Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o cenário político no Brasil e repercussão de matérias veiculadas pela mídia internacional acerca do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Preocupação com o cenário político no Brasil e repercussão de matérias veiculadas pela mídia internacional acerca do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.
Aparteantes
Ataídes Oliveira, José Medeiros, Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2016 - Página 11
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • APREENSÃO, POLITICA, PAIS, COMENTARIO, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, AMBITO INTERNACIONAL, ASSUNTO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, INEXISTENCIA, LEGITIMIDADE, FUTURO, GOVERNO, INTERINO, MICHEL TEMER.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quando eu olho o clima que estamos vivendo, fico pensando de onde surgiu tanta irresponsabilidade para colocar o Brasil nessa situação que estamos vivendo. Não deixaram a Presidenta Dilma respirar um segundo, desde a última eleição, criaram um clima de crise política permanente, estão levando o Brasil ao impasse.

    Nós estamos agora discutindo a admissibilidade, no Senado Federal, e eu tenho muita preocupação com os próximos momentos da vida brasileira. Sabemos que, se esse golpe se consumar, nós vamos ter um eventual governo do Michel Temer, sem legitimidade, um governo fraco, que vai tentar impor um programa antipovo ao País.

    A minha preocupação, Sr. Presidente, é também com a repercussão internacional. Eu queria chamar a atenção dos Srs. Senadores e das Srªs Senadoras sobre o que aconteceu de repercussão internacional de domingo para cá. Eu quero começar lendo o editorial de ontem do The New York Times. Eu estou falando do maior jornal norte-americano, o conservador The New York Times. Eu quero chamar a atenção, porque não é só o The New York Times, vou falar aqui de várias publicações.

    Eu queria começar com essa leitura do editorial de ontem, que diz o seguinte: "O impeachment de Dilma Rousseff é uma 'cortina de fumaça'". Começa o editorial:

O BRASIL deu um grande passo em direção ao impeachment da Presidenta Dilma Rousseff no domingo quando a Câmara dos Deputados votou para enviar seu processo ao Senado, que certamente irá encaminhá-lo para um julgamento. Agora parece provável que o presidente será afastado do cargo e substituído por Michel Temer, seu vice-presidente. Os partidários de Dilma estão furiosos, seus oponentes estão extremamente felizes, e os políticos corruptos do Brasil estão respirando um suspiro de alívio.

Na hora [da] longa sessão televisionada no domingo, os membros do Congresso explicaram suas decisões de voto pelo impeachment. Eles votaram "pela paz em Jerusalém", "pelos caminhoneiros", "para os maçons do Brasil" e "por causa do comunismo que ameaça este país". Poucos membros do congresso basearam seus votos nas acusações que foram efetivamente interpostas contra a presidente: que ela praticou crime de responsabilidade fiscal.

Aqueles na oposição afirmam que desejam enviar uma mensagem sobre a boa governança. Mas a verdadeira razão que a presidente está sendo acusada é que o sistema político brasileiro está em ruínas. Seu impeachment irá fornecer uma distração conveniente, enquanto outros políticos tentam [...] [se safar].

Uma enorme investigação de corrupção, conhecida como Operação Lava Jato, explodiu no coração do sistema político. No início, quando a investigação começou em 2014, os investigadores acusaram membros do Partido dos Trabalhadores de Dilma de usar a Petrobras, a companhia estatal de petróleo, ao comércio de propinas por favores políticos. Há cada vez mais evidências de que esse tipo de prática era comum entre os partidos políticos brasileiros. A investigação se expandiu para incluir uma série de figuras todo o espectro político [...].

    Diz o editorial do The New York Times:

Ao contrário de muitos políticos brasileiros, Dilma não é acusado de aceitar suborno ou dinheiro de negociação de favores. Mas ela é uma presidente fraca e impopular. A economia estagnou, graças em grande parte à queda dos preços das commodities globais e má gestão econômica durante o seu primeiro mandato. Ela foi forçada a cortar gastos e implementar medidas de austeridade dolorosas. Em suma, ela é um alvo fácil para a raiva do público.

