Explicação pessoal durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicação pessoal referente às acusações do Senador Roberto Requião, de que S. Exª teria ligações com empresas multinacionais, como a Shell, em razão do projeto apresentado para retirar da Petrobras a exclusividade na exploração de petróleo do Pré-sal.

Autor
José Serra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: José Serra
Casa
Senado Federal
Tipo
Explicação pessoal
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Explicação pessoal referente às acusações do Senador Roberto Requião, de que S. Exª teria ligações com empresas multinacionais, como a Shell, em razão do projeto apresentado para retirar da Petrobras a exclusividade na exploração de petróleo do Pré-sal.
Publicação
Publicação no DSF de 25/02/2016 - Página 51
Assunto
Outros > MINAS E ENERGIA
Indexação
  • CRITICA, ROBERTO REQUIÃO, SENADOR, ACUSAÇÃO, HONRA, ORADOR, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, REFERENCIA, LIGAÇÃO, GRUPO, EMPRESA MULTINACIONAL, COMBUSTIVEL, BENEFICIARIO, ENCERRAMENTO, EXCLUSIVIDADE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), EXPLORAÇÃO, PETROLEO, PRE-SAL, JUSTIFICAÇÃO, APRESENTAÇÃO, PROPOSTA.

    O SR. JOSÉ SERRA (Bloco Oposição/PSDB - SP. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o que eu tenho a lamentar é que a falta de argumentos passe a ser substituída por ataques pessoais com relação a infâmias divulgadas e nunca comprovadas pela imprensa. Nunca conversei, durante nenhuma das minhas campanhas, com nenhum empresário estrangeiro ou mesmo nacional a respeito de interesses neste ou naquele setor - o próprio Ministério Público Federal descartou qualquer tipo de denúncia dessa natureza. Lamento aqui que o Senador Requião, à falta de argumentos, venha a fazer um ataque pessoal.

    Tenho a minha folha de serviços prestados ao País, que inclui, não só a defesa dos interesses nacionais, não só da própria Petrobras, como 14 anos de exílio, perseguido pela ditadura militar, e não posso admitir que, para efeito de uma discussão que tem que ser baseada em argumentos, se promovam ataques dessa natureza, que até agora eram um monopólio dos blogues sujos, mantidos por dinheiro inclusive do Governo, que infernizam o País.

    Por outro lado, diz o Senador Requião que as empresas multinacionais, a Shell e outras, vão se "refastelar" com a aprovação do meu projeto, mas ele diz, ao mesmo tempo, que ninguém vai investir, e não há um mínimo de lógica dentro dessa situação, nem um mínimo de lógica.

    A única coisa que o projeto faz é tirar a obrigatoriedade de uma empresa que foi posta de joelhos pelas administrações dos governos do PT. É tirar a obrigatoriedade de essa empresa ter que investir em cada poço do pré-sal mais ainda, com 30%.

    Vejo também que há uma ignorância grande, por parte daqueles que mais atacam, de que existe em cada área do pré-sal uma empresa da Pré-Sal S.A. É uma empresa pública, do Governo, em que o Presidente dessa empresa tem toda a capacidade de intervir ao longo de todo o processo produtivo e de exploração. Eu verifico, às vezes, quando converso com um ou outro, que as pessoas sequer sabem da existência dessa empresa, que, aliás, foi aprovada num projeto de lei aqui, em 2010, tanto no Senado quanto na Câmara.

    Por outro lado, além de tirar esta obrigatoriedade, o projeto prevê a preferência. E, olha, essa imagem da dona de casa que fala etc. é uma imagem paupérrima, não resiste. A única graça que causa é pelo fato de que é totalmente descabida para efeito de fazer um paralelo. Totalmente.

    Ninguém está entregando nada. Ninguém está levando nada embora. Tudo continua nas mãos do Poder Público. Apenas a Petrobras não é obrigada a investir. Apenas isso. Se ela quiser, em um mês, ela manifesta sua intenção e ela que controlará o posto, Senador Cristovam.

    Então, em que mundo estamos? A menos que se tenha também um conceito do Governo Dilma - seria surpreendente, porque são pessoas da sua Base - de que aproveitará o projeto para vender as concessões do pré-sal, nos leilões do pré-sal, na Bacia das Almas.

    Ora, por outro lado, já mostrei aqui, e quero insistir nesse ponto, que o fato de que os preços do petróleo hoje estejam baixos não significa que isso vá acontecer permanentemente. Há um processo cíclico, claro. Basta pegar quando começaram as concessões do Brasil, o preço do petróleo era semelhante ao atual. Era semelhante. No entanto, houve investimentos. O preço do petróleo não vai continuar sempre assim. Mais ainda, um campo do pré-sal demora oito anos para começar a ser explorado e trinta anos de produção, Senador Cristovam. Então, realmente, achar que todo determinante é o curtíssimo prazo não tem nenhum cabimento.

    E eu queria aqui, novamente, homenagear alguém que faz falta aqui, neste Plenário, faz falta o seu pensamento, que é o Haroldo Lima, que foi Presidente da ANP durante todo o governo Lula.

(Soa a campainha.)

    Pode-se acusar o Haroldo Lima de muita coisa, menos de ser um homem desonesto, incoerente e de não ser nacionalista, democrático, comunista, do PCdoB. Haroldo Lima escreveu um artigo, que recomendo para todos os Senadores, defendendo o projeto. Creio que ninguém vá achar que Haroldo Lima está a serviço de alguma multinacional de petróleo ou de fábrica de bolinha de pingue-pongue. É um homem que escreve de acordo com as suas convicções, com a sua experiência, com o seu conhecimento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/02/2016 - Página 51