Discurso durante a 195ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da eficácia do medicamento fosfoetanolamina para o tratamento do câncer.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Defesa da eficácia do medicamento fosfoetanolamina para o tratamento do câncer.
Aparteantes
Dário Berger, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2015 - Página 147
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, LOCAL, COMISSÃO DE CIENCIA E TECNOLOGIA, SENADO, OBJETIVO, DEBATE, ASSUNTO, EFICACIA, MEDICAMENTOS, AUSENCIA, CUSTO, RESULTADO, PESQUISA CIENTIFICA, AUTORIA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DESTINAÇÃO, TRATAMENTO, CANCER, DEFESA, ACESSO, POPULAÇÃO, URGENCIA, GOVERNO FEDERAL, ANALISE, PRODUTO, CRITICA, BUROCRACIA, INTERESSE ECONOMICO, COMENTARIO, CIENTISTA, RESPONSABILIDADE, DESCOBERTA, TENTATIVA, DOAÇÃO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), CONVITE, TRANSFERENCIA, TRABALHO, EXTERIOR, NEGAÇÃO, CONCESSÃO, LABORATORIO FARMACEUTICO.

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso.

Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

    Srªs e Srs. Senadores, é com alegria que mais uma vez venho, primeiramente, agradecer a Deus por tudo que tem propiciado à minha vida e, ao mesmo tempo, aos meus amigos, às minhas amigas, especialmente nesse momento em que há essa luta nacional a favor da fosfoetanolamina, do medicamento ou, como dizem alguns, da droga, enfim, do suplemento que é utilizado para que possa ser combatido o câncer.

Eu quero aqui dividir com cada um dos quatro cantos da Federação brasileira e também agradecer ao

nosso Presidente do Senado neste momento, o nosso grande catarinense Dário Berger.

É com alegria e satisfação, Senador, que eu agradeço o carinho especial. Sei que esteve presente lá, do

começo ao fim da audiência, e usou a palavra. E, naquele momento V. Exª, usando da palavra, referiu-se ao trabalho de que estou à frente como Senador da República e que é, na verdade, da maior grandeza.

     Por mais que alguém possa estranhar - e V. Exª foi Prefeito de Florianópolis, foi um grande gestor -, eu gosto de desafio. Eu gosto de desafio. O que me satisfaz e me realiza é que existem muitas coisas na gestão pública ou mesmo na vida que as pessoas às vezes não alcançam ou têm dificuldade, e eu me proponho a contribuir, a ajudar.

     Foi assim, na construção da cidade de Rolim de Moura, que, em dois mandatos seguidos, eu fiz as melhores administrações do meu Estado e do Brasil. Fui homenageado pelo Casildo Malndaner - na época, Senador aqui, em Brasília - como o 22º melhor Prefeito do Brasil, e como Governador não foi diferente. E o mesmo eu dizia no meu Estado: se for preciso chutar o pau da barraca, a gente chuta por uma boa causa.

     E esta causa que nós compramos, que esta Casa comprou e que começou por intermédio das minhas mãos, que é a luta para que as pessoas possam ter acesso à fosfoetanolamina, hoje, automaticamente, não sensibilizou só o Senador Ivo Cassol, pois eu já estava sensibilizado. O que aconteceu, na verdade, Sr. Presidente, foi sensibilizar V. Exª, o próprio Senador Blairo Maggi, que estava presente. Estava lá também o Senador Moka e tantos outros. E o Brasil inteiro assistindo, o Brasil inteiro acompanhando e pegando, nobre Senador, depoimentos dessas pessoas.

     Nós lá estávamos, pela manhã, ouvindo e acompanhando a Comissão de Ciência e Tecnologia. E quero aqui deixar o meu agradecimento ao Senador Cristovam, que é o nosso Presidente, que também foi conciso na colocação e que, ao mesmo tempo, na Presidência da CCT, acompanhou toda a audiência pública; e à Senadora Ana Amélia também, que me falou em um momento lá que teve, também, na sua família, uma irmã com quarenta e poucos anos com câncer e que veio a falecer por causa da doença.

     Eu só peço, por gentileza, ao pessoal do Senado que nos ajude, porque a voz de vocês está mais alta do que a minha aqui. Obrigado.

     Havia alguns canais de televisão passando como se esse medicamento, na verdade, fosse um pesadelo para quem precisa e espera uma alternativa.

Muito me alegrou o depoimento, Sr. Presidente, dos nossos convidados, que, sinceramente, nos emocionaram. Foi o Gilberto Lourivaldo, professor e pesquisador aposentado da USP, um grande guerreiro, o Salvador Claro Neto, professor e pesquisador, que continua na USP até hoje. Ele é químico, o Divaney Augusto Maria, que é biomédico, do Instituto Butantan, de São Paulo, que fez todas as pesquisas em ratos e mostrou o resultado, mostrou tudo.

     Não é essa falácia, não é essa conversa, essa mentira que, muitas vezes, se escuta por aí de que o interesse é de ganhar em cima da desgraça alheia. Esses profissionais, esses pesquisadores deram um exemplo de vida, Dário, deram um exemplo, nobre Senador Lira, nosso Presidente, um exemplo de cidadania. O que o Renato Meneguel fez, Mestre em bioengenharia, pelo Estado de São Paulo, de desgosto, Senador Dário? Não voltou. Ele está lá na divisa do Piauí com o Ceará. Ele é um oncologista.

     Vocês viram que ele, de joelhos, pediu: “Pelo amor de Deus, libera isso. O povo está precisando!”. E nada mais, nada menos do que o próprio Marcos Vinícius Almeida, biólogo e Doutor da Unesp-Bauru, São Paulo, também passou, assim como Otaviano Mendonça, que também foi da Uniube, de Minas Gerais, Professor de Universidade. São tantos relatos que não tem como esconder.

