Pela Liderança durante a 23ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao ex-Presidente Lula, com ênfase às supostas ameaças ao DEM, e defesa do impeachment da Presidente da República.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao ex-Presidente Lula, com ênfase às supostas ameaças ao DEM, e defesa do impeachment da Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/2016 - Página 47
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENFASE, AMEAÇA, EXTINÇÃO, PARTIDO POLITICO, DIRETORIA DE ENGENHARIA DA MARINHA (DEM), HIPOTESE, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, DEFESA, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, indiscutivelmente o tema de hoje diz respeito a tudo que ocorreu nessas últimas horas. Toda a sociedade brasileira está ansiosa, preocupada, vendo o quadro político se agravar a cada momento, e não há uma solução política, para que possamos sinalizar um mínimo de tranquilidade para a sociedade brasileira. Sr. Presidente, este assunto merece ser tratado e esta Casa não pode desviar do assunto principal para aqui tratar de assuntos menores, sendo que a sociedade brasileira clama por uma solução definitiva e também pela recuperação da economia e da perspectiva de termos emprego no País.

    Diante dos fatos ocorridos, numa somatória que exatamente está chegando ao fim deste processo, que todos nós sabíamos que chegaria ao ex-Presidente Lula, há uma somatória, desde a prisão do marqueteiro João Santana e depois com a delação premiada do Senador Delcídio do Amaral, que, indiscutivelmente, com tudo aquilo tornado público, transformou-se em réu confesso, mas, ao mesmo tempo, como Líder de Governo, conseguiu mostrar que toda a estrutura que ali foi trabalhada, iniciada no processo de mensalão e evoluindo para o processo do petrolão, teve origem exatamente dentro do Palácio do Planalto, com a orientação, com as diretrizes, com as metas que haviam sido ali elaboradas e muito bem trabalhadas pelo ex-Presidente Lula e continuadas pela atual Presidente Dilma Rousseff, que se beneficiou de todo esse processo, para poder ter sua eleição e sua reeleição garantidas, usando exatamente essa estrutura e essa máquina do Poder.

    Eu gostaria de ter aqui o Senador Lindbergh, quando ele diz da democracia e do gesto democrático do ex-Presidente. Esqueceu-se de quando, no interior, se não me engano, de Santa Catarina, o ex-Presidente Lula proclamou lá, em um grande comício, que iria extirpar o Democratas da vida pública nacional. Ora, vejam bem a pretensão e a arrogância do ex-Presidente: "Vou extirpar o Democratas da vida política!"

    Está enganado! Tentou todas as manobras, e é mais um capítulo do petrolão. Criou um partido, estimulou, comprou, cooptou, transformou um partido em um partido do Palocci, do Palácio do Planalto, para desidratar o Democratas.

    O Democratas perdeu 17 Deputados Federais. Nem por isso perdeu a fibra, perdeu a competência. Isso, porque os que foram, sem dúvida nenhuma, faziam parte da parte gordurosa do Partido, e a parte muscular se manteve intacta e, cada vez, com mais capacidade de luta.

    Ora, o Democratas, ao mesmo tempo...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ...vem denunciando todos esses fatos, mostrando a gravidade para que o Brasil caminha. E, no entanto, é muito comum o PT dizer que não tem nenhuma preocupação com o momento, que as coisas vão tramitar tranquilamente. Mas o que estamos assistindo hoje é algo gravíssimo.

    Quando falam da afronta que o ex-Presidente sofreu, é importante que seja dito aqui, na tribuna do Senado Federal, que, na primeira vez em que o ex-Presidente foi intimado para prestar depoimento sobre o seu triplex e o seu sítio de Atibaia, o Deputado Paulo Teixeira entrou com uma ação para que ele não fosse ouvido, e teve uma liminar concedida. Em um segundo momento, Sr. Presidente, o próprio advogado do ex-Presidente Lula também entrou no Supremo Tribunal para que ele não fosse ouvido sobre o caso do triplex e também do seu sítio de Atibaia. Ora, o que resta ao Poder Judiciário fazer? Exatamente exigir que ele seja levado, para que possa esclarecer todos esses fatos em relação aos quais a sociedade brasileira quer exatamente um esclarecimento.

    Eu disputei eleição com o Presidente Lula em 1989. Ele se vangloriava exatamente de ser defensor dos pobres, dos humildes; de ter tido uma vida simples, singela, afirmando que essa era a sua trajetória de vida. O que mais macula, o que mais dói no Presidente Lula é ele não ter cumprido o seu discurso.

