Pronunciamento de Eduardo Amorim em 04/11/2015
Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Elogio à gestão e ao atendimento do Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo.
- Autor
- Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
- Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SAUDE:
- Elogio à gestão e ao atendimento do Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/11/2015 - Página 292
- Assunto
- Outros > SAUDE
- Indexação
-
- ELOGIO, GESTÃO, ATENDIMENTO, HOSPITAL, CANCER, BARRETOS (SP), SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, QUALIDADE, INFRAESTRUTURA, PREPARAÇÃO, MEDICO, RECEBIMENTO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), ENFASE, MODERNIZAÇÃO, EQUIPAMENTOS, OBJETIVO, TRATAMENTO, PREVENÇÃO, DIAGNOSTICO.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, expectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, semana passada, visitei um lugar onde o sonho se tornou realidade, onde a dura realidade de pessoas com câncer é tratada com excelência e sobretudo com humanidade e respeito.
Refiro-me, Sr. Presidente, ao Hospital de Câncer de Barretos, da Fundação Pio XII, que nasceu fruto da visão humanista de um casal de médicos, o Dr. Paulo Prata e a Drª Scylla Duarte Prata, pessoa que eu tive o privilégio de conhecer, além dos doutores Miguel Gonçalves e Domingos Boldrini.
Como os senhores sabem, sou médico e fui coordenador do Centro de Oncologia do maior hospital público do meu Estado, o Hospital de Urgência.
Lá, sonhei em realizar o que vi concretizado no Hospital de Câncer de Barretos. Lá, vi que é possível, Sr. Presidente, o Sistema Único de Saúde funcionar de maneira plena, de maneira respeitosa, de maneira digna, e que o grande diferencial reside em uma única e desafiadora palavra: gestão.
Sr. Presidente, por um desses incríveis acasos do destino, conheci o Sr. Henrique Prata, Diretor-Geral do Hospital de Câncer de Barretos, em uma sessão solene aqui, no Senado, em homenagem à Rede Vida. Conversando informalmente, fiquei sabendo que ele tinha raízes sergipanas. A família de seu pai é de Lagarto, terceira maior cidade do nosso Estado, vizinha à cidade onde nasci, Itabaiana.
Nessa ocasião, estava próxima uma das maiores festas do nosso Estado, a Festa do Caminhoneiro de Itabaiana. Falamos sobre o evento e sua importância para a região, e, de pronto, com toda a generosidade que lhe é peculiar, o Sr. Henrique Prata comprometeu-se a enviar uma das carretas de prevenção do câncer de mama para Itabaiana e, em seguida, para Lagarto. E assim o fez!
Confesso-lhes que fiquei muito impressionado com a estrutura e a excelência do atendimento. Há muitos anos, venho lutando incansavelmente pela construção do Hospital do Câncer em Sergipe. Para esse fim, já foram destinadas cerca de cinco emendas no valor total de quase R$144 milhões. E, para 2016, foi apresentada uma emenda no valor de R$150 milhões, que está aguardando aprovação.
Sr. Presidente, lamentavelmente, até o momento, nem um tijolo sequer foi colocado no local, em mais uma demonstração inconteste do descaso, do descuido, da irresponsabilidade e da inconsequência do Governo que está no meu Estado para com o povo sergipano, Governo da omissão, da ausência. Apesar de os recursos existirem, nem sequer uma parede foi construída.
Em contrapartida, o que tive oportunidade de conhecer em Barretos foi uma realidade que vem sendo construída desde a década de 1960, a partir do esforço, do trabalho e da dedicação de quatro médicos humanistas e idealistas que não abriram mão de seus sonhos, que lutaram para realizar os seus sonhos, que lutaram para materializar a esperança e perceberam que o único hospital especializado para o tratamento de câncer situava-se na capital do Estado de São Paulo. E os pacientes que apareciam no Hospital São Judas Tadeu, de Barretos, com a doença eram, em sua maioria, pessoas de baixa renda com alto índice de analfabetismo e, por isso mesmo, com muitas dificuldades em buscar o tratamento na capital.
