Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de viagem realizada por S. Exª ao Japão por convite da Embaixada e do Governo japonês.

Autor
Hélio José (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Registro de viagem realizada por S. Exª ao Japão por convite da Embaixada e do Governo japonês.
Publicação
Publicação no DSF de 01/04/2016 - Página 69
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • REGISTRO, VISITA OFICIAL, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, ELOGIO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, EDUCAÇÃO, POPULAÇÃO, REGIÃO.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o nosso Senador Elmano Férrer, nosso Presidente.

    Cumprimento o meu antecessor, o Senador Randolfe Rodrigues, pela fala tranquila, colocando o seu ponto de vista.

    Essa pode ser uma solução, Randolfe. Não tenho dúvida de que essa pode ser uma solução menos traumática para o País. Acho que ela tem de ser considerada.

    Cumprimento também o nosso Senador José Medeiros, novo Senador do PSD.

    Nobre Presidente, eu gosto de falar que V. Exª representa a segunda maior cidade do Piauí, que é Brasília. V. Exª sabe disso. É um Senador do nosso Piauí querido e vai viajar para o seu Estado daqui a pouco.

    Quero relatar aos nossos ouvintes da Rádio Senado, aos telespectadores da TV Senado e à população brasileira uma importante viagem para a qual fui convidado pela Embaixada do Japão e pelo Governo japonês. Fui convidado para visitar o país nos 11 dias passados, que antecederam o dia de hoje. Estive no Japão, visitando uma série de repartições, visitando a Dieta japonesa. A Dieta japonesa é o Congresso, composto da Câmara Baixa e da Câmara Alta, que representam a Câmara dos Deputados e o Senado.

    Estivemos em uma série de empresas e de repartições, quando tivemos a oportunidade de ver a importância do trem-bala. Pudemos ver o desenvolvimento tecnológico excepcional do Japão. Pudemos ver o tanto que um país que foi arrasado na Segunda Guerra Mundial apostou na paz, apostou na tecnologia e na harmonia entre os povos e hoje é uma grande potência mundial. O Japão dá exemplo para todo o mundo.

    Senti de perto, eu que nunca tinha ido àquele país nem ao Oriente, o quanto aquele povo é vencedor. É um povo pacífico. Lá há muitos exemplos positivos em termos de tecnologia, de indústria, de desenvolvimento, de paz, de uma vida melhor, de uma melhor qualidade de vida.

    Então, as palavras que vou aqui proferir para nossos nobres ouvintes da TV Senado e da Rádio Senado e para os nossos colegas é exatamente um relato dessa viagem que acabei de fazer ao Japão.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o motivo deste meu pronunciamento é o de expressar minha alegria e satisfação pela viagem realizada a um dos países mais surpreendentes do mundo. Sim, nobre Presidente, além de ser um dos países mais progressistas e tecnológicos do mundo, ainda consegue manter as mais admiráveis tradições. Esse país é o país do sol, exatamente o Japão. Esse país a que me refiro é o Japão, que tive a honra de visitar recentemente, a convite da sua Embaixada, entre os dias 19 e 29 de março. Cabe bem citar aqui, nobre Presidente, que, sem nenhuma despesa aos cofres públicos do Brasil, essa viagem minha e de mais nove Deputados Federais foi toda custeada pelo Governo japonês e pela Embaixada do Japão.

    Provavelmente, um dos fatores que pesaram a meu favor, para que eu fosse honrado com esse convite, tenha sido a iniciativa que fiz de uma sessão especial realizada em 12 de novembro de 2015, sessão esta, nobre Presidente, que fiz para comemorar os 120 anos de amizade entre o Brasil e Japão. Nós a fizemos aqui, houve uma grande festa naquele momento. A comunidade japonesa no Brasil é muito grande, e a comunidade brasileira no Japão é muito grande, são os decasséguis. Então, foi um momento de grande emoção nesta Casa, quando comemoramos os 120 anos de amizade entre o Brasil e Japão.

