Fala da Presidência durante a 202ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a Comemorar os 120 anos da assinatura oficial das relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão (120 anos de Amizade Brasil-Japão).

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a Comemorar os 120 anos da assinatura oficial das relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão (120 anos de Amizade Brasil-Japão).
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2015 - Página 22
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, OBJETIVO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, ASSINATURA, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, RELAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO.

     O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco União e Força/PR - MT) - Gostaria de parabenizar o Senador Flexa pelo seu conhecimento. Ele fez um pronunciamento com muito conhecimento de causa vivida. Eu só acho que ele se esqueceu de falar um detalhe extremamente importante: ele tem uma nora japonesa.

     O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB - PA) - É verdade! E uma neta descendente.

     O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco União e Força/PR - MT) - Quero aqui, no exercício da Presidência, cumprimentar o nosso companheiro Vice-Presidente do Senado, Senador Jorge Viana, que presidiu esta sessão; também o primeiro signatário da presente sessão, o Sr. Senador Hélio José; o Vice-Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, meu companheiro de Câmara dos Deputados, Deputado Willian Woo. Na Câmara pudemos também, como o Senador Flexa falou, trabalhar juntos sob a sua Presidência no grupo Brasil-Japão, quando se implantou aqui o painel do origami, onde nós, os Parlamentares, a população colocou os seus desejos através dos papeizinhos. A Presidente Dilma também, que à época era Ministra da Casa Civil, colocou o seu desejo lá. Não sabemos, mas provavelmente foi para Deus dar-lhe a oportunidade de ser Presidente da República. Hoje, claro, depois de reeleita, ela tem todas as dificuldades que o Brasil passa no momento econômico, mas, sem dúvida alguma, a primeira mulher brasileira a ser Presidente e a fazer parte da nossa história. Com esse gesto, já demonstrava a sua amizade, o seu carinho pelo povo japonês. Esse painel tem mais de duas toneladas e eu, lá, fazendo parte desse grupo, levei esse trabalho, essa homenagem aquela época ao Estado de Mato Grosso porque temos lá uma colônia muito grande.

     Quero também cumprimentar o Embaixador do Japão, Sr. Kunio Umeda, e em seu nome também todos os funcionários, todos os trabalhadores da embaixada japonesa aqui no Brasil.

     Quero cumprimentar o carismático Monge Shôjo Sato, com quem tive a oportunidade de conversar poucas palavras. Ele é responsável pelo Templo Budista de Brasília e até me convidou para ir lá conhecer. Faço questão de estar lá presente.

     Cumprimento também a fundadora e Presidente da Rede Blue Tree de Hotéis, a Srª Chieko Aoki, que eu já conhecia há muito tempo. Fui cliente dela lá no Blue Tree, onde morei alguns meses, e até faço aqui questão de convidá-la para estar em meu Estado principalmente para conhecer os potenciais turísticos do meu Estado. Agora, provavelmente estaremos aprovando a lei dos jogos no Brasil e, com isso, a possibilidade de implantar cassinos, principalmente em áreas de águas termais, porque temos um potencial muito grande ali na região Sul de Mato Grosso, bem como na cidade de Barra do Garça, na divisa de Mato Grosso com Goiás.

     Com isso, claro, quero parabenizá-la por ser uma mulher empreendedora. Isso também é extremamente importante. Cada vez mais, as mulheres brasileiras, aquelas que aqui estão, estão avançando na participação da sociedade brasileira. Então, eu a cumprimento, em nome de todas as mulheres que aqui estão e também de todas as mulheres empreendedoras, lutadoras, do Brasil.

     Quero aqui cumprimentar também o Cônsul Geral Honorário do Japão em Belo Horizonte, Sr. Wilson Nélio Brumer, que já falou aqui também, com bastante conhecimento de causa, inclusive da sua participação em obras importantes do nosso País.

     Quero aqui também cumprimentar o Presidente da Associação Nikkei, Sr. Waldemar Umeda, que está aqui conosco; o Presidente da Sociedade Cultural Nipo-Brasileira de Brasília, Sr. Pedro Matsunaga - espero que eu esteja aqui falando pelo menos próximo da pronúncia -; e o Sr. Evaldo Soares Vieira, tenente-coronel que representa o Comando da Polícia Militar do Distrito Federal. Inicialmente, eu quero aqui, em nome também do meu Estado, da minha comunidade, da minha cidade natal, Rondonópolis, na região sul de Mato Grosso, homenagear o Sr. Massao Ishizuka. Ele é um dos primeiros que chegaram ao Mato Grosso, junto com a sua esposa, D. Tereza.

     Ele veio do Japão, formou-se em odontologia, no interior de São Paulo, e depois escolheu a nossa cidade para morar. Lá ele também implantou muito da cultura japonesa. Nós temos uma colônia japonesa muito grande lá na cidade de Rondonópolis. O Clube Nipo-Brasileiro é muito tradicional. O nosso time é, inclusive, campeão estadual. O Sr. Massao construiu uma história.