Derrubar Dilma - mesmo sob acusações não relacionadas com a investigação de corrupção original - seria um final de temporada agradável a Operação Lava Jato: a catarse de proporções épicas. [...][Além disso, irá possibilitar que políticos corruptos, principalmente de direita, a maior bancada do congresso, contenha a pressão pública]

A inspiração para esta estratégia é Eduardo Cunha, o chefe da câmara dos deputados, que levou a taxa de impeachment. Ao mesmo tempo que ele estava começando o processo de impeachment contra Dilma, ele estava sendo investigado por acusações de corrupção que incluem lavagem de dinheiro e aceitar subornos. Até agora, a sua estratégia de cortina de fumaça tem funcionado perfeitamente: O processo de impeachment continua alterando o foco dos seus problemas legais. Muitos membros do Congresso que votaram pelo impeachment no domingo [também] estão esperando [...] [mudar o foco de seus problemas legais].

Os membros da força-tarefa responsável pela Operação Lava Jato estão preocupados. Em entrevista à BBC Brasil, Deltan Dallagnol, o Promotor Público de chumbo na Operação Lava Jato, disse temer uma ofensiva política pós-impeachment contra a investigação. Uma mudança de governo, disse ele, poderia trazer ao poder congressistas que estão sob investigação, o que pode "virar a operação de cabeça para baixo" quando a mídia reduz a exposição e reduz o interesse do público.

Muitos observadores no Brasil também temem [volto a dizer que este aqui é um editorial do The New York Times] que um governo liderado pelo Sr. Temer, o Vice-Presidente, poderia chegar a um "acordão" com outros partidos para abafar a investigação. Isso poderia ser alcançado através da aprovação de leis que tornam futuras iniciativas anticorrupção mais difíceis, ou substituindo as pessoas a cargo da Polícia Federal. Mesmo se tudo isso falhar, muitas pessoas que votaram pelo impeachment de Dilma no domingo esperam que os juízes sejam mais brandos quando eles não estão sujeitos à pressão pública e à extensa cobertura da mídia.

    Acaba o editorial dizendo o seguinte:

A crise provocada pelos escândalos da Operação Lava Jato deveria ter sido parte dolorosa do Brasil - e extraordinária -, um processo de estabelecer o sistema judicial em funcionamento e o combate à corrupção. Mas a queda de Dilma não é a conclusão lógica dessa história feliz. Longe de ser o início de uma nova era, ela pode muito bem vir a ser o caminho para a velha classe política reafirmar o controle sobre o País e escapar da prisão.

    Este não é um texto do PT. Este aqui é o The New York Times, que já, pelo segundo dia consecutivo, antes de ontem e ontem, fez editorial sobre a situação do País. Mas não é o só o The New York Times que trata disso. Vamos em frente!

    O jornal português O Público, num artigo do articulista Manoel de Carvalho, diz o seguinte: "Uma turba perigosa e sem escrúpulos. O Brasil está entregue a uma horda de predadores a quem não se pode confiar uma chave de casa quanto mais o destino de uma presidente eleita. É precisamente isto que falta na história do impeachment de Dilma: lógica, coerência, objetividade, reflexão, ponderação, tolerância e democracia ou, se quiserem, sentido".

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Está aqui o jornal El País, que diz o seguinte: "Circo e constrangimento na Câmara dos Deputados". Essa é uma das matérias. Nessa matéria, menciona-se: "Frases como 'fora roubalheira' foram gritadas no plenário da Câmara, o que não deixa de soar um pouco irônico, já que sobre as costas de boa parte dos Parlamentares recaem acusações justamente de delitos de corrupção".

    Outro artigo no El País é mais direto, diz o seguinte: "Cunha entrega o impeachment e deve receber 'anistia' em troca." Essa situação do Cunha já está acontecendo. Já há um plano ali, e ele já está com maioria no Conselho de Ética. O Cunha se fortalece muito com um eventual governo Temer.

    Outra matéria do El País diz "Deus derrota Dilma", ironizando a fala dos votantes que faziam constantes menções a Deus, mas que não mencionavam razões jurídicas para o voto. A imensa maioria dos Deputados que votaram contra Dilma, diz o jornal, "pareceu esquecer os reais motivos que estavam em discussão".

