Discurso durante a 209ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de carta recebida por S. Exª do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte-RS; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. HOMENAGEM. HOMENAGEM. ECONOMIA. PREVIDENCIA SOCIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Registro de carta recebida por S. Exª do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte-RS; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2015 - Página 74
Assunto
Outros > HOMENAGEM. HOMENAGEM. HOMENAGEM. ECONOMIA. PREVIDENCIA SOCIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, PREMIO, ORGANIZAÇÃO, SINDICATO, ENGENHEIRO, SÃO PAULO (SP).
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, PREMIO, VALDEMAR CAMATA, ORGANIZAÇÃO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, PREMIO, ZUMBI DOS PALMARES, ORGANIZAÇÃO, CONFEDERAÇÃO, FUNCIONARIO PUBLICO, CENTRAL SINDICAL, TRABALHADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • LEITURA, CARTA, AUTORIA, PRESIDENTE, SINDICATO, TRABALHADOR, METALURGIA, ORIGEM, MUNICIPIO, RIO GRANDE (RS), SÃO JOSE DO NORTE (RS), RIO GRANDE DO SUL (RS), ASSUNTO, CRISE, EMPRESA DE CONSTRUÇÃO NAVAL.
  • CRITICA, AUSENCIA, DERRUBADA, VETO (VET), ASSUNTO, METODO, CALCULO, REAJUSTE, BENEFICIO, APOSENTADORIA.
  • ELOGIO, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, CONGRESSO NACIONAL, ASSUNTO, PAGAMENTO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, APOSENTADO, PENSIONISTA, FUNDO DE PREVIDENCIA, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG).

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Telmário Mota, eu queria, nesta oportunidade, primeiro valorizar a iniciativa do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, que estão me convidando para estar em São Paulo, no dia 11 de dezembro, para receber o prêmio Valorização Profissional, em decisão tomada, por unanimidade, pela comissão julgadora do prêmio, composta por membros do Conselho Tecnológico do Ciesp, que reúne profissionais, acadêmicos, especialistas da engenharia e da área tecnológica.

    Eu já conversei com o Presidente, o engenheiro Murilo, que infelizmente não poderia estar lá, nesse dia. Conversei com o Presidente da UGT, o companheiro Patah, e ele me garantiu que eu serei representado lá nesse belíssimo evento. Agradeço muito esse prêmio chamado Personalidade da Tecnologia 2015, na categoria Valorização Profissional.

    Eu queria também, Sr. Presidente - eu aqui justifico, porque não poderei estar presente -, muito agradecer os companheiros de Rondônia, pois recebi o convite para receber o Prêmio Valdemar Camata 57 Anos no Ar:

O núcleo integrante das maiores emissoras de rádio do Estado de Rondônia tem a honra de convidar V. Exª, Senador Paulo Paim, para que venha ao nosso Estado receber o Prêmio Valdemar Camata 57 anos no ar, pelo destaque no ano de 2015, pelos trabalhos importantes desenvolvidos em prol da sociedade brasileira.

    Infelizmente, também não poderei estar presente, mas agradeço muito, muito, muito a esses profissionais do rádio, que têm feito um papel destacado de bem informar a população de todo o País.

    Muito obrigado aos radialistas de Rondônia e região.

    Sou lá do Sul do Brasil, nascido em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Ao receber esse prêmio, fico naturalmente muito orgulhoso e ciente de que estamos aqui na linha certa, pela opinião de V. Sªs.

    Queria também agradecer muito aos companheiros da CSPB e aos companheiros da Nova Central de Minas Gerais, que me convidam para receber o Prêmio Zumbi dos Palmares pela nossa luta no combate permanente a todo tipo de preconceito, ou seja, em defesa daqueles que são discriminados.

    Infelizmente, também não pude estar presente nesse evento significativo, realizado na sexta-feira, que teve um brilho especial em razão de todos os homenageados que lá estiveram e mesmo daqueles que não puderam estar, como eu, naquela noite de sexta-feira, mas que mandaram representantes.

    Feitos esses agradecimentos, Sr. Presidente, quero ler aqui uma carta que recebi do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, no meu querido solo gaúcho.

    O Presidente Benito Gonçalves, do Sindicato dos Metalúrgicos, faz um apelo emocionado, Sr. Presidente. Certa vez, ele já ficou acorrentado em frente ao polo naval, por cerca de um mês, na expectativa de que não houvesse demissão em massa dos trabalhadores naquela região.

