Pela ordem durante a 46ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Explicação pessoal acerca das reclamações dos senadores Humberto Costa, Vanessa Grazziotin, Fátima Bezerra e José Pimentel, sobre o comportamento do orador durante debate com o Ministro Patrus Ananias em audiência pública da Comissão de Agricultura do Senado Federal.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Explicação pessoal acerca das reclamações dos senadores Humberto Costa, Vanessa Grazziotin, Fátima Bezerra e José Pimentel, sobre o comportamento do orador durante debate com o Ministro Patrus Ananias em audiência pública da Comissão de Agricultura do Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2016 - Página 13
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • EXPLICAÇÃO PESSOAL, REFERENCIA, PRONUNCIAMENTO, HUMBERTO COSTA, VANESSA GRAZZIOTIN, FATIMA BEZERRA, JOSE PIMENTEL, SENADOR, ASSUNTO, CRITICA, COMPORTAMENTO, ORADOR, DEBATE, PATRUS ANANIAS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO, AUDIENCIA PUBLICA, REALIZAÇÃO, COMISSÃO DE AGRICULTURA, SENADO.

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é importante que possamos esclarecer os fatos.

    Pergunto a V. Exª: formular pergunta a Ministro é algum desrespeito? Onde está o desrespeito por parte do Senador Ronaldo Caiado quando perguntei ao Ministro como responder a um relatório do TCU - não é um relatório do Democratas - de que há 574 mil fantasmas no Incra? Eles estão usando quem? Quando há um fantasma em um gabinete de um Parlamentar, ele é obrigado a explicar quem é esse cidadão. Onde está o desrespeito em formular essa pergunta? Qual foi a palavra que teria ferido o decoro parlamentar, nobre Senador Humberto Costa? Qual?

(Soa a campainha.)

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Fora do microfone.) - Art. 14, Presidente.

    O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Pois não.

    Qual é a palavra que eu usei? Eu disse: "V. Exª consegue identificar para mim quantos assentamentos emancipados há? V. Exª pode me responder qual é a produtividade nos assentamentos? V. Exª pode me responder se quem define a lista do Incra é o Presidente do Incra ou o MST, que invade e destrói os computadores quando não tem a cota atendida?" O que eu perguntei ao Ministro da Reforma Agrária foi por que, na hora em que a Contag fez o discurso lá no Palácio do Planalto... Aquilo, sim, é incitação ao crime. Incitação ao crime é o que o dirigente da Contag disse: "Vou invadir gabinetes, vou invadir propriedades rurais e vou invadir exatamente também as casas dos Deputados que votarem a favor do impeachment". Isso, sim, é incitar o crime e a violência. Quando o Presidente da CUT, aliado do PT como da Contag, fala que vai se entrincheirar e pegar em armas, aí, sim. O Ministro fugiu do debate - Ministro fujão -, porque não tem como responder.

    Agora, o brasileiro, Sr. Presidente, é obrigado a pagar 574 mil fantasmas para seguir ordem do exército vermelho do Lula, do exército vermelho que o Lula instiga para dizer que quem for para a rua vai ter que enfrentar o exército do Stédile?

    Onde está a falta de decoro nas perguntas que eu formulei? Qual é que foi a palavra que desabonou o Ministro de Estado? A interrogação não é direito nosso?

    Agora, a matéria está aqui, o jornal publica: são 574 mil fantasmas, 1.100 vereadores, prefeitos, primeiras-damas, empresários, proprietários de imóveis urbanos recebendo lotes de assentamento. Então, Sr. Presidente, onde é que está essa tese?

    Agora, vem a Senadora Vanessa Grazziotin tentando me intimidar, que vai me levar para o Conselho de Ética?! Ora, levar para o Conselho de Ética por eu ter formulado essas perguntas? A que ponto chegou esta Casa, então, hein?! Quer dizer que um cidadão que pergunta aquilo que está noticiado como crime na imprensa nacional recebe ameaça de que poderá ser levado ao Conselho de Ética?! Aí, realmente, esta Casa mudou a posição; aí já não é mais Câmara Alta do Parlamento brasileiro; aí já, realmente, passa a ser uma Casa para abafar escândalos de corrupção do atual Governo. E não é a função do Senado Federal.