    É preciso acrescentar também que não tenho medido esforços para que os dois países estreitem os laços de amizade e ampliem o intercâmbio comercial, o que é muito importante. Hoje, o Japão é um dos principais parceiros brasileiros no comércio mundial. E nós, cada vez mais, temos de ampliar isso via turismo, via desenvolvimento tecnológico, aproveitando o potencial que o Brasil tem de produção de alimentos, de produção agrícola, de produção de proteínas, para poder exportar para o Japão. E temos de importar do Japão aquilo que o Japão tem de bom, que são seus ótimos veículos, sua tecnologia excelente, suas novas energias, sua tecnologia referente ao trem-bala, o melhor aproveitamento do lixo e dos resíduos sólidos etc..

    Então, foi uma viagem muito importante.

    Na Sessão Especial, nobre Presidente, que teve lugar no plenário do Senado Federal, esteve presente naquela oportunidade uma pessoa muito importante, que é o ilustre Embaixador do Japão no Brasil, o nosso querido Sr. Kunio Umeda, entre outras personalidades que prestigiaram essa solenidade. O Embaixador Kunio Umeda é um parceiro, uma pessoa importante no grupo de amizade Brasil-Japão, e tem sido um entusiasta de projetos importantes, como o de Matopiba e outros, que têm incrementado as relações entre Brasil e Japão.

    Conforme o site Japão em Foco, em matéria de junho de 2014, o Brasil apresenta a maior quantidade de japoneses e de descendentes fora do Japão: cerca de 1,5 milhão de pessoas. Repito, o Brasil apresenta a maior quantidade de japoneses e de descendentes fora do Japão: cerca de 1,5 milhão de japoneses e de seus descentes vivem em nosso País. Essa relação é muito importante, ainda mais sabendo que o povo japonês é um povo cuidadoso, amoroso, pacífico, trabalhador e respeitador.

    O inverso também é importante: os brasileiros que vivem no Japão configuram-se como a maior comunidade não asiática naquele país. Para V. Exª ter ideia, nobre Presidente, hoje vivem no Japão 193 mil pessoas brasileiras. A maioria é composta por decasséguis. E esse número já foi de 300 mil, em razão da crise econômica de 2008 e de 2009. Atualmente, são quase 200 mil brasileiros no Japão.

    Cumpre destacar ainda que o Japão é o sexto maior parceiro comercial do Brasil e que, entre os países da América Latina, o Brasil é o principal aliado comercial do Japão. Então, é muito importante essa relação com o Governo japonês.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a ida da nossa delegação ao Japão foi uma experiência que considero inesquecível. A nossa visita à chamada Terra do Sol Nascente, situada do outro lado do mundo, como se diz popularmente, foi uma experiência muito importante.

    Devo ressaltar que, apesar de ter viajado na condição de Parlamentar, em missão oficial, essa atividade teve todas as despesas cobertas pelo Governo japonês, não gerando qualquer tipo de despesa para o nosso Senado Federal.

    Eu gostaria de agradecer ao Embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda; ao Presidente do Grupo Brasil-Japão, Deputado Luiz Nishimori; e ao Vice-Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, Deputado William Woo, que conduziu todo esse grupo às várias repartições japonesas. Houve uma atuação muito importante e muito harmônica entre nós, Senadores e Deputados, que lá estávamos visitando. O Presidente Nishimori e o Vice-Presidente Woo estão cada vez mais abrindo oportunidade para intercambiarmos tecnologias.

