Discurso durante a 218ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir a crise e a escassez de água no Brasil.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir a crise e a escassez de água no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2015 - Página 24
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, OBJETIVO, DEBATE, ASSUNTO, CRISE, CONSUMO, DISPONIBILIDADE, ABASTECIMENTO DE AGUA, LOCAL, BRASIL, ENFASE, NECESSIDADE, DEFINIÇÃO, PLANO DE AÇÃO, COMBATE, SECA, REGIÃO NORDESTE, PRESERVAÇÃO, RECURSOS HIDRICOS.

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cássio Cunha Lima, nós todos sabemos que o senhor é um homem bondoso, mas não tanto assim.

    Eu quero cumprimentá-lo e cumprimentar os que estão na mesa, que nos dão a honra de sua presença hoje aqui no Senado, como o Prefeito de Campina Grande, que já nos falou aqui; como o meu conterrâneo, o Dr. Paulo Varella, que falou aqui em nome da ANA (Agência Nacional de Águas); e como também outro conterrâneo meu, Walter Gomes, Diretor do DNOCS - pelo menos, eu acredito que seja meu conterrâneo, mas, se não for conterrâneo, já mora há tantos anos em Natal que eu já o considero meu conterrâneo.

    Eu quero cumprimentar o representante do Ministério da Integração, Dr. Irani, de quem ouvimos a palavra também aqui; o representante do Ministério do Meio Ambiente e da Ministra Izabella, Dr. Marcelo Jorge Medeiros; o Presidente da Codevasf, Dr. Felipe Mendes de Oliveira; e o Prof. Hypérides Pereira de Macedo - e eu o estou chamando de professor, porque nos deu uma lição aqui.

    Eu quero cumprimentar os Senadores José Maranhão, Elmano Férrer, José Agripino e Tasso Jereissati que aqui estiveram, assim como outros também.

    Eu quero cumprimentar o Deputado Álvaro Dias, que aqui representa a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte; o Deputado Ricardo Barbosa, que representa a Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba; e o Deputado Federal Rômulo Gouveia, que aqui está.

    Eu quero cumprimentar o ex-Ministro Francisco Teixeira. Eu não poderia deixar de cumprimentá-lo em razão até dos insistentes pleitos que lhe fiz durante a sua permanência no Ministério. Hoje, ele é Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará.

    Se eu omiti alguma presença aqui, desculpem-me. Eu pretendo ser breve. Aliás, todo orador, quando diz que pretende ser breve, termina descumprindo a sua promessa. O nosso problema aqui passa a ser outro, não é o da falta d'água, é o problema da fome. Então, eu pretendo ser breve - e serei - na medida em que quero me associar à manifestação, aqui há pouco, do Senador Raimundo Lira. Eu quero me associar a Raimundo Lira e me associar a todos aqueles que me antecederam e que falaram - inclusive, o nosso Senador Cássio Cunha Lima - sobre o verdadeiro caminho que nós devemos trilhar: encontrar, da parte do Governo Federal, uma resposta rápida, pronta, no sentido de que se possa viabilizar que as águas do Rio São Francisco cheguem, urgentemente, ao Nordeste brasileiro. Está-se na fase de testes, de bombeamento. Tudo já está sendo devidamente testado, mas há que se ter recursos para que as águas possam caminhar.

    Eu, quando fui Governador do Rio Grande do Norte, há uns 500 anos - nem tanto, mas, pelo menos, há um bocado de tempo -, dizia muito isto: a solução do Nordeste é levar água de onde há para onde não há. E havia água. Eu não quero fazer aqui propaganda do que eu fiz - e o Dr. Paulo Varella foi Secretário de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte -, mas havia água, tanto havia água que chegamos a construir - o Governador José Maranhão deve ter construído mais do que eu - 1.000 quilômetros de adutoras, dentro dos parâmetros recomendados pelo Prof. Hypérides, que diz que a solução é adutora, a solução é transpor as águas.

    Eu creio, Sr. Presidente, que nós estamos aqui diante de uma situação que poderia ser constrangedora, porque a seca é um fenômeno que vem atravessando a história do Nordeste. Houve a seca de 1877; outros dão conta de secas mais recentes que igualmente levaram o Nordeste a uma situação que hoje não é trágica como antes, mas que não deixa de ser uma situação... E o Governador José Maranhão sabe disso, assim como também o Governador Tasso, que aqui passou, o Senador Cássio Cunha Lima e o Senador Elmano Férrer, a despeito de o Piauí não ter um quadro tão trágico. Todos nós sabemos. É uma situação constrangedora se ver diante do problema da seca e ainda estar enfrentando a seca de uma maneira insuficiente. Enfrentar a seca nós enfrentamos, já construímos um cabedal razoável de obras de convivência com a seca, mas nós nos deparamos agora com uma seca que nos desafia, que faz com que o Senado Federal possa estar hoje debruçado sobre esse quadro crítico.

