Discurso durante a 26ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a homenagear o centenário de nascimento de Djalma Maranhão.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a homenagear o centenário de nascimento de Djalma Maranhão.
Publicação
Publicação no DCN de 17/11/2015 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, POLITICO, PROFESSOR, JORNALISTA, EMPRESARIO, ORIGEM, MUNICIPIO, NATAL (RN), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

     O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM-RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente desta sessão, Senadora Fátima Bezerra, peço licença a V.Exa., aos Ministros Marcelo Navarro e Emmanoel Pereira, aos presentes, aos Senadores, aos potiguares, para cumprimentar todos os que vieram fazer esta justíssima homenagem a Djalma Maranhão, na pessoa de sua filha Ana Maria Maranhão Fagundes.

     Eu não me lembrava de você, Ana Maria. Não sei se você se lembra da inauguração do Ginásio de Esportes Djalma Maranhão. Foi uma obra feita por seu pai, embora tenham tirado o nome dele. Quando Prefeito nomeado de Natal -- e não fui eleito, como seu pai foi --, um dos primeiros atos que pratiquei como Prefeito foi a recuperação do ginásio de esportes e a restituição do nome. Aliás, restituição, não; dei o nome de Ginásio de Esporte Djalma Maranhão ao ginásio de esportes da Praça Pedro Velho. Eu me lembro bem de D. Dária e de Marcos, a quem conheci bem; como conheci, quando menino, seu pai.

     A Senadora Fátima Bezerra fez o relevo devido de muitos méritos e muitas virtudes de Djalma, mas deixou de falar de um dos méritos importantes dele: seu pai foi um homem de boa convivência. Era um homem afável. Era um homem progressista, mas ele convivia com todos, convivia com as pessoas que ele julgava conveniente conviver.

     Ana Maria, eu acho que você sabe que seu pai foi alvo de enormes injustiças. Ele foi exilado e, para chegar ao Uruguai, ele contou com a ajuda de um homem de direita chamado Dinarte Mariz, que foi amigo dele, assim como meu pai foi amigo dele.

     Eu conheci seu pai na casa do meu pai. Acho que ele dirigia um jipe Willys, da capota aberta. Lembro-me demais dele na ocasião: gordo, de camisa esporte, com um cinto, indo à casa de Tarcísio Maia, que, nos idos de 1955, 1956, 1957, era Secretário de Educação. Ele ia à casa de Tarcísio, e eu, menino, devia ter 11 anos, 12 anos, 13 anos -- ele tinha 30 mais do que eu. Mas ele convivia afavelmente com meu pai. Eram amigos pessoais. E lembro-me bem da afabilidade e das brincadeiras que eles trocavam, Tarcísio com Djalma Maranhão. Pela marca da afabilidade, da boa convivência, Djalma era um homem de espírito desarmado.

     Eu não sei, Ana Maria, se você sabe, mas eu tive alguns Secretários que foram pessoas íntimas do seu pai. Um deles foi Leônidas Ferreira, meu Chefe da Casa Civil, um dos melhores auxiliares que eu tive ao longo da minha vida pública, contraparente de Moacyr de Góes. Foi ele quem me apresentou ao Moacyr de Góes e me aproximou de Moacyr de Góes, que ajudou em alguns momentos as minhas administrações, como Prefeito, como Governador, na área cultural, inclusive. Contava-me Leônidas muito das experiências de Djalma, da luta dele em prol da educação e da cultura, dos movimentos das Rocas, os movimentos culturais das Rocas. Eu mantive muito boa afinidade com ele, muito movido pelos exemplos positivos que mereciam e que merecem ser seguidos por Djalma Maranhão. Outro foi Hélio Vasconcelos, meu Secretário de Educação, uma pessoa ligadíssima a Djalma Maranhão -- e foi um grande Secretário de Educação. Então, tivemos pessoas afins.

     Posso falar da afabilidade da convivência com Djalma. Eu menino, 30 anos distantes de Djalma em matéria de idade, criei com ele liames de pessoas com quem tivemos afinidades comuns. Talvez, a influência dessas pessoas tenha resultado em muito do que eu fui como Prefeito.

     Quando fui Prefeito, Senadora Ana Maria, criei uma coisa que, anos depois, veio a ter nome: orçamento participativo. Eu me reunia, às sextas-feiras, com as comunidades para ouvir as pessoas pedirem o que gostariam que o Prefeito viesse a fazer com recursos próprios da Prefeitura.

     Eu aprendi com seu pai que os programas que marcam, em matéria de política, não são as obras físicas, não são as avenidas asfaltadas, os viadutos, mas a obra social. O seu pai é lembrado por um programa de educação heroico: De Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Como não tinha dinheiro, ele improvisava latadas ou

salas, para que ali professores motivados ensinassem crianças a ler e a escrever. Ele tinha consciência de que era pela educação que se haveria de preparar as gerações futuras.

     Implantei muitos programas sociais, como Prefeito, em Natal, e como Governador. Ainda nesse fim de semana, no aniversário de um amigo, pai do Prefeito de Bom Jesus, encontrei um senhorzinho modesto que me disse que tinha formado o filho por conta de umas vaquinhas do Projeto Curral, um programa social que implantei como Governador. Esse programa social custou uma fração do que custaria uma estrada asfaltada ou uma boa adutora, mas é o que fica para as pessoas. É o saldo que fica para as pessoas.

     Eu fiz questão de vir aqui, muito embora tenha um mundo de compromissos agora pela manhã, para homenagear a memória do seu pai, um potiguar que honrou as nossas tradições, homem de espírito público de civilidade e de boa convivência.

     Eu vim aqui para dizer aos amigos de Djalma Maranhão que sou um dos que se orgulham de ter sido seu amigo, e não da boca para fora, mas com atitudes e posições tomadas.

     Senador Cristovam Buarque, V.Exa., que é um educador, um homem da educação, deve ter ouvido falar muito em Djalma Maranhão. Pois Djalma Maranhão me inspirou muito, quando Prefeito e quando Governador, nas ações não só no campo da educação, mas no campo da ação política voltada para o bem-estar coletivo

das pessoas.

     Quero, portanto, cumprimentar a Senadora Fátima Bezerra e o Senador Garibaldi Alves Filho, porque nós três dividimos a iniciativa de fazer esta homenagem no Congresso Nacional. Mais do que o Senado, Câmara e Senado prestam esta homenagem a um brasileiro que foi injustiçado.

     O seu pai foi injustiçado, e aqui, neste momento, recupera um pouco da imagem que ele merece ter: Djalma Maranhão, um potiguar a serviço da educação e do Brasil.

     Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 17/11/2015 - Página 8