    O Financial Times, a bíblia do capitalismo internacional, afirmou, em matéria do último dia 14, que o resultado do impeachment no Brasil pode "jogar o País no caos". O jornal ainda destaca ações de apologia à ditadura militar, perpetradas pela família Bolsonaro. Jair Bolsonaro, ou Bolsonaro pai - como muitos na cultura política dinástica do Brasil, sua família tem vários membros em cargos públicos -, dedicou sua votação para Carlos Alberto Brilhante Ustra, o chefe da Polícia Secreta durante o regime militar do País, que durou 21 anos. Bolsonaro elogiou o torturador como "o horror de Dilma Rousseff". Seu filho, Eduardo Bolsonaro, seguido por ele, disse: "Eles perderam em 64 e perderão agora em 2016." É o que se diz no Financial Times. Faz uma referência à derrubada da democracia com um golpe.

    Mas vamos mais adiante! No jornal francês Le Monde, a principal matéria sobre o assunto, intitulada "A descida ao Inferno de Dilma Rousseff", menciona que as pedaladas fiscais, praticadas por todos os governos anteriores ao de Dilma, constituem-se mero pretexto. Destaca que Dilma não foi acusada de enriquecimento pessoal, ao contrário de Cunha, seu principal algoz. Está aqui o Le Monde.

    The Guardian, um dos principais jornais britânicos, diz o seguinte, na matéria de segunda-feira: "Em uma noite escura, o ponto mais baixo foi o voto de Bolsonaro, que o dedicou ao torturador de Dilma, Carlos Brilhante Ustra". "É irônico [diz o The Guardian também] reconhecer que mais de 150 votos dados ao golpe vieram de políticos acusados de corrupção." E é implacável ao dizer que a votação refletiu aspectos farsescos da democracia brasileira, como o fato de o Partido das Mulheres só ter homens ou como o fato de uma Presidenta honesta ser julgada por notórios corruptos.

    No dia de ontem, o mesmo The Guardian volta com outra matéria. Foi um editorial demolidor, dizendo: "Tragédia e escândalo". Afirma que Dilma não está envolvida em escândalos pessoais e que os que estão envolvidos em seu impeachment enfrentam acusações de corrupção, inclusive Eduardo Cunha. Menciona as acusações de que o Presidente da Câmara usou contas em bancos suíços para esconder milhões de dólares em propina. O jornal britânico diz que Dilma foi derrotada por um Congresso hostil e manchado por corrupção. Está aqui o The Guardian.

    Mas vamos mais adiante ainda! Miguel Soares Tavares, um dos principais escritores portugueses, comentarista político do canal português SIC, escritor do romance Equador, afirmou num programa de televisão: "O Brasil nunca desceu tão baixo. A votação deu-se numa assembleia geral de bandidos, presidida por um bandido, Eduardo Cunha". Tavares afirmou também que a votação foi uma indignidade e que não há quaisquer bases legais ou constitucionais para afastar a Presidenta. Tavares acrescentou ainda que "o golpe não apresenta perspectivas" e vaticina que o País ficará totalmente paralisado e ainda mais dividido, caso o golpe tenha êxito.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Já caminho para a conclusão.

    O jornal americano The Wall Street Journal diz que o impeachment de Dilma é um sério teste ao processo democrático no Brasil. O jornal diz que o estilo de Dilma no poder não combinou com o ambiente de Brasília, "uma capital insular, em que lealdade e amizades são seladas com tapinhas nas costas e churrascos".

    Na CNN, maior canal de notícias do mundo, Christiane Amanpour, uma das jornalistas internacionais mais prestigiadas, entrevistou Glenn Greenwald, ganhador do prêmio Pulitzer. Este foi aquele jornalista que revelou todos aqueles fatos envolvendo as denúncias de Snowden. Nesse debate-entrevista, afirmou-se claramente que o que acontece no Brasil é um golpe, pois não há base jurídica para o impeachment. Glenn também deixou claro para o público mundial que os votantes pelo golpe são, em sua maioria, acusados de corrupção, inclusive Eduardo Cunha, Presidente da Câmara, que tem contas na Suíça com dinheiros desviados de propina. Glenn disse também que Dilma é um dos poucos políticos no Brasil contra a qual não pesam acusações de nenhuma espécie. O jornalista premiado, um dos mais respeitados do mundo, disse claramente que o processo visa a tirar o PT do poder, Partido que ganhou as quatro últimas eleições brasileiras de forma legítima. Glenn esclareceu, por último, que um dos objetivos do golpe é parar as investigações da Lava Jato.

