Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da análise da socióloga Juliana Dias Lopes acerca dos desafios a serem enfrentados pela mulher nos dias atuais, especialmente em Goiás.

Autor
Wilder Morais (PP - Progressistas/GO)
Nome completo: Wilder Pedro de Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro da análise da socióloga Juliana Dias Lopes acerca dos desafios a serem enfrentados pela mulher nos dias atuais, especialmente em Goiás.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2016 - Página 95
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, REGISTRO, ANALISE, AUTORIA, SOCIOLOGO, ASSUNTO, VITORIA, DEMANDA, CATEGORIA, AMBITO, BRASIL, ENFASE, GOIAS (GO).

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Democracia Progressista/PP - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia oito de março de 1957 uma manifestação de mulheres em Nova York, por salários dignos e rotina de trabalho compatível com a dignidade da vida humana, levou a morte 130 mulheres tecelãs.

    De lá para cá muito se avançou, mas muito há o que ser feito.

    Peço a doutora Juliana Dias, para trazer a análise dela sobre as conquistas e demandas das mulheres, em especial a mulher goiana.

    Neste dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher lembramos as diversas conquistas e os desafios a serem enfrentados. Hoje a mulher corresponde à maioria da população goiana, está cada vez mais inserida no mercado de trabalho formal, tem estudado mais, e por consequência ocupado posições mais importantes. Contudo, ainda enfrenta problemas como a vulnerabilidade social e os baixos salários em relação aos homens.

    No século 20, a mulher deixa de se restringir ao espaço doméstico e começa a ocupar o mercado de trabalho, processo que ocorreu com condições precárias e salários muito inferiores aos dos homens, o que culminou nas primeiras manifestações femininas. No decorrer da história, as mulheres passaram a desempenhar múltiplos papéis sociais, como ser mãe e educar os filhos, estudar, trabalhar e ser uma profissional bem sucedida, entre outros. Funções que sugerem uma reflexão sobre a figura feminina contemporânea com novos valores internalizados e em diferentes contextos sociais.

    Em Goiás, as mulheres são maioria da população (52%). Observa-se um crescimento da escolaridade, de forma que a quantidade de mulheres com 15 anos ou mais de estudo passou de 4,1 %, em 2005, para 8,2%, em 2014, ou seja, dobrou em uma década. Outro avanço na última década foi o aumento de trabalhadoras goianas com carteira de trabalho assinada, acompanhado de uma diminuição no número de mulheres com rendimento de até meio salário mínimo (IBGE, 2005 e 2014).

    Apesar do crescimento da população feminina com rendimento de 1 a 5 salários mínimos entre 2005 e 2014, houve uma redução do número de mulheres que tem rendimento acima de 5 salários mínimos, de acordo com dados do IBGE. No entanto, destaca-se a predominância de mulheres em posição de chefia. Cerca de 60% das diretorias e gerências em empresas de serviços de saúde, educacionais, culturais, sociais ou pessoais são exercidas por mulheres (MTE, 2014).

    Embora o cenário seja favorável em alguns destes aspectos, a mulher goiana enfrenta problemas como a vulnerabilidade social. A vulnerabilidade de mulheres chefes de família tem aumentado, de forma que em 2010 no Estado de Goiás, 14,51 % do total das mães eram chefes de famílias sem ensino fundamental e com ao menos um filho abaixo de 15 anos de idade, enquanto em 2000 eram 13,39% (Ipea, 2015).

    Outra variável que caracteriza a vulnerabilidade é a gravidez precoce. A mulher que se torna mãe antes dos 18 anos está mais suscetível a antecipar sua saída da escola. Em 2000, do total de mulheres goianas entre 10 e 17 anos, 3,90% tiveram filhos, enquanto em 2010 este percentual reduziu para 2,96% (Ipea, 2015).

    O Dia Internacional da Mulher, originalmente ligado às lutas e lembrado pelas conquistas femininas, é importante também para refletirmos sobre os desafios a enfrentar. O desejo de nós mulheres é que tenhamos mais paz, menos medo, e que os papéis sociais que desempenhamos em todas as esferas de nossas vidas sejam valorizados.

    Juliana Dias Lopes (julianadl@segplan.go.gov.br) é economista, socióloga, é pesquisadora do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos da Segplan-GO.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2016 - Página 95