Discurso durante a 40ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da decisão do PMDB de sair do Governo Dilma Rousseff.

Elogio à postura política do Senador Garibaldi Alves Filho.

Autor
Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Defesa da decisão do PMDB de sair do Governo Dilma Rousseff.
HOMENAGEM:
  • Elogio à postura política do Senador Garibaldi Alves Filho.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira, Cássio Cunha Lima, Garibaldi Alves Filho, Magno Malta, Simone Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2016 - Página 39
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ELOGIO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MOTIVO, ROMPIMENTO, GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ELOGIO, ATIVIDADE POLITICA, GARIBALDI ALVES FILHO, SENADOR, EX MINISTRO DE ESTADO.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu venho a esta tribuna inspirado no discurso de várias pessoas. O discurso do Senador Agripino, que me antecedeu, é exatamente o que todos nós temos que dizer, com todas as letras. Vai ser extremamente difícil. Agora, eu tenho comigo que, pior do que isso, é deixar do jeito que está, porque aí não tem jeito, aí não há conserto, nós vamos só aprofundar cada vez mais essa crise. Então, vamos ter que fazer um enfrentamento disso com muita dificuldade.

    O Senador Agripino disse para deixar o Presidente absolutamente à vontade para montar uma equipe de notáveis, de gente com talento e, principalmente, de gente que quer que este País saia do que está. O que é que nós estamos vendo? Um quadro que é o pior possível. Nós estamos com a inflação alta; nós estamos com um baixo desenvolvimento no terceiro ano, podemos dizer, em recessão; e estamos ainda no pior dos mundos, com juros altos. Então, isso é que está deteriorando, está esgarçando, como disse o Senador Agripino, os Estados, os Municípios, e nós temos que tomar posição.

    Aí muitos vêm aqui, e uns ficam em cima do muro, não sabendo nem dizer o que eles querem e o que eles não querem. Eles são contra uma coisa, mas, ao mesmo tempo, são a favor de outra. Eu não sei isso, eu acho que é preciso, neste momento, tomar uma posição. Eu tomei. E eu sempre tive cuidado, até porque, no meu Estado, nós nunca fomos parceiros do Partido dos Trabalhadores. O PT nunca ganhou no Mato Grosso do Sul. Nós ganhamos do Lula, apoiando o José Serra, e ganhamos da Presidente Dilma, no primeiro e segundo turno, apoiando o Geraldo Alckmin. Então, essa é a tradição. Eu não poderia trazer isso do Mato Grosso do Sul para o Governo em que o meu Partido estava aqui. Eu sempre fui um Senador independente. A Senadora Simone, que aqui chegou há menos tempo do que eu, adotou a mesma posição. Quantas e quantas vezes nós votamos a favor do Governo, mas, ao mesmo tempo, o levantamento da Folha de S.Paulo do ano passado demonstra que nós votamos 10% a mais contra o Governo do que a chamada Bancada de oposição. Vejam qual é o meu grau de independência nesta Casa.

    Agora, eu acho que há uma coisa que temos que ignorar, porque eles querem que fiquemos defendendo essa questão de golpe. É uma provocação, porque não há nenhum outro argumento. E, ontem, o Anastasia deu uma verdadeira aula aqui do que é o rito que está acontecendo e como isso vai acontecer: o processo vai ter que passar pela Câmara, pela Comissão Especial; vai ter que ser votado no plenário o parecer desta Comissão Especial, que vai ter que ter 342 votos "sim"; ele vai vir para o Senado; o Senado vai ter que dar o voto "sim" pela continuidade; e depois ele vai ser submetido à votação. E, se os Senadores que aqui estão, três por cada Estado, não tiverem representatividade para julgar isso, aí também não tem muito mais o que fazer. Aí realmente nós não estaremos optando pela democracia.

    Concedo um aparte ao Senador Magno Malta e, logo em seguida, à Senadora Simone Tebet.