     Eu não consigo entender quando vem um Antônio Carlos Buzaid, um médico renomado, homem conceituado, que diz que é o bambambã, o bicho da goiaba no câncer. Pode ser o bicho, mas a goiaba não é! Por- que, quando foi provocado por profissional, em 2011, aqui em Brasília, onde ele autografou os livros dos dois cidadãos, ele disse que o medicamento tinha resultado positivo, mas ele não estava aqui para fazer caridade. Ele falou bem assim, Senador Dário, o Dr. Antonio Carlos Buzaid: “Não, o meu negócio é money. Money, para quem não sabe, é dinheiro.

    Então não podemos admitir, quando os próprios pesquisadores, o próprio Renato se ajoelhou e disse: “Eu não estou aqui por causa de dinheiro, gente. Eu fico feliz quando atendo alguém de oncologia e quando dou o medicamento; eu ajudo! E eu recebo um abraço e dou um aperto de mão.”

É esse exemplo de brasiliense, de brasileiro, que precisamos em todas as áreas, especialmente na medicina. Que exemplo bonito, Senador Dário, deram os pesquisadores. Gente, para ser médico, acima de tudo,

tem que gostar de gente, tem que gostar das pessoas, não gostar do dinheiro dos outros. O dinheiro faz bem, ajuda, mas quando vai para o inferno não leva o dinheiro junto, porque queima no meio do caminho.

     Vemos, hoje, meu Presidente, profissionais da saúde, em várias áreas, infelizmente só visando ao que tem de melhor no resultado financeiro. Digo o seguinte: dinheiro é bom, mas o dia a dia, meu Senador catarinense, da nossa região, do nosso Estado, Dário Berger, não traz felicidade. Ele traz conforto, mas não traz alegria nem

felicidade. O dinheiro pode até ajudar na saúde. Mas o medicamento, por si só, da fosfo, sabe por que não deu

certo, não está dando certo para alguns? Porque o custo é muito barato. Se custasse, no mínimo, R$100,00 uma cápsula, com certeza já tinha sido aprovado.

     Quem foi que criou a burocracia no Brasil? Fomos nós, esta Casa. Agora, temos que andar encilhados, carregando americanos, europeus, nas nossas costas, porque o modelo de saúde tem que ser internacional. Nós não podemos ter nossos valores, não podemos ter nossas pesquisas, não podemos ter aqui nosso conhecimento? Tem que ser roubado, tem que ser levado embora. Temos que ir embora daqui por causa disso?

     O mais bonito de tudo isso, nosso Senador Presidente Lira, ao mesmo tempo, Dário - vou te passar a palavra logo em seguida, que depoimento da Bernadete, que depoimento daquela senhora que saiu de São Paulo, Bernadete Cioffi! Ela é da capital São Paulo, saiu de lá, veio aqui e deu depoimento:

Olha, tenho comprimido para mais dois dias. Eu não caminhava, eu não conseguia fazer isso, não conseguia fazer aquilo, não fazia outro, não fazia outro, mas, depois que comecei a tomar estou andando, estou caminhando, estou me sentindo bem. Eu me sinto gente! Eu me sinto gente!

Ela comoveu todo mundo, mas não foi só ela.

    E o Sr. Amaro Vilson? Aos servidores desta Casa, do Senado, o Amaro Vilson é empresário, é aqui de Brasília, uma pessoa que lutou, trabalhou, venceu, mas deu um depoimento - e quero agradecer às pessoas que deram depoimento - aqui, pessoal, como portador de câncer.

    Fez trezentas e poucas ligações para poder confirmar com pacientes que já usaram, e começou a usar. O resultado? Ele está andando, está ótimo, não está 100% curado, mas pelo menos ele está com mais qualidade de vida. É um depoimento de um empreendedor, morador de Brasília.

    Outro depoimento, do Dr. Ribeiro, oncologista aqui de Brasília, foi diretor do Hospital de Base, um senhor de 71 anos de idade. Ele deu um depoimento sobre uma paciente que ele e um colega dele abriram e fecharam, porque não havia jeito. Disseram a ela: “Pode ir para casa porque, infelizmente, não dá para fazer mais nada.” O esposo, juntamente com o cunhado, foi atrás do medicamento. Depois de um ano, eles se encontraram e ele perguntou:“Você não vai perguntar pela fulana?”. E o médico perguntou:“Não morreu?”. E ele respondeu:“Não, está viva, forte e gorda. Está ótima!”. “Então, quero fazer uma consulta com ela, quero fazer uns exames nela. Depoimentos de pessoas que vieram a falecer depois, em outros casos, mas não de câncer.

    Então, por que nós, nesta Casa, neste País, temos de ser escravos do nosso próprio conhecimento, da nossa própria descoberta, Dário? Por isso, Dário - você, desculpe tratá-lo por você; nós, catarinenses, somos assim mesmo, somos barriga verde, mais um pouco, mais isso e aquilo -, você, que passou por prefeitura, sabe a dificuldade que tem um prefeito, sabe a dificuldade que tem um gestor.