    Até falei com V. Exª, nobre Presidente, para irmos juntos integrar - para termos uma melhor representação do Senado - esse grupo de Parlamentares, Deputados Federais do Grupo Parlamentar Brasil-Japão. Eu, V. Exª, o nosso Senador Medeiros e outros Senadores interessados podemos estar juntos com a liderança do nosso Deputado Nishimori, que tem feito várias viagens ao Japão, no sentido de aumentar esse intercâmbio comercial. Podemos estar juntos, conseguindo arrastar novas tecnologias para o nosso País, garantindo, por exemplo, para o seu Estado, para Brasília e para outros o importante desenvolvimento da energia solar fotovoltaica, das energias eólicas, daquele grupo gerador menor, que se pode pôr em uma casa, por exemplo, fazendo o intercâmbio entre a eólica, a solar e a própria energia normal, poupando, portanto, o sistema. Então, é muita tecnologia. Há a tecnologia do uso do lixo, a tecnologia da restauração dos entulhos, do aproveitamento.

    Creio que nosso intercâmbio maior de Senadores da República, junto com os Deputados Nishimori e Woo, que já têm um trabalho excelente na Câmara dos Deputados, só vai engrandecer o Senado Federal, melhorar a relação Brasil-Japão e trazer maiores investimentos para ambos os lados, tanto de japoneses no nosso País, quanto de brasileiros interessados em investir no Japão, que é um mercado sólido, tranquilo e sem risco de crise.

    Vivenciei experiências da melhor tradição desse povo amigo, como meditar, por exemplo, em um templo típico e dormir sobre um tatame. Foi uma experiência importante de que tivemos a oportunidade de participar. Pude fazer uma meditação e ver como aquele povo tem hoje tranquilidade apesar de ter passado por tudo que passou. Foram duas bombas atômicas, que praticamente os levaram à desmoralização, a uma derrota humilhante na Segunda Guerra Mundial, em que fizeram uma perseguição muito grande. E, hoje, o Japão é uma potência, é um país recuperado, com um povo profundamente pacífico.

    Ao mesmo tempo, pude ter uma ideia do estágio do seu progresso material e tecnológico, viajando no trem-bala, no trajeto Tóquio-Kyoto-Hiroshima-Nagoya-Yokohama-Shinagawa, onde nós pudemos ver, em todo esse trajeto do trem-bala, a grande evolução, a grande integração desse povo, inclusive a importante utilização das novas fontes energéticas - volto a dizer -, a energia solar condominial, podendo alimentar várias instituições, podendo alimentar empresas e abaixando, portanto, custos de produção.

    Então, foi uma viagem muito importante, que, com certeza, só tende a nos ajudar a trazer essa evolução para o nosso País, nobre Senador Medeiros.

    Causa admiração, por sua vez, o empenho japonês no sentido de conseguir energia limpa, o que pôde ser constatado em uma visita a instalações de painéis fotovoltaicos. Devo lembrar que essa fonte de energia é uma das mais benéficas e não poluentes que existem e que o Japão se aprimora para apagar os rastros do acidente na usina nuclear de Fukushima, ocorrido em março de 2011, em razão do tsunami devastador que ocorreu naquela região nesse período.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nobre Senador Medeiros, são grandes as lições que poderíamos aprender com esse povo simpático e laborioso sobre como conseguir superar as piores tragédias, com sua capacidade de reconstrução, com sua solidariedade, demonstrada uns aos outros nos momentos de grande dor e de perda que tiveram, quando das bombas atômicas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki, naquele período, num grande genocídio, que é vergonha para toda a população mundial. Graças ao espírito de compreensão e de esforço desse povo, a cada dia isso é superado, o que nos faz perceber o quanto esse país aposta na paz e na solidariedade, para crescer com o mundo.

    Nesse aspecto, foi enorme a emoção que se apoderou de mim e também de todo o grupo em que estávamos, quando me deparei, nobre Presidente, com o memorial construído na cidade de Hiroshima para lembrar os horrores da bomba atômica lançada em 6 de agosto de 1945 sobre essa cidade, onde crianças, adultos, jovens, ricos, pobres, todo mundo foi arrasado de uma vez só, nobre Senador Medeiros. Foram 145 mil pessoas mortas numa cidade altamente industrial, altamente progressista, que era Hiroshima, que não tinha recebido ainda nenhum bombardeio na Guerra e que, de repente, passa por uma situação dessas.

