Discurso durante a 30ª Sessão Conjunta, no Congresso Nacional

Repúdio ao suposto tratamento violento dispensado pelos governos de São Paulo e do Paraná aos estudantes e professores.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Repúdio ao suposto tratamento violento dispensado pelos governos de São Paulo e do Paraná aos estudantes e professores.
Publicação
Publicação no DCN de 03/12/2015 - Página 35
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, SÃO PAULO (SP), ESTADO DO PARANA (PR), MOTIVO, REPRESSÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, OBJETIVO, OCUPAÇÃO, ESCOLA PUBLICA.

     A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sras. e Srs. Senadores, o que me traz à tribuna neste momento é falar sobre um fato triste que vem acontecendo no Estado de São Paulo e que envergonha a democracia brasileira.

    Ontem, nesta Casa, tanto eu quanto outros Parlamentares, falamos da forma como o Governo do Esta- do de São Paulo, como a Polícia do Estado de São Paulo tem tratado os estudantes que fazem um movimento ordeiro de ocupação das escolas em defesa das escolas públicas, para que não fechem.

    Ontem vários estudantes foram presos, inclusive a Presidenta da UBES -- União Brasileira dos Estudantes Secundaristas -- entidade a que pertenci. Eu participei de movimentos estudantis, fui diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e sei da sua importância para o movimento estudantil, para a participação da juventude na política.

    Ontem, repito, houve a prisão da nossa Presidenta da UBES, que inclusive é paranaense, Sr. Presidente. Isso é lamentável, porque a última prisão de Presidente da UBES foi na ditadura militar. Envergonha-nos muito uma situação desta no Brasil: o maior Estado brasileiro lança mão, sua polícia lança mão, sua área de segurança lança mão de prender estudantes secundaristas.

    Hoje essas prisões continuaram. Outros estudantes foram presos e estão sendo tratados com violência. Nós vimos nas fotografias, ontem inclusive, policiais apontando armas para estudantes, para meninos e meninas. Isto é muito ruim, Presidente, para o Congresso Nacional, se não houver um posicionamento claro e firme nosso em defesa desses meninos e dessas meninas que estão lutando pela educação pública brasileira.

    Aliás, a educação no meu Estado também foi objeto de ação de polícia. O Governador Beto Richa, no dia 29 de abril, patrocinou um dos piores momentos da democracia brasileira, quando colocou a polícia, incitando cachorros e jogando bombas de gás contra os professores que faziam manifestação para evitar perdas de direitos. Enfim, promoveu um verdadeiro massacre contra os professores paranaenses.

    Eu fico me perguntando se esta é a postura normal do PSDB de tratar a educação brasileira: no Paraná, inicia o ano batendo nos professores e encerra o ano prendendo estudantes. Seria muito importante que os Líderes do PSDB viessem aqui nos explicar por que acontece isso nos Governos de São Paulo e do Paraná, Estados importantes.

     Por que a educação é tratada dessa maneira? Por que estudantes e professores, em vez de diálogo, de

recursos para educação, de programas e projetos para desenvolvimento de área tão importante para o desenvolvimento do País, têm polícia, prisão, cachorros, bombas? Acho que isso precisa de uma justificativa, uma explicação neste plenário.

    Não é possível que na democracia que nós temos, conquistada com a luta de tantos que estão aqui, inclusive de muitos que foram colegas de movimento estudantil, que militaram em entidades do movimento estudantil, sejam secundaristas, sejam universitárias, sejam grêmios estudantis, sejam representações metropolitanas de estudantes -- muitos de nós viemos dessa militância --, não nos posicionemos de maneira firme na defesa desses estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, da escola pública, da educação.

    Portanto, eu queria fazer um apelo aqui, Sr. Presidente, para que nós fizéssemos -- e vou apresentar junto com outros Congressistas -- moção de repúdio ao que está acontecendo no Estado de São Paulo, lamentando o tratamento dado aos estudantes, a falta de diálogo, a falta de posicionamento democrático.

    Não é assim que se trata a educação! Não é assim que se trata a juventude! Nós queremos que a juventude participe do processo político brasileiro, que esteja lado a lado com a população, debatendo temas importantes. Quando a juventude se mobiliza para lutar por uma causa que lhe é cara e necessária, que é o fortalecimento da educação e da escola pública, é tratada com polícia, é tratada com arma.

    Registro aqui meu mais veemente repúdio ao tratamento que o Governo do Estado de São Paulo está dando aos nossos jovens e reitero o repúdio que já fiz ao Governo do Estado do Paraná por tratar de forma

desrespeitosa nossos professores.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 03/12/2015 - Página 35