    Vejamos o que ele diz:

Senador Paulo Paim, venho, mais uma vez, em nome de toda a população gaúcha de trabalhadores do setor naval [...] em Rio Grande, São José do Norte e arredores, pedir socorro.

O setor naval [...] está em crise. O desemprego correndo solto. Em 2013, tínhamos mais de 23 mil [trabalhadores]. Pasme, Sr. Senador [diz ele], em 2015, [...] [somos só] 10 mil.

A Petrobras está abrindo mão do conteúdo local para fazer obras mais baratas na China.

Há muitos boatos [...]. Ninguém confirma [nada], mas também ninguém desmente.

Esses boatos dão conta de que a maior parte dos projetos da P-75 e da P-77 iriam para fora do País em acordo entre Petrobras e QGI Brasil.

    Diz ele:

Nos ajude [Senador] antes que seja tarde demais. Entregamos nossas vidas [...] [nas mãos de pessoas como V. Exª].

O site PetroNotícias, no dia 16 de novembro, faz a seguinte matéria, Senador [...]:

"Petrobras entra em acordo com consórcio QGI e leva módulos da P-75 e P-77 para a China.

A vontade da diretoria da Petrobras [...] [infelizmente foi essa] e, por fim, mais um projeto foi tirado de território brasileiro com destino à China. Após meses de incertezas, a companhia entrou em acordo com o consórcio QGI e irá transferir a construção dos módulos das plataformas [repito] P-75 e P-77 para o Estaleiro Cosco, deixando apenas uma parte do projeto a ser feita [...] [aqui em] Rio Grande.

A decisão do novo contrato dá prosseguimento à prática de redução de custos na nova gestão da estatal [não olhando o social], que não tem poupado parte de suas operações em prol de um maior alívio no caixa [infelizmente gerando mais desemprego aqui, em solo gaúcho] e [...] mais empregos em terras chinesas.

[...] [Somos afetados] diretamente [tanto por aquilo que está sendo anunciado como] pela demora na definição para o projeto que se estende desde o início do ano, a cidade de Rio Grande será agora responsável apenas pelas obras de integração dos módulos. A decisão deverá acarretar grandes mudanças no polo naval da região, que vinha criando grandes expectativas quanto a geração de mais de 2 mil cargos de trabalho.

Nenhuma das partes [...] [fala com clareza]. Segundo fonte do Petronotícias, o acordo entre a estatal e o consórcio não chegou ainda a ser formalizado. Na última semana, o prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, afirmou que as empresas haviam acertado a montagem e a integração dos módulos no município, mas nenhum documento foi oficializado e as reuniões parecem ter seguido direção contrária [...] [ou seja, perdendo empregos o Brasil e ganhando a China]."

Veja bem, Senador Paim, precisamos de uma resposta.

Não deixe morrer esta região e mais ainda não deixe a Petrobras desrespeitar todos nós, desconsiderando a multa do conteúdo [...], uma das nossas únicas formas de garantir nosso emprego.

    Carta assinada por Benito Gama, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Rio Grande.

    Sr. Presidente, informo que estou encaminhando este documento, este pronunciamento, à Direção da Petrobras, e ficarei no aguardo de uma resposta urgente - urgente. É inadmissível: nós, que lá atrás falamos tanto de P isso, P aquilo... Agora é P-75, P-77, gerando emprego no exterior e trazendo prejuízo para os trabalhadores do Rio Grande do Sul.

    Senador Telmário Mota.

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senador Paulo Paim, interrompendo um pouquinho V. Exª, como V. Exª permitiu, quero registrar a presença da comitiva do Ministério da Educação de Bangladesh, que está aqui, visitando-nos.

    Sejam bem-vindos ao plenário do Senado.

    Retorno a palavra ao Senador Paulo Paim, que, gentilmente, concedeu este aparte.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Sintam-se em casa. É uma satisfação recebê-los aqui. Nós temos olhado para o mundo todo numa visão de política de direitos humanos. A cultura da paz, eu sempre digo, não tem fronteiras. Eu presido, aqui, na Casa, a Comissão de Direitos Humanos e tenho reafirmado: o que tem acontecido no mundo nos deixa a todos muito tristes.

    Como é bom ver uma delegação que vem ao Brasil, com carinho, de forma fraternal, solidária, dialogar sobre o bem da humanidade.

    Aceitem as nossas palmas.