    Esse povo sabe superar e, hoje, é otimista no sentido de saber que o Japão é um país que anda para frente. É exatamente isto que nós precisamos para o nosso Brasil: todos nós temos que unir esforços para fazê-lo voltar a gerar emprego, a recuperar a situação em que se encontra e voltar a ter uma economia pujante, porque é inclinação do povo brasileiro também o desenvolvimento.

    Hoje, em Hiroshima, vemos uma cidade moderna, nobre Senador Medeiros, e cheia de vida, uma cidade recuperada, uma cidade onde se percebe que o povo está caminhando para frente.

    Aliás, nobre Presidente, a solidariedade, característica desse povo japonês, ficou demonstrada mais uma vez na forma de uma doação efetuada na última semana pela Embaixada do Japão no Brasil, no valor de US$75 mil, nobre Senador Medeiros, para a entidade que trata de crianças com câncer aqui, na nossa Brasília. Isso demonstra que esse povo, que se recuperou de toda essa tragédia, que hoje é uma grande potência mundial, o sexto maior parceiro econômico do nosso País, tem ainda a solidariedade de ajudar a cada um dos seus irmãos que por aí se encontra em situação difícil. Esse gesto da Embaixada japonesa, do nosso Embaixador Kunio Umeda, de doar US$75 mil a essa entidade que trata de crianças com câncer aqui, em Brasília, é um gesto que só nos reforça a ter essa aliança, a ter esse trabalho de reconstrução mútua e de amizade entre o povo brasileiro e o povo japonês. Atitudes como essa nos comovem profundamente.

    Cabe destacar ainda dessa viagem a visita ao Parlamento do Japão, a famosa Dieta, onde pudemos ter uma ideia do seu funcionamento e de suas atribuições, e fizemos uma visita ao Castelo de Shogun, em Kyoto, onde houve a crise parlamentar japonesa naquela época.

    Conversando com o Presidente da Dieta, com o nobre Parlamentar, ele disse que a crise brasileira tem um único problema: trata-se de uma crise fruto de financiamento de campanha.

    Por isso, nobre Presidente, Senador Elmano Ferrer, assinei hoje, aqui, com muita tranquilidade, a convocatória de uma CPI que o Senador Randolfe está encaminhando para apurar essa promiscuidade no financiamento de campanha, porque a crise que nós estamos vivendo hoje, além de econômica e política, é fruto principalmente dessa questão do financiamento de campanha em nosso País, que não é tão transparente como nós gostaríamos que fosse, como é necessário que seja. Por isso, assinamos - eu vi também a assinatura do senhor e de outros - esse pedido de CPI que o nosso nobre Senador Randolfe está encaminhando para apurar essas denúncias sobre financiamento de campanha.

    Sem dúvida, o tempo passado nesse país amigo foi curto para poder apreciar toda a sua grandeza, mas a organização cuidadosa do roteiro permitiu visitar uma das grandes empresas que são motivo de orgulho para os japoneses. Trata-se da NEC Corporation - em japonês, Nippon Denki Kabushiki Gaisha -, uma empresa multinacional de tecnologia da informação, sediada em Minato-ku, em Tóquio.

    Portanto, a NEC, nobre Senador Elmano - a quem desejo uma boa viagem, um bom retorno ao nosso nobre Estado do Piauí -, foi uma das empresas que nós visitamos, nobre Senador Medeiros, e pudemos ver toda a evolução tecnológica, como os robôs utilitários que a NEC está apresentando ao mundo.

    A NEC, parte do Grupo Sumitomo, oferece soluções de rede e tecnologia de informação para empresas, para provedores de serviço em telecomunicações em governos, atuando também atualmente no ramo da robótica.