    Sr. Presidente - no caso, um nordestino da estirpe do Senador Cássio Cunha Lima -, o que fazer senão colocar... Eu ia dizer colocar o Governo Federal no canto da parede, mas não vou dizer numa hora desta, principalmente me referindo ao Senador Cássio Cunha Lima. Não se trata de colocar o Governo Federal no canto da parede. Trata-se de dizer ao Governo Federal que há uma solução a ser buscada urgentemente, que é a de trazer as águas do Rio São Francisco.

    Eu gostaria de terminar realmente, porque eu sinto que devemos ouvir aqui a palavra, a experiência de José Maranhão, a experiência de Elmano Férrer, os Deputados estaduais podem nos trazer um depoimento, assim como, o Prefeito de Campina Grande. Campina Grande é apenas uma cidade, mas é uma cidade, não é apenas, é uma grande cidade de 400 mil habitantes. Mas, como ela, existem cidades de um porte menor no meu Estado que estão vivendo um problema angustiante. O Deputado Álvaro Dias sabe muito bem, uma cidade de 100 mil habitantes, como é Caicó, cuja solução...

    Chegou um conterrâneo, outro conterrâneo meu, está predominando aqui..., que é o Senador José Medeiros, que não poderia estar ausente. Ele nos abandonou, hoje é Senador pelo Mato Grosso, nos deixou e, numa hora dessas, ele quase que está aqui a dizer: "Eu vim me penitenciar. Vim me penitenciar, vim ajudar." Junte-se a nós Senador José Medeiros, junte-se a nós, ele que é de Caicó, caicoense! Junte-se a nós nesse clamor!

    Há um clamor com relação a essa seca, que já dura quatro anos, e que não pode durar mais. E poderá durar, porque poderá haver falta de chuvas, segundo as previsões, mas não pode durar com essa intensidade que está acontecendo.

(Soa a campainha.)

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Olhe, eu prometi ser breve e está dando no que deu. Estou sendo advertido. Aliás, a minha referência à situação de fome parece que está encontrando na Presidência as providências devidas. E eu poderia até prolongar agora minha fala, mas sinto que devo terminar, dizendo a todos os que estão aqui presentes que nós não temos motivo para, numa hora dessa, deixar de dizer o que virou chavão: governar é escolher prioridades. 

    Há prioridade? Há, do drama ambiental que está sendo vivido em Minas Gerais - um drama também. Há outras prioridades, há outras situações dramáticas no País, mas há uma que se repete, que se renova há quatro anos, que poderá se renovar por mais um ano. E, Sr. Presidente, o que iremos dizer, daqui a um ano, se as águas do Rio São Francisco não penetrarem no território da Paraíba e no território do Rio Grande do Norte? O que iremos dizer?

    Então, para que não nos deparemos com essa situação, há que se dizer agora que não vamos permitir isso; nós, os nordestinos, os homens calejados. Temos uma simbiose da técnica com a política, homens como o Prof. Hypérides, homens com a experiência do Presidente da Codevasf, o nosso Diretor do DNOCS, e não podemos nos permitir chegar a 2016 com este mesmo clamor. Não, Sr. Presidente.

    Não vamos nos permitir. Vamos nos unir e vamos bater às portas do Governo Federal, da União, apesar de saber da crise financeira que acomete a União. Mas vamos bater às portas, que terão que se abrir, porque quem está batendo não somos nós, mas 16 milhões de nordestinos que estão sendo atingidos pela seca.

    Agradeço a todos. E eu queria aqui, para terminar, dizer que há, Governador José Maranhão, um conterrâneo nosso da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), instituto técnico-científico do Rio Grande do Norte, que tem lá um laboratório de previsão de chuvas, chamado Gilmar Bristot. Ele está desafiando todos a esta altura, dizendo que nós vamos ter uma quadra invernosa antecipada agora, de dezembro para janeiro, ou de janeiro.

    Lamentavelmente, ele fez essa previsão. E eu iria conversar com ele, para saber por que ele está desafiando o mundo inteiro, que está dizendo o contrário, e o El Niño vai recrudescer. Então, Sr. Presidente, que Deus o abençoe e que nós tenhamos... Nós somos homens de muita fé. Eu, graças a Deus, sou, e ainda vou conversar com ele.

    Mas, a despeito de tudo isso, eu queria terminar dizendo que nós, Senador Cássio Cunha Lima, V. Exª que teve essa feliz iniciativa, diante dessa infeliz realidade, queria dizer a V. Exª que nós temos realmente que unir as nossas forças, porque 2016 poderá ser mais um ano de seca no Nordeste, mas, diante da nossa responsabilidade, será um ano que vai nos trazer uma triste e amarga notícia de que nós, os nordestinos, que temos essa capacidade de clamar, não fomos ouvidos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

    


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2015 - Página 24