Comunicação inadiável durante a 195ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com a maneira como a Polícia Militar do Distrito Federal reprimiu manifestação de professores ocorrida ontem em Brasília.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL:
  • Indignação com a maneira como a Polícia Militar do Distrito Federal reprimiu manifestação de professores ocorrida ontem em Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2015 - Página 119
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, POLICIA MILITAR, DISTRITO FEDERAL (DF), PERIODO, MANIFESTAÇÃO, GRUPO, CATEGORIA PROFISSIONAL, PROFESSOR, LOCAL, BRASILIA (DF), MOTIVO, UTILIZAÇÃO, VIOLENCIA, REPUDIO, AGRESSÃO, PRISÃO, PARTICIPANTE, SUGESTÃO, GOVERNADOR, ENTE FEDERADO, DIALOGO, LEGISLATIVO, OBJETIVO, SOLUÇÃO, AUSENCIA, RECURSOS, DISCORDANCIA, APOIO, ORADOR, CAMPANHA, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

    Eu lamento estar aqui para manifestar minha profunda indignação, Senador Acir - a quem agradeço ter me cedido o momento -, com a maneira como o Governador do Distrito Federal - que foi nosso colega aqui -, como seu Governo, através da sua Polícia Militar, espancou professor, prendeu professor, tirou professor de dentro de carro e levou para a delegacia.

    Quero manifestar aqui a minha profunda indignação, porque bater em professor é bater no futuro do País. O futuro de um país tem a mesma cara da sua escola hoje. Olhe para uma escola de um país, para o conjunto das escolas: se ela for feia, alquebrada, maltratada, assim vai ser o futuro do país. Quanto a isso não há dúvida. Isso é uma coisa que a gente pode garantir como certeza. O futuro de um país tem a cara da escola desse país no presente.

    E é absolutamente perfeita a metáfora de que um país que bate em professor bate no seu futuro, até porque se dá um péssimo exemplo para as crianças, que tomam conhecimento de que aqueles que estão ali, sendo espancados, presos, levados em carros da polícia, ficando em delegacia, aqueles são seus professores.

    E depois reclamamos do mau comportamento das crianças. Depois reclamamos da violência dentro das escolas. Esse é o produto de governos que batem em professor, que prendem professor. Eu manifesto minha profunda indignação com esse fato.

    Eu aprendi - e lembro bem - no serviço militar, um major dizia, quando a gente cometia falhas: "Explica-se, mas não se justifica." Certas coisas. Claro que se explica perfeitamente quando a gente ouve o Governador Rodrigo Rollemberg dizer que não tem dinheiro para pagar as reivindicações dos professores. Eu acho que se explica, porque quando a gente analisa as contas, de fato o governo anterior, irresponsavelmente, comprometeu gastos numa proporção que hoje não se tem, até porque, além dos compromissos serem exagerados, do ponto de vista da realidade financeira, ainda veio a crise que baixou a arrecadação. É explicável, mas não justifica a maneira como o professor é tratado na rua.

    Explica-se quando o governador diz, numa nota, que as ruas e vias públicas têm que ser abertas, porque ali passam professores também, ali passam trabalhadores que vão ao trabalho, ali passam doentes que querem ir buscar um atendimento. As vias têm que estar abertas. Explica-se, mas não se justifica que, para abrir uma via pública que manifestantes, professores tomaram por um momento, botaram a polícia. O Brasil está cheio hoje de vias sendo interditadas por algum momento.

    O que o governador deveria ter feito era nos convocar, inclusive eu, os outros Senadores, os Deputados Federais e Distritais, para juntos dialogarmos, para ver até que ponto, de fato, a explicação que ele tem da falta de dinheiro é...

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - ... uma justificação que permitiria nos usar para conseguirmos convencer os professores de que suas reivindicações são inviáveis de serem atendidas. Estou pronto para fazer isso. Tenho certeza de que o Senador Reguffe está, o Senador Hélio José também, os Deputados Federais e Distritais. Por que não nos convoca para ajudar nesse diálogo? E se precisar abrir vias públicas, quando houver professores protestando, interditando essas vias, eu estou pronto para ir lá conversar com eles.

    Eu estou pronto para a gente fazer um apelo para que abram as vias, encontrem outras maneiras de manifestações. Mas chamar a polícia para, na força, retirar os professores não se justifica. E isso mancha um governo. Quase todo governo, não sei o seu, mas o meu enfrentou greves.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - O senhor também.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC. Fora do microfone.) - Desde a prefeitura.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Desde a prefeitura. Todo governo do Brasil enfrentou greve. Todos! Aí eu não faço crítica nenhuma.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Entrei na escola, fiz pós-graduação, mas, graças a Deus, nunca usei a polícia para resolver nenhuma das minhas greves.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Era isso que eu ia dizer. Quase todo governo enfrentou greves, de todas as categorias, mas especialmente de professores, mas são poucos, felizmente, que usaram a polícia contra os professores. São poucos. E, lamentavelmente, aqui, o Governo do Distrito Federal fez isso ontem.

    Eu fico triste de ter dado meu apoio, de ter colaborado para eleger o governador e me incomoda hoje que o meu Partido esteja dentro do Governo, que é responsável por espancamento de professores, por prisão de professores.

    O governador precisa vir de público dizer que não tem nada com isso, mas para isso ele tem que mostrar quem é o culpado e tem que punir quem fez.

(Soa a campainha.)

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Ou, então, assumir que deu a ordem ou que ficou omisso quando o fato ocorreu.

    Eu lamento muito estar aqui falando disso, mas não posso deixar, Senador, de manifestar essa minha insatisfação e esse constrangimento que sinto hoje de estar sendo parte das forças que elegeram o Governo, que não consegue dialogar o suficiente e nem nos usar - nós Parlamentares -, porque nos isolou completamente de qualquer participação e diálogo, para evitar espancar o futuro, porque repito - e concluo, Senador: espancar professor é espancar o futuro. E papel de governo é construir futuro e não espancá-lo.

    É isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2015 - Página 119