Comunicação inadiável durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica aos argumentos utilizados pela base governista para tentar deslegitimar o processo de impeachment.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Crítica aos argumentos utilizados pela base governista para tentar deslegitimar o processo de impeachment.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2016 - Página 22
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, ALEGAÇÕES, GOVERNO FEDERAL, CONLUIO, AUTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PROCESSO, GESTÃO, EDUARDO CUNHA, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, OBJETIVO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, POSSIBILIDADE, CANCELAMENTO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, GOLPE DE ESTADO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham, eu ouvi, há pouco, as palavras do Líder do Governo aqui no Senado Federal e não poderia deixar de também fazer minhas colocações, porque acredito piamente que o papel da oposição, principalmente neste momento, é deixar as coisas bem claras e deixar transparente esse debate, para que não paire nenhuma dúvida nas pessoas, neste momento tão conturbado da vida política nacional.

    O Líder do Governo, agora há pouco, tentou colocar em dúvida a legitimidade do impeachment por estar sendo conduzido, na Câmara, sob a batuta do Presidente Eduardo Cunha. Sr. Presidente, eu tenho visto também aqui o debate de que o rito do impeachment da Presidente Dilma corre em uma velocidade e o do Presidente da Câmara em outra. É bom que deixemos claro isto: são ritos diferentes e liturgias diferentes. Portanto, essa é a razão de um demorar mais que o outro, mas não vou entrar nessas filigranas. O fato de um juiz estar conduzindo um caso e, eventualmente, estar respondendo por um crime nada tem a ver nem tem ligação com a conduta do réu que está sendo julgado naquele caso. Então, não podemos confundir. Cada um responde pelos seus atos. O caso impeachment é uma coisa, e o caso Eduardo Cunha é outra. Com certeza, ambos vão responder aos processos a que estão sendo submetidos, e a Justiça e o Congresso Nacional vão dizer o que cada um vai receber como pena ou não. Ambos, de repente, na condução do processo, poderão até vir a ser absolvidos e a permanecer em seus cargos. Então, eu quero só deixar claro que o fato de ser Eduardo Cunha o condutor desse processo em nada deslegitima o instrumento legítimo constitucional que é o impeachment.

    Dizer que existe uma trama pelas costas dos brasileiros sendo urdida pelo PMDB, pelas pessoas que apoiam o impeachment e pelos Congressistas também não é uma verdade. Temos que deixar isso bem claro. Trama, é bem verdade, nós notamos que estava havendo, pelas costas dos brasileiros, por essas gravações que vieram à tona. Isso, sim, mostrava que havia uma trama muito forte no sentido de fazer a obstrução da Justiça, inclusive com a participação da Srª Presidente da República, dos seus Ministros. Isso tudo foi confirmado, inclusive, pelo ex-Líder do Governo, Senador Delcídio do Amaral e também pelas gravações.

    Mas, para mim, a acusação mais grave - e essa é preocupante - é a postura, porque, como o Partido dos Trabalhadores já percebeu que esse Governo já caiu e tem data de validade para isso, já começa a fazer o pós-governo. Eu ouvi aqui o Líder do Governo dizer que existe um "acordão" para tirar programas sociais para acabar com a indústria nacional e implantar privatizações.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Não existe "acordão" algum. Isso já está acontecendo. Isso já está acontecendo! As privatizações já são uma realidade. Não vou entrar no mérito se são boas ou más, mas o fato é que o PT criticou tanto e as está fazendo. E determinados casos - por exemplo, de rodovias que o Governo não tem como fazer - estão sendo, muitos deles, casos de sucesso.

    Dizer que existe um complô neoliberal? Primeiro, temos que desmistificar. Nem existe esse sistema chamado neoliberal, não existe essa linha. Existe uma rotulagem chamada neoliberal. Existe o liberalismo. Eu não conheço um escritor, um economista, um doutor que tenha escrito um livro sobre a teoria neoliberal. Isso foi uma construção que faz parte dessa rotulagem para tentar desconstruir alguém que...

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Fora do microfone.) - ... não concorda com as ideias.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Já concluindo, Sr. Presidente, passo a dizer, e repiso as palavras da Senadora Ana Amélia, que essa construção, muito bem urdida e provavelmente feita por algum discípulo de João Santana, de que o impeachment é golpe - e ontem nós tratamos desse tema -, cola bem e soa como música aos ouvidos de quem defende o Governo, das pessoas que neste momento estão mobilizadas pró-Governo, ou por estarem aparelhadas em algum sindicato ou por defenderem ou serem membros do Partido. Enfim, o certo é que precisavam de algum tema, algum mote para que essas pessoas permaneçam unidas, e esse tema, essa construção de que impeachment é golpe, realmente, veio a ser esse amálgama...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... esse cimento para construir essa união em torno do projeto do Partido dos Trabalhadores.

    Mas a grande verdade é que não se sustenta. Tanto é que tentaram fazer essa mesma construção quando houve o afastamento do Fernando Lugo ali no Paraguai - disseram que era um golpe. Hoje o Paraguai, Senador Crivella, está com a sua economia em ebulição. Boa parte das nossas indústrias e empresas estão indo para o Paraguai porque a economia está realmente, como diz a Presidente Dilma, bombando; está bombando no sentido positivo da palavra. Esse foi o legado do chamado "golpe", entre aspas, que houve no Paraguai. Na verdade, ali o que houve foi também as instituições e a democracia em plena ebulição. As instituições acabaram afastando, dentro do processo legal, o Presidente do Paraguai. Aqui vai pelo mesmo caminho.

    É óbvio, é natural, e não podemos...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... tirar o direito de quem defende o Governo de tentar fazer construções. Agora, cabe à oposição... Eu conclamo a oposição para que possamos nos fazer mais presentes aqui no plenário para fazer esse debate, porque senão fica só a fala do Governo. O secretário do Hitler já dizia: uma mentira dita mil vezes acaba virando verdade.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2016 - Página 22