    No seu Estado, um outro exemplo de vida que eu fiz questão de vir a ser uma audiência pública: o Carlos Kennedy. Sr. Presidente, a mãe do Carlos Kennedy tinha 82 anos. Ela tinha câncer. O médico mandou que ele a levasse para casa para morrer, porque ela não aguentaria mais trinta dias. Ele descobriu as cápsulas, foi atrás da Fosfoetanolamina. Conseguiu as cápsulas e começou a dar para a sua mãe. Com uma semana, a mãe dele já estava na cozinha fazendo o serviço, tomando uma sopa. Com dezoito dias, ela estava na horta capinando. Ela veio a falecer seis anos depois, mas não foi de câncer, foi de morte natural, pela idade. O que aconteceu com esse cidadão, Sr. Presidente? O Dário sabe disso, pois acompanhou. Ele voltou para São Carlos, aprendeu a manipular. Ele não é químico, era vendedor de produtos, andava no nosso Estado de Santa Catarina, o nosso Estado. Hoje, estou em Rondônia, mas o meu Estado de origem é Santa Catarina. Ao mesmo tempo, ele quis ajudar o próximo, veio para São Carlos e aprendeu a manipular o medicamento, a Fosfoetanolamina. Começou a manipular o medicamento. Começou a ser procurado, começou a contar a história, começou a distribuir para as pessoas.

    E, aí, depois de muito tempo, de 2008 para cá, neste ano, alguém o denunciou. Infelizmente não considero ser humano, mas sim monstro, este que o denunciou. Porque eu falo que é um monstro, este cara é um monstro, este é o filho do capeta, não é filho de Deus, desculpe-me a expressão! Mas um cara que denuncia o outro, que está fazendo o bem... Tudo bem que ele está produzindo e distribuindo um medicamento que não é legal, mas só estava fazendo o bem para as pessoas. Prenderam-no e botaram-no na cadeia. Sua esposa teve um AVC. Com 17 dias, ele conseguiu sair da cadeia e, no dia em que saiu, foi para enterrar sua esposa.

    Senador Dário, no dia em que liguei para ele, falei: estou comprando esta briga contigo. Ele disse: “Não aguento mais.” Falei: fique tranquilo, Carlos Kennedy, você está no primeiro processo; eu já estou no cento e pouco. E estou de pé aqui até hoje. Meus processos não são por roubo. O teu processo, a tua prisão não é por desvio de dinheiro, não é por roubo, não é por nada, é por enfrentamento, é para mudar a cara deste País, é para ajudar o povo, é para ajudar a humanidade. É uma causa nobre, uma causa justa. Estou te ligando para dizer

para você levantar a cabeça. Ele respondeu: “Ah, não tem jeito, porque isto, porque aquilo.” Explicou: “Porque perdi a minha esposa nesta situação.” Eu disse: e sua esposa ajudou a fazer o quê? Ele falou: “Ela, além de manipular o remédio, me ajudava a entregar, me ajudava a fazer o trabalho social.” Eu disse: ela está te olhando lá de cima. É isso que ela espera de você? Que você se acovarde depois de ela ter ido, tentando fazer o bem para o próximo? É isso que você espera? É isso que você quer?

Aí, ele começou a chorar ao telefone, eu fiquei arrepiado do outro lado. Ele falou:

Cassol, você tem razão; esta luta nossa, esta causa não pode ser em vão. Conta comigo para o que precisar, para o que der e vier. Eu estou junto aqui, mesmo que seja condenado, sem ter desviado, sem ter roubado nada. Mas estarei junto contigo na luta para liberação deste medicamento.

    E hoje ele esteve aqui, Dário, é de Pomerode, daquela sua região, a maior cidade alemã do Brasil. É isso, não é?

O Sr. Dário Berger (PMDB - SC) - É isso.

O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - E ele deu o depoimento aqui de que ajudou mais de 800 pessoas. Mais de 800 pessoas utilizaram o medicamento, pessoas que estiveram aqui também. São esses depoimentos que convenceram.

     Fui a órgãos públicos importantes de Brasília, não vou citar o nome ainda, mas se, por um acaso, não tirarem a bunda da cadeira e ficar do jeito que está, vou falar, vou denunciar. Não! É que alguém contou, alguém falou, alguém narrou.

Não! Ninguém está narrando coisa nenhuma! Desculpe-me a pressão. Essas pessoas estão aqui dando depoimento.

     O que falei para as pessoas e também para o Ministro da Saúde, quando um dos técnicos levantou que “esse foi um caso que contaram”? Eu disse: “Para o senhor é um caso? Quando alguém vai à delegacia, quando alguém vai à polícia e dá depoimento, o depoimento tem fé pública? Tem! Então, por que não vale o depoimento de um paciente que se curou do câncer, que se tratou de câncer? Que história é essa? Que Brasil é esse em que nós estamos?” Aí o Ministro falou: “Está certo!”

     Eu até queria que o Ministro da Saúde estivesse aqui hoje, mas ele me atendeu bem. Espero que agora o Ministro, juntamente com o Dr. Adriano, que se prontificou, e com o pessoal da Anvisa... Se for dentro da legislação da Anvisa, nós estamos no Juqueri, nós estamos no inferno!

Agora, quem foi que fez as leis? Fomos nós aqui. Mas todas as leis são boas? Não o são. Há muitas leis ruins, e temos de tomar providências e mudá-las. Senão, podia fechar o Senado, podia fechar o Congresso, porque não precisava fazer mais nada. Tudo que está aí estaria bom, e não seria preciso mais renovar. Não! É preciso dar continuidade, buscar o crescimento, a melhoria, o aperfeiçoamento. Então, precisa-se disso.