     Eu quero aqui até lembrar um ditado japonês que ele costumava dizer. Segundo ele:

Quem quiser colher amanhã, planta grão de cereais. Quem quiser colher daqui a dez anos, planta frutos. Quem quiser colher daqui a 20, 30 anos, planta árvores. Quem quiser colher daqui a cem anos, cria a personalidade do homem.

     Ele dizia que isso resume o papel da educação e da filosofia de vida dele.

     Com isso, então, eu aqui homenageio e cumprimento toda a comunidade nipo-brasileira do Estado de Mato Grosso, em especial da minha cidade, a cidade de Rondonópolis.

     Inicialmente, quero dizer o quanto nos honra estarmos aqui comemorando os 120 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e Japão. Isso nos honra não somente em razão da nossa histórica relação política, mas, sobretudo, pela construção de uma genuína e sólida amizade.

     À primeira vista, poderíamos questionar como dois países tão distantes, tão diferentes, poderiam, hoje, ser tão próximos. Mas, seguramente, vemos que temos mais semelhanças do que diferenças.

     Nesses 120 anos, Brasil e Japão testemunharam a ascensão e a queda de potências mundiais. Assistiram ao sofrimento de vidas humanas em duas grandes guerras. E, acima de tudo, defendem, senhores e senhoras, com veemência, um padrão das relações internacionais pautado pelo pacifismo, pelo diálogo e pela amizade.

     Creio que seja impossível qualquer registro deste dia histórico, nesta Sessão Especial de comemoração, sem mencionarmos a contribuição dos imigrantes dos dois países.

     Realizamos um dos maiores intercâmbios migratórios do mundo. Seja no começo do século XX, com a chegada de japoneses, seja nas últimas décadas, com o deslocamento de milhares e milhares de brasileiros ao nosso querido Japão. Uma coisa nos une, sem dúvida alguma, o invariável desejo de nossas populações por melhores condições de vida.

     Atualmente, o Brasil é considerado o país com a maior quantidade de descendentes de japoneses fora do Japão. São cerca de 1,5 milhão de pessoas. E, olha, que somos um dos países geograficamente mais distan24 te do Japão. Brasília está há mais de 17.000km de Tóquio. Apesar disso, tenho convicção de que somos um dos povos mais próximos na amizade e no compartilhamento de interesses mútuos.

     Presto aqui a minha homenagem às primeiras famílias que aqui aportaram em 1908, numa verdadeira epopeia, digna dessa história fascinante. Aquelas 781 famílias de lavradores ajudaram a plantar o Brasil de hoje.

     (Soa a campainha.)

     O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco União e Força/PR - MT) - Mato Grosso, o meu Estado, particularmente testemunhou um importante salto qualitativo na forma de conceber e produzir bens, principalmente no campo.

     Ainda uno, a cidade de Campo Grande, hoje capital de Mato Grosso do Sul, foi uma das cidades que mais receberam imigrantes japoneses no decorrer do século passado. Hoje, estima-se que 10% da população da capital do Mato Grosso do Sul seja formada por descendentes desses imigrantes.

     Senhoras e senhores, como Parlamentar de Mato Grosso, quero registrar ainda a fundamental importância dos projetos de cooperação técnica, iniciados em meados da década de 70, que tornaram possível a produção, em larga escala, de grãos no nosso cerrado. Se hoje somos um dos maiores produtores de soja do mundo, responsáveis por mais de 50% da produção de soja brasileira, foi a partir dessa cooperação de grandes proporções que logramos alcançar os elevados patamares de produtividade em um solo ácido e, até então, considerado um dos mais estéreis do Brasil em termos agrícolas.

     Entre os muitos fatos que considero de grande relevância nessa relação Brasil-Japão, um ocorreu em 1979, quando teve início o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados, o Prodecer, que contou com o apoio técnico e financeiro da Agência Internacional de Cooperação do Japão por mais de 20 anos, inclusive criando a empresa binacional Brasil-Japão-Campo.

     Além da promoção de inovações tecnológicas, a cooperação japonesa ainda contribuiu para significativos saltos institucionais, como o uso da terra em forma cooperativa, essencial para o desenvolvimento do cerrado brasileiro. Nesse sentido, sua atuação ajudou a Embrapa a tornar-se uma referência mundial em pesquisa científica e na prestação de cooperação técnica para outros países em desenvolvimento.

     Foi a partir de projetos como esse que o Brasil é, hoje, um dos mais importantes celeiros do mundo e um ator central nas políticas de segurança alimentar de nosso Planeta. E podemos avançar muito mais. Só o Mato Grosso, hoje, tem condições de produzir tudo o que o Brasil produz, e só a região do Araguaia, que é a nova fronteira agrícola de Mato Grosso, tem condições de produzir tudo o que Mato Grosso produz.

     Como se vê, o relacionamento entre Brasil e Japão, há muito tempo, deixou de ser meramente protocolar e pautado por interesses unilaterais. Nosso relacionamento é altamente estratégico.

     Em julho passado, integrei a missão brasileira que esteve no Japão para discutir o comércio agropecuário bilateral, juntamente com a Ministra Kátia Abreu - está prevista, inclusive, a ida da Presidente Dilma ao Japão no próximo mês. E lá também olhamos os investimentos estrangeiros no Programa de Investimento em Logística, lançado pelo Governo Federal.

