Discurso durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança da liberação da fosfoetanolamina sintética.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Cobrança da liberação da fosfoetanolamina sintética.
Aparteantes
Hélio José.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2015 - Página 73
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ASSUNTO, LIBERAÇÃO, MEDICAMENTOS, OBJETIVO, MELHORIA, PACIENTE, PORTADOR, CANCER, PEDIDO, APOIO, CONGRESSISTA, POPULAÇÃO.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez, quero aqui agradecer o carinho especial que o povo do meu Estado de Rondônia sempre teve, e tem, pela minha pessoa, pela minha família. Agradecer também a tantos e tantos amigos dos quatro cantos deste rincão brasileiro, que têm mandado mensagens, especialmente quando nós, aqui desta tribuna, defendemos a vida.

    Não vou aqui usar a tribuna para discursar e para falar sobre a crise, a paradeira, a estagnação que está no Brasil. Também não vou usar o meu tempo hoje para falar de quem sai, de quem entra e de quem fica. O povo brasileiro, nas ruas, é que tem cobrado no dia a dia. Eu vou usar este momento na tribuna, Sr. Presidente, para, mais uma vez, defender o povo, defender as pessoas, defender as famílias que vêm lutando contra o câncer.

    Eu assisti ontem, no Jornal Nacional, que o Instituto de Câncer, subsidiado pelo Governo Federal, sequer tem radiologia para atender pacientes que têm tumor de mama. A falta que faz mês após mês!

    Ao mesmo tempo, quero aqui também aproveitar esta oportunidade e conclamar o Presidente da Globo, os diretores da Globo, o Sílvio Santos, do SBT, o Ratinho, do SBT, conclamar a sociedade inteira para, mais uma vez, dizer que essa briga para a liberação da fosfoetalonamina - a fosfo, o comprimido da cura do câncer - não é uma briga só do Senador Ivo Cassol. É uma briga daqueles que prezam a família. É uma luta daqueles que amam seus semelhantes, e não daqueles que só lutam em benefício próprio, defendendo o que está aí, sem sequer dar oportunidade para um sistema novo.

    Ontem e anteontem, acompanhamos a notícia do falecimento da atriz Marília Pêra, conhecida nacionalmente. O Fantástico fez uma homenagem extraordinária para a atriz, que veio a falecer de câncer de pulmão. Há dois anos vinha lutando contra esse câncer, Zezinho - você que está aqui nos acompanhando -, sabendo que tinha oportunidade no mercado desse medicamento.

    Aí eu quero aqui perguntar a cada um dos atores, a cada um dos artistas: quem será a próxima vítima do câncer - ou de pulmão, ou de mama, ou de próstata, qualquer câncer que seja? Quem será a próxima vítima? Já foram feitos os testes deste medicamento, já está sendo utilizado em humanos. Nós temos, Sr. Presidente, resultados positivos. É de arrepiar o depoimento de pessoas, não é relato, como dizem alguns políticos, ou como dizem algumas autoridades: "Olha, nós temos relatos de doentes". Eu não respeito e não considero o relato de nenhum doente. Eu considero, dos doentes, o depoimento público, um depoimento que tem validade, um depoimento que é prova de que esse medicamento corresponde e dá certo.

    Se a atriz Marília Pêra tivesse acesso a esse medicamento e o tivesse tomado, com certeza hoje ela estaria dando continuidade ao Pé na Cova, aquela minissérie da Globo. Tantos outros filmes fez, tantas novelas fez, e infelizmente, ela se foi. Mas por que ela se foi? Por causa da nossa burocracia.

    Porque, infelizmente, há seres humanos que acham que, ao morrerem, vão levar o dinheiro junto, no caixão. Nem os mais ricos, bilionários ou trilionários conseguem levar um tostão a mais. Só vão ter um caixão diferente, um movimento de gente a mais no velório; mas infelizmente, para o lugar aonde vai um, vão todos.

    O câncer não escolhe se é autoridade ou se é pessoa de baixa renda, do Bolsa Família, ou se é preto, branco, moreno ou mulato, não interessa. Sendo ser humano, todos eles são passíveis de amanhã, infelizmente, estar com câncer.

    E por que o medicamento não está sendo liberado? Pelo excesso de medidas liminares. E hoje o desespero, Sr. Presidente, dessas famílias que vinham tomando e que agora está paralisado, voltando tudo a regredir.

    Eu estive com o Ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, poucos dias atrás, um moço novo, arrojado, determinado. Colocou os 17 laboratórios à disposição, um no Ceará, e está levando lá tanto o Meneguelo quanto o Durvanei, do Instituto Butantan, para começar a concluir essas pesquisas, só no papel, só no documento.

    Mas o que nós precisaríamos, neste momento de crise, é que o Governo Federal parasse de falar de impeachment, parasse de falar dessa gestão engessada em que está este Governo Federal no todo. E precisaria falar uma coisa: "vou fazer uma medida provisória para liberar a fosfo, para liberar esse medicamento para os pacientes de câncer em estado avançado."

