Pela Liderança durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro dos 62 anos de emancipação da cidade de Rondonópolis-MT.

Autor
José Medeiros (PPS - CIDADANIA/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro dos 62 anos de emancipação da cidade de Rondonópolis-MT.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2015 - Página 189
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO, MUNICIPIO, RONDONOPOLIS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), IMPORTANCIA, RODOVIA, LIGAÇÃO, GOIAS (GO), MUNICIPIOS, CUIABA (MT), CAMPO GRANDE (MS), RELEVANCIA, AGROPECUARIA, COMERCIO, INDUSTRIA.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham pela TV Senado, pela Rádio Senado, pelas redes sociais e aqui, na Casa, quero registrar e agradecer a presença da minha alma gêmea, que está ali, a minha esposa, Ruth.

    Sr. Presidente, Rondonópolis, no Mato Grosso, completa hoje 62 anos de sua emancipação como Município. Além disso, este ano de 2015 marca também o aniversário de cem anos do reconhecimento oficial da fundação da cidade de Rondonópolis.

    Neste ano, sinto-me duplamente feliz, Sr. Presidente, já que anteontem tive a imensa honra de ser agraciado pela Câmara de Vereadores da cidade de Rondonópolis com o Título de Cidadão Rondonopolitano. Como eu já disse aqui, nesta Casa, eu nasci em Caicó, no Rio Grande do Norte, mas já aos três anos parti para Mato Grosso com minha família. Aos dez, mudei-me para a zona rural de Rondonópolis e, desde então, sinto-me um mato-grossense e rondonopolitano de coração e alma. Agora, posso agregar também esse título formal, que tanto me orgulha. Agradeço imensamente ao Vereador Lourisvaldo, Presidente da Câmara de Rondonópolis, e ao Vereador Reginaldo, que propôs esse título.

    Sr. Presidente, motivos não me faltam para comemorar essa importante data. Sem ignorar os problemas e desafios próprios de todo aglomerado urbano, é possível afirmar que Rondonópolis possui uma história de sucesso. Ela é situada, localizada num lugar muito privilegiado, num entroncamento de duas BRs, que são praticamente o único corredor rodoviário do Estado de Mato Grosso. Quando se chega a Rondonópolis, essas BRs se sobrepõem, porque a BR-364 liga Goiás a Cuiabá, e a BR-163 vem de Campo Grande. Quando chegam a Rondonópolis, elas se encontram e se sobrepõem ali. Ela tem um tráfego diário que, em determinados momentos, chega a 40 mil veículos. E Rondonópolis possui, segundo os dados do IBGE, uma população estimada em 215 mil pessoas.

    Rondonópolis é hoje a segunda maior economia do Estado de Mato Grosso, com um PIB aproximado de R$5 bilhões, decorrente principalmente da atividade agropecuária, do comércio e da indústria. Na verdade, Rondonópolis desponta como uma das mais importantes capitais do novo agronegócio brasileiro, que se caracteriza pela versatilidade, que não gira mais apenas em torno da produção puramente agrícola, pois passa a incorporar uma importante atividade industrial.

    Além de grande produtora de soja, a região sul de Mato Grosso é responsável por 40% de toda a soja produzida no Estado. Rondonópolis se destaca também pela produção de algodão. Aqui aproveito para mencionar o PLS 647, de minha autoria, que busca conceder crédito presumido do PIS/Pasep e da Cofins a pessoa jurídica sobre as aquisições de algodão em pluma, oriundo de pessoa física, nas operações que especifica, e a isenta dessas contribuições. O que a proposição intenciona é valorizar o produtor, pessoa física, equiparando o seu tratamento tributário àquele dispendido a outros modelos de atuação, como as cooperativas. Atualmente, o projeto se encontra na CAE, aguardando a designação do Relator.

    Srªs e Srs. Senadores, graças a investimento em tecnologia e pesquisa, a qualidade do fio de algodão de Rondonópolis é considerada a melhor do Brasil. Mais de cem pequenas empresas já se fixaram na região e formam um polo têxtil em desenvolvimento.

    Rondonópolis também tem se notabilizado por buscar essa produção de conhecimento. Produção de conhecimento, aliás, que ressalta aqui o Senador Cristovam Buarque, numa fala muito interessante quando esteve ali, em Mato Grosso, alertando para a posição que o Estado hoje ocupa no agronegócio e dizendo também, sobre o contexto histórico, que a mesma coisa aconteceu em cidades como Olinda, com o café, lá no Vale do Paraíba, e também com o cacau. Nesse momento, o Senador Cristovam Buarque alertava para que aproveitássemos esse ciclo de desenvolvimento, mas que se atentasse, principalmente, para a produção de conhecimento, porque essa valia muito mais do que 1 tonelada de soja produzida. Nesse momento, ele citou ainda que, para produzir 1 tonelada de soja, gasta-se muito em tecnologia e que nós precisávamos nos preocupar principalmente com a inovação e a produção de conhecimento.