    Sejam bem-vindos. (Palmas.)

    Sr. Presidente, eu quero falar um pouco agora sobre a sessão que apreciou os vetos na semana passada. Claro, Sr. Presidente, que eu - V. Exª sabe a minha posição - fiquei muito triste quando não derrubamos o veto daquela questão dos aposentados, que teriam, pelo menos no futuro, a inflação mais PIB. Eu sabia que não ia cair, porque nós conhecemos a Casa muito bem.

    Estou aqui, há 30 anos, praticamente - como Deputado Federal, quatro vezes; e duas, como Senador -, e eu percebia logo, no diálogo que tive com Deputados e Senadores, que aquele veto não cairia, como não caiu. Felizmente, conseguimos resgatar, via aquela proposta do fator previdenciário, que a mulher, que, com o fator, tinha de se aposentar com 67 anos; e o homem, também com 67... Como criamos uma alternativa, a mulher vai poder se aposentar com 55 e 30 de contribuição; e o homem com 60 e 35 de contribuição. Isso é para quem vai se aposentar - aí nós avançamos.

    A grande questão é quem está aposentado. O PIB nós sabemos que, infelizmente, está sendo negativo. O que nós íamos aprovar seria só uma indicação futura. Quando o PIB crescesse, o aposentado teria, então, um aumento real de 1%, 2%, 3%. Mas, assim mesmo, eu digo para os aposentados que essa batalha não terminou.

    Nós brigamos, por quase 15 anos, para alterar o fator. Alteramos. Brigamos, por 20 anos, e aprovamos o Estatuto do Idoso. Brigamos, por mais 20 anos, e aprovamos o Estatuto da Igualdade Racial. Brigamos, por 20 anos, e aprovamos o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Brigamos, por 13 anos, e aprovamos a política de salário mínimo.

    E, também, Sr. Presidente, por uma questão de justiça, eu quero, neste momento, dizer que a luta do Aerus, uma luta de que nós participamos durante 12 anos, enfim, se tornou realidade. Foi aprovado, nessa mesma semana, o PL nº 2, de 2015.

    Por fim, Sr. Presidente, faço aqui uma pequena retrospectiva valorizando esse ganho, em momentos tão difíceis, em que a pauta que vem da Câmara para ao Senado é uma pauta negativa. Está aí querendo aprovar o negociado acima da lei, que é isso. A lei tem que ser respeitada. Vamos negociar, mas acima da lei, não abaixo da lei. É querer terceirizar tudo, inclusive a atividade-fim.

    Eu estou rouco, porque já estou no 24º Estado. Estou indo a todos os Estados fazendo um debate, na Assembleia Legislativa, para não permitir que essas duas questões passem. Mas, depois de muita luta, Sr. Presidente, foram 12 anos viajando os Estados, acampando aqui dentro do Senado, acampando na Câmara, que conseguimos aprovar o PL nº 2.

    Os aposentados e pensionistas do Fundo de Pensão Aerus, composto do ex-funcionários das empresas Varig, Cruzeiro e Transbrasil, alcançaram, enfim, na semana passada, quarta-feira, dia 18, no Congresso Nacional, uma vitória com V maiúsculo, para coroar uma luta de 12 anos.

    Claro que eu estou muito feliz, mas mais feliz estão eles, uma felicidade que não cabe no coração. Sempre estivemos juntos, desde o início, pois tinha certeza, embora alguns já nos xingavam. "Isso é uma daquelas propostas de políticos que nunca vai dar certo."

    Uns nos abandonaram no meio do caminho, porque não ia dar certo mesmo, dependia do Supremo, dependia do Executivo e dependia do Congresso.

    Nunca esmoreci, Sr. Presidente, sempre acreditei que seria possível. Iniciei junto com eles e terminei com eles. Mais de mil, é certo, é verdade, morreram nessa caminhada. Mais de mil idosos morreram, mas os outros 10 mil que sobreviveram nessa linha de combate viram, neste dia 18, enfim, o projeto se tornar realidade.

    O Projeto nº 2 abre um crédito de R$368,26 milhões no Orçamento, via Ministério da Previdência, para pagar os aposentados e pensionistas do Aerus. Esse montante vai garantir o benefício para mais de 10 mil companheiros idosos de 60, 70, 80 e até de 90 anos. Como eu dizia, uma vitória com V maiúsculo é dedicada aos inúmeros trabalhadores do Aerus - infelizmente, muitos morreram durante essa jornada de 12 anos.

