Discurso durante a 192ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a crise econômica do País.

Autor
Gladson Cameli (PP - Progressistas/AC)
Nome completo: Gladson de Lima Cameli
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Preocupação com a crise econômica do País.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2015 - Página 70
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • REGISTRO, APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, REDUÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), PRODUÇÃO INDUSTRIAL, AUMENTO, INFLAÇÃO, VALOR, MOEDA ESTRANGEIRA, DOLAR, TAXA, DESEMPREGO, ENDIVIDAMENTO, POPULAÇÃO, CRITICA, PARTICIPAÇÃO, CLASSE POLITICA, SITUAÇÃO, DESRESPEITO, LEGISLAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como V. Exª já cumprimentou, eu queria cumprimentar a plateia, os estudantes do Colégio Militar de Anápolis.

    Sejam muito bem-vindos aqui ao Senado Federal!

    Quero cumprimentar todos os telespectadores da Rádio e TV Senado que nos assistem neste momento, toda a população do meu querido Estado do Acre e todos nós brasileiros.

    Sr. Presidente, subo a esta tribuna para falar um pouco sobre a grave crise econômica e política em que vive o nosso País.

    É grave o momento que vivemos. A economia brasileira, lamentavelmente, passa por uma situação difícil e, o que é mais complicado, não dá mostras de reação no horizonte próximo. Ao contrário, as previsões para 2016 não são nada animadoras.

    Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, num somatório das estimativas de diversas instituições financeiras, a economia nacional deve encolher 2,85% este ano e mais 1% no ano que vem. Já o FMI estimou em 3% a queda do PIB em 2015, coincidindo com o Boletim Focus, e previu que o Brasil cairá da 7ª para a 9ª posição no ranking dos países mais ricos do mundo.

    O mesmo Focus anuncia uma inflação de 9,53% para este ano e uma estimativa de 5,94% para o ano que vem, ainda longe do centro da meta. No caso de 2015, a estimativa supera também o teto da meta, de 6,5%, algo que não ocorria desde 2003.

    A produção industrial caiu. Segundo o IBGE, 9% na comparação entre agosto de 2014 e agosto passado, a maior baixa desde que a série histórica do Instituto foi iniciada, em 2003. Com isso, em 2015, a produção da indústria acumula queda de 6,9% até o mês de agosto. Em 12 meses, o recuo é de 5,7%.

    O câmbio também acusa as dificuldades da economia brasileira. A projeção para o dólar ao final do ano chegou a R$4,00, segundo o Boletim Focus, contra R$3,95 previstos na semana passada. E não há previsão de queda: para o fim de 2016, a estimativa de cotação da moeda americana também é de R$4,00, segundo as mesmas instituições ouvidas pelo Banco Central.

    O desemprego é outro indicador das graves dificuldades que estamos vivendo. O segundo trimestre terminou com uma taxa de desemprego geral da economia de 8,3%, segundo dados do IBGE. O número de desempregados também cresceu porque aumentou muito o número de pessoas que estavam fora do mercado e que agora estão à procura de um emprego.

    Em um ano, mais 1,747 milhão de pessoas passaram a procurar emprego.

    Boa parte desse grupo é formada por jovens que antes se dedicavam exclusivamente aos estudos, bancados pela família, e que agora, com a crise, estão procurando emprego para ajudar no orçamento doméstico.

    Como parte desse quadro, as famílias brasileiras estão mais endividadas e menos capazes de honrar seus compromissos financeiros. A inadimplência subiu para 8,6%, em setembro, o maior porcentual desde junho de 2011, segundo a Confederação Nacional do Comércio. No mesmo mês do ano passado, essa taxa estava em 5,9%. Isso, somado aos juros altíssimos que o Banco Central estabelece para controlar a inflação, estrangula o consumo, fechando o ciclo vicioso que derruba a economia.

    Em resumo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a economia brasileira está andando com muitas dificuldades, sem dar mostras de que possa se recuperar em breve, o que é muito assustador. Embora estejamos longe disso, temos sempre o fantasma da Grécia a nos assombrar.

    Lamentavelmente, não temos, no momento, as condições necessárias para debelar a crise econômica que atravessamos.

(Soa a campainha.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) - A classe política se vê envolvida por escândalos, dentre os quais se destacam vários casos. Isso gera uma situação que dificulta a concentração na solução dos problemas reais do País, como seria desejável.

    De outro lado, o Governo da Presidente não apenas se vê às voltas com esses problemas, mas como também há grande parcela de responsabilidade na crise econômica que vivemos. O desequilíbrio das contas públicas é, em larga medida, causa importante dos problemas que atravessamos.

    É por isso, Sr. Presidente, que eu peço e aclamo a todos nós políticos e partidos do Brasil que possamos fazer uma união para que vençamos esse grande desafio que enfrenta o nosso País. Sempre olhando as pessoas, olhando o Brasil, um País grande, um País que faz fronteiras com vários países aqui na América do Sul, para que possamos sempre fazer valer a pena a nossa Pátria.

    Como poderá um Governo que luta pela sua sobrevivência atuar com efetividade contra as causas de uma grave...

(Interrupção do som.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) - ... crise econômica? É um cenário inegavelmente difícil, ao qual se soma a luta política a torná-lo ainda mais turbulento (Fora do microfone.).

    Mas a meu ver, Sr. Presidente, temos a pairar, sobre todo esse quadro complexo, quase trágico, como a nossa única tábua de salvação, as instituições. Temos uma Constituição, goste-se ou não dela. Temos leis e temos um Poder Judiciário. Temos um Congresso Nacional em pleno funcionamento, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União. Temos hoje um serviço público competente, formado por excelentes quadros, do qual fazem parte: o Ministério Público, a Advocacia da União, a Receita e a Polícia Federal, entre outras instituições republicanas, que têm dado boas mostras de vigor e de seriedade no cumprimento do seu dever.

    E temos um fato novo, muito saudável: uma população mais esclarecida e mais politizada, que cobra nas ruas a melhoria das condições de vida no País. Esses manifestantes que vão às ruas certamente expressam a vontade da grande maioria da população.

    Todos temos grandes responsabilidades neste momento crítico que vive a...

(Interrupção do som.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) - Há graves problemas a serem solucionados, e nós, que recebemos um mandato da população, temos que arcar com um quinhão maior dessas responsabilidades.

    A primeira delas é o respeito à lei e às instituições brasileiras. Precisamos respeitá-las, fortalecê-las e aprimorá-las. Foi o que fizeram todos os povos bem-sucedidos do mundo. Todos eles vivem segundo a lei e dispõem de instituições fortes para fazer cumpri-la.

    Se cada um de nós - o Congresso Nacional, o Judiciário, o serviço público e a população - souber se conduzir corretamente, certamente sairemos dessa crise com as nossas instituições fortalecidas. Esse será o caminho para a recuperação da confiança e da autoestima da população, o que nos levará de volta ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, devolvendo-nos a esperança de melhores dias.

    Este é o apelo que faço, neste momento grave...

(Soa a campainha.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) - ... da vida nacional: responsabilidade, bom senso e serenidade haverão de nos levar ao porto seguro que tanto desejamos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

    


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2015 - Página 70