    Aqui, Sr. Presidente, não faltam artigos e publicações dos principais jornais do mundo.

    Quero ressaltar, para encerrar minha fala, a posição do candidato a Presidente dos Estados Unidos Bernie Sanders...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - ...que ontem falou que os Estados Unidos não podem continuar derrubando governos da América Latina. Não está claro se fazia alguma referência ao Brasil, mas o candidato presidencial Bernie Sanders, que disputa as prévias pelo Partido Democrata, falou isso.

    Inclusive, neste momento, está sendo feita uma visita do Senador Aloysio Nunes Ferreira aos Estados Unidos, uma série de reuniões, porque cresce nos Estados Unidos, na opinião pública, o sentimento de que há um golpe em curso no País. E foi lá o Senador Aloysio Nunes conversar com o ex-Embaixador do Brasil Thomas Shannon. Ele também vai comparecer a um almoço promovido pela empresa lobista de Washington Albright Group, que é comandada pela ex-Secretária de Estado...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - ...de Clinton, Madeleine Albright, e pelo ex-Secretário de Comércio de Bush, Carlos Gutierrez.

    Eu estranho essa viagem do Senador Aloysio. Quando ele chegar aqui, a gente tem de lhe perguntar: "Foi pedir benção para os Estados Unidos? Foi pedir benção ao império norte-americano?"

    A frase de Bernie Sanders é muito importante, porque um golpe em curso está acontecendo no Brasil.

    Mas eu queria, Senadores, para passar o aparte aos senhores, chamar a atenção para isto: estão olhando o Brasil como uma republiqueta de bananas. Essa é a nossa situação no mundo.

    Senador Magno, falei aqui de vários jornais, de publicações do mundo inteiro. Comecei pela leitura do editorial do The New York Times. Os senhores vão me perguntar: "O The New York Times é de esquerda?" Não! É o maior jornal norte-americano, extremamente conservador. Mas o mundo está vendo o Brasil dessa forma. Olhem em que caminho nós entramos!

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Haveremos de nos perguntar: como chegamos a isso? Que grau de insanidade presidiu todo esse processo?

    Encerro minha fala.

    Passo a palavra ao Senador Medeiros e ao Senador Magno, que querem fazer um aparte.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Senador Lindbergh, V. Exª, realmente, com a retórica de sempre e como bom zagueiro, faz uma defesa extraordinária. Aliás, o Governo, se tivesse tido na sua equipe pessoas como V. Exª e como o ex-Ministro da Justiça Eduardo Cardozo na mesma linha, com certeza, estaria em outro patamar, não estaria caindo, porque V. Exªs realmente tiram leite de pedra. Senador Lindbergh, V. Exª citou o editorial do The New York Times. Mas veja bem como é o raciocínio: no início do governo do Presidente Lula...

(Interrupção do som.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ...esse mesmo jornal foi demonizado como folhetim de quinta categoria, porque o jornalista Larry Rohter fez um comentário jocoso sobre o ex-Presidente gostar de uma cachacinha. Eu lembro que ele foi execrado. Pensou-se até em expulsar o Larry Rohter do Brasil. Mas V. Exª hoje traz o jornal The New York Times, lastreando seus argumentos para defender que existe em curso um golpe aqui, no Brasil. Outra coisa que acho é que, em vez de perguntarmos o que foi o Senador Aloysio fazer em Nova York, nós temos de começar a verificar se a Secom (Secretaria de Comunicação) não está fazendo uma varredura na imprensa internacional.

