Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Revolta com suposto conluio entre os meios de comunicação, setores do Judiciário e do Ministério Público para atacar os Governos do PT, especialmente no âmbito da Operação Zelotes.

Autor
Donizeti Nogueira (PT - Partido dos Trabalhadores/TO)
Nome completo: Divino Donizeti Borges Nogueira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Revolta com suposto conluio entre os meios de comunicação, setores do Judiciário e do Ministério Público para atacar os Governos do PT, especialmente no âmbito da Operação Zelotes.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2015 - Página 248
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • CRITICA, ORGÃOS, JUDICIARIO, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, IMPRENSA, MOTIVO, ARTICULAÇÃO, VITIMA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, FAMILIA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, GRUPO, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, ALTERAÇÃO, DESTINAÇÃO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, OBJETO, CORRUPÇÃO, SONEGAÇÃO, EMPRESA, ENTENDIMENTO, TENTATIVA, PREJUIZO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO, PAIS.

    O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Regina, que ora preside esta sessão, eu tinha me inscrito hoje para fazer um discurso mais longo e sobre outra temática. Mas, dado o adiantado da hora e devido às colocações feitas por V. Exª no final e considerando as notícias do final de semana dessas revistas que são o lixo da informação e da comunicação no País ultimamente, eu quero dizer que o Presidente Lula disse que resistirá e sobreviverá.

    E eu quero reafirmar isso, dizendo que quem viver verá que o Presidente Lula resistiu e sobreviveu a essa estupidez, covardia, feita por setores do Judiciário, do Ministério Público e dos meios de comunicação.

    Alguém já disse aqui hoje que nós temos a pior oposição que este Pais já teve. Na verdade, nós não temos oposição política de qualidade e nem sem qualidade. O que nós temos é uma articulação de meios de comunicação, de setores do Judiciário e do Ministério Público, que, articulados, fazem oposição, de forma covarde, venal, ao PT, ao Governo da Presidenta Dilma e de seus aliados e ao Presidente Lula.

    O grande tema da semana passada se repetiu neste final de semana: continuam e recrudescem os ataques a Lula, agora no marco da Operação Zelotes, a qual mudou inteiramente seu foco, de modo inexplicável.

    De operação destinada a averiguar o enorme esquema de corrupção e sonegação, que envolve grandes empresas do País e cerca de 20 bilhões, a Zelotes se transformou subitamente em pretexto para investigar Lula e seus parentes, além de outros petistas, participantes dos governos do Partido dos Trabalhadores.

    A Operação Zelotes, esquecida e inoperante quando se trata de investigar as fraudes bilionárias, agora ganha grande espaço na mídia, no momento em que muda, de forma oportunista, injustificada, desnecessária, o seu foco de atuação e passa a tratar de questões em relação ao Presidente Lula, seus familiares e ao ex-Ministro Gilberto Carvalho, que é um homem de ilibada e reconhecida responsabilidade, seriedade e honestidade, questões que não têm nada a ver com o objeto da apuração da Zelotes. Ela muda de foco. Muda de foco para proteger empresários dos meios de comunicação que estão envolvidos até a tampa com a sonegação já denunciada e comprovada.

    Por que isso? Porque continua a sanha violenta, truculenta, para tentar desestabilizar esse projeto de desenvolvimento que vem transformando o País e passa momentaneamente por necessidade de ajuste.

    Mas isso, Senadora Regina, aconteceu, em 1954, com Getúlio Vargas, que foi levado ao suicídio para evitar o golpe. Isso aconteceu com a tentativa de retirar do poder Juscelino Kubitschek, que foi ousado em transferir a Capital do País do Rio de Janeiro para cá, para o Planalto Central - eu já disse isso uma vez e vou repetir quantas forem necessárias -, ao construir Brasília e trazer o poder para o centro do País e promover o desenvolvimento do País do centro para a periferia e para o litoral.

    Então, neste momento, os meios de comunicação requentam matérias já veiculadas em agosto, devidamente explicadas pelo Instituto Lula, de que os recursos administrados, no nível que foi constatado pelo Coaf, já foram explicados e devidamente demonstrada a sua legalidade. Mas requentam isso para tentarem trazer para a pauta e tentarem continuar denegrindo a imagem do Presidente Lula, o maior e o melhor Presidente deste País, de todos os tempos.

    A questão não é menor. Existe hoje uma investigação sobre o vazamento das informações desse relatório do Coaf. O ex-Presidente Lula e a empresa LILS solicitaram ao Ministério da Justiça, ao Ministério da Fazenda e à Procuradoria Geral da República que apurem, na competência de cada instituição, as responsabilidades pela violação criminosa do sigilo bancário da empresa de palestra criada por Lula após deixar a Presidência da República, a LILS.

    Em um e-mail, o repórter já criminaliza os fatos ao dizer que Lula teria feito operações atípicas no mercado segurador. Na realidade, Lula apenas adquiriu um plano de previdência privada com dinheiro ganho honestamente em suas palestras.