    A sua consciência não admite ver que ele errou, e, por isso, ele reage tão brutalmente, quando a Operação Lava Jato mostra, com toda a clareza, que o triplex é do Lula,...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... que o sítio em Atibaia é do Lula e que, ao mesmo tempo, milhões e milhões de reais que foram repassados ao Instituto Lula foram também usados indevidamente até para repasse a seus próprios filhos. Isso é que mata todo o discurso do ex-Presidente Lula; descredencia; faz cair a máscara; mostra que, sem dúvida alguma, ele se transformou naquilo que ele mais condenava desde 1989. E, de repente, ele é a figura mais recente daquilo que o Brasil não admite, e que ele criticava.

    Ora, no momento em que a sociedade brasileira clama por transparência, por respeito ao dinheiro público, esses escândalos todos vão sendo respondidos pelo ex-Presidente Lula não de uma maneira convincente de como comprou o triplex, de como adquiriu o sítio em Atibaia, de como construiu o instituto e a sua empresa pessoal. E depois vem desviando o foco para uma agressão contra o Poder Judiciário, contra o Ministério Público, contra o Juiz Federal Sergio Moro, contra a imprensa e, ao mesmo tempo, conclamando a sociedade brasileira para o enfrentamento e para a luta de classes.

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Em vez de sair, depois do depoimento - postura que deveria ter de um ex-Presidente, com a responsabilidade que tem - para refletir com os seus familiares e reconhecer os erros que praticou, não! Ele foi exatamente para a sede do PT, enfrentando, ironizando e, cada vez mais, convocando a sociedade para o enfrentamento e para a luta de classes.

    E o pior é o que aqui também foi colocado na tribuna - para finalizar, Sr. Presidente - em relação à Presidente Dilma, pois nós sabemos do momento de ingovernabilidade, porque o Lula derrubou o seu Chefe da Casa Civil, o Ministro Mercadante, derrubou o seu Ministro da Fazenda, o Joaquim Levy, e derrubou agora o Ministro da Justiça. O Brasil, neste momento, não tem o mais importante Ministério da República, que é o Ministro da Justiça. Por isso, nós assistimos à Presidente prisioneira do ex-Presidente. Essa é a realidade. E, nesta hora, a Presidente da República, sem cumprir as regras a que ela está submetida, sem dúvida alguma, praticando um crime de improbidade administrativa, utiliza todo o aparato de Governo, a máquina, o avião, o helicóptero, toda a segurança, para poder ir fazer uma visita político-partidária ao ex-Presidente Lula. E o mais grave: ela acena dali, da varanda do apartamento do ex-Presidente, com o gesto, logicamente, realmente, refletindo exatamente o apoio que ela dá a um cidadão que está sendo denunciado, investigado pela Operação Lava Jato. Jamais uma Presidente da República, na liturgia do cargo, na importância de Chefe de Estado e Chefe de Governo, poderia ir lá prestar solidariedade ao ex-Presidente. Com isso, ela feriu, sem dúvida alguma, todas as regras da prática do exercício da Presidência da República e afrontou a maioria dos brasileiros. E, indiscutivelmente, nós protocolamos, na tarde de hoje, uma representação por crime de improbidade administrativa da Presidente Dilma junto à Procuradoria Geral da República.

    Srs. Parlamentares, nobre Presidente, eu encerro dizendo que nós temos que buscar aqui, no Congresso, uma saída política. Do contrário, é o que querem. E o jogo do ex-Presidente é exatamente conflagrar e...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... levar para a luta de classes, para o enfrentamento, criando um clima de convulsão social. E nós temos que ter a responsabilidade de darmos prioridade àquilo que a sociedade deseja que é uma saída, porque a sociedade não suporta mais ver todo dia sendo procrastinada a solução da crise. A saída é exatamente o que o Congresso pode fazer, é o impeachment da Presidente da República, é dar continuidade a ele, já que o Supremo publicou os acórdãos no dia de hoje. Eu sei que o sentimento da sociedade, na maior parte da população, não é o impeachment; a vontade do Brasil seria uma nova eleição para que o novo Presidente da República pudesse resgatar a autoestima do povo e fazer o que o Presidente da Argentina está fazendo com aquele país. Aí, sim, nós teríamos uma rapidez maior para sairmos dessa crise. Infelizmente, o que a Casa pode propor...

(Soa a campainha.)

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... é exatamente o avanço do processo de impeachment. É isso o que nós vamos poder fazer, principalmente com a condição de, a partir de agora, trabalharmos para uma solução para a crise, que é exatamente priorizar o processo. Que ele seja iniciado na Câmara dos Deputados, e já foi iniciado, e que chegue, após 15 sessões, para ser apreciado o mérito no Senado Federal. A solução é exatamente a substituição da Presidência do País, que, realmente, instalou e criou a ingovernabilidade.

    Muito obrigado.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/2016 - Página 47