     Visitamos empresas importantes do Japão que investem no Brasil, como a Sumitomo, que hoje tem uma empresa no nosso Estado, o Estado de Mato Grosso.

     Fomos muito bem recebidos, como revela a tradição oriental; dialogamos intensamente, pautados na empatia, reciprocidade, hierarquia, lealdade e respeito.

     Foi do Japão, que tem uma forma peculiar de enxergar as crises, que saí renovado de esperanças, certo de que o Brasil é um país que vai dar certo. Senti ali a crença e a confiança que vocês, japoneses, depositam em nós e na nossa capacidade de superar, crescer e nos desenvolver.

     Espero, objetivamente, que, na viagem da Presidente Dilma ao Japão, prevista para dezembro, tenhamos passos significativos no avanço dessa relação comercial de fundamental importância para o nosso País e, sobretudo, para o meu Estado, que é também o maior produtor de carne. O Japão, hoje, é o maior importador de carne de aves; mas nós somos, também, o maior produtor de carne bovina. Há muito tempo o Japão não importa carne bovina. Lá estivemos, inclusive, com a Ministra da Saúde e acreditamos que na ida da Presidente Dilma haveremos de abrir esse mercado tão importante para o Brasil.

     Portanto, nesta data, não celebramos somente os 120 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e Japão. Celebramos, senhoras e senhores, a formação e a construção histórica de profundos laços de amizade e de confiança que, de maneira inequívoca, vinculam nossos povos.

     Encerro, aqui, com dois provérbios japoneses que se completam. O primeiro diz: “Sabedoria e virtude são como duas rodas de uma carroça”; e o segundo determina: “Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás”.

     Que nossas relações de amizade e negócios sejam sempre um olhar adiante.

     Ao encerrar, quero aqui registrar o exemplo histórico que o Japão deixou para os brasileiros. Os japoneses são torcedores fanáticos do futebol e também do nosso querido Ayrton Senna, que deixou um legado muito grande por este País. O Japão veio jogar na Copa do Mundo, e os japoneses deram um exemplo de civilidade, de educação: ao terminarem os jogos, a torcida ia colher o lixo, os papéis, dando um exemplo de educação.

     E quero, inclusive, dizer que o nosso grande judoca Charles Chibana estará competindo nas Olimpíadas brasileiras, no Rio de Janeiro. E, claro, esperamos que nos dê a medalha de ouro. E também que o Japão dê oportunidade, nas próximas Olimpíadas, aos nossos atletas de ganharem as medalhas lá e consolidarem ainda mais esta amizade existente entre os nossos povos.

     Muito obrigado.

     Esse é o meu pronunciamento.

     E, ainda, quero convidar a todos para acompanharmos um áudio com o trecho da reportagem especial intitulada “Uma história de amizade”, alusiva aos 120 anos de amizade Brasil-Japão, produzido pela TV Senado. É um vídeo muito curto, que eu gostaria que fosse colocado. É um áudio.

     Temos acesso ao áudio ou só à televisão?

     Esta, com certeza, não é uma tecnologia japonesa, porque está falhando, mas haveremos de colocar o áudio, porque foi produzido com muito carinho pela equipe de comunicação da Casa. E, já que estamos transmitindo esta sessão, pela televisão, pela Rádio Senado e por todos os meios de comunicação da Casa, gostaríamos de insistir ainda, para que pudéssemos colocar esse áudio.

     (Procede-se à reprodução de áudio.)

     O SR. PRESIDENTE (Wellington Fagundes. Bloco União e Força/PR - MT) - Antes de encerrar, eu gostaria aqui de dizer o quanto eu admiro e gosto do povo japonês. E, para provar isso, eu quero dizer que o meu primeiro suplente para o Senado é um japonês, médico da cidade de Sinop, Dr. Jorge Yanai. É uma pessoa extremamente carismática, um homem correto, e foi muito importante o seu apoio para que eu pudesse estar aqui, nesta Casa, no Senado, depois da experiência de viver seis mandatos na Câmara dos Deputados.

     Eu quero aqui, também, mais uma vez, chamar a população japonesa e principalmente o Governo japonês. O Brasil passa por momentos de crise. Nesses 25 anos que aqui estou, é o primeiro momento em que nós temos duas crises: uma crise política e uma crise econômica ao mesmo tempo.

     E sabemos que temos que resolver primeiro a crise política, para que a gente possa solucionar os nossos problemas econômicos. Isso, porque potencialidade o Brasil tem muita, tecnologia o Japão tem, conhecimento o Japão tem. Ampliarmos esta nossa parceria, com certeza, será muito importante para o Brasil e, também, para o Japão, principalmente pela tradição do nosso povo.

     Então, eu quero aqui, cumprida a finalidade da sessão, agradecer as personalidades que nos honraram com o seu comparecimento e declarar encerrada esta sessão solene muito importante, realizada aqui no Senado da República.

     Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2015 - Página 22