    É importante lembrar, Sr. Presidente, um pouco dessa história. Ela começou em outubro de 1982, com a criação do Instituto Aerus.

    O surgimento do Instituto representou a realização de um antigo sonho dos aeronautas e aeroviários, pois iria assegurar uma aposentadoria tranquila, sem perda da renda familiar.

    Sr. Presidente, em 1991, infelizmente, houve mudanças.

    A garantia era assegurada pela contribuição dos participantes (trabalhadores), das patrocinadoras (empresas) e por uma terceira fonte de custeio oriunda da cobrança de uma taxa de 3% incidente sobre as tarifas aéreas nacionais por 30 anos. Em 1991 a terceira fonte foi extinta por determinação do Departamento de Aviação Civil.

    O Aerus funcionou inicialmente como um financiador de sonhos: promessas de aposentadoria tranquila, com segurança para todos na sua velhice. Mas, infelizmente, com a extinção da fonte de financiamento, um acordo entre empresas e a União, o Fundo começou a ruir. A política de congelamento de preços dos bilhetes aéreos também contribuiu nesse sentido.

    Sr. Presidente, aliado a essa situação, as empresas aéreas deixaram de contribuir com as suas cotas, parte por dificuldades financeiras, provocando um déficit nas contas do Fundo.

    Em 2001, fechou a Transbrasil. Na época, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, interlocutor do governo junto às companhias aéreas, negou qualquer socorro às empresas.

    Preocupado com a situação do Aerus e dos funcionários das companhias aéreas, me engajei nessa luta junto com outros companheiros.

    Em 2005, a Vasp encerra também as suas atividades. Em 2006, a Varig não consegue enfrentar os problemas financeiros que vinham se acumulando. A Viação Aérea Riograndense foi vendida por US$24 milhões em leilão para a Varig Logística, que assumiu R$245 milhões em bilhetes emitidos e um passivo de R$70 milhões, Sr. Presidente, do Smiles.

    Inicia-se o drama dos filiados do Aerus. As demissões de mais de 5 mil funcionários criam uma crise sem precedentes.

    Muitas vezes estivemos em audiência com o governo. Centenas de vezes viemos a esta tribuna. Dezenas e dezenas de vezes fizemos acampamento aqui dentro do Senado, junto com tantos outros militantes desta causa.

    Sr. Presidente, quero falar aqui, com enorme satisfação, de alguns prêmios recebidos por essa atuação. Recebi, do Governador de Minas Gerais à época, o Prêmio Medalha Santos Dumont, pela luta incansável em favor dos trabalhadores da Varig e do Aerus.

    Em 2008, realizamos aqui inúmeras audiências públicas.

    Em 2010, apresentei o PLS nº 147, que previa um fundo para encontrar uma saída para o Aerus. A ideia era avançar junto à Advocacia-Geral da União, à Previc, às empresas aéreas e ao Instituo Aerus de Seguridade para buscar uma saída.

    Sr. Presidente, muitas foram as iniciativas. Fizemos de tudo para chegar a uma solução definitiva.

    Muitas vezes estive, Sr. Presidente, com o então Ministro Toffoli, da Advocacia-Geral da União. Muitas vezes estive com a Ministra Ideli Salvatti. E continuamos, Sr. Presidente. Muitas vezes estive com Luís Inácio Adams, que era Ministro da AGU, visando fechar um acordo que pusesse um fim a essa verdadeira tortura que sofriam os companheiros do Aerus.

    Em 2013, estivemos com o Sindicato dos Aeronautas em audiência com o Ministro Joaquim Barbosa, na época Presidente do Supremo. Ali procuramos avançar, mas também foi muito difícil.

    Em 12 de agosto de 2013, trouxe a esta tribuna uma carta endereçada à Presidente da República Dilma com um apelo comovente das entidades. Inclusive, em um voo que fiz para o Rio Grande do Sul, entreguei nas mãos da Presidenta, já que eu ia no mesmo voo que ela, a carta dos aposentados e pensionistas do Aerus.

    Depois de uma vigília de 40 dias, que eles concordaram em suspender, ficaram na expectativa, depois da carta, de que algo fosse feito - foi importante também a vigília de 20 dias no Rio de Janeiro.

    Parabéns pela força, resistência e coragem desses homens e mulheres de cabelos brancos.