    O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Senador Moka, bem-vindo o seu pronunciamento. De igual modo, os oradores que antecederam V. Exª, eu não digo todos, porque nós temos sido... O Apóstolo Paulo, o intérprete da mente de Cristo, escreveu: "Ouvi de tudo e retende o que é bom". E a cultura popular e o para-choque de caminhão dizem que é melhor ouvir isso do que ser surdo. Então, há coisas atualmente aqui, neste Senado, que é melhor ouvir do que ser surdo. V. Exª falou uns cinco a seis minutos agora e fez um apanhado geral daquilo que, de fato, é o tema e daquilo que é o mote discutido, no Brasil, hoje, desde a porta do boteco até à porta da igreja e desde a porta de igreja até à universidade. Nós estamos vivendo um momento tipo a música do Zeca Tá Ruim, Mas Tá bom. Está cheirando mal, mas não está; está feio, mas está bonito; está feio, mas é um momento depurativo da vida da Nação o que nós estamos vivendo. E, no momento em que nós estamos vivendo, ocorreu o que nós nunca vimos. E, pelos discursos que eu ouvi no início desta sessão e tenho ouvido todo dia dentro do espírito daquela fala do apóstolo Paulo "Ouvi de tudo e retende o que é bom" e do ditado de que é melhor ouvir isso do que ser surdo, há coisa que é propriedade privada do PT, do Governo. E eles estão reclamando aquilo que lhe é de direito, como: "Fora! Fora Collor! Fora Sarney! Fora FHC!" Os direitos autorais dessa frase são deles, eles estão reclamando, porque só eles podem falar isso, ninguém mais. Quando alguém ousou dizer "Fora Dilma!", eles requereram os direitos autorais: "Isso aí não pode! Isso aí é golpe!" Mas "Fora Collor!" pode, "Fora Sarney!" pode, "Fora FHC!" pode? Direitos autorais: "Só nós podemos. Mas isso é golpe, está ferindo! Vão dar um golpe na democracia!" Quem é a democracia? Um golpe na democracia!? Eles agora viraram os únicos democratas do País. Quem apoia a Dilma e bate palma para os discursos do PT, embora tenham duplo sentido, são os democratas do País. Aqueles que não batem palma são antidemocráticos, estão querendo acabar com a Nação, estão dando um golpe na democracia brasileira! Senador Moka, o que é o golpe? Primeiro, "impeachment é golpe". Quando a sociedade não engoliu essa história de que impeachment é golpe, porque não é golpe, é um instrumento que alguém pode requerer contra qualquer Presidente, contra qualquer indivíduo que está no Executivo... Isso é propriedade privada do PT, porque eles pediram impeachment contra Sarney, contra Collor, contra FHC. Cabe ao Presidente da Câmara aceitar ou mandar arquivar. O sujeito analisa, arquivando ou recebendo, o argumento, os fatos, o mote que vão dentro do pedido, mas qualquer um pode. Quando o Lula usou a sua célebre frase, dizendo que havia 300 picaratas na Câmara dos Deputados, ele estava se referindo ao "centrão". E esse foi o mote de eleição para o PT, porque atacou o "centrão" na rua. Agora, eles estão refazendo o "centrão"! Agora, preste atenção V. Exª: o instrumento existe?