     Por isso, Senador Dário, eu, que sou de Santa Catarina, costumo peitar as coisas e enfrentar, como enfrentei, a Assembleia Legislativa do meu Estado. Eu denunciei a bandalheira, denunciei o roubo. Alguém disse o seguinte: “Cassol, você os enfrentou? E daí?” Enfrentei-os e saí arranhado. E daí? O que é que tem? Mas não sou tachado de desonesto, não sou tachado de corrupto, não sou tachado de incompetente. Eu sou tachado de enfrentador, porque gosto de uma boa briga. Mas minha briga é por uma boa causa. Humildade e respeito cabem em todo lugar. Eu sempre respeitei o próximo, do menor ao maior.

     Por isso, hoje, aqui, quero fazer uma homenagem especial ao catarinense Carlos Kennedy, que pegou 17 dias de cadeia por ter distribuído a fosfoetanolamina, por ter distribuído o medicamento, para ajudar as pessoas sem ganhar um tostão. Não sei por que médicos e esses laboratórios estão preocupados se o medicamento é distribuído de graça!

     Na semana passada, vi um programa de televisão. Até parece que o pessoal está ganhando dinheiro com esse medicamento! Não está ganhando nada. Custa R$0,10. Sr. Presidente, custa R$0,10 uma cápsula. Tomam-se duas por dia, o que dá R$0,20. Isso significa R$6,00 por mês, enquanto uma quimioterapia custa R$15 mil, R$20 mil, R$30 mil, R$40 mil, R$50 mil, R$60 mil. Vocês acham que esses caras querem largar essa teta? Eu queria que dessa teta saísse ácido sulfúrico...

     (Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - ...e queimasse tudo por dentro desses que pensam dessa maneira! “Ivo, tu não podes falar isso.” Eu posso falar, sim! Não tenho o rabo preso com ninguém, não tenho laboratório, não tenho esquema!

Estou falando por uma causa justa, pela causa humanitária!

Por isso, Dário, agradeço as palavras com que você me motivou, hoje mais ainda.

Concedo a palavra a V. Exª.

O Sr. Dário Berger (PMDB - SC) - Senador Ivo Cassol, Senador Raimundo Lira, hoje, participei, com V.

Exª, de uma audiência conjunta na Comissão de Assuntos Sociais e na Comissão de Ciência e Tecnologia que considero histórica para o Senado Federal. Tratamos lá de um assunto de extrema relevância para o País. Quero, mais uma vez, cumprimentar V. Exª, enaltecer sua atuação, a forma como se dedicou a esse tema. Inclusive, convocou-me para fazer parte dessa trincheira inúmeras vezes. Fiquei a observar o entusiasmo com que V. Exª, várias vezes, usou essa tribuna para denunciar essa questão que é de extrema relevância para Santa Catarina e para o Brasil. Talvez, Senador Ivo Cassol, nós não consigamos mensurar a amplitude e a magnitude que o momento de hoje representou para o Brasil, porque podemos iniciar o processo de uma nova descoberta. É um momento histórico protagonizado por V. Exª. Os méritos disso tudo são de V. Exª. Hoje, tenho a certeza de que a TV Senado, naquele período em que estava passando diretamente a nossa audiência pública, mostrou uma audiência impressionante, não pela audiência, mas porque, efetivamente, aquilo foi um start para a ampliação da discussão, para que as autoridades competentes ficassem alertas. Isso serviu como um alerta para uma questão importante. Houve vários depoimentos. Vários médicos relataram a importância dessa substancia sintética, que é a fosfo... Ajude-me, meu Senador.

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Fosfoetanolamina.

     O Sr. Dário Berger (PMDB - SC) - É isso aí. É um nome difícil. Mas eta pilulazinha boa, hem? Que coisa fantástica! Fiquei emocionado. Inclusive, houve alguns vídeos que tive dificuldade de observar, principalmente o daquela criança. Mas pude observar o depoimento da Srª Bernadete, que foi um ponto alto, altíssimo da nossa audiência, e que culminou com um êxito total. Portanto, quero emprestar a V. Exª a minha voz para fazer coro com isso a partir de hoje, para que possamos sensibilizar nossas autoridades e para que possamos, inclusive, se for necessário, exigir que se façam os estudos complementares dessa substância, para que ela possa, efetivamente, proporcionar os efeitos que milhares e milhares de pessoas estão a esperar.

(Soa a campainha.)

     O Sr. Dário Berger (PMDB - SC) - Mais uma vez, cumprimento V. Exª pela coragem. V. Exª é um homem destemido. Nada acontece por acaso. Precisamos estar com vontade, com determinação, com garra para enfrentar os obstáculos, as barreiras, que não são pequenas. Tenho a certeza de que, através de V. Exª, vamos vencer mais essa batalha e, ao final, vamos vencer a grande guerra, para que efetivamente possamos construir uma nova página na história do Brasil, oferecendo tratamento de graça para as pessoas que são portadoras de câncer. Portanto, para concluir, nada nos toca mais do que a doença e, muito mais ainda, uma doença terminal. É uma sentença de morte, e essas pessoas estão vendo hoje nessa substância um alento, a perspectiva de viver mais e melhor e de se curar, inclusive, da doença. Isso tudo nós e esta Casa devemos a V. Exª, Senador Ivo Cassol. Parabéns a V. Exª!

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Obrigado, Senador Dário. Quero aqui dividir isso com V. Exª.

     Ao mesmo tempo, quero parabenizar os vereadores do seu Estado, do nosso Estado, porque fui de Santa Catarina, da Câmara Municipal de São Cristovão do Sul, onde aprovaram, em sessão de poucos dias atrás, uma moção de apelo e de apoio às agências, como a Agência Nacional de Vigilância e de Saúde, ao Governo do Estado de Santa Catarina, enfim, a todo mundo.