    A NEC está presente em nosso País, onde se chama NEC Brasil. A empresa era conhecida até 1973 como a Nippon Electric Company Limited (Companhia Elétrica Japonesa Limitada), e a sigla foi mantida nos dias atuais por ser uma denominação facilmente associada à empresa NEC.

    Srªs e Srs. Senadores, inclusive quando fiz essa visita à NEC, nobre Presidente, Senador Elmano, nós pudemos visitar a Sky Tree, que é a maior torre do mundo. É um símbolo da evolução tecnológica e da arquitetura japonesa.

(Soa a campainha.)

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Todos que forem a Tóquio precisam ver ali o tanto que esse povo superou todas as suas dificuldades.

    Então, aos pessimistas que vivem hoje no nosso País, com essa crise que estamos vivendo, temos de ter a certeza de que, com projeto, com planejamento, as crises podem ser superadas, e podemos retomar o crescimento e o emprego.

    Srªs e Srs. Senadores, mencionamos, no início deste pronunciamento, o fato de o Brasil ser o País de origem da maior comunidade não asiática do Japão. São trabalhadores que, de alguma forma, contribuem para o crescimento da economia brasileira com os recursos enviados de lá a seus familiares que ficaram no Brasil. Por isso, em visita à Embaixada do Brasil em Tóquio, era inevitável que as conversas abordassem os problemas dos brasileiros que vivem no Japão.

    E são muitos, nobre Senador Medeiros. Estou vendo o Cônsul brasileiro no Japão, o Embaixador brasileiro no Japão, os Embaixadores japoneses no Brasil, todos trabalhando no sentido de superar esses problemas.

    Por isso, em visita à Embaixada do Brasil em Tóquio, era inevitável que conversássemos e abordássemos, como já falei, os problemas dos brasileiros que vivem no Japão, os conhecidos decasséguis.

    Já havíamos mencionado que o número de brasileiros que vive naquele país diminuiu consideravelmente após a crise econômica de 2008/2009. Mesmo assim, hoje ainda há cerca de 200 mil, com alguns problemas com relação, por exemplo, à educação, às crianças terem acesso às escolas, às repartições, o que está sendo superado com a boa vontade do governo japonês e do Governo brasileiro, no sentido de trabalhar com harmonia nessa função.

    Eu mesmo fiquei encarregado de auxiliar em algumas questões junto ao Ministério da Educação. Vou procurar o nosso Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no sentido de encaminhar algumas soluções que lá me foram solicitadas.

    Para encerrar, nobre Presidente, este relato, gostaria de dizer da minha alegria por essa oportunidade de aproximação maior com a história desse povo amigo e laborioso que é o povo japonês. Temos visto o quanto é importante para o Brasil a participação dos imigrantes e descendentes de origem japonesa em nosso desenvolvimento científico e tecnológico, bem como o seu empenho e conhecimento nas atividades agrícolas.

    Onde vemos uma boa produção agrícola, hortaliças, verduras, pode-se ter certeza de que lá há um japonês junto, trabalhando e melhorando a produção, porque eles realmente têm conhecimento muito adequado nessa área de produção agrícola, entre outros.

    Por isso, inclusive você, que é do Estado do Mato Grosso, onde a produção de soja cada vez aumenta, sabe que o legado do japonês, para podermos permitir que a nossa soja seja produzida com maior qualidade, seja produzida realmente menos suscetível às pragas, vem exatamente de estudos feitos em parceria com a embaixada e com o povo japonês. O empenho e o conhecimento nas atividades agrícolas desse povo são admiráveis.

    Por tudo isso, os laços de amizade entre os dois povos devem ser mais e mais estreitados a cada dia, e é exatamente com esse compromisso de pôr os Senadores no grupo de amizade Brasil-Japão que encerro este pronunciamento hoje, dizendo que foi com muita satisfação que eu, como Senador da República, e a assessora da Vice-Presidência do Senado, Srª Lesley Ishii, que também foi comigo nessa viagem, pudemos participar dessa visita ao Parlamento e aos setores de produção, aos setores que mostram a cultura japonesa, a pacificidade. Valeu muito a pena, no sentido de aumentar nossa amizade.

