aqui outro exemplo. Na semana passada eu falei com o Otaviano, de Uberaba, Minas Gerais, que foi também um dos professores que começou junto com o Dr. Gilberto e com todo mundo. A Uniube, de Uberaba, trabalhou até 2012 com esse medicamento em várias pessoas. Depois, foram ameaçados e tiveram que parar. Ele falou comigo e eu falei com ele. Falei aqui com o Dr. Ribeiro, se eu não estou enganado, aqui de Brasília, que foi Diretor do Hospital de Base, é médico oncologista, foi membro, ou vice-presidente, ou fez parte do Conselho Nacional de Medicina, que me ligou na semana passada e me falou: "Pode usar o meu nome; pode usar o meu nome." Esse doutor aqui de Brasília me falou, Dário: "Eu tenho amigos que usaram essa cápsula e eles estão curados; eu tenho amigos que usaram e tiveram uma sobrevida."

    E aí vem o Dr. Drauzio Varella, como se ele fosse... O senhor, Drauzio, desculpe-me, o senhor não é Deus não! O que o senhor fez sábado à noite não faz parte dele, talvez seja porque o senhor não creia nele e o senhor não tenha fé nele, porque se o senhor tivesse, com certeza o senhor não faria parte desse jogo sujo, que é o das indústrias farmacêuticas em nível nacional.

    Tanto é verdade que eu quero aqui, Sr. Presidente, agradecer à Câmara Municipal da Estância Turística de Barra Bonita, São Paulo. Ofício nº 393, encaminharam uma cópia de moção de apoio, de autoria do Vereador Edson Souza de Jesus em que me parabenizam pelo trabalho à frente desse trabalho para liberação do medicamento da fosfoetanolamina sintética.

    Obrigado aos vereadores de Barra Bonita, São Paulo.

    Também quero aqui aproveitar este momento e agradecer ao Sr. Lourival Pisetta, Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Joinville, do seu Estado e região também aqui parabenizando, homenageando as pessoas.

    Eu tenho aqui outro e-mail, de Mauricio Scerni, fotógrafo e documentarista. Ele diz aqui e dá uma ideia: "Temos vários laboratórios do Exército e da Marinha. Parece que o último está melhor aparelhado. Essas duas instituições prestigiosas são formadas, em grande parte, por militares nacionalistas."

    Eu acredito. Está aí, as nossas Forças Armadas vão aproveitar esses laboratórios porque esse remédio pode ser manipulado em qualquer laboratório, é só ter condições.

    Quero aqui dar outro testemunho, ao mesmo tempo, da Márcia:

Exmo Sr. Senador Ivo Cassol, parabenizo-o pelo pronunciamento em respeito à luta assumida pelo senhor no sentido de valorização dos pesquisadores que realizaram a descoberta do medicamento do tratamento do câncer e de comprometimento para o avanço no sentido de tornar esse medicamento acessível e uma realidade para uma quantidade expressiva de pessoas que estão padecendo dessa doença implacável, causadora de óbitos e de sofrimentos para pacientes e familiares.

    Olhem o que ela diz: "A indústria farmacêutica não está interessada na descoberta da cura do câncer."

    Por que não está interessada? Porque para montar toda a estrutura para quimioterapia, radioterapia, montar essa estrutura, gasta mais de R$10 milhões, R$20 milhões. E o que é que dá dinheiro? São esses tratamentos prolongados, Sr. Presidente, sem fim, que muitas vezes, em vez de ajudar na cura do câncer, acabam criando outro problema, outro câncer, como conheço pessoas, conheço uma senhora, conheço várias senhoras que tinham câncer de mama, e a quimioterapia, infelizmente, trouxe um câncer de leucemia e tem que fazer transplante para a leucemia.

    Por isso que eu falo: o câncer com quimioterapia não pode parar, não precisa parar. Da maneira com que falaram, nada disso, como dizem os outros. Mas graças a Deus a nossa Justiça está aí! Parabéns aos juízes de São Carlos, aos juízes do Brasil que estão dando as liminares, parabéns ao Presidente do Tribunal de Justiça que refez a decisão e voltou atrás, liberou!

    A USP está reclamando que não consegue produzir sozinha? Vamos repassar a outros laboratórios.

    Parabéns ao Supremo Tribunal Federal, ao Ministro Edson Fachin, que concedeu a liminar! A USP já está aqui tentando derrubar. Por que não o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Secretaria de Ciência e Tecnologia aproveitarem os laboratórios - há 16 laboratórios nos Estados da Federação - para produzir esse medicamento, para distribuí-lo a essas pessoas, dar-lhe alento, oportunidade.