     Quero dizer que não somos somente nós que estamos, na verdade, debruçados em cima disso. Também aqui agora recebi uma moção de apoio da Câmara Municipal de Estância Turística de Barra Bonita. Esteve aqui o Vereador Edson de Jesus hoje, entregando-a. Fica aqui meu obrigado aos vereadores de São Paulo, de Estância Turística de Barra Bonita.

     Quero também aproveitar, Senador Dário, e mandar um abraço - há pouco, enquanto V. Exª falava, recebi esta mensagem - ao Dr. José Antônio Ribeiro, um oncologista que deu depoimento sobre aquela pessoa que abriu e fechou, e também à Deputada Estadual Lúcia Tereza, que é de Rondônia, de Espigão d’Oeste, e que luta lá também pela saúde de seu esposo. Estou mandando um abraço para o Tião, para todo mundo, porque sei a dificuldade que têm as pessoas.

     Esse medicamento vai ajudar não só o tratamento de câncer, mas o de outras doenças, como o mal de Parkinson e muitas outras, porque são as células mortas que acabam nos deixando frágeis e deficitários em todas as ações.

     Então, fica aqui meu abraço também para a Lúcia.

     Ao mesmo tempo, Senador Dário, V. Exª viu o depoimento dos pesquisadores. Eles não querem dinheiro. Eles querem dar o medicamento de graça para os SUS. Eles não querem dá-lo para os laboratórios. Eles já foram convidados. V. Exª viu isso no depoimento. Eles já foram convidados para levar a pesquisa, nobre Senador Presidente Raimundo Lira, para fora do Brasil. Por que vamos voltar a comprar depois esses medicamentos? O Yervoy a Anvisa o autorizou no mês de março, e cinco ampolas custam R$240 mil. Isso é um absurdo! E o medicamento está aqui.

     Há outra coisa: nesta Casa, no Congresso, há uma PEC para que volte a CPMF. Tudo bem! Precisa de receita? Precisa. Por que não cortarmos onde se está gastando erradamente? E se está gastando mais é com o tratamento de câncer. Vamos dar essa oportunidade.

     Quero aqui mexer nisso e, ao mesmo tempo, provocar as pessoas que têm condições de fazê-lo, não só nós no Senado, mas também as do Ministério e em todas as áreas.

     Esse trabalho não é só do Senador Ivo Cassol, não, gente! Eu sou só mais um cidadão. “Mas por que você está fazendo isso, Ivo?” Gente, eu sou cidadão, eu fui Prefeito. Fui Prefeito e dizia sabe o quê, Raimundo Lira e Dário? V. Exª também foi Prefeito. Eu dizia que, na minha casa... Eu morava no centro da cidade e, durante o dia, à noite e no fim de semana...

     (Soa a campainha.)

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - ...eu não aceitava despachar na minha casa. Eu já era Prefeito e despachava na prefeitura. Mas, em caso de doença, os pacientes podiam ir à minha casa.

     Um dia, às duas horas da madrugada, o esposo de uma senhora de Brasilândia veio à minha casa e me levou para o hospital, porque ela estava para ganhar neném e os médicos estavam na sala de repouso e nem estavam preocupados com ela. Já tinha estourado a bolsa, já tinha estourado tudo!

     Cheguei ao hospital, a um hospital nosso, em Rolim de Moura, e derrubei a porta. Os médicos levaram um susto, e falei para eles: “Se acontecer alguma coisa com a criança e com a mãe, vou com vocês daqui para a delegacia! Eu não vou admitir isso!” Depois de anos, eu estava concorrendo a Governador, essa senhora, que estava morando em São Francisco do Guaporé, subiu ao palco, deu um depoimento, apresentou a filha e falou: “Isto foi graças a você! Quando Prefeito, Cassol, você fez isto!” Eu o fiz para querer aparecer? Não! Eu o fiz para cumprir meu papel como Prefeito.

     Não é justo que tantos lugares precisem de saúde! Você viu hoje o depoimento de uma senhora do Pará, dizendo que lá ela nem tem como fazer quimioterapia, que lá não há medicamento. Então, isso não é justo, gente! Isso está nas nossas mãos, está na nossa frente, está palpável. É só pegar!

     A USP não pode produzi-las porque diz que não tem estrutura. Desculpe-me o Reitor da USP, mas, se pessoas vierem a morrer por falta de distribuição dessas cápsulas da fosfoetanolamina, se elas vierem a morrer, vocês são culpados! O Sr. Reitor e o Procurador da USP serão culpados. Vocês serão considerados pela massa humana como os responsáveis por essas mortes.

     Há outra coisa: de quem é a USP? É do Governo de São Paulo. Quem é o Governador de São Paulo? Um médico, Geraldo Alckmin. Abrace essa causa! Geraldo Alckmin é uma pessoa sensível, é uma pessoa extraordinária.

     Geraldo, vem junto, nosso Governador de São Paulo! Abrace essa causa, independentemente de cor partidária. O câncer pega todo mundo, pega pretos e brancos, pega pobres e ricos, pega pessoa baixa ou pessoa alta, pega católico, pega evangélico. Basta ser um ser humano!

     Então, não podemos ficar aqui parados. Mas o que é preciso para ampliar, para que se possa produzir muito mais? É preciso botar os laboratórios de ciência e de tecnologia - são 16 no Brasil - para produzir e distribuir esse medicamento. Custa R$0,10 cada cápsula.

     Nós precisamos do quê? Que a Presidente Dilma assuma essa bandeira.

Presidente Dilma, a senhora já teve na pele e já sentiu no corpo o câncer, que já cedeu. A senhora está curada. Mas hoje podemos ajudar os outros que estão com câncer.