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Digo isso, porque, Senador Magno Malta, aqui o Governo não teria como plantar essa história de golpe, porque ela não se sustenta, mas ela está se soltando. Agora, temos de saber se isso está sendo feito de forma gratuita ou se isso está custando aos cofres públicos brasileiros. Outra coisa que me pasma, embora bem construída pelo Senador Lindbergh, é que a indignação do Governo e do Partido dos Trabalhadores com a corrupção é seletiva, porque, até há poucos dias, eles se refestelavam e negociavam para cá e para lá com Eduardo Cunha. Então, só existe uma indignação real quando esse "corrupto" - vou colocar aqui aspas - se vira contra o Governo. Eu vou citar aqui, por exemplo, o caso do Senador Delcídio. Há poucos dias, ele era líder; agora, demonizam-no em praça pública. Outra coisa, o Senador Lindbergh disse e o Brasil... Tenho que fazer este contraponto, Senador Lindbergh, porque, se não, o Brasil acredita que o Eduardo Cunha vai ser Vice.

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Não vai, gente! Podem ficar tranquilos. O Eduardo Cunha não tem como assumir a Presidência da República porque é réu no STF. Segundo, havendo a vacância do cargo de forma definitiva, são convocadas outras eleições. Mesmo que ele não tivesse nenhum processo no STF, ele assumiria momentaneamente. Então, podem ficar tranquilos, porque desse mal o Brasil não vai morrer. Tenho que fazer outro contraponto, Senador Lindbergh. Não há como não fazer.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ. Fora do microfone.) - Claro.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - A indignação com relação ao voto dos Deputados pelas patacoadas que aconteceram ali é seletiva também, porque, ao mesmo tempo em que há indignação pelo fato de um Deputado justificar o voto dele dizendo que é por Deus ou pela família, não vejo indignação alguma com a cusparada que o Jean Wyllys deu em outro Deputado. Que houve excessos, houve, mas eles não tiram a legitimidade daquele processo.

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Dito isso, Senador Lindbergh, agradeço o aparte e espero que a Presidente Dilma, nessa ida à ONU - e diz que está indo para denunciar um possível golpe -, possa mostrar aquela foto da Av. Paulista, com mais um milhão de brasileiros. Não é possível que essa cantilena vá se sustentar sem esse contraponto. Muito obrigado.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Senador Medeiros, V. Exª reforça os meus argumentos, porque o New York Times nunca fez matéria a favor do PT; sempre atacou, sempre criticou as gestões do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, mas, sobre o impeachment, o New York Times, o maior jornal norte-americano, um jornal conservador, acaba - e vou citar o último parágrafo - dizendo o seguinte: "A queda da Dilma não é a conclusão lógica dessa história. Longe de ser o início de uma nova era, ela pode muito bem vir a ser o caminho de a velha classe política reafirmar controle sobre o país (...)."

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Agora, V. Exª, com relação ao Eduardo Cunha, desculpe-me, está completamente equivocado. Se existir esse golpe, e o Temer assumir, se o Temer viajar, quem assume a Presidência é o Eduardo Cunha. Não tem jeito! É isso! Isso é fato, Senador Medeiros! Não tem jeito!

    Sabe por que as passeatas diminuíram no último domingo? Caíram quase cinco vezes as passeatas contra o Governo. Sabe por quê? Porque havia muita gente indo para a rua lutar contra a corrupção, por mais investigação. Essas pessoas começaram a perceber que o velho PMDB está se aproveitando disso para assaltar o Poder.

    As pessoas entenderam que há uma chapa do golpe: Temer e Eduardo Cunha. Então, há muita gente constrangida. Tem gente que está contra o PT, contra Dilma, mas está constrangida.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Tem muita gente que diz: "não, não era isso o que eu queria."

    Quero aproveitar a oportunidade, rapidamente, antes de passar a palavra para o Senador Magno Malta, e ler um artigo do jornalista Bernardo Mello Franco, na Folha de S.Paulo de hoje:

Os petistas ainda não limparam as gavetas, mas o novo regime já começou a implantar sua doutrina de salvação nacional. O primeiro na fila de resgate é o Deputado Eduardo Cunha. Depois de seis meses de manobras, ele está prestes a se livrar de vez do processo por quebra de decoro parlamentar.

A nova fase da Operação Salva Cunha foi deflagrada no domingo. Enquanto o País assistia ao show do impeachment, aliados negociavam um ponto final às investigações contra o peemedebista. A ideia é premiá-lo com uma 'anistia', pelo empenho para derrubar Dilma Rousseff. 'Todo mundo sabe que sem Eduardo Cunha, não teria impeachment', disse o Deputado Paulinho da Força.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) -

'Ele merece ser anistiado', defendeu.