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Existe! "Mas essa mulher não cometeu nenhum crime!" Então, se ela não cometeu nenhum crime, ela será absolvida, porque o fato de você admitir o processo e ir para dentro de um processo - em que se cria a comissão de que V. Exª tão bem falou agora - não quer dizer que a pessoa está cassada! Então, com os outros, pode; com ela, não! "Mas quem recebeu é um criminoso: Eduardo Cunha. Não podia! Contra essa mulher não paira nada sobre a sua aura; ela nunca cometeu um crime. Quem admitiu o impeachment? Um criminoso que está sendo investigado, denunciado pelo Supremo". Não importa! Quem tem de receber é quem está sentado na cadeira. O Supremo que tome conta dele. Se ele cometeu o crime, que pague pelo crime, mas hoje ele é o Presidente daquela Casa e ele admitiu o processo. Há comissão, existe o rito. Ela não está cassada. O que me apavora é a mentira. E, cada vez que mente e se faz uma pesquisa, ela cai mais. Eles não entenderam que o povo não acredita em uma vírgula daquilo que ela fala ou do que eles falam. Assustei-me ouvindo aqui - e já encerro o meu aparte a V. Exª, porque, do contrário, ele vira discurso e o de V. Exª, o aparte - alguns discursos dizendo: "Eles querem dar o golpe para acabar com o Minha Casa, Minha Vida". Senador Moka, isso é grosseiro demais! Acabar com o Minha Casa, Minha Vida?! Eu quero fazer uma reflexão. No Minha Casa, Minha Vida, ninguém nunca recebeu a casa totalmente de graça, pois há uma contrapartida. Há casas pequenininhas pelas quais a pessoa paga R$150, R$200, R$100, seja lá o que for! Mas essas pessoas de baixa renda que receberam, que pagam R$80 ou R$50, estão desempregadas e vão atrasar as prestações na Caixa. Quero dizer a esses que vão para a tribuna fazer discurso mentiroso que essas pessoas - você que está me ouvindo no Brasil inteiro agora - correm o risco de perder essa casinha, porque vão ficar inadimplentes na Caixa Econômica Federal. O vilipêndio que eles fizeram com a economia deste País colocou essas pessoas nesse limbo do desemprego e da perda da esperança neste País. É duro ouvir uma coisa como essa, esse tipo de discurso. Olha, eu não sou PSDB, eu não sou PMDB. V. Exª está correto quando diz que alguns falam uma coisa e fazem outra, porque há muito Deputado Federal e muito Senador que são mosca de padaria: só quer estar onde está o doce. Eles vão lamber o doce até o final, mas cabe ao povo prestar atenção em quem está ao lado do povo, ao lado deste País e em quem defende democracia. Esse discurso de golpista é conversa fiada. Eu não me sinto golpista. Muito pelo contrário. Eu os ajudei demais. Quem quiser entra no Youtube, coloca o meu nome e o do Lula e vai ver que, ao longo de tudo isso, eu participei, eu ajudei, eu defendi e a mim veio a decepção, como a milhões de brasileiros. Então, V. Exª está correto. Nós não podemos ficar aqui sentados ouvindo essa história de golpista, porque nós não somos golpistas. O Brasil vive um momento triste e vai ficar afundado - nós estamos em queda livre, nós não chegamos no fundo do poço ainda - um longo tempo da nossa vida para algum processo de reconstrução. É dolorido, mas não é ruim, porque é um processo depurativo, um processo de mudança, em que nós vamos ter que passar esse vale da nossa vida que nos foi imposto por este Governo que aí está. Nós vamos chegar a uma situação tão grave, os Municípios vão passar por tanto sofrimento, assim como os Estados, com os próximos prefeitos e os próximos governadores, nós vamos chegar a uma situação tão ruim que não tenho medo de dizer o que vou falar agora, para encerrar. V. Exª vai chegar a um Estado, assim como eu, e a pessoa vai perguntar: "Senador, qual o seu Estado?" E você vai responder que é de miséria, dada a situação caótica, nefasta, vergonhosa que eles nos colocaram. Viramos piada do mundo. Eles nos colocaram como piada do mundo e vêm com uma história de que querem tomar o Governo para acabar com o Minha Casa, Minha Vida, para acabar com o Bolsa Família?! É melhor ouvir isso do que ser surdo.

    O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Obrigado, Senador Magno Malta.

    Ouço a Senadora Simone Tebet.

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Senador Moka, parabenizando V. Exª pelo pronunciamento, eu não posso deixar aqui também de fazer um aparte e manifestar uma preocupação que estou tendo nesta Casa já há alguns dias. Eu tenho visto por parte do PT discursos acirrados, discursos agressivos. Eu esperava muita coisa; faz parte do processo democrático o embate, o debate. Aqui é a Casa do Parlamento, onde se fala, onde se debate e se procura, dentro do possível, chegar a um consenso. O que nós não podemos fazer é dessa disputa uma guerra, muito menos uma guerra de palavras que venha a agredir gratuitamente colegas e companheiros. Infelizmente, é o que temos visto. Na segunda-feira, havia um Parlamentar com palavras extremamente agressivas não em relação ao nosso Partido, o PMDB, mas em relação aos colegas. Eu me coloquei como ofendida, ouvindo pela televisão, porque eu estava vindo para Brasília...

(Soa a campainha.)

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Foram palavras realmente que não cabem a mim, e eu não as recebo. Hoje, eu não pude fazer um aparte, porque quem estava na tribuna estava falando pela Liderança, e ouvi claramente discursos como "a cúpula do Partido decidiu numa convenção de três minutos". Eu quero deixar muito claro, Senador Moka, que não foi a cúpula do Partido que decidiu. Ao contrário, a cúpula referendou o que as bases decidiram e clamaram. No nosso Estado, o Mato Grosso do Sul, quase 80% dos sul-mato-grossenses eram a favor da saída do Partido e a favor do processo de impeachment. Foi ouvindo as ruas que o Partido tomou uma decisão, não uma decisão de três minutos. Há mais de um ano que eu e V. Exª estamos aqui na tribuna do Senado votando projetos e preocupados com a situação do País. E o mais grave...