    Era isso que eu queria dizer neste momento.

    Agradeço ao nosso nobre Presidente pela gentileza do tempo concedido, ao nosso Senador Medeiros, agradeço também ao Senador Elmano Férrer, que teve de se retirar para sua viagem de retorno ao Piauí.

    Quero dizer também que estamos juntos, com otimismo, acreditando que temos condições de voltar ao crescimento, de voltar à geração de emprego e de dar alento ao nosso povo, que está vivendo hoje, momentaneamente, numa condição muito difícil, muito complicada, que esperamos ver brevemente superada.

    Obrigado, nobre Senador Medeiros.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Senador Hélio José, meus parabéns pelo pronunciamento. V. Exª faz um brilhante relatório sobre essa viagem.

    Não tenha dúvida de que as suas palavras têm tudo a ver com esse cenário que estamos passando. Mal comparando com aquela tragédia que aconteceu no Japão, nós estamos em um momento, um pouco, de terra arrasada; e muitos já desalentados, achando que não temos como nos levantar.

    Concordo com V. Exª. Nós passamos por momentos dificílimos da vida nacional, e com certeza o Brasil se levantará. Agora, podemos nos levantar, como nos levantamos em outros momentos, com valor agregado, acatando a sugestão que V. Exª aqui fez. O Japão se reergueu principalmente pelo comprometimento, pela vontade de seu povo, mas, sobretudo, pelo investimento na educação, pelo investimento na produção de conhecimento. E, hoje, o Japão, aquela pequena ilha, é exemplo de produção, de tecnologia, de energia renovável.

    Quando olhamos para toda aquela estrutura, ficamos até ficar um pouco tristes, porque a situação do Brasil, em 1945, se comparada com a do Japão, não dá nem para comparar o quanto estávamos na frente. E o Japão se reergue e torna-se essa potência mundial.

    O Brasil, hoje, lamentavelmente, Senador Hélio José - V. Exª que é um dos membros, e um membro qualificado, porque faz parte da diretoria da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado -, para nosso desalento, temos que olhar para o grande desafio que é termos que trilhar nessa área. Cito aqui um exemplo: hoje, no Brasil, demora-se em torno de 11 anos para que uma patente seja registrada. Só para citar também outro exemplo, o iPhone é um produto fruto de 200 patentes. Ou seja, foram produzidos 200 tipos de tecnologia para se chegar ao iPhone.

    Então, numa conta rasa, Senador Hélio José, se o iPhone fosse inventado no Brasil, demoraríamos cerca de 2000 anos ou mais para que ele pudesse ser registrado, nessa média de conta.

    Esse é o tamanho do desafio que temos que enfrentar.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Com certeza.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Agora mesmo estávamos num debate aqui sobre a fosfoetanolamina. V. Exª fez parte desse debate. O Senado foi acusado de atropelar a ciência, as universidades. Colocaram esse debate. Agora, é bom também que se saiba que, do outro lado, começou-se o estudo sobre fosfoetanolamina, há 25 anos, e não se chegou a um resultado. Por fim, chegou-se a esse acasulamento da população, desesperada, porque as instituições não caminham, e a burocracia impera. Diante desse clamor todo, o Senado resolveu autorizar, juntamente com a Câmara, o uso compassivo.

    Recentemente, o Ministro Celso Pansera esteve, durante o período inclusive em que V. Exª estava viajando, na Comissão de Ciência e Tecnologia e também aventou a possibilidade de liberar o medicamento, classificado como suplemento alimentar.

    Mas o caso não é esse. Estou citando esse caos todo, porque os que criticam que o Senado atropelou, ao mesmo tempo, do outro lado, as coisas não funcionaram. Não funcionaram por quê? Porque não estamos com rumo nesse setor.

