Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Institucional “Mulher na Política”, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Institucional “Mulher na Política”, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
Publicação
Publicação no DCN de 01/04/2016 - Página 21
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, OBJETIVO, HOMENAGEM, LANÇAMENTO, CAMPANHA NACIONAL, PROMOÇÃO, AUMENTO, PRESENÇA, MULHER, POLITICA, AUTORIA, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), COMENTARIO, IMPORTANCIA, DEFESA, EQUIDADE, SEXO, CARGO ELETIVO, CONGRESSO NACIONAL, PREFEITURA, CAMARA MUNICIPAL.

     A SRA. ANA AMÉLIA (Bloco Democracia Progressista/PP-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Cara Presidente desta sessão e Procuradora Especial da Mulher no Senado Federal, Senadora Vanessa Grazziotin; cara Deputada Federal Elcione Barbalho, Procuradora da Mulher na Câmara dos Deputados; Coordenadora dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, Deputada Dâmina Pereira; autoridades que compareceram aqui; saúdo também a Sra. Márcia Rollemberg pela gentil presença aqui, tão combativa nesse nosso tema de hoje.

    Eu queria agradecer em primeiro lugar ao Presidente Renan Calheiros e ao Ministro Antonio Dias Toffoli, líderes de dois Poderes que vêm se empenhando institucional e pessoalmente nesse esforço do empoderamento das mulheres na política, e também pelo mesmo esforço que é feito pelas iniciativas e ações desenvolvidas no âmbito das Procuradorias da Mulher, seja no Senado ou na Câmara, todas elas com o mesmo objetivo: ampliar a participação feminina no processo político.

    Aqui já foi dito, e vai continuar sendo dito, Senadora Vanessa Grazziotin, minhas caras Deputadas, Senadoras, Senadores, convidados especiais, diplomatas, representação das Forças Armadas, dirigentes sindicais que estão aqui presentes; é forçoso repetir aqui que é inacreditável, inaceitável, a baixíssima composição e participação das mulheres nos Parlamentos brasileiros. Nós, comparativamente, América Latina, só para citar a nossa vizinhança, estamos muito, mas muito abaixo de um patamar ideal de participação das mulheres nos Parlamentos, seja nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas dos Estados, na Assembleia Distrital aqui em Brasília, seja na Câmara Federal, seja no Senado.

    Agora, com esse esforço, ao mesmo tempo em que nós buscamos esse empoderamento da mulher na política, nós vemos, por outro lado, outro processo acontecendo, de um empoderamento da mulher em outros setores extremamente importantes da vida nacional.

    Aqui estava até há pouco uma Ministra do Tribunal Superior Eleitoral. A futura Presidente do Supremo Tribunal Federal é uma mulher, a Ministra Cármen Lúcia. E já tivemos a Ministra Ellen Gracie, que presidiu o Supremo Tribunal Federal, a primeira mulher a compor a Suprema Corte de Justiça. Hoje, temos duas mulheres compondo essa Corte, e nas cortes também, seja no STJ, seja no TST, seja em outras cortes, como o próprio TSE, a participação ativa, e eu diria até deslumbrante de mulheres de grande talento, de grande vigor intelectual e de grande protagonismo em todos os processos institucionais.

    Então, se nós aqui lamentamos, elas estão entrando nas Forças Armadas, estão entrando em atividades que são as chamadas carreiras de Estado. Até nas Polícias Militares, Polícia Civil, Polícia Federal, órgãos de Estado, a mulher entra por concurso público para demonstrar a sua capacidade.

    No caso da política, é diferente, nós estamos vivendo numa área de absoluta instabilidade. Na área política, há uma instabilidade incrível, e as mulheres, por sua própria natureza, gostam de planejamento, de disciplina, de organização, de responsabilidade, e isso não existe muito na política.

    Então, diante da natureza desta atividade tão desafiadora, que é a política, aquela atividade que decide a vida das pessoas pelas suas leis, pelo seu protagonismo, as mulheres olham para esse cenário e não se sentem estimuladas e encorajadas a aceitar essa exposição.

    As mulheres, por sua natureza, também são mais, eu diria, recatadas, no sentido da timidez e de não estarem muito expostas, porque a política expõe a nossa vida de todos os jeitos. E essa adversidade, esse confronto entre, às vezes, adversários políticos nos provocando naquilo que nós temos de mais precioso, que é a nossa intimidade, a nossa privacidade, ou até a nossa integridade moral, pessoal, familiar, isso assusta um pouco muitas mulheres que gostariam de estar na política.

    Portanto, minha cara Senadora Vanessa Grazziotin, nós vamos continuar batalhando. Mas, enquanto as mulheres brasileiras, elas próprias, não se sentirem na necessidade de ser protagonistas de uma nova vida escrita por elas, para elas e para a sociedade inteira, nós não vamos ter sucesso, como aqui foi dito sobre as cotas. São muito artificiais as cotas de 30% da lista de nominatas, se o partido não der as condições para a mulher ali fazer a sua campanha política ou ter um espaço próprio para chegar aonde ela quer.

    Então, nós vamos continuar, porque “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. E eu acredito mesmo que, apesar deste cenário, o momento crucial vai ser quando as mulheres, por elas próprias, tomarem a decisão, como eu fiz largando uma carreira que era tranquila, em que não havia problemas, não tinha que dar satisfação para ninguém, a não ser para os meus leitores, os telespectadores e os ouvintes da rádio; além disso, eu não precisava dar satisfação.

    Hoje, eu tenho 3 milhões, 442 mil patrões. São os meus eleitores. Mas não só eles, toda a sociedade gaúcha e brasileira são os meus patrões. Eles mandam na minha vida. A minha agenda é determinada por eles,

não sou eu mais que faço minha agenda. E é exatamente isso que perturba um pouco quando vamos tomar

uma decisão dessas.

    Não me arrependo, começaria tudo de novo -- tudo de novo! --, porque estou encantada com o desafio de ser uma Parlamentar, uma representante do meu Estado do Rio Grande do Sul, de mulheres tão valorosas, que eu estou aqui para representar.

    Eu estou aqui para representar o Rio Grande e dizer que eu acredito, sim, que as mulheres, mais cedo ou mais tarde, no nosso País, vão entender que elas têm que desempenhar uma missão desafiadora, participando mais da política brasileira.

    E, neste ano, teremos eleições municipais. Então, eu convido as mulheres que se encorajem para ser candidatas a Prefeitas, a Vice-Prefeitas ou Vereadoras, porque aí começa a vida do nosso País. É na cidade que tudo começa, aí começam a se desenvolver as grandes lideranças.

    Parabéns, minha cara Vanessa, Deputadas, todas empenhadas neste mesmo propósito: mais mulheres na política!

    Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 01/04/2016 - Página 21