Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Institucional “Mulher na Política”, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Sessão solene destinada ao lançamento da Campanha Institucional “Mulher na Política”, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
Publicação
Publicação no DCN de 01/04/2016 - Página 24
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, OBJETIVO, HOMENAGEM, LANÇAMENTO, CAMPANHA NACIONAL, PROMOÇÃO, AUMENTO, PRESENÇA, MULHER, POLITICA, AUTORIA, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), COMENTARIO, IMPORTANCIA, DEFESA, EQUIDADE, SEXO, CARGO ELETIVO, CONGRESSO NACIONAL, PREFEITURA, CAMARA MUNICIPAL.

A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sra. Presidenta Elcione Barbalho, quero cumprimentar a Sra. Márcia Rollemberg, presença constante em todas as nossas ações, em relação às questões de gênero, e todas as companheiras componentes da Mesa, na pessoa da nossa guerreira Procuradora, a Senadora Vanessa Grazziotin; minha companheira Flora Izabel, Deputada Estadual do meu partido, no meu Estado, que veio prestigiar o nosso evento; Tatau Godinho, que representa a Ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos; Eunice, da ONU Mulheres, também parceira importante nas nossas lutas.

    Queria louvar esta campanha, que é muito importante para nós. A nossa próxima demanda ao Tribunal, Senadora Vanessa, Deputada Elcione, vai ter que ser para transformar esta campanha em campanha permanente, porque precisamos de uma campanha permanente de incentivo à participação da mulher. Eu acho que o Tribunal pode nos dar essa contribuição.

    Trinta por cento das candidaturas foram uma conquista, mas talvez não tenham surtido o efeito que esperávamos. O nosso problema está nos nossos partidos. Temos que enfrentar o problema ali dentro.

    A campanha acabou ficando a favor dos homens, porque eles lutam para ter a quota de mulheres, senão eles também não terão candidaturas. Então, acabou sendo uma campanha para os homens e não para nós.

    Sempre ouvimos uma frase que agride nosso ouvido, e não queremos mais ouvi-la -- por isso pedimos ao Tribunal para agir nesse sentido: “Bote o seu nome só para constar”. Essa frase é agressiva. Não podemos permitir que ela se repita. “Bote o seu nome para constar.” Puxa vida! Não queremos colocar nome para constar. Queremos ser agente ativa no processo, queremos ser protagonistas no processo. Mas ouvimos muito isso dos nossos companheiros.

    O meu partido sempre foi pioneiro na criação de Secretaria de Mulher, sempre debateu essa questão. Mesmo escutamos isto: “Bote o nome para constar”. Isso é agressivo demais! Não podemos permitir isso.

    Ouvimos também uma frase para nos consolar: “Só há uma Deputada, mas ela vale por dez.” Não queremos valer por dez. Queremos que cada uma valha para por cada uma. (Palmas.) Não podemos aceitar frases desse tipo, que, às vezes, pensamos ser um elogio. “Há uma Senadora, mas ela vale por dez.” Não queremos valer por dez, não.

    Então, acho que a nossa luta pela quota tem que permanecer. Precisamos voltar a fazer aquelas viagens pelo Brasil, pedindo mais mulheres na política. A quota é um passo. A quota vai garantir que tenhamos direito a esses lugares aqui. A quota ainda é pequena, é tímida, mas ela é o passo mais importante que podemos dar. E já a aprovamos nesta Casa em primeiro e segundo turno, está lá na Câmara.

    Precisamos retomar essa luta da quota. E ainda há quem diga que quota é instrumento de cultura atrasada. Não. Quota é instrumento de promoção de igualdade, onde há desigualdade. Então, enquanto houver desigualdade, temos que lutar pela quota. (Palmas.)

    Precisamos lutar em todos os flancos, porque a violência está aí também. Eu fui Relatora da política pública de combate à violência contra a mulher. Depois quero até que peguem o meu relatório que foi publicado pelo Senado, que mostra como ainda estamos atrasados nessa questão. A Lei Maria da Penha foi boa, mas não foi suficiente. Então, nós temos um monte de passos a dar. Mulheres sempre na luta!

    Vi uma propaganda muito bonita de uma mulher pilotando um avião. Quero dar o seguinte testemunho: “Viajei num avião de 300 passageiros pilotado por uma mulher. Foi o pouso mais suave da minha vida. A mulher fez uma aterrissagem com tanta suavidade que nem sentimos quando o avião pousou no pátio.” (Palmas.)

    Isso mostra que a mulher é competente para qualquer espaço. Só precisamos que nos deixem ocupar os espaços que são nossos. Não estamos disputando nada com os homens. Queremos o nosso espaço.

    Então, vou concluir minha fala com uma frase que não é minha, mas que, de tanto eu dizer, vai acabar sendo minha, porque não sei quem é o autor. A frase diz assim, para mostrar que não estamos disputando nada com os homens: “Aos homens, todos os seus direitos, nada mais; às mulheres, todos os seus direitos, nada menos”. É só isso o que queremos. (Palmas.)

    Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 01/04/2016 - Página 24