    Fico pensando - e deixo a reflexão - que produção de conhecimento estamos produzindo? Estamos produzindo só a reflexão sobre a utilidade das bromélias ou estamos produzindo algo prático, similar ao que a Embrapa produziu neste País e que fez Mato Grosso, por exemplo, sair do índice de produtividade quase zero, no Cerrado, e ser um dos maiores índices de produtividade no mundo?

    Podem não concordar comigo, mas é uma reflexão que temos que fazer.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Tem que ser feita.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - O que a nossa academia está produzindo?

    V. Exª traz sempre o debate da energia renovável. O que estamos fazendo? Temos que fazer essas perguntas. A valorização dos nossos cientistas, como está sendo? Temos que tomar o exemplo do Japão.

    V. Exª, com muita felicidade, trouxe esse debate à Câmara Alta do País, num momento em que só estamos falando dessa crise imensa, abissal, política, pela qual estamos passando, V. Exª traz um alento, dizendo, chamando a atenção para essas questões, porque, sem esse viés, sem esse novo tipo de entendimento, pode trocar Presidente, sair Presidente, fazer o que for, nós não vamos nos desenvolver. Vamos ficar na rabeira da fila mundial, porque nossos competidores estão numa velocidade supersônica.

    Nós, por exemplo, fazemos parte do BRICS, pelo menos fazíamos: Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia. Recentemente, o ex-Presidente da Vale, o saudoso Roger Agnelli, esteve na Comissão de Relações Exteriores.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Ele falou: "Dizem que a China não está crescendo". A China crescia três Alemanhas por ano, agora está crescendo uma e meia. E nós estamos com um crescimento negativo de três pontos. Então, essa é a preocupação. Por isso que me congratulo e até me empolguei em fazer esse breve comentário, esse longo comentário, aliás, à sua fala, porque nos faz pensar no Japão como bússola. Aliás, devia ser há muito tempo. Peço a V. Exª que, se possível, assuma a Presidência para que eu possa fazer a minha breve fala.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Nobre Senador Medeiros, é com muita alegria - e comunico à Casa - que incorporo o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento, por sua importância e por complementar o meu pronunciamento.

    Realmente, existe essa capacidade de superação, essa capacidade de investir no planejamento, de investir na educação, de investir na infraestrutura adequada e na durabilidade. Por exemplo, em uma das conversas com o governo japonês, percebi que um carro produzido no Japão tem uma previsão de durabilidade de dez, vinte anos, existe até uma preocupação com a utilização estável do bem, enquanto em outras nações pujantes a durabilidade é de apenas um ano. Depois, já era o veículo. No Japão, o raciocínio é o contrário: eles fazem as coisas para durar e para ter qualidade a vida inteira.

    Hoje eu estava conversando com alguns investidores em energias alternativas, como as solares, por exemplo. O painel japonês é 30% mais caro, vamos supor, do que o painel de outro país, que é mais barato, mas a durabilidade e a qualidade de produção desse painel é maior, portanto vale à pena investir 30% a mais em razão da qualificação. Como ocorreu, V. Exª lembrou bem, com os estudos da Embrapa, no sentido de garantir um melhor aproveitamento do solo e maior produção de soja, livre das pragas que a arrasavam. Hoje o Mato Grosso é um dos maiores produtores de soja do mundo, e não somente do Brasil, pois a soja é um alimento fundamental para vários ramos da sociedade.

    Eu vou assumir a Presidência, com muito carinho, para que V. Exª faça o seu pronunciamento, e agradeço o aparte.

    Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Obrigado, Senador Hélio José.

    Eu inclusive sou suspeito para falar do Japão porque sou casado com uma japonesa, tenho uma filhinha japonesa, que é linda, e um filho.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Que maravilha!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/04/2016 - Página 69