Discurso durante a 31ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Sugestão de convocação de reunião de emergência dos líderes partidários e o Presidente do Senado para que se analise a adoção de medida quanto a divulgação de ligação entre o ex-Presidente Lula e a Presidente Dilma Rousseff.

Autor
José Pimentel (PT - Partido dos Trabalhadores/CE)
Nome completo: José Barroso Pimentel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Sugestão de convocação de reunião de emergência dos líderes partidários e o Presidente do Senado para que se analise a adoção de medida quanto a divulgação de ligação entre o ex-Presidente Lula e a Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2016 - Página 69
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, SERGIO MORO, JUIZ FEDERAL, PRIMEIRA INSTANCIA, QUEBRA DE SIGILO, DIALOGO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPETENCIA, FORO ESPECIAL, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), SUGESTÃO, REUNIÃO, EMERGENCIA, PARTICIPAÇÃO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, SENADO, DEBATE, MEDIDAS LEGAIS.

    O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco Apoio Governo/PT - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos temos razão. O momento político brasileiro é muito grave.

    Há um Juiz de primeira instância que rasga a Constituição, rasga a legislação que trata do sigilo telefônico. Quando há uma autoridade de foro privilegiado como é o caso da Presidência da República, automaticamente, todo o processo se transfere para o Supremo Tribunal Federal.

    Fico muito triste quando vejo democratas de ontem que, em vez de respeitar a Constituição Brasileira e chamar ao feito um Juiz Federal que está subordinado à legislação brasileira, resolvem bater palmas e apoiá-lo em detrimento do Estado democrático de direito. Isso não pode acontecer, Sr. Presidente, porque, se hoje faz com a Presidência da República, amanhã, fará com qualquer Parlamentar do Congresso Nacional, com qualquer autoridade de foro diferenciado.

    Não estamos aqui defendendo apenas a Presidenta Dilma, estamos aqui defendendo a Constituição brasileira. Este País não pode ser vítima da vontade de alguns em detrimento da legislação brasileira. No dia em que nós fizermos isso, vamos voltar a 1964. Aqui, grande parte dos nossos pares foi ou todos foram para as ruas para combater o estado de exceção, para combater a ditadura militar. Hoje, por acharem que é preciso fazer um atalho para chegar à Presidência da República, resolvem apoiar um ditador que não respeita a legislação brasileira que é o Juiz Federal Sérgio Moro. Nessa matéria, se nós tivermos um mínimo de respeito ao Estado democrático de direito, nós não podemos ficar calados e precisamos exigir a todos que respeitam a Constituição Brasileira.

    E ela é muito clara: o foro diferenciado obriga que, nos chamados encontros fortuitos que são essas gravações, seja transferido para o foro definido daquela autoridade todo o material ali identificado. No Brasil, não! Um juizinho de primeira instância acha que é o dono da verdade e resolve pegar uma gravação cujo processo não competia mais a ele - a lei é direta, é explícita, não deixa dúvida sobre isso - e resolve mandar para uma empresa que é a Rede Globo, cuja postura nós sabemos qual é.

    Eu quero aqui lembrar que a manifestação de domingo, dia 13 deste mês, foi uma manifestação democrática, como são democráticos todos os eventos depois da ditadura. Muitos de nós fomos presos e torturados por lutar pelo Estado democrático de direito. Eu compreendo a posição de hoje daqueles que tinham outro apoiamento na ditadura militar, porque eles estão saudosos do que fizeram com a nossa sociedade, com a nossa juventude e com as instituições brasileiras. É por isso que eles aplaudem isso, mas outros, que foram vítimas da ditadura, como nós fomos, não têm o direito de, em face de uma disputa pontual política, rasgar a Constituição. Se hoje é Dilma Rousseff, Presidenta da República, a vítima de um Juiz irresponsável, que não respeita a Constituição, que não respeita a legislação, amanhã serão eles as vítimas também desse processo.

    Por isso, Sr. Presidente, esse encaminhamento de encerrarmos os trabalhos, em respeito à Constituição, para reunir nosso Colégio de Líderes e fazer um diálogo sobre isso. Eu sei que o papel não é apenas do Congresso Nacional, mas o Congresso Nacional tem um papel fundamental, neste momento gravíssimo do Estado democrático de direito, de respeito à Constituição e de cumprimento do nosso ordenamento jurídico, sob pena de aqueles que hoje aplaudem esse ato ilegal, imoral e sem qualquer justificativa, amanhã, serem também vítimas desse processo. Como eu não quero isso para ninguém no nosso País, eu peço a V. Exª que, terminada essa votação, faça o encerramento da Ordem do Dia e reúna o Colégio de Líderes, para que nós possamos, assim, proceder às saídas para este momento grave da nossa democracia, do nosso Estado democrático de direito.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2016 - Página 69