Horas depois de ser chamado de 'gângster', 'bandido', 'canalha' e 'ladrão', em rede nacional, o Presidente da Câmara acordou fortalecido na segunda-feira. Ontem seu aliado, Waldir Maranhão, levou a pizza ao forno. Com o Congresso esvaziado, escalou um colega para anunciar novas amarras ao Conselho de Ética. Mesmo que o processo vá adiante, Cunha já tem maioria para trocar a cassação por uma pena mais branda. Para isso, conta com a cumplicidade da oposição, que parou de atacá-lo, e do velho aliado Michel Temer, prestes a se tornar usufrutuário da faixa presidencial.

O Supremo continua a lavar as mãos. O pedido para afastar Cunha está na Corte desde dezembro, sem data para ser julgado.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) -

Em outra frente, os salvacionistas articulam o enterro para o processo de cassação da chapa Dilma-Temer [...].

O quadro novo é o PMDB no comando, sem intermediários.

Como disse o correntista suíço, ao votar a favor do impeachment: "Que Deus tenha misericórdia desta nação."

    É o artigo de hoje de Bernardo Mello Franco.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Para concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Eu acabei, mas o Senador Magno está querendo fazer um aparte.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - O Senador Magno pediu um aparte?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Pode falar.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - É evidente que, como eu tenho juízo, não vou negar o aparte de V. Exª. Só para lembrar ao Senador Lindbergh que ele já está falando na tribuna...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Sim, faz muito tempo. Eu me excedi, Senador Dário.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Então, vou pedir para V. Exª, em seguida, concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Eu encerro depois do aparte.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Sr. Presidente, muito obrigado. Eu vou falar o nome do rapaz certo, porque todo mundo fala errado: é Senador Lindbergh. Todo mundo fala "Lindembergh". Agradeço. Eu prometi para mim mesmo que não apartearia o Senador Lindbergh ao longo da nossa trajetória dentro dessa problemática toda, mas eu o vinha ouvindo pelo rádio e resolvi fazer um aparte respeitoso, até porque somos amigos e acho que aqui cabe, de fato, um debate de respeito, não um debate de ofensa, porque assim não chegaremos a lugar nenhum. Um coração incendiado fica muito mais com ofensas, e a Bíblia, que a esquerda não gosta de que se fale nela - porque foi tão zombada aqui, "porque falaram em Deus e falaram na Bíblia", e tiraram anarquia disso, o que não deveria ter sido feito, mas a Bíblia é minha regra de fé e prática -, diz que uma palavra branda pode aplacar um coração enfurecido, mas que uma só palavra ríspida faz incendiar um coração já em chamas.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Eu penso que não é esse o caminho. O Senador Medeiros disse que o Senador Lindbergh é um bom zagueiro. Ele conhece pouco de futebol, porque V. Exª é um bom atacante; atacante porque V. Exª faz gol, tem presença de área. V. Exª fala bem para a sua militância e V. Exª é sabido. Eu digo que V. Exª é sabido porque é filho de pobre da Paraíba, porque filho de rico é que é inteligente. Eles falam: "ô menino inteligente!" Pode saber que o pai tem alguma coisinha, mas menino sabido é filho de pobre, filho de faxineira. V. Exª é sabido, um menino sabido que veio da Paraíba e virou Senador da República pelo Rio de Janeiro. É besta? Não, é sabido! É um bom atacante. V. Exª sabe para quem está falando e sabe a direção para a qual está falando, porque V. Exª sabe que não está falando para a Nação. Dilma diz "querem me tirar", com aquele ar de Madre Teresa de Calcutá, com o qual falou ontem. Madre Teresa Dilma de Calcutá. Ela disse: "Querem me tirar porque estou aqui representando 54 milhões de brasileiros". Já representou. Agora, não mais! O povo não veio para as ruas porque tinha o sentimento de que o impeachment ia passar.