    Presidente Dilma, por favor, pare de querer só se agarrar, mas faça mais algo de especial para a sociedade, para que essas mesmas pessoas possam ir à rua e defendê-la, Presidente Dilma. Faça isso. Não faça pelo Senador Ivo Cassol, que está pedindo, não. Faça, na verdade, um atendimento a quem está na minha retaguarda, a quem me colocou aqui, a quem está me ligando, quem está mandando mensagem. Ao Brasil inteiro, ricos e pobres, evangélicos e católicos, protestantes, luteranos, de todas as religiões.

    Infelizmente, Sr. Presidente, a cada momento fico sabendo, por um amigo, que há mais um amigo com câncer, mais uma amiga com câncer. E o medicamento está aí dando resultado - eu estou falando: dando resultado! Há gente no meu Estado que conseguiu o medicamento, que tinha nódulo de 6cm no seio, que sumiu depois de 26 dias tomando o medicamento. Tenho amigo no meu Estado com câncer de próstata, tomando o medicamento, e hoje está bom. Nós temos aqui, nesta Casa, o irmão da Maria Cecília, que é do Recursos Humanos, que foi minha assessora, e foi para casa, em Goiânia, para morrer, com quarenta e poucos anos. O câncer subiu da próstata para o fígado e foi para os pulmões, 18cm.

    Há quinze dias, o tumor só era de 7cm e ele estava dirigindo, estava com a vida normal. Quando estava no leito da cama para morrer, em Goiânia, o hospital falou que, infelizmente, não adiantava dar esse medicamento.

    São tantas provas e tantos depoimentos que existem, e hoje, neste País, só se fala de impeachment. Hoje, neste País, só fala em petrolão, corrupção. E eu dizia também do roubo dos diamantes, Senador Hélio, lá no meu Estado. Tantos meses e tantos anos eu fiquei como responsável, quando eu só queria legalizar. Hoje prenderam uma quadrilha no Brasil afora que estava lá se aproveitando dos diamantes. Eu quero o nome dessas pessoas envolvidas porque eles têm que pagar por isso.

    Mas não se fala da liberação desse medicamento para essas pessoas que estão aí com câncer e, infelizmente, estão sendo levadas, como aconteceu com a Marília Pêra. Ontem foi ela. E quem nos garante de que amanhã não seremos nós?

    Presidente Dilma, este é um momento difícil que a senhora está vivendo. Eu sei que não é fácil - já fui prefeito, já fui governador. Eu sei que a pressão popular, a pressão dos políticos, a pressão dos partidos em cima da senhora é muito grande, mas deixa algo concretizado, deixa algo realizado. Urgentemente, edita uma medida provisória liberando esse medicamento, para que os 17 laboratórios do Ministério da Ciência e Tecnologia comecem a processar esse medicamento e distribuam para essas pessoas com câncer. Se não pode para quem está no estado inicial, então que se coloque para quem já está na metade para frente, para quem não tem mais oportunidade de vida, sabe que está indo para casa para morrer.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Infelizmente, não é isso que alguns profissionais de saúde pensam. Nós temos muito médico oncologista sério, médico decente, mas nós também temos muito bandido, ladrão, desonesto, que só pensa no dinheiro e não está nem preocupado com a vida de quem está com câncer, a não ser ir lá e tomar o dinheiro dele.

    O Sr. Hélio José (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - DF) - Nobre Senador Cassol, queria, se V. Exª permitir...

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Com certeza.

    O Sr. Hélio José (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - DF) - Eu quero parabenizá-lo pelo entusiasmo que V. Exª coloca sobre essa questão da fosfoetanolamina. É um remédio que tem, realmente, feito um ibope muito grande. E eu acho que V. Exª tem razão porque aquela pessoa que está na desesperança tem, pelo menos, uma oportunidade de conseguir superar esse grave problema, que é o câncer. Então, eu creio que V. Exª tem total razão no sentido de fazer um apelo à agilidade dos nossos órgãos, a nossa Presidente da República, para pensar sobre a possibilidade de uma medida provisória pelo menos para as pessoas, como V. Exª falou, que estão do meio para frente e que estão na desesperança, como nós colocamos aqui, e já possam antecipar o uso dessa substância, que tem gerado muita esperança. Concordo com V. Exª. De fato, nós temos que parar de ser pessimistas. Não dá para ficar falando de impeachment, dessas confusões o tempo inteiro. Temos que pensar no Brasil que anda para frente, no Brasil que tem que se desenvolver cada vez mais e evoluir. E essa questão da liberação desse fármaco tão importante que é a fosfoetanolamina é um passo. Então, quero congratular-me com V. Exª e parabenizá-lo pelo discurso.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Obrigado, Senador José Wellington.

    O Sr. Hélio José (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - DF) - Hélio José.

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Hélio José. Desculpa. Hélio José, nosso amigo aqui de Brasília, que sempre nos recebe de braços abertos.

    Senador Hélio José, tanto é verdade que hoje a gente lê os jornais, liga o rádio, liga a televisão e só vê impeachment, crise, redução, a economia. Tenho conclamado a Presidente Dilma a fazer alguma coisa para os doentes. É o Governo Federal responsável por isso.