    Eu tenho certeza de que, a Justiça autorizando em respeito à vida, as pessoas vão continuar tendo acesso a esse medicamento, a esse tratamento, que simplesmente vem em benefício.

    Por mais que se diga que esse medicamento tem efeitos colaterais, vocês querem efeitos piores do que os da quimioterapia?! Pior do que da quimioterapia não existe. Mesmo que cause algum efeito, eu - desculpe-me dizer isso para quem está me assistindo -, se estivesse com câncer e alguém me dissesse: "Cassol, eu estou aqui com ácido sulfúrico. Se você tomar gotinhas, você ficará curado." Eu tomaria. Pergunto a você que me está assistindo, não faria o mesmo? Lógico que faria. Essa questão é humanitária. Isso não é questão de dinheiro não, gente. Desculpe-me! Essa questão de dinheiro, chega o que o petrolão está fazendo! O petrolão é fichinha perto do esquema dos remédios, do tratamento de saúde, porque o petrolão só está levando dinheiro do povo brasileiro, mas os laboratórios, além de comerem o dinheiro, estão comendo a nossa vida. Pouco estão se lixando!

    Há poucos dias, o Senado e a Câmera apuravam denúncias sobre as próteses que estão pondo nas pessoas, cirurgias sem necessidade, esquemas dentro do sistema de saúde. Isso é inaceitável, gente!

    Fui governador, fui prefeito. Não há nenhum processo contra mim por desvio de dinheiro. Alguém diz: "Mas você tem uma condenação." Eu tenho, dela recorri, mas não é por desvio de dinheiro, não é por roubo não, gente! Eu estou sendo condenado por fragmentação de licitação. O que é isso? É você pegar R$1 milhão e fazer dez licitações. Mas eu não fiz isso! Para cada emenda de Deputado, de Senador, eu fiz um projeto, abri uma conta bancária e executei a obra. Mas houve esse entendimento no Supremo. Eu respeito o entendimento do Supremo, mas também cabe a minha defesa como cidadão, como prefeito.

    Eu não tenho do que me envergonhar para a minha família. Eu não roubei, não desviei, não superfaturei. Se há algum erro, é erro técnico da administração. E qual administração não tem erro técnico? Mas não há participação minha de irregularidade. Por isso que eu tenho condições de vir aqui enfrentar essa situação, como tenho enfrentado, como enfrentei no meu Estado, quando fui o primeiro político de Rondônia, do Brasil, que gravou os Deputados e denunciou a máfia da corrupção que havia dentro da Assembleia Legislativa. Botei em cheque a minha família. O que sobrou para mim? Sobrou um monte de processo, ter que andar com carro blindado e com segurança 24 horas por dia. Esse é o preço que eu pago.

    Mas valeu a pena? Valeu a pena sim, porque o povo do meu Estado tem orgulho do Ivo Cassol. Se a eleição fosse hoje, eu ganharia por 80% dos votos. Mas eu não estou atrás disso. O povo do Brasil está me conhecendo e me conheceu na época do Fantástico, das denúncias que eu fiz.

    Mas eu fiz, porque eu sou uma pessoa responsável.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Eu fiz, porque eu tenho compromisso com o povo e com a sociedade. Eu fiz, porque tinha que resgatar a credibilidade do povo do meu Município de Rolim e do Estado de Rondônia.

    Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, eu não posso admitir situações atuais, do jeito que estão acontecendo até hoje. Vou ler aqui outro depoimento. Vou precisar de mais quatro ou cinco minutos para terminar.

    Olha o que manda a Edi Soares Freire, por e-mail:

Tenho 70 anos, estou com uma suspeita de câncer no intestino, mas não tive condições de fazer os exames exigidos pelo médico do SUS. Estou na graça de Deus. Só Ele que irá me dar a cura ou o sofrimento do tratamento. Eu ficaria muito feliz em poder tomar esse medicamento. Já entrei em contato com a USP de São Carlos, e me responderam que não manipulam esse remédio. [Até nisso os caras mentem.] É uma vergonha a máfia dos laboratórios, [olha o que essa cidadã diz:] dos responsáveis pela saúde. Se descobrirem a cura do câncer, com certeza muita gente vai perder a galinha dos ovos de ouro.

