Pela Liderança durante a 25ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do músico pernambucano Naná Vasconcelos.

Defesa da gestão do Governo Federal, com ênfase à atuação da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento do músico pernambucano Naná Vasconcelos.
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa da gestão do Governo Federal, com ênfase à atuação da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2016 - Página 19
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ENCAMINHAMENTO, VOTO DE PESAR, MORTE, MUSICO, ORIGEM, OLINDA (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, OBRA ARTISTICA.
  • DEFESA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, COMENTARIO, PROGRAMA DE GOVERNO, CRIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SOLICITAÇÃO, RESPEITO, DILMA ROUSSEFF, RESULTADO, ELEIÇÕES.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, é com muito pesar que venho a esta tribuna, na tarde de hoje, registrar e solicitar um voto de pesar pelo falecimento de um dos mais virtuosos músicos brasileiros, o pernambucano Naná Vasconcelos. Naná tinha 71 anos e faleceu nesta manhã em Recife, onde estava internado há nove dias por causa de complicações provocadas por um câncer de pulmão.

    Ele nasceu em Olinda, em 1944, e, seguindo a escola do pai, que também era músico, aprendeu bateria, apaixonou-se pelos tambores do maracatu e pelo berimbau. Foi assim, com muito trabalho e com muito amor pela arte que adotou como uma profissão de fé, que Naná Vasconcelos sagrou-se um dos maiores percussionistas do Planeta. Gravou dois discos com Milton Nascimento; foi parceiro do também pernambucano Geraldo Azevedo; integrou o grupo de jazz Codona, formado nos Estados Unidos; fez trilhas sonoras para diversos filmes americanos e trabalhou com o multi-instrumentista Egberto Gismonti.

    Seu talento ganhou o mundo, e ele o dedicou, fundamentalmente, a melhorar a vida das pessoas. O seu projeto Língua Mãe, que reuniu crianças de três continentes, foi um exemplo da sua dedicação à música como instrumento de transformação.

    Sob a sua batuta, o Carnaval de Recife era aberto anualmente, desde 2001, com ele à frente de 12 maracatus, com 600 batuqueiros e com o coral Voz Nagô, obra sua, mostrando a uma multidão aglomerada no Recife Antigo a beleza multicultural da nossa festa.

    Naná foi o único músico brasileiro a ganhar oito vezes o Grammy, o maior prêmio da indústria fonográfica mundial, e, por consecutivas vezes, foi eleito por revistas especializadas americanas como o maior percussionista do Planeta.

    A morte desse grande pernambucano, na manhã de hoje, silencia um pouco da cultura brasileira e deixa o mundo órfão da genialidade dos sons criados por Naná.

    Eu gostaria, nesse sentido, de apresentar um voto de pesar pelo falecimento desse gigante da nossa arte, que restará vivo na obra que nos legou. Em nome do Governo, também apresento à família o nosso mais sincero pesar.

    Eu também gostaria de fazer, neste dia posterior ao Dia Internacional da Mulher, um chamamento a uma reflexão sobre esta terrível chaga social que é a violência de gênero, que vitima milhares de mulheres neste País, e de traçar um paralelo com o cenário político atual.

    Hoje, o Brasil é governado por uma mulher, que os brasileiros elegeram em 2010 e reconduziram ao cargo, pela vontade soberana das urnas, em 2014: a Presidenta Dilma Rousseff. É uma mulher cuja história de lutas em favor da democracia e das liberdades todos conhecemos; uma mulher que, sob o regime militar, foi vítima da violência covarde perpetrada pelo próprio Estado, que são a prisão política e a tortura praticada por agentes estatais.

    Atualmente, nós enxergamos essa mulher, uma vez mais, sendo vítima de uma nova violência política, agora carreada por aqueles que não aceitam sua incontestável vitória, por aqueles que pretendem derrubar na marra alguém que chegou aonde está pelo voto popular. É uma campanha engendrada em várias frentes - política, jurídica, midiática -, sem se atentar para o fato de que se está vitimando o País com essa crise alimentada diuturnamente por gente interessada nas satisfações de seus caprichos eleitorais. Já passou da hora de levarmos a sério a gravidade do momento e de colocarmos os interesses do País na frente dos próprios.

