Comunicação inadiável durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da iniciativa das mulheres na disputa por cargos políticos no País e satisfação com os eleitores gaúchos que fiscalizam o desempenho de S. Exª.

Registro da preocupação com o aumento do desemprego decorrente da crise na economia, em especial na região de Porto Alegre.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Defesa da iniciativa das mulheres na disputa por cargos políticos no País e satisfação com os eleitores gaúchos que fiscalizam o desempenho de S. Exª.
TRABALHO:
  • Registro da preocupação com o aumento do desemprego decorrente da crise na economia, em especial na região de Porto Alegre.
Aparteantes
Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 25/02/2016 - Página 24
Assuntos
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Outros > TRABALHO
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, INICIATIVA, MULHER, DISPUTA, CARGO, POLITICA, COMENTARIO, VIDA PUBLICA, ORADOR, CARREIRA, JORNALISMO, ELOGIO, ELEITOR, ORIGEM, RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, COBRANÇA, DESEMPENHO FUNCIONAL, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADOR.
  • APREENSÃO, AUMENTO, DESEMPREGO, ENFASE, LOCAL, PORTO ALEGRE (RS), RIO GRANDE DO SUL (RS), RESULTADO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, COMENTARIO, RESPONSABILIDADE, CONGRESSO NACIONAL, RETOMADA, CRESCIMENTO.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Cara Senadora Angela Portela, Senadora Vanessa, nossa Procuradora combativa e ativa, eu faria a pergunta que fez a Vice-Presidente e Senadora Gabriela Michetti, uma pessoa que encantou a todos nós na visita que fez a este plenário e ao Presidente. No momento em que V. Exª a estava recebendo, eu estava aqui presidindo a sessão. Foi muito agradável, tanto quanto o almoço no Itamaraty.

    Com relação à pergunta dela: "Homens, por que tão poucas mulheres?", eu penso que deve ser feita para as mulheres: "Mulheres, por que vocês não entram na política? Por que vocês não protagonizam a política?". Nós não devemos terceirizar responsabilidades, nós temos que lutar pelo nosso espaço. É o que estamos fazendo, Senadora Vanessa, mas precisamos ter um protagonismo mais eficaz, e não cobrar dos homens. Se depender deles, nosso espaço sempre será pequeno. Nós vamos conquistá-lo a ferro e fogo. E dessa forma vamos continuar lutando. Eu fico grata pela compreensão da abordagem do tema.

    A Senadora Angela Portela também é combativa. Advogada competente, uma pessoa ligada ao setor público, à área de representação social, de movimentos sociais, e à área sindical, mas eu me pergunto: por que ela chegou aqui? Chegou por lutar, por representar algum setor, algum segmento.

    Da mesma forma V. Exª, que, depois de ser Deputada, veio para o Senado.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senadora Ana Amélia, eu quero cumprimentá-la e dizer que são gestos como esse de V. Exª que animam e trazem muitas mulheres para a política. Parabéns. É isto mesmo, nós não nos cansamos na luta de conquistar o espaço que nos é de direito. Parabéns, Senadora.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Obrigada, minha querida Procuradora.

    É exatamente a minha compreensão. Quer dizer, eu larguei uma zona de conforto. Eu era jornalista há 40 anos. Poderia ter ficado lá, as demandas eram muito mais tranquilas, mais cômodas. Você fica falando sobre as pessoas, você as agrada ou desagrada, mas é algo muito mais tranquilo e mais sereno.

    Aqui não, aqui é uma cobrança permanente. Eu tenho 3,5 milhões de patrões, que são os meus eleitores. Além deles, eu tenho toda a sociedade gaúcha. E é assim que tem que ser. É preciso que seja assim, que haja fiscalização, uma permanente vigilância para que avaliem o nosso desempenho. Essa é a melhor forma para que o eleitor não se queixe depois: "A minha Senadora não está fazendo o trabalho como eu esperava que ela faria". Então, eu fico muito feliz quando vejo a avaliação e as contribuições que a população dá ao nosso mandato.

    Mas eu queria hoje subir à tribuna, brevemente, Senadora Angela Portela e caros colegas Senadores, nossos telespectadores da TV Senado - certamente, você que está longe, em algum recanto do Brasil, acompanhando esta sessão do Senado -, para dizer que uma das coisas mais graves no momento é o temor do brasileiro e da brasileira de perder seu emprego, o que é razoável. O emprego é uma segurança social, não apenas da preservação da sua sobrevivência, do seu bem-estar, da sua forma segura de viver e de prover a família, especialmente de mães e pais, que têm essa responsabilidade.

    Hoje, somente na região metropolitana da minha capital, a querida Porto Alegre, com cerca de 4 milhões de habitantes, 180 mil pessoas estão desempregadas - 180 mil. E o levantamento é insuspeito, é do Dieese, o departamento intersindical que fez essa avaliação, chegando a 9,7% em janeiro o desemprego, contra 5,7% no primeiro mês de 2015. Ou seja, na comparação 2015-2016, nós saltamos de 5,7% para 9,7% da população economicamente ativa desempregada na Região Metropolitana de Porto Alegre.

