Discurso durante a 31ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre a divulgação de ligação telefônica entre o ex-Presidente Lula e a Presidente Dilma Rousseff.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Comentário sobre a divulgação de ligação telefônica entre o ex-Presidente Lula e a Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2016 - Página 68
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, DIALOGO, TELEFONE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSUNTO, UTILIZAÇÃO, NOMEAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, OBJETIVO, IMPEDIMENTO, PRISÃO, EX PRESIDENTE.

    O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN) - Sr. Presidente, hoje à tarde, eu tive uma reunião no meu gabinete...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador José Agripino, com a palavra.

    O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN) - Sr. Presidente, hoje à tarde, eu tive uma reunião no meu gabinete com empresários e investidores de vários países - mexicanos, chilenos, americanos -, e as perguntas que eu respondi...

(Tumulto no recinto.)

    O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Essas conversas atrapalham o orador. Há um orador na tribuna.

    Com a palavra V. Exª.

    O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN) - Eu pediria aqui a meu Líder Ronaldo Caiado um pouquinho de paciência para que eu pudesse manifestar a minha opinião.

    O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Com a palavra V. Exª.

    O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN. Sem revisão do orador.) - Eu tive, hoje de tarde, uma reunião, longa reunião, com investidores internacionais trazidos por investidores brasileiros que vinham perguntar sobre a situação política do Brasil, vinham consultar o Presidente de um Partido de oposição. Eram mais de dez pessoas, e são dez testemunhas. Perguntaram-me sobre minha opinião sobre a nomeação do ex-Presidente Lula para a chefia da Casa Civil. Eu tenho dez testemunhas. Eu disse a eles que, no meu entendimento, o ex-Presidente Lula, que foi Presidente por dois mandatos e que tinha relações em todos os partidos da Base do Governo, estava convocado pelo Governo com a função precípua de captar votos da Base para evitar o impeachment. Era isso que eu entendia como a missão principal, até porque eu entendia que o Presidente Lula e a Presidente Dilma tinham, no campo da economia e no campo da política, opiniões divergentes e iriam seguramente trombar na hora em que a missão não fosse exatamente essa.

    Hora nenhuma, na conversa que eu tive com esses dez protagonistas, eu ousei sugerir que a nomeação de S. Exª, o hoje Ministro Lula, teria algo a ver com a blindagem para que ele não fosse preso. Hora nenhuma. Mesmo com a delação premiada de Delcídio, mesmo com a gravação de Mercadante com Mazagão, mesmo com uma sequência de evidências que poderiam me conduzir, em respeito até a interesses do Brasil com investidores estrangeiros, eu não toquei nesse assunto.

    Agora, não dá mais para esperar acontecer coisa mais grave do que aconteceu. Um grampo foi revelado. Aqui vai se discutir agora a legalidade ou ilegalidade do grampo. Claro que temos que discutir, claro, é evidente que temos. Agora, não tenho mais nenhuma dúvida, depois do diálogo entre a Presidente e o ex-Presidente, de que a nomeação ocorreu para obstrução da Justiça, ocorreu para blindar Lula de uma eventual prisão.

    Presidente Renan, fui à rua em São Paulo, eu vi a multidão de mais de 1 milhão de pessoas e senti, durante uma hora, o que as pessoas diziam a mim. Eu fiquei no meio da Avenida Paulista - era eu com milhares de pessoas ao meu lado. Eu sei o sentimento das pessoas. Se não acontecer algo em resposta à sequência de fatos que desde segunda-feira acontecem neste País, este País vai incendiar. As ruas do Brasil vão se incendiar.

    E as evidências são muito graves, são gravíssimas. A essência dos fatos exige das Casas do Congresso uma tomada de posição urgente. O processo de impeachment está em vias de ser instalado. O Congresso Nacional precisa se definir e votar. As evidências estão aí. Chega! Esgaçou-se o tecido político brasileiro.

    O que quero dizer é que, com a moderação que eu mantive numa conversa durante uma hora com pessoas do Brasil e do exterior, eu perdi essa condição. Eu retive a informação comigo mesmo de que a nomeação do Presidente se dava por razões de blindagem. Eu não disse isso a eles. Agora, eu não tenho mais nenhuma dúvida, Líder Ronaldo Caiado. Para nós voltarmos à rua do Brasil, V. Exª, eu e nós todos não temos outra condição senão apoiar, de forma aberta, o impeachment da Presidente Dilma. Não nos resta alternativa, nós não temos nenhuma alternativa pela crueza dos fatos que acabaram de acontecer.

    Obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2016 - Página 68