Discurso durante a 212ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Defesa de votação aberta na apreciação da decisão do STF, que determinou prisão do Senador Delcídio do Amaral.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Defesa de votação aberta na apreciação da decisão do STF, que determinou prisão do Senador Delcídio do Amaral.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2015 - Página 218
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • DEFESA, REALIZAÇÃO, VOTO ABERTO, VOTAÇÃO, PLENARIO, SENADO, APRECIAÇÃO, MANUTENÇÃO, PRISÃO, DELCIDIO DO AMARAL, SENADOR.

    O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu não vou falar de aspectos constitucionais, primeiro, porque acho que os que falaram antes de mim já explicaram muito melhor do que eu seria capaz; segundo, porque, se eu quero falar em Constituição, eu tenho que olhar para o Supremo, pois são eles que dizem o que é e o que não é constitucional. Eu quero falar de outras razões para defender o voto aberto.

    Diferentemente da opinião do Senador Jader de que não é preciso mostrar que é transparente, eu preciso. Eu preciso, porque eu sou Parlamentar, e hoje pesa sobre nós suspeição, sobre todos, não é sobre o Senador Delcídio. Eu não sei se algum de vocês não sente que pesa suspeição, eu sinto. Por isso, eu quero, até como questão de ordem, dizer, Senador, que eu quero que o meu voto seja aberto. Agora, o senhor poderia dizer: "diga como vota", mas, se não aparecer ali o "sim" ou o "não", o povo tem o direito de desconfiar de que eu disse "sim" e votei "não" ou disse "não" e votei "sim". É isso que pesa sobre nós hoje.

    Hoje à noite, talvez haja a maior audiência dos jornais de televisão que o Brasil já teve. Vai aparecer a transcrição das fitas com a gravação do Senador Delcídio. Imagine que, terminando essa gravação, aparece o repórter dizendo:

E o Senado, assustado e amedrontado, votou secretamente, com medo de enfrentar a Justiça; aí ou votou a favor da Justiça e deixou o Senador Delcídio preso, pois tiveram medo de enfrentar a Justiça, ou o contrário: quiseram proteger o colega [querido, aliás, de todos nós] e, para proteger o colega, com medo de enfrentar a opinião pública, votaram secretamente.

    Nós não temos mais gordura de credibilidade na opinião pública para usar o voto secreto aqui dentro, em nenhum aspecto, muito menos nesse, que toca em um colega nosso - volto a insistir, querido - e em um enfrentamento com a Justiça.

    Enfrentemos de peito aberto a Justiça, dizendo que o Senador Delcídio deve ser solto, ou enfrentemos de peito aberto o colega Delcídio, dizendo que a Justiça tem o direito de mantê-lo preso. Estamos precisando disso.

    Quero ter o direito, além de reivindicar o voto aberto para todos na defesa da instituição Senado, de votar aberto. Quero saber como é que o senhor vai resolver a questão de o meu voto, pelo menos, ser aberto.

    Diferentemente do Senador Jader, quero ser fiscalizado, não quero ser peado, controlado. E não o sou por meus eleitores. Mas quero que eles saibam como eu voto, porque, na próxima eleição, eles terão o direito de dizer: “Você votou como eu não queria”. Eu quero ser fiscalizado.

    Por isso, quero meu voto aberto, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2015 - Página 218