    O número total de desempregados nessa região, conforme dados divulgados hoje em nossa capital, indica um aumento de 66,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 108 mil trabalhadores não tinham emprego na região metropolitana da capital gaúcha.

    No mês passado, a taxa geral de desemprego chegou a 9,7%, contra 5,7% em janeiro de 2015, num aumento de 70%. O índice é o maior para janeiro desde 2009, quando atingiu a marca de 10%. No primeiro mês de 2010, o indicador também ficou em 9,7%.

    O índice ocupacional do setor de serviços teve uma redução de 8,1% em 12 meses, o que corresponde a 84 mil trabalhadores. A indústria de transformação registrou um recuo maior nessa taxa, que caiu 10,8%, mas menor em relação ao nível de ocupados -- menos 32 mil.

    Por outro lado, o setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas apresentou um pequeno aumento de 1,2%, que corresponde a mais 4 mil trabalhadores.

    O setor de serviços também teve uma perda grande: 84 mil, em um universo imenso, mas não em número tão intenso quanto os 32 mil da indústria, comenta a coordenadora da PED-RMPA, Virginia Donoso.

    No caso dessa preocupação, a gente pode também confirmar que o levantamento da pesquisa divulgada pela CNT, nesta quarta-feira, sobre o resultado registrado, mostra que mais da metade da população teme ficar desempregada.

    Com esses números só de Porto Alegre é natural que ocorra uma preocupação enorme dos trabalhadores de todos os setores com o desemprego. Essa pesquisa divulgada hoje pela Confederação Nacional dos Trabalhadores mostra que 53,7% dos entrevistados temem ficar desempregados devido ao desaquecimento da economia brasileira. Em outubro de 2005, esse percentual era de 52,7%.

    Entre a população, 82,4% conhecem alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses e 51,2% gostariam de abrir um negócio próprio. A inadimplência chegou a 38% dos entrevistados, que deixaram de pagar alguma conta, entre 2015 e 2016, devido ao aumento dos custos, enquanto 59,3% dos entrevistados adiaram alguma compra ou aquisição de serviço por causa da crise.

    Esse adiamento reflete também o desaquecimento. O comércio vende menos, a indústria produz menos e o desemprego aumenta, na medida desse desaquecimento.

    Essa é a maior preocupação na percepção da população pesquisada. Ou seja, a crise econômica é maior e mais perversa até do que a crise política, que tem reflexos aqui, no debate político e nas ações políticas, Senador Paim, mas a perversidade da crise econômica é deixar um trabalhador chegar em casa sem a tranquilidade de saber que os filhos terão comida, que ele poderá fazer as compras da feira ou do rancho, como nós chamamos no Rio Grande do Sul.

    Uma pauta muito presente na sua agenda legislativa, nossa preocupação hoje, com a responsabilidade que temos, no Senado Federal ou no Congresso Nacional, é defender uma retomada do crescimento econômico, sem a qual nós não vamos resolver a crise. A perspectiva, pelo menos na percepção das pessoas, Senador, é que essa recuperação só virá dentro de três ou quatro anos. É um tempo muito longo. Se essa crise se aprofundar, nós teremos ainda mais problemas. A questão social é talvez o lado mais difícil, mais negativo e mais perverso da crise econômica profunda que nós estamos vivendo.

    Lamentavelmente, hoje também tivemos a notícia do rebaixamento da nota da Agência Moody's, que revela - eu diria - uma preocupação do mundo e dos investidores internacionais com a situação interna do País, um País que era visto e desejado como o grande potencial de mercado, um mercado de quase 200 milhões de consumidores, que atraía todo mundo. E agora até as empresas brasileiras estão...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - .... de alguma forma, fugindo daqui, agoniadas que estão pelo excesso de custos, pelo encarecimento da produção e por uma série de outros problemas que estão acontecendo.

    A sua sensibilidade me chama a atenção, Senador Paim.

    Estou quase perdendo a voz, mas vou lhe dizer que talvez esses carpetes aqui, cheios de ácaros, agravem a nossa alergia, não só a minha, mas de todos os outros colegas Senadores e Senadoras, como também a dos servidores da Casa.

    De qualquer modo, venho à tribuna porque V. Exª, na Presidência desta sessão, conhece muito bem esses problemas nos quais temos de continuar trabalhando.

    Hoje tivemos reunião com o Governador do Rio Grande do Sul, um Estado que vive e enfrenta uma situação muito complicada. O próprio Governador nos disse, agora há pouco, ao Senador Lasier Martins, a V. Exª e a mim, que houve uma queda substancial da receita advinda do ICMS, que é o imposto mais importante e que é uma espécie de termômetro da atividade econômica. Caiu o ICMS porque caiu a atividade econômica. Isso também agrava a situação do endividamento dos Estados e Municípios.

    Muito obrigada, caros colegas Senadores.

(Durante o discurso da Srª Ana Amélia, a Srª Angela Portela, 4ª Secretária, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Paulo Paim.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/02/2016 - Página 24