    Agradeço ao Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que abraçou esta causa depois de insistentemente falar com ele. Eu falei pessoalmente com ele por telefone. No começo, meio que desacreditou, mas depois foi convencido por amigos ou secretários e quer dar continuidade a esse trabalho da legalização.

    Mas não dá para aceitar, gente, que todo o mundo só esteja preocupado com o cargo, com o poder. Eu quero dizer que cargo e poder entram, cargo e poder saem, mas câncer que entra numa vida nos leva e nunca mais nos traz de volta.

    Portanto, quero aqui, mais uma vez, falar para os ministros que estão próximos da Presidente Dilma que parem de puxar o saco - porque ela é mulher, não é homem - e comecem a fazer algo de especial. Vamos juntos cobrar essa medida provisória, liberar os 17 laboratórios do Ministério de Ciência e Tecnologia que estão espalhados pelo Brasil afora. O medicamento é quase de graça. Nós estamos aqui para aprovar a CPMF, gente! Mais imposto para o povo brasileiro quando, na verdade, nós podemos economizar.

    Sr. Presidente, o senhor que foi Ministro da Previdência, Ministro Garibaldi Alves, para o senhor ter uma ideia, é só liberar que a economia vai ser de milhões de reais. E o tratamento tradicional? Que continue o tratamento tradicional, mas que não percamos nenhuma oportunidade que temos pela frente de novas descobertas. Isso é inaceitável! Na verdade, o que está acontecendo, hoje, com o bloqueio da liberação do medicamento para pessoas que estão usando e estão deixando de tomar é como se fosse um genocídio. Não dá para admitir como ser humano. Não posso aceitar como Senador da República.

    Portanto, se a Presidente Dilma editar uma medida provisória e colocar como lei para distribuir a fosfo para o povo que está com câncer, eu votarei na senhora. Mas, se a senhora não tomar providência contra o câncer, não contará com o Senador Ivo Cassol. Não conte com o Senador Ivo Cassol!

    Eu estou do lado do povo, especialmente de quem está enfermo, especialmente daquele que precisa de um alento e precisa de um apoio. Alguém vai dizer: "Mas Cassol, não tem nada a ver uma coisa com a outra!" Tem, sim! Tem, sim, porque foi aqui nesta tribuna do Senado, Sr. Presidente, que eu levantei essa bandeira e comecei a mexer com a sociedade, comecei a mexer com as lideranças, comecei a mexer com os pesquisadores.

    Na primeira audiência pública, Hélio José, nós trouxemos para cá - você também nos ajudou -, junto com a Senadora Ana Amélia, junto com o Senador Blairo Maggi, junto com o Moka, junto com o Alvaro Dias, o depoimento dos pacientes que estão se tratando com esse medicamento.

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - Eu não estou preocupado se lá na questão fiscal deixou de ser para lá ou deixou de ser para cá. Eu estou preocupado é com a paralisação que aconteceu da distribuição do medicamento, da fosfoetanolamina. É um medicamento que dá oportunidade de uma vida melhor para quem está com câncer.

    Eu estou preocupado é com isso, gente! Eu estou preocupado com a vida das pessoas. O restante, tudo é passageiro.

    O Ministro da Previdência usou o cargo passageiramente. Nós somos Senadores hoje passageiramente. Nós fomos alguma coisa ontem passageiramente.

    Mas a nossa vida, quando nos levar, nós não vamos conseguir voltar atrás. Nós não vamos poder fazer outras coisas. Nós vamos deixar só alguns, muitos, com saudades.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu agradeço o carinho especial, mas quero conclamar a sociedade inteira, do mais rico ao mais pobre, não interessa se é católico, evangélico, protestante, luterano...

(Soa a campainha.)

    O SR. IVO CASSOL (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RO) - ... qualquer religião, mas que são, acima de tudo, seres humanos, que têm um coração imenso, do tamanho do Brasil: abracem essa causa juntos! Vamos todo mundo junto! Vamos fazer manifestação! Vamos para a rua!

    Eles não fazem greve para isso, para aquilo, para aquilo outro? Vamos começar a fazer greve. Não pode falar, porque é Senador? Eu não nasci Senador!

    Eu estou aqui preocupado em defender a vida das pessoas. Eu estou aqui preocupado em defender a liberação desse medicamento no nosso Ministério de Ciência e Tecnologia, e o Ministro Celso Pansera já se colocou à disposição. É isso que nós precisamos, e é isso que eu cobro.

    Por isso, quero aqui pedir, para encerrar, que todos os amigos e amigas do Brasil afora, e do meu Estado de Rondônia, que nas suas orações coloquem o meu nome, o nome da Presidente e de todas as autoridades, para que liberem esse medicamento, para que as pessoas que estão com câncer possam, pelo menos, ter uma oportunidade de vida a mais junto com os seus familiares.

    Obrigado, Sr. Presidente.

 

    


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2015 - Página 73