Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento de Padre Paolino Baldassari, da Ordem dos Servos de Maria.

Autor
Gladson Cameli (PP - Progressistas/AC)
Nome completo: Gladson de Lima Cameli
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento de Padre Paolino Baldassari, da Ordem dos Servos de Maria.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2016 - Página 89
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, REPRESENTANTE, IGREJA CATOLICA, ESTADO DO ACRE (AC), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Democracia Progressista/PP - AC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o pôr-do-sol, na última sexta-feira, dia 08, foi com as cores da tristeza em todo o Acre. Junto com o sol que ia embora, partia também o homem que dedicou mais de meio século ao povo da floresta, ao agricultor, ao ribeirinho, ao castanheiro, ao seringueiro.

    Padre Paolino Baldassari viveu a maior parte dos seus 90 anos subindo e descendo os rios acreanos, principalmente o rio Saco; e por isso me referi a ele como o Santo do laço. Viu crianças nascerem, batizou essas crianças, providenciou educação para elas, as viu crescer, cuidou de suas doenças, ouviu suas confissões de adolescente, casou esses jovens e viu os filhos deles nascerem.

    O sempre sacerdote da cidade de Sena Madureira foi, sem dúvida nenhuma, o maior exemplo de caridade que já se viu nas águas, nas florestas, nas casas humildes. Missionário singular, ficou conhecido pelas "desobrigas". As desobrigas, senhor presidente, são as viagens que fazia aos seringais, às aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas para celebrar batismo, casamento e tantas outras cerimônias. Fazia ciclos de dois anos. Primeiro, seis meses no rio Purus, depois voltava para Sena Madureira e ficava por seis meses. Então, mais seis meses no rio laço e outros seis meses na cidade. E assim o ciclo. Viajava a pé, a cavalo, barco, por quilômetros; e nessas viagens, contraiu malária 84 vezes.

    Tinha seu laboratório em Sena Madureira e chegou a atender 130 pessoas por dia, de segunda a sexta-feira.

    Com paciência, ele, que não era médico formado mas tinha estudado enfermagem na Itália, sua terra natal, arrumava os comprimidos que dava gratuitamente e prescrevia orientações nutricionais e chás.

    Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Padre Paolino não se dedicou apenas à saúde, mas também à educação. Quem o conheceu conta que carregava madeira nas costas para ajudar na construção de escolas nos seringais. Na contagem do povo acreano, foram 42 escolas ao longo desses anos todos. Não será de surpreender se aparecerem mais.

    Lá no Acre, escutamos tantas expressões para definir Padre Paolino: profeta das selvas, seringueiro de Deus, defensor da floresta, propulsor da caridade. As palavras são inúmeras, mas insuficientes para descrever um espírito tão determinado e pleno de dedicação e amor como o que se traduziu no missionário Paolino.

    Seria tão natural, para quem conviveu com Padre Paolino, vê-lo beatificado, canonizado, reconhecido como um verdadeiro Santo pela Igreja Católica. Mas o que precisa passar por um processo formal junto à igreja já está arraigado no coração de cada acreano que viu o alívio chegar pelas mãos do Santo do laço. Ele não tinha dúvidas em denunciar, pedir ajuda, falar das mazelas vividas. Disse que escrevia para os vários presidentes da República em busca de apoio para combater os males que afligiam o nosso povo acreano.

    Padre Paolino partiu num momento extremamente delicado para o país. Estamos vivendo um tempo difícil do ponto de vista político, econômico e social. Peço então a todos que se lembrem do exemplo que foi Padre Paolino. E mais, que esta frase, dita por ele, reverbere no coração de cada um de nós, que temos o destino da Nação sobre os ombros:

    "Eu me arrependo de ter feito o mal, mas não o bem. Eu fiz o bem". Que possamos escolher de maneira que no futuro saibamos que fizemos o bem e que não nos arrependemos do que foi feito.

    Era o que tinha a dizer. Agradeço Sr. Presidente!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2016 - Página 89