     Quem garante que, amanhã, Presidente Raimundo Lira, nós não estaremos nessa situação?

     Eu estava até conversando com os amigos, com os colegas Senadores, dizendo que temos como intermediar isso. Precisamos que o Governo Federal bote a mão em cima disso.

     Se for preciso, Presidente Dilma, edite uma medida provisória! Tantas medidas provisórias que não precisavam vir aqui para cá vieram! Por que não fizemos uma medida provisória chamada Medida Provisória Humanitária, que viesse ao encontro disso, para atender essa causa, autorizando esses laboratórios do Ministério de Ciência e Tecnologia a desenvolverem o medicamento e a começarem a distribuí-lo em estágio experimental?

     Mas temos de fazer as fases complementares, Senador Dário. Vamos concluir, vamos fechar.

São tantos os depoimentos! Não são relatos, como disse o pessoal do Ministério da Saúde. Relatos uma pinoia! São depoimentos de pessoas que estiveram aqui, que disseram que estavam com câncer, tomaram o medicamento e hoje estão bons. São depoimentos.

     É disto que nós precisamos: sensibilizar.

     (Soa a campainha.)

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Nesse momento, Presidente Dilma, em que o País enfrenta uma crise financeira, uma crise de credibilidade, uma crise de perspectiva, mesmo que muitos estejam trabalhando para que a senhora fique em baixa, vamos marcar um gol de placa! A senhora pode fazer isso. Chame o seu Ministro da Saúde. Ele é interessado nisso.

     O próprio Senador Moka, Senador Raimundo Lira, nosso Presidente, quando eu falei aqui, na semana passada, com o Senador Moka, ele me falou: “Cassol, vá devagar; Cassol vá devagar.” Eu falei: “Moka, eu tenho certeza do que eu estou fazendo; eu tenho certeza, eu estou convicto.” E, hoje, o depoimento dele foi arrasador, foi do coração. O Moka deu um depoimento, Senador Raupp, que foi de abrir o coração da gente no meio. Ele falou: “Agora eu vi, eu assisti, eu presenciei, eu estou aqui.” E o Moka é médico e químico também. Ele falou: “Agora eu acredito que tudo o que o Cassol falou é verdade.”

     É isto que nós precisamos fazer: mexer com todo mundo. Vocês, que estão assistindo e estão sadios pensam: «Hoje é a vizinha que está com câncer; hoje é meu tio ou não sei quem que está com câncer.» Mas, e amanhã? Amanhã podemos ser nós, e nem com dinheiro no bolso vamos conseguir a cura.

     Um comprimido vale R$0,10, e os pesquisadores, a USP está fazendo de graça para entregar para a população.

     Essa é a minha luta, Presidente.

     Portanto, para as pessoas que não assistiram à audiência pública, eu quero pedir para esta Casa, para o Senado, para o diretor, para o Bandeira, para todo mundo que faça a reprise uma, duas, três vezes dessa audiência pública, para que quem estiver com câncer entre na Justiça.

     A Defensoria Pública entrou com uma ação para fornecer para todo mundo. Já houve também a participação do Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, também para poder facilitar isso. Há ainda um ex- procurador aposentado do Rio de Janeiro - eu me esqueci o nome dele aqui - que também é outro aliado, parceiro, que está junto. São tantas as pessoas, porque o câncer ataca todo mundo: ataca juiz, ataca Desembargador, ataca Ministro, ataca Vereador, ataca Senador, ataca Presidente. Pega o pobre do Bolsa Família, mas pega empresário de grande porte. Não há controle!

     É isto que precisamos fazer: sensibilizar todo mundo com essa causa. Não é só a causa que o Ivo Cassol abraçou, mas a causa de quem tem vergonha na cara, é a causa de quem tem amor ao próximo, é a causa, na verdade, de quem defende não o dinheiro, como alguns profissionais da saúde fazem e estão fazendo. Eles trocam órteses e próteses sem necessidade.

     É isso o que tenho buscado nesta Casa, não para ser melhor do que ninguém, mas simplesmente para corresponder à confiança que o povo do meu Estado delegou à minha pessoa.

     Por isso, pedi para esta Casa retransmitir uma vez, duas vezes, três vezes, para que vocês possam assistir a essa audiência pública por completo, ver os depoimentos. Entrem na Justiça, para que o Ministério da Saúde comece a fornecer. Façam as pesquisas: um, dois, três, quatro, completem as pesquisas, não tem problema nenhum. Queremos saber até onde pode, quem pode, quem não pode.

     Mas quero lembrar que nem tudo cura. Por mais que a gente tenha falado que ela cura o câncer, até uma gripe mata, porque vira pneumonia; uma infecção mata, porque vira infecção generalizada. A perspectiva para a cura do câncer é ótima, os resultados são bons. Por que não colocar em prática? Só porque a nossa legislação não permite?

     É isso que me entristece, Senador Raupp, mas a minha luta não para. Mais cinco minutinhos, para ouvir o aparte do Senador Raupp.

     (Soa a campainha.)