    É isso que informa o relatório do Coaf, vazado criminosamente para a revista Veja e requentado pela revista Época.

    A essas e a outras coisas que acontecem no País é preciso que os nossos telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado prestem atenção.

    Eles perderam as eleições, perderam, no voto disputado, um projeto, perderam por quatro vezes. A primeira, perderam para o Presidente Lula; diziam que o Presidente Lula não sabia governar e que ia entregar o País rapidamente. Tentaram retirar do Presidente Lula a competência, a capacidade de fazer políticas públicas que foram resolver as necessidades da população. E quem o fez foi o Presidente querido e reconhecido mundialmente. Perderam na sua reeleição. Perderam na sucessão quando diziam que a Presidenta Dilma não daria conta de governar, e ela foi reeleita. Agora, tentam prolongar a eleição. Buscam de todos os meios o golpe. Coisas que eram legalmente aceitas no Tribunal de Contas da União, que foram, durante 21 anos, exercitadas no âmbito do governo, respeitadas e aprovadas no Tribunal de Contas da União, agora inexplicavelmente, depois do jogo concluído, querem mudar. E o Tribunal faz um esforço para mudar.

    Então, Srª Presidenta, o Presidente Lula não fez nada de ilegal na movimentação financeira. Os recursos são oriundos de atividades legais e legítimas de quem não ocupa nenhum cargo público. Os valores mencionados no vazamento ilegal se referem a 70 palestras contratadas por 41 empresas diferentes. Todas as palestras realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos. Há palestra até para a Infoglobo, do mesmo grupo de comunicação que edita a revista Época.

    As matérias desta semana demonstram, dessa forma, que persiste a campanha para desconstruir a imagem de Lula, político brasileiro que tem mais prestígio internacional, figura nacional respeitada por todo o mundo.

    Tal desconstrução faz parte de uma política de terra arrasada, a qual visa que o projeto popular, iniciado em 2003, seja enterrado no máximo até 2018.

(Soa a campainha.)

    O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Não bastaria o golpe, é necessário assegurar que o PT não volte ao poder.

    Na realidade, o objetivo maior é outro, é preciso entender o que está em jogo aqui. Assistem, especialmente na América Latina, a tentativas de restaurar, com plena força, as políticas neoliberais que haviam levado a região à bancarrota, no início do século. Trata-se da reestruturação neoliberal, mais apropriadamente denominada, por Domenico De Masi, de "vendeta neoliberal".

    O Brasil, a maior economia da região, é o principal palco dessa disputa político-ideológica. Em 2014, tal disputa tomou-se muito clara, ao longo do período eleitoral. Mas ela permanece e se acirra com o não reconhecimento da derrota política das forças conservadoras. A tentativa dessas forças que apostam na vendeta neoliberal é fazer que o ano de 2014 só termine em 2018, ou então com o golpe contra a Presidenta legitimamente eleita.

    Caminhando para finalizar, o grande objetivo é restaurar uma agenda ainda mais ampla do neoliberalismo no Brasil. Isso implica a volta da alienação do patrimônio público, inclusive e sobretudo do pré-sal, o regresso às políticas irresponsáveis da abertura, sem critérios ...

(Soa a campainha.)

    O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - ...da economia brasileira à concorrência internacional, num cenário de guerra cambial, a volta de uma política externa que nos coloque na órbita estratégica dos Estados Unidos da América, e a restauração das medidas e programas destinados a reduzir a participação do Estado na economia e o gasto com programas sociais e serviços públicos de um modo geral. Observe-se que, nesse caso, o ajuste fiscal seria uma política permanente, com centralidade estratégica na política econômica.

    Atualmente, Lula é o único grande líder político com influência e carisma suficiente para reaglutinar as forças progressistas em torno da resistência à vendeta neoliberal.

    Parece ser o único líder capaz de se opor à onda conservadora, reacionária e francamente protofascista que tomou conta do País.

    A força e a crueza dos ataques revelam, portanto, que o objetivo não é só a sucessão de 2018, mas também o desejo de impedir, a priori, qualquer tentativa de organizar as forças políticas e sociais, organizar a união da esquerda no País e dos progressistas que defendem o País com o sentimento nacional de soberania e independência.

    Portanto, é vital continuar a defender Lula. E é vital também defender a democracia contra o golpe, a tolerância contra o ódio e o projeto que combinou, pela primeira vez na história, desenvolvimento econômico com combate efetivo à pobreza e à redução das desigualdades sociais, contra a restauração neoliberal.

    Por isso, termino reafirmando: Presidente Lula, sua família, certamente, vai provar que não tem fundamento essas levianas acusações requentadas na imprensa todos os dias e reverberada aqui pela oposição, que nem sabe direito ser oposição. Será provado, e como disse já a Senadora Regina: Lula sobreviverá e quem viver verá, em 2018, o Presidente Lula disputando as eleições para continuar conduzindo os destinos do País.

    Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2015 - Página 248