    Muitas foram as campanhas que fizemos, Sr. Presidente, junto com eles sempre, e com eles à frente. Graziella Baggio sempre os esteve liderando, e contamos também com a participação do Sindicato dos Aeronautas. Vigílias, reuniões, cartas, documentos, ações judiciais, projetos de lei, enfim, foram anos e anos de muita luta.

    Sr. Presidente, o mais difícil foram as vigílias, porque tínhamos um receio muito grande de que aqui, dentro do Senado, aqueles homens que estavam ali, com raça, fibra e coragem, pudessem até vir a falecer. Felizmente não aconteceu.

    Passávamos a noite, Sr. Presidente, lembro-me, cantando músicas - até no Dia dos Pais passei uma noite com eles - como Guri, lembrando César Passarinho; Amigos para Sempre, de Roberto Carlos; Sábado em Copacabana, de Dorival Caymmi; aquela Sabe Moço, composta por Francisco Alves; e ainda Esses Moços, de autoria do nosso querido Lupicínio Rodrigues.

    Eu falei muito em moços quando cantávamos aqui dentro: era para mostrar a todos aqueles moços de cabelos brancos, com cicatrizes que marcavam seus rostos, que era preciso manter a cabeça erguida, que não era possível jogar a toalha, que no fim nós seríamos vitoriosos. Foi assim, sobre a letra, com emoção, com a música no ar, que nós passamos aqueles dias.

    Lembro aqui com alegria de cada momento, de cada embate. O importante foi que vencemos.

    Destaco também aqui as muitas vezes em que tivemos nos Ministérios a presença de Alvaro Dias, Gleisi Hoffmann, Ana Amélia, Pedro Simon, José Pimentel, Walter Pinheiro, Presidente Renan Calheiros, Deputado Rubens Bueno e o próprio Deputado Henrique Alves, Presidente da Câmara à época.

    Pois bem, Sr. Presidente, em outubro de 2014, o Governo Federal encaminhou um projeto ao Congresso com a quantia de R$248 milhões, que foi paga.

    Sr. Presidente, depois começamos a travar a nova luta para este momento.

    Quero citar aqui alguns desses heróis da resistência: Graziella Baggio, presente; Carlos Henke, presente; Wilmar Motta, presente; José Carlos Pereira, presente; Iríneia Bredda, presente; Alzira Tamara, presente; Manoel Wilchman, presente; Iara Rolando, presente; Amaury Guedes, presente; Erny Scherer, presente; Osvaldo Tavares, presente; Vera Barreto, presente; Vera Paixão, presente; Marina, presente; Zoroastro Ferreira, presente; Graciele Rodrigues, presente; Simone, presente; Tayna, presente; Marcelo Bonna, presente; Henrique Júnior, presente; Comandante Filgueras Júnior; Zulmira Filguera; e Comandante Green.

    Sr. Presidente, faço questão de lembrar aqui também os aeronautas que, ao longo dessa caminhada, faleceram. Mais de mil tombaram nessa caminhada. Não tiveram a alegria de poder compartilhar este momento, mas fica aqui a minha homenagem a eles, que estão lá no alto.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Quero, Sr. Presidente, ao final desta fala, fazer uma homenagem ao personagem principal nesta luta em favor do Aerus, quero lembrar aqui o nosso querido companheiro de luta, o advogado Luís Antônio Castagna Maia, o verdadeiro herói desta causa.

    Meu amigo Castagna Maia nasceu no dia 16 de dezembro de 1964, lá no meu Estado do Rio Grande do Sul. Faleceu jovem, Presidente, e faleceu antes da vitória, no dia 14 de janeiro de 2012, aos 47 anos.

    Ele era um dos maiores nomes do Direito Previdenciário no País e um dos maiores líderes desta causa. Ele se deslocava do Rio para São Paulo, de São Paulo para o Supremo, do Supremo para o Rio Grande do Sul, estava aqui na tribuna conversando com a gente, nas galerias ou no cafezinho, estava nas reuniões com os Ministros. Infelizmente, veio a falecer - repito - no dia 14 de janeiro de 2012.

    Quero aqui, em público, agradecer muito. No ano das eleições, 2010, recebi uma carta de Castagna Maia que guardarei para sempre no meu coração como memória principal desta história.

    Dizia ele, Senadores:

Sobre o Mandato do Senador Paim.

Ando profundamente preocupado com a campanha [lá no Sul] do Senador Paim. Creio [vou resumir] que o Rio Grande há de responder positivamente para que o Senador volte a estar conosco.