Dessa maneira, Sr. Presidente, em 1967, foi criada a Fundação Pio XII - Hospital de Câncer de Barretos, que, conforme Memorando nº 234, de 21 de maio de 1968, assinado pelo Dr. Décio Pacheco Pedroso, Diretor do INPS, passou a atender pacientes portadores de câncer. Desde então, nunca abriram mão do sonho, da qualidade e da excelência do atendimento. Confesso que fiquei impressionado. Sabia que era bom, mas não imaginava que fosse ótimo.
Devido à grande demanda de pacientes e ao velho e pequeno hospital não comportar todo o crescimento, o Dr. Paulo Prata, de sangue e DNA sergipano, recebeu a doação de uma área na periferia da cidade e propôs a construção de um novo hospital que pudesse corresponder às crescentes necessidades.
Sr. Presidente, hoje além das quatro unidades na cidade de Barretos, o hospital está presente em outras cidades e Estados, tanto como hospital geral, quanto como centro de prevenção e diagnóstico. É reconhecido e respeitado em todo o País por ser um centro de referência, por ter estabelecido parcerias com instituições internacionais de credibilidade e por fazer grandes investimentos em prevenção, ensino e pesquisa. Isso eu testemunhei, Sr. Presidente.
O que vi, colegas Senadores, foram equipamentos sofisticados tão necessários à prevenção quanto ao diagnóstico e ao tratamento de câncer, uma equipe altamente especializada e qualificada. E aqui agradeço a gentileza do atendimento, Senador Elmano, nosso Presidente por hora, da Drª Silva, mastologista, que nos explicou e nos levou a todos os cantos do hospital, ao grande e também amigo que adquiri em Barretos, o Dr. Edmundo, que nos levou a quase todas as instalações e que nos fez sonhar também. Quem sabe um dia tenhamos uma unidade daquela no meu Estado.
Esse é um sonho não meu, Sr. Presidente. Esse é o sonho de muitos profissionais da saúde do meu Estado, é o sonho de muitos sergipanos. Inclusive, Sr. Presidente, lá se faz também transplante de medula óssea, além de um laboratório de oncologia molecular que oferece uma medicina personalizada, o maior banco de tumores do País e protocolos clínicos de primeira linha, Sr. Presidente, rígido exemplo para muitos outros cantos do mundo.
Entretanto, Sr. Presidente e colegas Senadores, duas coisas chamaram-me a atenção.
A primeira delas, o fato de uma instituição de referência no tratamento oncológico no País, com mais de 4 mil atendimentos/dia, atender 100% SUS, Sr. Presidente, 100% SUS. A instituição tem um custo operacional, é verdade, de quase 400 milhões por ano em todas as suas unidades e recebe do SUS pouco mais de 200 milhões. Com os outros 200 milhões deficitários, quem contribui, Sr. Presidente, é a comunidade, os leilões que são realizados nos diversos cantos deste País. A comunidade entende que a coisa é levada com muita seriedade e, portanto, faz os leilões e investe no hospital. Mas é 100% SUS. Doações espontâneas chegam de todos os cantos do País, de empresários, de artistas. Hoje tive oportunidade de estar, no Ministério da Saúde, com o novo Ministro, e lá estava o grande artista Sérgio Reis, acompanhando também o Sr. Henrique Prata e muitos sonhadores do Hospital de Câncer de Barretos que, com seus cachês, realizam shows em prol do hospital, rifas e leilões que são realizados da venda de livros, de CDs do próprio hospital, enfim uma verdadeira corrente do bem. Corrente do bem que faz com que o bem continue a ser bem feito e seja multiplicado.
O outro ponto que me chamou muito a atenção, Sr. Presidente, foi o fato de que a grande maioria dos profissionais trabalha com dedicação exclusiva e um sorriso estampado plenamente no rosto, o tempo todo. Ao entrar no hospital, tem-se a sensação de estar chegando a um hospital mágico, onde o foco do tratamento é o ser humano, que assim é respeitado, com a dignidade merecida. É o SUS que sonhamos, Sr. Presidente, é o SUS que merecemos.