    Rondonópolis, ainda de forma tímida, tem-se atentado para isso e tem buscado desenvolver tecnologia, ainda que agregada justamente à produção. Temos buscado também ser um polo educacional, e o Senador Cristovam, que foi Ministro da Educação, sabe o quanto é importante para um Estado em desenvolvimento, como o Estado de Mato Grosso, ter universidades, ter centros de ensino. Rondonópolis agora busca ter mais uma universidade federal. Mato Grosso, que é um Estado que produz muito e que é grande também, tem apenas uma universidade. Recentemente, estivemos no Ministério da Educação - a comunidade acadêmica, o Senador Blairo Maggi, a Bancada federal, o Senador Wellington Fagundes, Líder do Governo aqui nesta Casa - e tivemos a grata satisfação de ouvir do Ministro que, em breve, Rondonópolis terá uma universidade autônoma, ou seja, na verdade, a região sul e a sudeste terão a Universidade Federal do Cerrado. Isso é uma boa notícia, que vem fazer justiça àquele povo que para ali se destinou, de várias regiões do País.

    Além da indústria têxtil, à qual eu já me referi, a cidade abriga frigoríficos, usinas de álcool, açúcar e biodiesel, indústria de esmagamento e refino de óleo vegetal, indústria de insumos agrícolas, agroquímica e cerveja, e mais recentemente começou a receber também investimentos no setor de metalurgia.

    Além disso, está na cidade o maior terminal de cargas ferroviário da América Latina, um conglomerado numa área de mais de 70 hectares destinada àquele terminal.

    No total, encontram-se estabelecidas em Rondonópolis 300 unidades industriais, que respondem pela geração de cinco mil empregos diretos e indiretos.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Peço mais dois minutos ao Senador.

    De acordo com a edição do anuário intitulado As Melhores Cidades do Brasil, de 2015, publicado pela revista Isto é, Rondonópolis é o Município de porte médio que teve a melhor classificação no grupo indicadores econômicos, com destaque para o padrão de vida, a qualidade de emprego e o desempenho do comércio e das exportações.

    É evidente que nem tudo são flores. Há inúmeros problemas à espera de efetiva ação do Poder Público. É preciso aproveitarmos esta data comemorativa para nos debruçarmos sobre as questões sensíveis do Município.

    Srs. Senadores, a qualificação de mão de obra e a mais ampla oferta de educação de qualidade são essenciais para o desenvolvimento sustentável da economia e, consequentemente, do bem-estar da população, e essa é uma luta que temos travado para que a cidade possa ser suprida com unidades de ensino, para que possa ali ser formado um grande polo educacional.

    Portanto, na perspectiva de contribuir para o desenvolvimento educacional e científico do Estado e de toda a região sul do Mato Groso é que, como eu disse aqui, temos lutado pela criação de mais uma universidade na região.

    Outro ponto sensível, em termos de infraestrutura, diz respeito ao Aeroporto Maestro Marinho Franco. Estamos atentos à necessidade de ampliação e modernização das suas instalações. Temos, constantemente, aqui na tribuna, brigado pela logística, pela melhor infraestrutura e pela duplicação da BR-364, que também tem sido uma luta do Senador Acir, pois a BR-364 passa pelo Estado de Mato Grosso e vai até o Estado de Rondônia. Temos ombreado com ele nessa briga, porque da boa qualidade daquele corredor rodoviário depende muito a competitividade dos nossos produtos.

    Através de reuniões com o então Ministro da Secretaria da Aviação Civil, também tratamos da questão da aviação regional.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - E, já me encaminhando para o final, Sr. Presidente, ainda no tema da infraestrutura, não poderia deixar de mencionar a situação lamentável das rodovias BR-163 e BR-364, pois começaram a cobrar pedágio antecipadamente, Senador Acir, mas a estrada está esburacada, porque a parte que compete ao DNIT não foi terminada, e a população está pagando pedágio por uma rodovia que não está duplicada e está esburacada. E, nesse aniversário, embora seja momento de comemorar, estamos aqui cobrando para que essa situação seja resolvida.

    Para não ficar só no tema da infraestrutura de acesso à cidade, também quero registrar aqui a recente visita que fizemos ao BNDES e quero agradecer ao Presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que fez a liberação para a drenagem e esgoto, para saneamento da cidade.

