Comunicação inadiável durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de ato contrário ao "impeachment" e em apoio à Presidente Dilma Rousseff, realizado por professores, no Palácio do Planalto, e apreensão com as possíveis consequências da gestão do PMDB no Governo.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Registro de ato contrário ao "impeachment" e em apoio à Presidente Dilma Rousseff, realizado por professores, no Palácio do Planalto, e apreensão com as possíveis consequências da gestão do PMDB no Governo.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2016 - Página 16
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LOCAL, PALACIO DO PLANALTO, OBJETIVO, SOLICITAÇÃO, REJEIÇÃO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DECLARAÇÃO, APOIO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APREENSÃO, RESULTADO, HIPOTESE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), GESTÃO, GOVERNO FEDERAL.

    A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, Senadora Vanessa, eu quero registrar aqui o momento de muita emoção que todo o segmento educacional do nosso País vivenciou hoje, às 11 horas, no Palácio do Planalto, em apoio à Presidenta Dilma e contra o impeachment. Lá estavam presentes representantes e dirigentes das instituições de ensino superior, das universidades federais, e representantes de professores da pré-escola até a pós-graduação. Foi um ato de muita emoção, de solidariedade e contra o impeachment da Presidenta Dilma.

    Não há mais o que esconder, Sr. Presidente. A divulgação daquele áudio contendo o precipitado pronunciamento do Vice-Presidente Michel Temer escancarou as verdadeiras intenções do grupo político que trama, há um ano e meio, a derrubada de uma Presidenta legitimamente eleita pelo voto livre de mais de 54 milhões de brasileiros.

    Parte do PMDB - quero aqui corrigir, como o nosso Senador João Alberto disse com muita propriedade -, associada aos derrotados de 2014, articula um golpe parlamentar contra a Presidenta Dilma e, além disso, um atentado à democracia, na medida em que não houve cometimento de crime de responsabilidade, como exigido pela Constituição.

    Mas não está sendo tramada uma agressão apenas a uma mulher honrada como Dilma Rousseff. Está sendo urdido também um atentado contra os direitos sociais duramente conquistados pelo povo brasileiro há décadas.

    Ou alguém ainda tem dúvidas a respeito da pauta conservadora que se pretende pôr em prática a partir de uma eventual saída da Presidenta Dilma?

    A tal Ponte para o Futuro do PMDB, que, na verdade, promete ser um terrível retrocesso social, expõe as reais intenções do Vice-Presidente Temer: redução drástica nos gastos com saúde e educação, fim da legislação de proteção aos trabalhadores e entrega do patrimônio público.

    E, como se não bastasse, o eventual impedimento da Presidenta efetivaria como Vice-Presidente da República, para todos os efeitos, o Deputado Eduardo Cunha, esse, sim, acusado de diversos crimes e suspeito de corrupção.

    É isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que queremos para o Brasil? Tirar uma Presidenta contra a qual não pesa nenhuma acusação de crime de corrupção, aplicando contra ela a mais pesada pena prevista em nossa Constituição?

    E colocar em seu lugar um vice-presidente contra o qual pesam suspeitas? E, de quebra, conferir mais poder a um Parlamentar como Eduardo Cunha, que, em nome de seus interesses mais mesquinhos, vem promovendo uma política de sabotagem contra o Governo e contra a estabilidade econômica e política em nosso País?

    Há uma outra questão não menos importante e que diz respeito ao País que queremos legar às próximas gerações. O acirramento provocado por grupos políticos, associados às elites econômicas de sempre, gerou uma situação de tensão social que há muito não víamos. É impressionante a violência, a intolerância.

    E aí, Sr. Presidente, têm-se sucedido episódios de agressão a Parlamentares, como a que atingiu de modo torpe e injustificável a Senadora Gleisi Hoffmann; artistas, como Letícia Sabatella, Chico Buarque e Wagner Moura; jornalistas como Leonardo Sakamoto...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - ... e cidadãos comuns, pelo simples fato de não aceitarem a quebra da normalidade democrática.

    Chegamos ao cúmulo expresso na atitude de uma médica, no Rio Grande do Sul, que se recusou a atender uma criança porque sua mãe era petista. Olhem só! Esse episódio deveria ter servido de ponto máximo de intolerância, forçando uma reflexão por parte daqueles que apostam na divisão do País.

    Mas, não. O que temos visto é mais acirramento. A oposição, com claro apoio dos grandes grupos de comunicação, à falta de argumentos, aposta na intimidação.

    Mas, felizmente, Sr. Presidente, a população começa a perceber a realidade dos fatos, antes que o golpe esteja consumado. As pesquisas de opinião mostram o declínio gritante da popularidade dos que tentam o golpe.

    Intelectuais, artistas, sociedade organizada já estão nas ruas para defender a democracia, a estabilidade democrática, a soberania do voto popular e a certeza de que os mandatos precisam ser respeitados.

    Era isso, Sr. Presidente. E viva a democracia!

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito bem, Senadora Angela. Obrigado pela contribuição. V. Exª ajudou a que eu me sentisse menos culpado, por ter falado estritamente dentro do tempo.

    A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR. Fora do microfone.) - Foi de propósito para lhe ajudar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2016 - Página 16