    Numa democracia, as disputas pelos cargos eletivos devem ocorrer nas urnas, e não nos tribunais, ou corrompendo ritos constitucionais. Em outubro deste ano, haverá eleições municipais, e a oposição pode dar uma excelente demonstração da força que possui, disputando as prefeituras de todo o País. É daí que vai emergir a sua estatura política, e não do tapetão, por meio do qual quer apear uma mulher legitimamente eleita, contra a qual não pesa qualquer acusação que lhe macule a honra.

    Então, essa violência política praticada contra Dilma - e, por extensão, como assistimos com assombro, na semana passada, ao ex-Presidente Lula -, a quem querem impor o absurdo de um impeachment preventivo, quem querem destruir pelo medo da sua força política, não serve ao País, nem ilustra a nossa democracia.

    Vamos elevar o nível do debate, vamos alargar o diálogo, para construir um Brasil a várias mãos. É esta a dinâmica de um Estado democrático: nós debatemos ideias e, nas urnas, disputamos a confiança do eleitor sobre as nossas propostas.

    O nosso Governo não está interessado nesse imobilismo político em que estão metendo o Brasil. Nós seguimos, conversando com todos os setores da sociedade, trabalhando vivamente para encontrar saídas para esse quadro de crise.

    Já reduzimos o déficit habitacional brasileiro em mais de 10%, graças a programas como o Minha Casa, Minha Vida. Estamos mantendo para os brasileiros mais carentes o importante suporte do Bolsa Família e do Brasil sem Miséria. Temos avançado com obras fundamentais de infraestrutura e começamos a colher resultados favoráveis na economia, como os sucessivos superávits da balança comercial. Agora mesmo, na primeira semana de março, com somente quatro dias úteis, contabilizamos mais de US$1,2 bilhão de saldo positivo, especialmente com a venda de manufaturados. Também houve reduções da tarifa de energia elétrica, aumento da taxa de empreendedorismo, recuo dos indicadores de inflação. Mesmo uma leve recuperação da indústria já começa a ser sentida, como demonstra o avanço havido em janeiro na produção industrial, o primeiro após sete meses de queda.

    Então, o Governo reage, o País reage, os brasileiros reagem à situação. Os políticos precisam fazer a mesma coisa: reagir com trabalho, e não com obstrução, para pôr fim a essa crise política e para destravar o Brasil dessa paralisia em que esse debate estéril de impeachment e de cassação despropositada de direitos constitucionais nos enfiou.

    Uma Presidenta que tem uma vida de lutas entregue em favor deste País não merece esse tipo de violência a que vem sendo submetida.

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Seja por conveniência política, seja por puro preconceito à sua condição de mulher, essa conduta de agressão por parte dos seus opositores, muitas vezes permeadas por palavras de baixo calão, que reduzem e humilham a própria condição feminina, não pode ter mais vez neste País.

    Vamos nos desarmar para entabular o debate de que o Brasil realmente precisa, vamos apostar no entendimento, no diálogo, e não na violência, e não no ódio. Nós entendemos claramente que não é do interesse do Governo, que não é do interesse do PT que haja neste País a violência e o cultivo do ódio.

    São segmentos que compõem a oposição e parte da mídia...

(Interrupção do som.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - ...que querem confronto - já concluo, Srª Presidenta -, que querem um cadáver, para encontrarem mais argumentos para a sua retórica destrutiva. Não! Nós não vamos dar esse cadáver.

    É importante que as forças de esquerda, que os partidos políticos que sustentam nosso Governo, que as entidades da sociedade civil não aceitem provocações. Quero aqui secundar a posição do Presidente do PT, Rui Falcão, sugerindo a todos aqueles que estão conosco que, no domingo, não se manifestem. Nós temos datas importantes como o dia 18 e o dia 31 de março e não vamos lhes dar pretextos, para eles, que pregam a violência e o ódio, quererem nos acusar desse tipo de ação, desse tipo de atitude.

    Precisamos de saídas para esta crise que estamos vivendo e que nos está extenuando. As guerras, nós nem sabemos muitas vezes como elas começam, mas sabemos que todas têm fim em torno de uma mesa de negociações. É hora, então, de todos nos sentarmos à mesa para discutirmos aquilo que realmente interessa ao País.

    Muito obrigado pela tolerância, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2016 - Página 19