(Interrupção do som.)

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Eu ouvi de colegas que eles são o trigo e que nós somos o joio. E aí eu me lembrei da parábola de Jesus contada por Mateus. Eu gosto muito da versão de Santo Agostinho em relação a ela, quando diz que, depois do inverno, vem o verão e que estamos vivendo maus dias, mas que os bons dias virão; para que os bons dias venham e possamos alcançá-los, nós não podemos, nos maus dias, blasfemarmos. É isso o que estamos fazendo. Infelizmente, alguns colegas estão blasfemando, estão dirigindo a colegas palavras que não nos cabem. Nós não queremos levar essa questão ao embate, até porque, Senador Moka, temos muito o que fazer. O processo de impeachment está na Câmara dos Deputados, não está no Senado Federal. Enquanto isso, há o problema da zika no Nordeste; há o problema das chuvas ou da falta delas em alguns rincões deste País; há o problema, de que agora, recentemente, tratamos na Comissão de Educação, da epidemia do crack; há o problema relacionado à falta de qualidade do ensino, que faz do nosso povo um povo que não é cidadão e que, infelizmente, através de discursos, muitas vezes, é manobrado por palavras que não condizem com a realidade. E daí por diante. Então, eu quero encerrar dizendo que espero, realmente, sinceramente, que nós, com serenidade, possamos voltar a nos preocupar com o País e deixar para pensar no processo do impeachment quando ele realmente chegar a esta Casa.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Senadora Simone Tebet, eu disse que subi à tribuna inspirado muito num discurso. O Senador Garibaldi Alves, que esteve aqui nesta tribuna, fez um discurso dizendo o seguinte: o nosso Partido, o PMDB, tomou uma decisão e nós vamos defender as nossas posições na tribuna, mas não temos a pretensão de agredir ninguém. Vamos colocar isso num nível alto de discussão, sem que tenhamos que agredir ninguém. Não é possível.

    Eu ouvia, até um mês atrás, que o Vice-Presidente Michel Temer era um homem que tinha todas as qualidades, era um homem confiável, de confiança absoluta, que foi chamado para ser um articulador do Governo. E, daqui a pouco, eu ouço palavras que só faltam satanizar o nosso Vice-Presidente. Então, não dá para admitirmos essas coisas. O que eu quero é que discutamos isso de uma forma serena, tranquila. Aquilo que for favorável ele vai votar e aquilo que for contra vai votar contra. Agora, não vai ser com agressões, baixando o nível da discussão, que nós vamos fazer essa discussão aqui, no Senado.

    Governador, é que o Senador já havia me pedido um aparte antes de V. Exª.

    Concedo o aparte ao Líder do PSDB aqui, no Senado, Cássio Cunha Lima.

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senador Moka, é para também trazer a minha palavra não apenas de felicitações pelo pronunciamento de V. Exª, mas pela postura que vem tendo, ao longo de sua atuação, sempre muito destacada no Senado, com muita altivez, com muita coragem. É uma característica de V. Exª a bravura e a crença nas suas convicções de forma inarredável, sem se transformar num intolerante - claro, longe disso -, características que são muito valiosas para o ser humano, para o exercício da política notadamente numa quadra difícil como esta.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Associado a essa sua altivez, sempre encontrei gestos de ponderação, de equilíbrio. E, quando V. Exª, com todas essas características pessoais e da sua atuação parlamentar, ocupa a tribuna para trazer essas preocupações e, em outras palavras, dizer que não vão nos intimidar, eu venho trazer minha palavra de solidariedade e apoio, porque, de fato, não vão nos intimidar. A sucessão de erros que tem sido verificada, nos últimos anos, por parte do Governo do PT e, principalmente, da Presidente Dilma Rousseff aponta para um sistema que entrou em colapso. Em uma linguagem médica, em homenagem a V. Exª, é uma falência múltipla, tal qual uma falência múltipla de órgãos, que leva a óbito.

(Interrupção do som.)

