Pela Liderança durante a 185ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cobrança da adoção urgente de medidas pelo Governo Federal para amenização da crise econômica existente no País.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Cobrança da adoção urgente de medidas pelo Governo Federal para amenização da crise econômica existente no País.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2015 - Página 419
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, DEFESA, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, ADOÇÃO, MEDIDA, OBJETIVO, REDUÇÃO, CRISE, ENFASE, CORTE, CARGO EM COMISSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente Jorge, que comanda a sessão neste momento no Senado Federal.

    Venho aqui nesta segunda-feira, Sr. Presidente, para falar um pouco, mais uma vez, sobre a economia brasileira.

    Tenho andado bastante pelo Brasil e tenho conversado com centenas de pessoas dos mais diversos segmentos da economia: trabalhadores, estudantes, donas de casa, famílias. Cada vez que conversamos sobre esse assunto, o que mais me chama a atenção dos aspectos da economia, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Senadoras, é a falta de estímulo, a falta de vontade, a perda de confiança, a perda de objetivos no futuro por parte das pessoas no sentido de conquistar, de fazer, de seguir em frente, de lutar, de querer fazer um País melhor para o conjunto da sociedade. Se cada família consegue obter algo melhor para seus filhos e para seus familiares, é claro que isso traz melhoria para a economia brasileira, e todos nós ganhamos com isso.

    Mas o que paira neste momento sobre a população brasileira é um descrédito absoluto. Como eu já disse, as pessoas perderam a confiança no futuro. Jovens não conseguem olhar mais e ver, daqui a 10 anos, daqui a 15 anos, em que posição social ele poderia se encontrar, em que tipo de empreendimento ele poderia estar envolvido, como ele poderia empreender, onde ele buscaria financiamentos para isso. Enfim, a vida, que, até bem pouco tempo atrás, parecia bem previsível para a sociedade brasileira, neste momento, não se apresenta mais assim, não se apresenta com previsibilidade. Isso é muito ruim para a economia. É ruim porque - eu disse isto aqui, na semana passada -, quando se perde o entusiasmo na economia, quando se perde a confiança na economia, todos os atores da economia se retraem, o crédito se retrai. E o crédito, na praça, como se fala popularmente, desapareceu, não existe mais. As empresas brasileiras, quer sejam elas grandes, pequenas, médias, micro, todas sofrem, neste momento, pela falta de crédito na praça. Todos nós queremos que a economia seja firme, forte e que siga em frente por tempo indeterminado, mas acho que a escolha feita pelo Ministro Levy não é uma escolha feliz, no momento em que se opta por matar a economia, que se opta por destruir a economia, que se opta por fazer com que não haja consumo de mercadorias, de bens e serviços, para segurar a inflação. Mas a inflação não é - ela não é - uma inflação de demanda; é uma inflação de preços de serviços administrados. Isso mata a economia brasileira e tira a esperança de todos aqueles que estão aí para crescer e fazer as coisas andarem.

    Então, venho à tribuna, Presidente, para, mais uma vez, dizer da minha contrariedade, dizer que a Presidente Dilma precisa tomar providências. Neste momento, quem está com o pescoço na guilhotina, se posso dizer assim, é a Presidente Dilma. A economia que ela administra, que ela toca é que está sendo colocada em xeque. E todos reclamam que não está bem. Ora, se a Presidente, que é a Chefe da Nação, não tomar as devidas providências e fazer aquilo que deve ser feito para melhorar a economia, não há dúvida nenhuma de que o gatilho dessa guilhotina, uma hora dessas, será acionado.

    Então, Presidente, antes do seu pescoço, que vá o pescoço de outras pessoas, que vá o pescoço dos milhares de empregos que estão aqui colocados, ou melhor dizendo, dos cargos comissionados, cuja redução é necessária; a redução do tamanho do Estado, a redução de centenas e dezenas de empresas que estão aqui colocados e que não têm importância para a economia nacional. É chegada a hora, Presidente Dilma, de fazer aquilo que toda a sociedade brasileira exige e espera do Governo: uma mudança na forma de fazer a gestão pública.

    Matéria de hoje do jornal O Globo mostra que a Presidência da República, com seus órgãos auxiliares, tem 18 mil cargos comissionados no Governo. Ora, 18 mil cargos comissionados! Para colocar todo mundo num lugar só, seria preciso um estádio! Não é em qualquer palácio, não é em qualquer repartição pública ou em algumas repartições públicas que podemos acomodar todo esse pessoal.

    Então, é preciso tomar providências a respeito desse assunto.

    O Brasil está absolutamente perdido. Talvez, não possamos dizer assim. A macroeconomia do País, as reservas que temos fora, ainda nos dá um alento, para que uma virada na economia possa ser restabelecida e para que o Brasil volte a crescer.

    Também no final de semana, li uma entrevista com o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman. Ele mesmo diz que é humilhante a situação do Brasil neste momento, mas ainda é bem diferente das situações pelas quais já passamos.

    Portanto, a crise em que vivemos neste momento pode ser enfrentada de um patamar diferente daquele do passado, quando tivemos que renegociar nossas dívidas, quando tivemos que ficar de joelhos para o mercado para, depois, tentar nos reerguer. Agora, não. Agora temos a possibilidade ainda de fazer aquilo que tem que ser feito de um patamar diferente, como disse.

    O Brasil não é a Argentina de 2001, como disse Paul Krugman, e também não é a Indonésia de 1998. É um País forte, que tem uma economia grande. São mais de 200 milhões de habitantes, com uma economia agrícola, agropecuária, industrial, que sofre neste momento, mas forte, serviço forte.

    Então, Presidente, nesta tarde de segunda-feira, quero, aqui, no plenário do Senado, mais uma vez, chamar a atenção da Presidente Dilma, chamar a atenção do Ministro Levy, do Ministro do Planejamento, enfim, daqueles que decidem os destinos do País pelo lado do Executivo, para dizer que nós não podemos mais brincar, nós não podemos mais facilitar. Nós temos que fazer as coisas com urgência. Talvez, aquilo que vem sendo feito, ou que vem sendo pedido para fazer, não será concedido por este Congresso Nacional ou pelo Senado Federal. A sociedade brasileira não aguenta mais aumentar a carga tributária. E, pelo lado do Governo, a saída mais fácil sempre foi pedir mais impostos. "Aumentem os impostos! Aumentem a arrecadação, e nós vamos continuar, do lado do Executivo, igual ao que sempre foi." Não é assim!

    E o que é pior, ou que pior vai ficar, é que a economia, da forma como está, dia a dia está sendo reduzida, dia a dia vem perdendo força. E, em relação ao nosso PIB, que vai ser -3%, -4% este ano, já se prevê -3% para o ano que vem.

    Então, é óbvio - é óbvio! - que mais imposto, que está sendo pedido neste momento, se concedido fosse - mas não será -, não resolveria o problema do País ainda para o ano que vem.

(Soa a campainha.)

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Sr. Presidente, quero aqui, como já disse duas ou três vezes, alertar o Governo mais uma vez e dizer que chegou a hora, ou é chegada a hora, de passar a limpo a Administração Pública Federal, por parte do Executivo, por parte do Judiciário, seus órgãos auxiliares, e também do Congresso Nacional.

    Não podemos mais pedir sacrifícios para a população brasileira sem antes fazermos a nossa parte.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2015 - Página 419