     O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Um minuto, Senador Ivo Cassol. V. Exª tem travado uma verdadeira cruzada no sentido de liberar esse medicamento. As últimas frases de V. Exª são exatamente no sentido do que tem que ser feito: pesquisa, pesquisa científica, mas urgente, até para desmistificar essa situação, se é ou não é, se cura ou não cura. Mas o Brasil, acredito, tem estrutura, o Ministério da Saúde, a própria Universidade de São Paulo (USP), tantas outras universidades têm pesquisas na área da Medicina, para poder desvendar o mais rápido possível essa situação. Daqui a pouco, está toda a população cobrando a distribuição desse medica- mento, e os órgãos governamentais não vão poder distribuir, porque não há comprovação científica, mas isso não é bicho de sete cabeças. Mesmo que demore seis meses, um ano, que realmente seja desmistificado isso. Que esse medicamento, se verdadeiramente está sendo bom para curar o câncer, seja distribuído pelo SUS. Presidente Raimundo Lira, o melhor sistema de saúde pública do mundo é o SUS. Se não é perfeito, atende a todo mundo de graça. E há momentos em que você espera até mais numa fila de hospital particular do que nos hospitais públicos. Portanto, o Brasil tem estrutura suficiente tanto para pesquisar cientificamente esse

produto, esse medicamento, quanto para fazer a distribuição depois de aprovado pela Anvisa. Eu soube que o do Dr. Jarbas, da Anvisa, esteve na audiência pública, requerida por V. Exª, hoje pela manhã, E, conforme me falou, há pouco, o Senador Dário Berger, a reunião foi muito produtiva. Parabéns a V. Exª pela audiência pública! Da mesma forma que V. Exª empreende essa cruzada, que os órgãos governamentais, tanto a Anvisa, o Ministério da Saúde quanto as universidades possam fazer uma cruzada também para fazer essa pesquisa o mais rápido possível. Parabéns a V. Exª!

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Obrigado, Senador. Colaborando com o seu posicionamento, digo que as pesquisas já foram feitas. Os pesquisadores estiveram aqui e mostraram dados e provas. O que a gente está falando é que a Anvisa e os outros órgãos sejam complementares, porque as vidas humanas já utilizaram e utilizam esse medicamento. O resultado estava aqui em depoimentos, Senador Raupp, de pessoas que participaram da audiência. Houve pessoas de São Paulo, de Brasília, de vários lugares da Federação brasileira. Essa foi a prova.

     O que é preciso fazer agora? Eles querem concluir para ver se aquilo é mais ou é menos, se aumenta ou diminui a dose, mas a pesquisa já deu resultado positivo. Nós já temos o resultado.

     Ao mesmo tempo, há os interesses financeiros do laboratório. Há um profissional de saúde que denuncia aqui nesta Casa: “Eu não quero fazer caridade, o meu negócio é money.”

     Outra pessoa renomada, que não quero citar, em respeito ao pedido que me fez para não ser citado: “Cassol, eu sou obrigado a seguir a regra internacional da Medicina do câncer. Criança, São Judas Tadeu - acho que deve ser um hospital ou alguma coisa internacional -, e MD Anderson.” MD Anderson também deve ser alguma coisa da França, não sei da onde. Ele falou: “É igual a você ter uma franquia do McDonald’s.”

     Isso é um absurdo! Pelo fato de terem instalado um equipamento de quimioterapia, nós somos obrigados a matar gente? Porque a quimioterapia faz muito mais mal do que a fosfo que está aí. Com a quimioterapia, você mata um câncer de seio e leva depois a pessoa à leucemia, a um transplante de medula óssea, porque o sistema imunológico dela acaba.

     Portanto, o que se precisa para acabar com tudo isso?

     (Soa a campainha.)

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - A experiência já foi feita, já está à disposição, só precisa dar condições.

Hoje, no Senado, o povo brasileiro acompanhou esta audiência pública. Eu, Senador Raupp, Presidente Raimundo Lira, não aguentei. Eu chorei! Não aguentei. Não é justo ver tanto sofrimento, para cima e para baixo, e nós temos na mão a medicação.

     Esses pesquisadores, será que estão lá brincando? “O que acontece?”“Existe a nossa legislação”. “Mas a legislação não está acima da vida”!

     Quem faz a legislação somos nós aqui! Quantas leis nós fizemos aqui para atrapalhar! O próprio Governo do PT, na época do Fernando Henrique Cardoso, quantas vezes fizeram leis para atrapalhar o Governo do Fernando Henrique Cardoso! Agora, quantas leis se fazem aqui para atrapalhar a Dilma, para atrapalhar o Lula!

     Infelizmente, é o jogo da política, mas, na saúde, nós não podemos fazer lei para atrapalhar o outro, não. Nós temos que dar o direito à pessoa ter saúde. Nós precisamos ser tratados como gente, como pessoas. Nós precisamos fazer e compartilhar com esses pesquisadores, porque eles não estão querendo dinheiro, Sr. Presidente. Eles só querem um centro de pesquisa, em troca da pesquisa da descoberta.

     Portanto, amigos que estão em casa assistindo, que vão assistir, neste feriado, vou pedir ao Senado que, por gentileza, repita várias vezes essa audiência pública.

     Em Porto Velho, havia uma senhora que, de ônibus, foi para São Carlos em busca desse medicamento. Vejam a perspectiva! E são depoimentos de pessoas que vêm usando esse medicamento, Presidente

Raimundo Lira. Estão usando há mais de seis anos, oito anos! As pessoas estão dizendo que, para se manter vivo e aguentar a dor, tinham que tomar morfina. Com esse medicamento, Senador Raupp, nem morfina estão tomando mais!

     O ser humano quer ter qualidade de vida. Quando morrer, pelo menos quer morrer dignamente, porque, quando está sofrendo, leva os familiares a sofrer junto.

     Vi hoje umas imagens de câncer. Existe câncer que corrói, que come, que destrói não só o paciente, mas também os familiares, com a dor daqueles pacientes.

     Portanto, quero aqui pedir a cada brasileiro, a cada brasileira, independentemente do cargo que cada um ocupe, que, no momento das suas orações, vamos juntos pedir a Deus que ilumine as nossas autoridades,

que a Presidente Dilma aproveite este momento e compre essa briga.