Em todos os níveis de atendimento pelos quais os pacientes passam, a sensação que tive foi de que recebem também a dose de uma medicação que não está à venda, mas que, com certeza, pode estar no interior de cada um de nós. É o amor, Sr. Presidente. É o amor.
Pessoalmente, acredito que a junção de fatores como a assistência em todos os seus níveis, a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, o ensino e a pesquisa e o amor à causa aliados à qualidade e à honestidade da gestão são fatores imprescindíveis e essenciais à jornada em busca da cura de uma doença que pode ser perversa quando não tratada de maneira digna.
E quantos milhões de brasileiros são condenados, Sr. Presidente? Digo isso pois milhares de sergipanos também são condenados porque não temos um hospital do câncer no nosso Estado.
O que vi no Hospital de Câncer de Barretos, da Fundação Pio XII, foi que não há nada que a melhor medicina privada do País possa realmente proporcionar a alguém que possa pagar e que não seja feito lá para os pacientes SUS dependentes. Sr. Presidente, os pacientes SUS dependentes, todos os que são atendidos lá são atendidos de maneira digna. Lá, vi ser cumprido o preceito constitucional contido no art. 196, que diz - abro aspas:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Vi esse preceito ser rigorosamente cumprido.
E para finalizar, Sr. Presidente, gostaria de homenagear os quatro médicos humanistas, idealistas e pioneiros desse grandioso e eficiente projeto: Dr. Paulo Prata, Drª Scylla Duarte Prata, Dr. Miguel Gonçalves e Dr. Domingos Boldrini. Outros deram continuidade, como o Dr. Henrique Prata, como o Dr. Edmundo e tantos outros. Quero parabenizar todos os profissionais que fazem a Fundação Pio XII, Hospital de Câncer de Barretos, por meio do seu abnegado diretor geral, Henrique Prata, além dos abnegados profissionais.
Agradeço, também, a gentil acolhida com que fui recebido, mas, sobretudo, sou grato por me mostrarem que o sonho é possível, é exequível e pode ser real, Sr. Presidente.
O SUS digno, sonhado por todos nós brasileiros, existe. E o vi em Barretos, Sr. Presidente. Vi pacientes com consultas marcadas para o ambulatório.
Aqui quero parabenizar o Governador Alckmin, de São Paulo, pelos AME, que são os Ambulatórios Médicos de Especialidades.
Vi, em Barretos, pacientes sendo atendidos pelo SUS para consultas especializadas e para exames especializados, como endoscopia, biópsia de próstata, colonoscopia, ressonância magnética, tomografia. Vi o paciente, Sr. Presidente, chegar e ser atendido em alguns minutos. Quando há um atraso na sua consulta, o profissional, a gerente da unidade, procurar saber por que houve o atraso. É o SUS com que sonhamos. É o SUS que sonhamos, é o SUS que o povo brasileiro merece.
Vi isso e parabenizo a unidade do AME, onde a aceitação da comunidade, dos atendidos, Sr. Presidente, é de 99,7%.
Então, parabenizo o Governo do Estado de São Paulo, através desse AME que eu vi, o Ambulatório Médico Especializado, em que as pessoas eram atendidas em um tempo exíguo, muito curto, muito breve, mas atendidas de forma respeitosa e humana, provando que dinheiro público tem dono; é do povo brasileiro, que está cansado de ser extremamente tributado.
Mais uma vez, agradeço a todos que nos receberam lá no Hospital de Barretos, especialmente ao Dr. Edmundo, pela sua gentileza, à Drª Sílvia e aos vários outros profissionais.
Sr. Presidente, faz-se prevenção, passando pelo tratamento, passando pela recuperação, porque muitos pacientes oncológicos ficam com sequelas, mas não basta por aí: forma, educa, prepara e faz pesquisa também. Então, é perfeito! Perfeito para o SUS que tanto sonhamos e desejamos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.