Não há a menor dúvida de que o Senador fez um brilhante trabalho nessas últimas legislaturas. Foi um lutador.

Parabéns ao Paim e ao povo gaúcho, sabemos a que duras penas foram aprovados os estatutos.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) -

Foi assim, Senador, com o Estatuto da Igualdade Racial, com a política de salário mínimo, com a luta do povo negro, dos idosos e dos trabalhadores.

Não há uma só causa justa que não tenha contado [dizia o advogado Maia] com o meu amigo, gaúcho como eu, Senador Paim.

    Aí entra outra questão relativa a fundos de pensão, e ele fala da nossa participação na luta aqui do Aerus. Por fim, ele diz:

O povo gaúcho tem que lembrar que ele é um hábil articulador, um companheiro de todas as lutas. [Eu estou só resumindo.]

A questão, no entanto, é muito maior, [diz ele] nos últimos anos ele enfrentou batalhas duras, internas e externas, mas nunca vacilou na defesa dos idosos, trabalhadores e aposentados.

Neste ano temos o dever de acompanhar o Senador para que ele retorne ao Senado. Aqui mora o perigo, e nós precisamos dele.

Vou dizer como votaria. Votaria sim, se estivesse no Rio Grande, com a maior tranquilidade, no meu querido Senador. O grande risco é que nós podemos perder o Senador. E nós não vamos perder. Por isso fica aqui meu apelo a todo o povo gaúcho para que esteja comigo nesta mesma trincheira.

    Eu li aqui, mais porque para mim é importante lembrar que o Dr. Luís Antônio Castagna Maia, patrono dos aeronautas, deixou a vida, entrou para a história e para a posteridade.

    Minha saudação a todos que caminharam conosco nesta luta. Meu abraço forte, um agradecimento muito, muito, muito forte a muitos, aos muitos que abraço aqui fazendo menção à Graziella e ao Comandante Grisolia, que nos mandou uma carta belíssima - agora, esta semana - em disse:

Enfim a vitória chegou. Na sessão do dia 18 de novembro, o Congresso Nacional decidiu. Decidiu a favor dos idosos do Aerus, da nossa luta pela sobrevivência. E eu agradeço o empenho de todos, todos, todos, Senador Paim, porque sei que foi um grupo que liderou esse movimento. Sei que a luta ainda continua, mas a batalha que conseguimos vencer mostra que estamos no bom caminho.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Já falei aqui dos mais de mil combatentes que morreram ao longo desta caminhada. Rendo as minhas homenagens póstumas àqueles que faleceram, mas cujos ideais ficarão sempre junto de nós. Aos que tombaram, aos mais de mil que tombaram, e a você, Maia, que está lá no alto - neste dia eu li aqui a carta que mandaste para mim - eu quero dizer: Maia, Dr. Maia, nosso querido advogado que morreu com 47 anos, um homem que tinha lado, fazia o bem sem olhar a quem, presente. Dr. Maia, presente. Você está aí no alto com um exército de mil idosos, que hoje podem ver seus familiares recebendo aquilo a que tinham direito, enfim, pela decisão tomada no dia 18.

    Sr. Presidente, era isso, agradeço muito a V. Exª e me coloco à disposição, se for necessário, para que os outros Senadores possam usar da palavra.

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senador Paulo Paim, espere um pouquinho aí na tribuna. Quero, antes de o Senador Acir Gurgacz, de Rondônia, Líder do meu Partido, usar a tribuna, parabenizar V. Exª por essa iniciativa. Eu o acompanhei com muito carinho.

    V. Exª hoje tem uma história diferenciada.

(Soa a campainha.)

    V. Exª é uma pessoa que defende, de forma bem clara e objetiva, o trabalhador, seja em qualquer ângulo, qualquer que seja ele, como essa causa que V. Exª colocou aqui, com o exemplo do advogado Maia, que, com 47 anos, partiu desta para outra, mas existem outros mil aposentados, pessoas que receberiam esse benefício e que também partiram. Embora um pouco tarde, V. Exª é sempre um homem vitorioso porque suas causas são muito nobres e com muito amor. Então, eu fico feliz em ver V. Exª na tribuna, embora nem todos possam estar aqui presentes para poder participar dessa festa, dessa vitória. Mas, onde quer que eles estejam, estão vibrando e agradecendo que aqui dentro existe um Senador do trabalhador: Paulo Paim.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2015 - Página 74