Discurso durante a 40ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da decisão do PMDB de abandonar o Governo Dilma Rousseff e da necessidade de moderação no debate político ante o cenário de crise por que passa o País.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Defesa da decisão do PMDB de abandonar o Governo Dilma Rousseff e da necessidade de moderação no debate político ante o cenário de crise por que passa o País.
Aparteantes
Ana Amélia.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2016 - Página 28
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • DEFESA, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ASSUNTO, ABANDONO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NECESSIDADE, MODERAÇÃO, DEBATE, POLITICA NACIONAL.

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu venho a esta tribuna diante da decisão tomada ontem pelo meu Partido, o PMDB. O PMDB resolveu, num processo de aclamação, desligar-se do Governo, e isso se fez ontem, por solicitação da maioria dos diretórios regionais.

    Ora, Sr. Presidente, como integrante do PMDB, cabe dizer que eu estarei aqui, nesta tribuna, para defender a decisão do meu Partido. Eu o farei, Sr. Presidente, sem apelar para a radicalização, para o maniqueísmo, do qual, há pouco, eu reclamava no discurso da minha conterrânea, Senadora Fátima Bezerra.

    Maniqueísmo que leva os oradores, os ilustres colegas que ocupam aqui a tribuna a dizerem que aqueles que estão a favor do Governo são bons, aqueles que não estão a favor do Governo são maus. Isso, Srª Senadora Ana Amélia, é inadmissível.

    Agora mesmo, a Senadora Gleisi fez um registro de um programa que tem a sua validade, que tem a sua importância, que é o Programa Minha Casa, Minha Vida, mas nem por isso nós podemos deixar de dizer que a mesma população trabalhadora que está sendo beneficiada por um programa desses está sendo sacrificada por uma política econômica, que vem sendo adotada no atual Governo, que está levando ao desemprego milhares de pessoas, e elas estão enfrentando uma inflação no seu dia a dia.

    Então, Sr. Presidente, meu caro Senador João Alberto - eu só disponho de cinco minutos... Dez minutos, ainda bem.

    Eu gostaria de dizer que, na verdade, não pretendo ingressar nesse jogo nem pretendo me intimidar, porque, na verdade, os que hoje dizem que o PMDB era isso, era aquilo, detratando a imagem do meu partido, ontem diziam o contrário. Com relação ao Presidente Michel Temer, que é tão acusado hoje, antes era considerado um Vice-Presidente da mais absoluta confiança e apreço, merecendo a admiração do atual Governo.

    Então, Sr. Presidente, vamos ter cuidado! Vamos respeitar a opinião pública, vamos respeitar os brasileiros. Nós temos aí 33 partidos. Repito: 33 partidos políticos. Se nós não nos dermos ao respeito com relação à história dos nossos partidos - do nosso partido, o PMDB, que tem 50 anos de história -; se nós não nos dermos ao respeito com relação a isso; se nós desqualificarmos o debate, dizendo que o PMDB é o anjo e o PT é o demônio, aonde é que nós queremos chegar?

    Nós temos, realmente - e é isso que fará pautar a minha atuação desta tribuna -, de exercer certa moderação nesses pronunciamentos. Quem sou eu! Há pouco foi dito aqui pelo Presidente João Alberto, na sua generosidade, que eu fui isso, que eu fui aquilo. Eu não quero apelar para isso! Isso, como eu gosto de dizer, brincando com os colegas aqui, isso já era!

    Mas eu, Sr. Presidente, tenho uma carreira que quero preservar e não quero ver... Infelizmente não tenho aqui nenhum colega do partido que hoje faz um contraponto ao meu partido, o PMDB, mas eu queria dizer que devemos exercer, neste momento crucial para a vida política brasileira, um diálogo que permita que não sejamos depois levados a uma execração pública. A imagem do político está deteriorada. Nós estamos sofrendo na credibilidade e não podemos nos deixar vencer por esse sentimento.

    Então, Sr. Presidente, nós somos do mesmo partido. Eu venho fazer essa colocação aqui, de um homem moderado, mas que, como todo moderado, não se deixa intimidar. Se respeitarem a linha de moderação, vamos fazer preservar essa moderação. É aquela história, no ditado popular: nós damos tudo para não entrar numa briga; mas, se quiserem a briga, nós vamos topar.

    Com a palavra a Senadora Ana Amélia.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Eu espero que o Presidente seja, agora, neste aparte a V. Exª como orador inscrito, um pouco mais generoso, porque o plenário está assim permitindo, caro Senador Garibaldi Alves. Eu queria dizer que eu assino embaixo das declarações de V. Exª, mesmo não sendo da Bancada do seu Partido. Mas não é esta a forma que nós aprendemos, e V. Exª é meu mestre nisso, pela sua experiência na política do nosso País. V. Exª é de uma região muito importante, a Região Nordeste, o Estado do Rio Grande do Norte. Esse enfrentamento é que tem levado ao acirramento e à divisão da sociedade brasileira, o desrespeito a quem pensa o contrário. Então, eu queria me solidarizar às manifestações de V. Exª, porque não acredito que seja com a mentira, com atemorização, espalhando o medo... Dizer que vai acabar o 13º salário, o Fundo de Garantia e o abono das férias? São cláusulas pétreas, imutáveis, Senador Garibaldi Alves! Como é que são capazes de levar essa mentira à população brasileira? É isso que nos deixa preocupados e apreensivos com esse grau de tentativa de intimidação. Mas a sociedade brasileira não tem medo disso. A sociedade brasileira está esclarecida, está ativamente vigilante e acompanhando tudo que está acontecendo. E serão eles os grandes juízes de nós e da nossa atuação aqui no Congresso Nacional. Parabéns pelo seu pronunciamento.

(Soa a campainha.)

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Agradeço, Senadora Ana Amélia. Eu tenho ouvido os pronunciamentos de V. Exª, que são de uma firmeza muito grande. V. Exª tem se mostrado uma Senadora independente, na verdade, porque V. Exª não está realmente se submetendo a esse credo maniqueista. V. Exª está procurando seguir uma linha de independência, e eu só tenho que me congratular, porque estou sempre ao lado de V. Exª não pelo fato de termos que nos sentar ao lado por cota da ordem alfabética que se estabelece aqui na distribuição das cadeiras. Nós estamos ao lado, e eu me congratulo por isso, pela admiração que eu tenho por V. Exª.

    Eu queria deixar aqui este meu pronunciamento porque o fato de o PMDB ter adotado essa posição deve levar o Partido a ter a desenvoltura necessária dentro da nova posição que adotou. Nós não podemos ser cobrados de uma forma injusta, mesquinha, que venha a se constituir em uma forma de intimidação.

    Gostaria de dizer que estou aqui a serviço daqueles que me elegeram, e não foram poucos, porque realmente quem chega aqui não chega com um punhado de votos, não; chega com milhares de votos. E esses votos foram dados como confiança ao perfil que cada um exerce diante, sobretudo, da população do seu Estado, porque somos aqui, Senador João Alberto, representantes dos nossos Estados, da população dos nossos Estados. Então, queria dizer que realmente estou à vontade no sentido de participar de um debate que venha a se mostrar altivo e respeitoso.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2016 - Página 28