    E, para finalizar, Sr. Presidente, quero parabenizar as cidadãs e os cidadãos de Rondonópolis - entre os quais, agora, posso formalmente me incluir - pela passagem tão significativa da data de aniversário da cidade, desejar-lhes que continuem com afinco o trabalho e nos surpreendam como exemplo de cidade vocacionada para o futuro - cidade essa, Senador Romero Jucá, que tem 200 mil habitantes e três Senadores. É o berço do Senador Blairo Maggi, para onde sua família foi; do Senador Wellington Fagundes; e da minha família também, pois fomos para lá na década de 70.

    Concedo a palavra ao Senador Cristovam Buarque.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador, primeiro, quero agradecer as suas referências. Há uma fala que eu fiz e repito, Senador Acir, em relação, Senador Jucá, ao Mato Grosso: o Mato Grosso hoje é um dos polos mais dinâmicos da economia brasileira, tanto quanto foi o norte do Pará e o Amazonas com a borracha...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - ... tanto quanto foi a minha região - Olinda, Recife - com a cana. Tudo isso de repente se esgotou. E eu tenho avisado. Falei até com o Governador, nosso querido amigo Taques, que ele deveria começar a reorientar a economia do Mato Grosso, aproveitando o que tem hoje, para fazer a única riqueza que é permanente, que é a riqueza da ciência e da tecnologia, do conhecimento e da inovação. A Califórnia é um estado que é pobre do ponto de vista de recursos, depois que acabou o ouro. Por que a Califórnia continua sendo um estado tão rico nos Estados Unidos? Porque é fonte do conhecimento hoje, no mundo, graças a suas empresas - sobretudo, minúsculas empresas, aquilo que a gente chama de start-ups, pequenos grupos de estudantes recém-formados que criam uma empresa para pensar...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Um exemplo é essa Uber, que começou poucos anos atrás, numa garagem. Hoje, tem um patrimônio de US$62 bilhões, graças apenas à inteligência de um grupo de jovens. Mato Grosso, eu acho, é um Estado que pode evitar a sina que outros Estados brasileiros sofreram de subir, subir e cair, quando se esgota o preço da mercadoria ou quando acaba a mercadoria. A soja, eu tenho insistido, vai ter concorrência muito forte no exterior. Quando começarem a produzir soja em quantidade na África Oriental, na metade do caminho entre o Brasil e a China, produzida já por chineses, não tenham dúvida de que o mercado de soja do Mato Grosso vai sofrer muito. Nessa época, é preciso que o Mato Grosso já tenha criado outro produto, e esse outro produto tem que ser conhecimento: ciência e tecnologia, investir em educação, investir nas universidades, atrair jovens, como o Chile está fazendo. O Chile tem feito isso, atraindo jovens inclusive do exterior, dando dinheiro para que eles montem suas pequenas empresas com novas formulações, com novos projetos na área de informática. Eu ficaria contente se o senhor, que acaba de me citar no seu discurso sobre isso, levasse para o Governador Pedro Taques a ideia de ele começar o trabalho da reorientação da economia em Mato Grosso para os tempos posteriores à agricultura, ao agronegócio, à economia primária, já dando o salto para uma economia terciária, sem passar pela economia secundária das indústrias de metalmecânica, mas direto para indústrias baseadas no conhecimento. Mato Grosso tem tudo para não ser mais uma região de ascensão e queda.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Muito obrigado, Senador Cristovam Buarque.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Senador Paim, eu disse ontem que Mato Grosso é um pouco filial do Rio Grande do Sul, e boa parte desse movimento - quero fazer justiça - foram os gaúchos que fizeram, gaúchos e paranaenses, inclusive a família do Senador Blairo Maggi, que é responsável por um grande desenvolvimento, veio do Sul.

    Neste momento, dito isso, para encerrar o meu discurso, quero parabenizar um sulista que hoje está assumindo a presidência da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), entidade responsável por boa parte da pesquisa e da produção de conhecimento também, da representatividade do setor produtivo; quero parabenizar o Endrigo, que está assumindo a diretoria da Aprosoja, que, junto com a Famato, tem feito muito pelo agronegócio do Mato Grosso e pelo Brasil.

    No mais, quero parabenizar a todos os rondonopolitanos e agradecer ao Senador Paulo Paim pela tolerância com que conduz os trabalhos.

    V. Exª sempre, com muito carinho, acaba tendo a tolerância com a gente que, às vezes, excede um pouquinho.

    Muito obrigado, Senador Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2015 - Página 189