Presidente Dilma, por favor, compre essa briga!

     Eu tenho um projeto de medicamento nesta Casa que é para vender diretamente dos laboratórios para a prefeitura, mas ele não sai da gaveta desta Casa! Não sai da gaveta! Quem está segurando? Eu, não! Qual é o projeto que eu tenho dos medicamentos aqui? É para vender sem a intermediação das distribuidoras, porque sai da fábrica, vai para a distribuidora, passa para outra distribuidora, e cada uma acrescenta 50%. No fim, um comprimido que vale r$1,00, acaba valendo R$%5,00, R$10,00. Isso é um absurdo, Presidente!

     Eu tenho um projeto de lei aqui - mas não anda! - para os laboratórios venderem diretamente para a prefeitura.

     Pedi para a Presidente Dilma, para o Ministro da Saúde que comprem essa briga. Essa briga não é minha, essa briga é nossa!

     Não espere alguém da sua família estar com câncer para você correr atrás, porque depois não dá mais tempo. Aí é preciso buscar remédio nos Estados Unidos, em outros países.

Agora, se o Brasil, se as autoridades não se mexerem para isso, vamos incentivar os pesquisadores a levarem essa descoberta para algum país que dê valor a ela.

     Santos Dumont, que descobriu o avião, era de onde? Era brasileiro, mas teve que ir embora para outro país, porque, no Brasil, acharam que ele era louco.

     Assim está ocorrendo, hoje, com a pesquisa do câncer. Estão achando que os caras são macumbeiros. Não tenho nada contra eles, porque fazem também trabalho especial, ou aqueles que oram também fazem trabalho especial. Cada um faz do seu jeito.

     Eu respeito cada um como ser humano, mesmo que dê um xarope, mesmo que dê um litro de remédio, mas que pelo menos crie uma expectativa e continue dando oportunidade de vida para essas pessoas em tudo quanto é lugar.

     (Soa a campainha.)

     O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Agora, aqueles que simplesmente só pensam em dinheiro, só pensam na desgraça alheia não contem com o Ivo Cassol, com o Senador da República.

     Por isso, quero aqui, mais uma vez, agradecer o carinho especial de cada um e dizer:“Vamos juntos nessa luta! Se tiver que fazer manifestação, vamos fazer. Se tiver que ir para a rua, vamos para a rua. Mas não vamos deixar parado, não.”

     Eu já fui convencido há quase 60 dias, e boa parte dos meus pares se convenceram hoje. E vocês que estão a me assistir também já estão convencidos, porque essa luta é de todos nós.

     Mais uma vez, quero agradecer o carinho especial, a compreensão do Presidente, o tempo que me deu extra, mas a causa é nobre, Sr. Presidente. E o povo do seu Estado, como o do meu Estado, de todos os Estados brasileiros está aí, de pé, torcendo e orando para que a gente possa contribuir.

     Vou avisar mais. Sabem o que estão fazendo? É preciso orientar quem está com câncer. Já há bandido na rua, quadrilha, montando comprimidos de farinha e vendendo para quem tem câncer. Tudo bem, se a fé curar, ótimo! Então, use, mas não seja enganado, não, porque, hoje, quem está autorizada pela Justiça é só a USP. Espero que a Justiça autorize esses outros 16 laboratórios.

     Advogados do Brasil, por favor, entrem na Justiça; Defensoria Pública, entre na Justiça, para que os 16 laboratórios do Ministério de Ciência e Tecnologia possam processar, manipular esse medicamento, que traz esperança e um sopro de vida para todos nós.

Um abraço e obrigado.

     Que Deus abençoe todo mundo.

O SR. PRESIDENTE (Raimundo Lira. PMDB - PB) - Senador Ivo Cassol, quero parabenizar V. Exª por essa luta, que é uma luta do povo brasileiro. Portanto, ela é perfeitamente viável da forma como V. Exª está falando. Nós temos sempre a cultura e a expectativa de que as grandes soluções da Medicina saem sempre dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Alemanha.

    Mas nós temos de lembrar que, em 1967, o Dr. Barnard, na África do Sul - hoje considerada, ao lado do Brasil, um país emergente -, fez o primeiro transplante de coração. Então, o primeiro transplante de coração não foi feito nos Estados Unidos, nem na Alemanha, nem na França, nem na Inglaterra. Foi feito na África do Sul.

E aqui eu gostaria de rememorar também um médico do Senado Federal - grande médico, grande amigo, que foi diretor, inclusive, do serviço médico -, o Dr. Ciro Nogueira. Na década de 1950, quando Juscelino Kubitschek era Presidente da República, deu a ele os instrumentos necessários para que, no Hospital do Servidor Público do Rio de Janeiro, o Dr. Ciro Nogueira realizasse a primeira substituição de válvula aórtica do Brasil.

    Tudo isso mostra que, se os nossos pesquisadores, os nossos cientistas nessa área receberem os recursos e os meios materiais necessários, nós podemos avançar muito, inclusive compatibilizando com o que o Senador Valdir Raupp falou: que nós temos o maior sistema de saúde pública do mundo. Então, também deveríamos ter o maior sistema de pesquisas de medicamento do mundo para baratear esse sistema, para que ele se tornasse mais eficiente sem a necessidade de comprar remédios caríssimos, importados, e com patentes importadas.

    Portanto, quero parabenizar V. Exª. Continue com esse trabalho. Temos grandes possibilidades de ter sucesso nessa grande empreitada. Parabéns, Senador.

O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Obrigado. Que Deus abençoe

todos nós. Um abraço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2015 - Página 147