    Olhem o que essa senhora diz, vou repetir:

É uma vergonha a máfia dos laboratórios, dos responsáveis pela saúde. Se descobrirem a cura do câncer, com certeza muita gente vai perder a galinha dos ovos de ouro. Nem que seja às custas de vidas. Mas Deus vai cobrar caro dessas pessoas por não amarem seus irmãos.

Eu estou do seu lado e oro a Deus que lhe dê força e vença essa luta. Edi Soares Freire.

    Quer dizer, são depoimentos...

    Aqui é um depoimento da Telma Chaves, de Santa Catarina: "Quero deixar aqui meu depoimento. Estava com quimioterapia marcada devido a um tumor de medula óssea quando soube, por uma amiga, da existência da fosfoetanolamina. Pesquisei na net..."

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - "... e decidi procurar um homem em Pomerode, Santa Catarina. Ele fornecia esse remédio gratuitamente."

    O Carlos Kennedy, que foi preso, perdeu a sua esposa porque deu um derrame no dia em que foi preso. E, quando ele saiu da cadeia, 17 dias depois, foi para enterrar a sua esposa. Eu o chamei para a responsabilidade. Falei com ele hoje para me ajudar no restante da nossa conquista: distribuir esse remédio gratuitamente.

Por decisão minha, contra a vontade médica [olhem o que essa senhora, a Telma Chaves, disse], fiz o tratamento por oito meses e, nos primeiros quatro meses, meus exames já estavam bem melhores. O meu médico queria pedir novos exames, nova biópsia, achando que os primeiros exames estavam errados.

Hoje me sinto ótima. O tumor de medula óssea não existe mais. Meus exames estão normais e sem nenhum efeito colateral.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) -

A fosfoetanolamina é muito fácil de tomar. Não deixa de comer nem de beber nada. Gostaria de deixar bem claro que o remédio é fornecido GRATUITAMENTE. Mas infelizmente o Sr. Carlos, de Santa Catarina, foi preso, e o seu laboratório, confiscado.

Que o Dr. Gilberto, da USP, possa continuar ajudando tantas pessoas e que esse remédio seja reconhecido pela Anvisa [...].

    E aqui quero falar da Anvisa. Que papelão o Presidente da Anvisa fez domingo à noite, no Fantástico! Meu Presidente, o senhor assumiu há 60 dias e já vai entrar no esquema desses laboratórios? Eu estive lá com o senhor, presidente da Anvisa. O que os senhores registraram até hoje? Olhem o tempo que a Anvisa está aí e mandem ela trazer ao Senado o que de patente foi registrado até hoje e que é reconhecido pela Anvisa. Nada! É um cabide de emprego. E esse presidente novo que assumiu falou para mim... Eu disse: "Não faça só como presidente, faça como ser humano, faça como pai, faça como avô, como eu faço.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Ele disse que ia fazer, e deu uma entrevista dizendo que não podia fazer, que não era isso, que não era aquilo. Não! Dá a fórmula. Por que não disse que ia atrás para dar a oportunidade? O que é preciso, na verdade, para poder liberar? Ou, então, vão liberar esse medicamento?

    Está aqui:

A Anvisa aprovou, no mês de março, o peso do Yervoy, considerado um avanço no tratamento para melanoma por aumentar significativamente a sobrevida dos doentes. O tratamento custa, no Brasil, R$240 mil.

    Quer dizer que isso aqui vale? Isso aqui a Anvisa aprova? Está aqui! Está aqui! Isso aqui a Anvisa aprova?

    Dário, Presidente, meu Senador, isso é inaceitável! Isso revolta qualquer cidadão! Isto aqui, com certeza, o Dr. Drauzio Varella está podendo receitar para os pacientes dele. Mas eu vou continuar defendendo o povo.

    Mas quero deixar bem claro uma coisa:

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - O câncer não dá só em pessoas que têm o Bolsa Família; o câncer não dá só em pessoas de classe média; o câncer dá em todas as pessoas, não importa a questão financeira, não importa a raça, nem a cor, nem a religião. Hoje, gente, as vítimas são vocês que estão me assistindo e que estão com câncer. E quem nos garante, Senadores, que amanhã não seremos nós? Quantos dias de vida nós teremos?

    Então, essa oportunidade não pode passar em branco. Nós temos que ir até o fim.

    O que precisa ser feito, de verdade, para que possamos colocar em prática?