    Toda a matéria está gravada. Não existiu em hora alguma, até porque eu tenho uma formação, sou um homem educado, tenho uma formação familiar, tenho uma formação religiosa, sou um médico, sou um profissional. Agora, eu sou veemente nas perguntas, eu não sou de apelidar as palavras, mas jamais uma palavra como do vocabulário do Lula. Eu não uso o vocabulário do Lula, o meu vocabulário é outro, o meu vocabulário é um vocabulário respeitoso, mas corajoso para botar o dedo na ferida, aquilo a que nós assistimos no Brasil hoje.

    Como tal, Sr. Presidente, eu estou à inteira disposição. A televisão, a TV Senado, filmou tudo: vejam se existiu alguma palavra minha ofensiva ao Ministro. Agora, eu pedi a ele, sim, informações duras, que são informações que nós recebemos e que o TCU torna público hoje. Agora, se acha que vem aqui, que está acima de qualquer formulação de qualquer Senador da República, que é intocável...

    Eu perguntei a ele:

Quando vocês cobram de um trabalhador rural numa propriedade rural o cumprimento de mais de 280 regras do Ministério do Trabalho, V. Exª autoriza com que, nos assentamentos - V. Exª que tem uma visão social, que diz ter a visão social -, essas pessoas possam viver em condições subumanas, no maior índice de tuberculose, de lepra, de hanseníase, como nós temos, exatamente, nos assentamentos? Mortalidade infantil, falta de produtividade? Então, dois pesos e duas medidas? V. Exª exige que seja cumprido isso na propriedade privada, agora, V. Exª, como Ministro de Estado, não cumpre isso nos seus assentamentos?

    Onde é que está a agressão? Onde é que está a falta de decoro?

    O PT e o PCdoB precisam de parar com essa tese, eles precisam de achar que vão intimidar as pessoas. Não vão me intimidar, não! Eu tenho o meu mandato pelo voto - pelo voto! Eu sou votado. Eu fui eleito pelo voto. E ele foi nomeado Ministro por vontade da Presidente da República. Eu, não; eu tenho titularidade no meu cargo. E a minha função é exatamente essa e não vou admitir tutela de quem quer que seja! A minha capacidade de expressar é prerrogativa minha, e não vai ser PT nem PCdoB que vai achar que vai me intimidar!

    Eu enfrento esse povo há 30 anos, Sr. Presidente - 30 anos! Eu mostrei o caso da Lubeca, há 30 anos, na cara do Lula, e vocês já faziam caixa dois há 30 anos! O Lula dizia: "Ronaldo Caiado é latifundiário". Eu sou pequeno agricultor perto dele e dos filhos dele! Nunca fiz patrimônio com dinheiro público! Eu sou um médico, sou um homem que construí a minha vida dentro do trabalho e da honradez, não espoliei Petrobras, não destruí BNDES, não assaltei fundos de pensão, não destruí a vida de 10 milhões de brasileiros que estão desempregados hoje, não levei o País para a situação caótica em que se encontra!

    E, agora, eles querem achar uma solução, achando que vão me ameaçar e que eu vou me intimidar? Ora, o que é isso, Sr. Presidente? É uma coisa... Eu não quero aqui reprisar Juscelino Kubitschek, mas, se existe algo que não me falta, é a coragem, Sr. Presidente.

    Eu quero dizer ao PT e ao PCdoB: estou inteiramente à disposição - inteiramente. Agora, vocês podem montar o que vocês quiserem! Achar que vai calar o Caiado: "Vou botar no Conselho de Ética, vou não sei o quê..." Rapaz, isso comigo não funciona, não! Minha profissão não é política, não. Minha profissão: sou médico, sou cirurgião, eu ganho a minha vida com aquilo que Deus me deu, com capacidade e conhecimento. Eu tenho mandato aqui é para representar o meu Estado de Goiás. É para isso que eu faço. Eu não faço política para negócio. Eu não tenho empresa, eu não sou empresário. Eu não estou aqui para disputar com ninguém, eu estou aqui para lutar por aquilo que a sociedade brasileira exige dos políticos neste momento.

    Eu encerro agradecendo e peço desculpas ao Senador por estar esse tempo já na tribuna, para poder atender aqui este aparte, em um momento em que fui duramente criticado, sem estar aqui presente.

    Muito obrigado ao Senador Blairo Maggi.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2016 - Página 13