    O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Obrigado, Sr. Presidente. E, quando nos deparamos com essa falência múltipla, com esse colapso, parte o desespero. E é exatamente em estado de desespero que a Presidente Dilma e o seu Governo têm agido e tentado reagir, chegando a pontos extremos, como ocorreu recentemente no momento em que, ainda no exercício da Presidência da República, convidou a imprensa internacional, através dos seus correspondentes, para denegrir a imagem do Brasil internacionalmente. Há uma regra sagrada entre nós brasileiros que amamos o nosso País: pode chover canivete, pode chover pedra, que nós não falamos mal do Brasil no estrangeiro. Defendemos os nossos valores, defendemos a nossa Pátria, defendemos o nosso País. E, como se não bastassem todos os malefícios que a política econômica vem trazendo para o nosso povo e uma imagem negativa que se projeta no exterior, vem agora a própria Presidente da República denegrir a imagem do Brasil, criando uma obra ficcional de um golpe, como se aqui existisse uma republiqueta de bananas, onde as instituições não funcionassem, onde as leis não tivessem de ser cumpridas e respeitadas. Nesse ato de desespero, porque não se trata apenas de perda de popularidade ou mesmo de confiança, o que se caracteriza hoje é a perda da falta de respeito. É isso que acontece hoje. O povo brasileiro não respeita mais o Governo, tampouco a figura da Presidente da República, tamanhas as suas posturas equivocadas. E, não podendo ir às ruas, ela transforma o próprio Palácio do Planalto no seu bunker de resistência. Em vez de falar ao povo brasileiro nas ruas, ela atrai para o Palácio do Planalto movimentos sociais, a maior parte deles ou quase que a totalidade ou talvez a totalidade, sejamos diretos, financiados com recursos públicos, para dar a sensação de que existe ainda um apoio popular a este Governo, que acabou. E acabou, porque o povo assim decidiu nas ruas do Brasil, acabou porque o crime de responsabilidade ou os crimes de responsabilidade foram praticados e acabou porque as instituições continuarão funcionando. Então, é muito grave quando a Presidente da República transforma o Palácio do Planalto num bunker de resistência para incitar a violência, para fazer provocações, para tentar iniciar um processo de intimidação que não funcionará. Nós não vamos recuar na defesa do povo brasileiro. Nós não vamos recuar da luta em defesa da nossa democracia. O Deputado Damous, do PT, do Rio de Janeiro - eu assisti à entrevista na televisão -, vociferava, com olhos esbugalhados, com uma face transtornada, literalmente babando na televisão, dizendo: "Vamos à luta." Que venham, porque essa guerra eles já perderam, porque do nosso lado está o povo brasileiro, o povo livre deste País, o povo que acredita nos valores da democracia, o povo que acredita, sobretudo, na estabilidade da nossa democracia, que não irá recuar, muito menos se intimidar. Então, felicito V. Exª pelo seu pronunciamento, não apenas por esta fala, mas por toda a sua postura, por todo o seu comportamento e o seu desempenho, neste Senado Federal, que dignifica não apenas o Estado de V. Exª, mas, com certeza, o nosso País como um todo.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Eu agradeço o Líder do PSDB, Senador Cássio Cunha Lima.

    Em respeito, porque o Presidente quer dar início à Ordem do Dia, eu vou encerrar os apartes.

    Senador Aloysio.

    O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - O Senador Cássio Cunha Lima, com quem eu me comunico frequentemente por telepatia, já antecipou tudo o que eu queria dizer em apoio ao seu discurso, em elogio ao seu discurso, a oportunidade em que o senhor o prefere e a sua postura política neste Senado.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Muito obrigado.

    Senador, agradecendo a benevolência de V. Exª, eu quero encerrar o meu discurso fazendo uma homenagem a um homem por quem eu tenho um respeito muito grande, entre vários colegas aqui, que é o nosso querido Senador do Rio Grande do Norte, que aqui veio à tribuna, defendeu o nosso Partido e o fez de uma forma muito elegante. Eu gostaria de ter o talento e a elegância do Senador, porque, na verdade, ao ser agredido, ele devolveu dizendo: "A única coisa que eu quero é travar um bom debate e defender as ideias que eu tenho comigo. Não quero agredir ninguém." É o meu caso, não quero agredir ninguém. Agora, às vezes, somos tão inflamados, que não conseguimos realmente nos conter. Mas eu quero me inspirar no Senador Garibaldi Alves pela sua gentileza, pela forma com que...

(Soa a campainha.)

    O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - ... ele conduz e a sua postura política. Ele é um homem humilde, mas já presidiu este Congresso, foi Ministro. Enfim, é um homem que tem toda uma história de vida neste País.

    O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Obrigado, Senador Moka. Muito obrigado.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - Só lhe faço justiça, Senador Garibaldi.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2016 - Página 39