    Estive com o Secretário Nacional do Ministério da Saúde, Dr. Adriano - se não me engano -, e com sua equipe. Já fiz um ofício para que ele possa, no dia 29, estar aqui conosco. O que precisa ser feito? Aqui há uma recomendação de advogados, dizendo que o que precisa ser feito é baixar um decreto regularizando o uso experimental, o acompanhamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - ... de todos os pacientes, com um termo de anuência assinado, em que declaram submeter-se ao uso experimental por conta e risco, e as condições para produção em massa. Então, é disso que se precisa. Estou aqui só complementando. É isso que é importante. Então, há meio, há caminho.

    Eu peço à Presidente Dilma que abrace essa bandeira. A Presidente Dilma, há pouco tempo, estava com câncer. Hoje, graças a Deus, está curada. E se amanhã voltar o câncer?

    Então, Presidente Dilma, por favor, a senhora tem condições de abraçar essa causa. Da mesma maneira que a senhora pode abraçar essa causa hoje...

    Eu quero voltar ao passado, Srs. Senadores. Mais dois minutinhos, mais um minutinho. Vou voltar à época em que o Senador Serra era Ministro da Saúde. Você se recorda, Dário? Acho que você era prefeito na época - ou não era. Vocês se recordam, Senadores? Os laboratórios aceitavam o medicamento genérico? Ninguém aceitava.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Foi uma guerra, foi uma luta, mas conseguimos aprovar o genérico no Brasil. Por que hoje não podemos ter essa mesma conquista? Vamos deixar nas mãos da nossa Presidente do Brasil, do novo Ministro da Saúde, ou vamos deixar que os laboratórios, que o sistema internacional de saúde mande nas pessoas e diga quem vai morrer hoje e quem vai morrer amanhã?

    Portanto, eu quero aqui agradecer esse carinho especial. Há muitos depoimentos aqui, mas vou deixar em aberto.

    Ao mesmo tempo, quero dizer que, no dia 29, vão estar aqui todos os pesquisadores, numa audiência pública que vai ser transmitida ao vivo. Eu peço à Mesa do Senado, eu peço ao Presidente do Senado que abra o canal ao vivo para que a sociedade possa participar. Vão estar os pesquisadores, o presidente da Anvisa, o secretário-adjunto, o coordenador da Ciência e Tecnologia. Também vai estar aqui presente o Secretário Nacional de Saúde, Dr. Adriano, se não estou enganado.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Vão estar aqui pessoas que também foram convidadas, a exemplo do Dr. Ribeiro, de Brasília.

    Também fiz um ofício hoje, a pedido do nosso Presidente da CCT, incluindo o nome do Drauzio Varella para também vir aqui debater. Por que não? Venha aqui. Mesmo sendo presidente de um laboratório, não há problema nenhum. Venha aqui! Venha debater com a gente!

    E, com tudo isso, quero pedir para todo mundo que está me assistindo: quem tem os jornais, pegue os depoimentos dessas pessoas que tiveram acesso à fosfoetanolamina, que tomaram esse medicamento e que deu resultado, mande no meu e-mail, faça uma gravação no telefone, mande para nós, e, quando mandar, bote seu nome, bote a cidade, coloque as causas da doença, o dia do tratamento e como é que você está hoje, porque isso vai servir de prova para nós fundamentarmos que esse medicamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - ... é a esperança de todos, e não uma droga, como disseram, que nem em animais podia ter sido usada.

    Agradeço o carinho especial de cada colega aqui, mas especialmente agradeço a quem está em casa, que sempre vai à igreja ou que, mesmo em casa, faz suas orações, que tem sempre pedido por mim, por minha família. Eu vou pedir aqui também para as demais autoridades, para os demais Senadores, para essas autoridades que têm a caneta na mão, que podem ajudar a liberar essa experiência nova, como estão colocando, mas experiência nova que já está dando certo.

    Se eu estou aqui usando a tribuna é porque eu tenho convicção, porque eu falei com pessoas que usaram esse medicamento, e hoje elas estão curadas. É por isso que eu preciso estar junto com vocês, para que façamos força. Juntos, vamos reforçar cada vez mais, para que todo mundo tenha acesso ao remédio, independentemente de ser rico ou pobre, mas que tenha acesso a esse medicamento a 10 centavos cada um. Mesmo que essas empresas ou laboratórios grandes quebrem, não me interessa; o que eu quero é meus amigos, meus irmãos, meus familiares, meus semelhantes com saúde e paz. O resto nós corremos atrás.

    Um abraço. Obrigado.

 

    


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2015 - Página 451