(Intervenção fora do microfone.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Eu estou falando, Senador Lindbergh, que o debate que se está dando aqui... Esqueça a Câmara, porque isso aqui não é uma gincana entre Dilma e Cunha, uma gincana de quem cometeu o crime pior. Ela não tem dinheiro na Suíça, ele tem; ele roubou no Rio, ela não roubou; a mão dele é suja, a mão dela é limpa. Vamos ver quem chega primeiro. Não! O crime de Cunha é crime penal, denunciado no Supremo. Cunha é problema do Supremo e da Polícia.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - O crime de Dilma é de responsabilidade fiscal. Ninguém aqui é tão insano para vir aqui chamar a Presidente de criminosa. Dilma não mandou matar ninguém. Eu não conheço crime de mando dela. Não conheço nenhum banco que ela mandou assaltar, que estourou caixa eletrônico. Não tem nada disso. Não tem crime penal. Ela não tem, lá na Suíça, conta. E me estranha muito essas agências que estão cobrindo o Brasil não tomarem ciência e conhecimento do ordenamento jurídico brasileiro. No ordenamento jurídico brasileiro, cabe o crime de responsabilidade fiscal, que é diferente do crime penal. Nós estamos falando de crime de responsabilidade fiscal, mas esse é um crime jurídico. Correto. Nós temos o jurídico, nós estamos tratando do jurídico. O nosso querido advogado da AGU, quando fala, firma nisto: "vamos tratar do jurídico", mas é um crime jurídico político.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Correto? Eu vi uma entrevista de Eduardo Cardozo, o nosso Advogado da AGU, o ex-Ministério da Justiça, com Miriam Leitão... (Risos.) O senhor está rindo de quê? A Miriam Leitão apertou tanto ele que eu tive a impressão de que Miriam Leitão estava esperando o Chico Anísio entrar pela porta do lado, porque ele dá de dez a zero em Rolando Lero. V. Exª falando, as pessoas conseguem o entendimento. Ontem, eu debati com outro Senador aqui, e ele, quando quer, mistura alhos com bugalhos. Sabe por quê? Porque ele é advogado. Advogado tem que receber os honorários. E se ele não defender bem o cliente, embolar o jogo, não chega a lugar nenhum. Então, ele fala assim: "Essa mulher é limpa, essa mulher não tem mão suja." Isso é jurídico. Tudo bem. Jurídico é pedalada fiscal. Ponto. Está na lei.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - No nosso ordenamento jurídico, existe uma Lei de Responsabilidade Fiscal que diz que o ordenador de despesas não pode explodir. Se ele explodir, ele comete crime responsabilidade fiscal. Pronto. V. Exª lidou com uma Câmara de Vereadores. V. Exª foi um bom Prefeito da Baixada, o jovem Prefeito que, todo domingo de noite, corria para a Assembleia de Deus para o povo orar por você. E agora o povo não pode mais falar em Deus? Todo mundo orava com a mão na sua cabeça; eu oro por você todo dia. E aí? O cara tem que falar em Deus, irmão, o tempo inteiro! V. Exª, o grande Prefeito de Nova Iguaçu, mandava seu orçamento para a Câmara. A Câmara aprova. Não deu. Tem que pagar o lixo, tem que pagar as creches. E o suplemento. Você manda o suplemento para a Câmara. A Câmara tem que aprovar. Se ela não aprovar, e você, na sua intempestividade de paraibano, fizer por sua conta, o Ministério Público senta a porrada em você e, depois, o juiz o afasta. Pronto. É isso que aconteceu com a pedalada.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - É tão fácil de explicar! Mas não tem crime fiscal, não tem crime de mando. Você não mandou matar ninguém. Isso que Dilma fez. O mundo tinha que saber. As agências que cobrem o Brasil têm que saber que este País tem ordenamento jurídico e que o Supremo Tribunal Federal... Eu não vi ninguém chamar Toffoli de golpista. Não vi ninguém chamar Gilmar Mendes, não vi ninguém chamar Marco Aurélio de golpista. Chamam o Congresso. E o Supremo avalizou, escreveu embaixo. O Supremo disse: "é legal". Ponto. Faça. Agora, falar que os jornais do mundo estão zombando do Brasil, meu centroavante! Eu sou cabeça de área. Quando eu jogava bola, eu tinha aquela função de Mauro Silva. Meu centroavante, olha só: você é bom cabeceador, mas faz quanto tempo que esses jornais falam mal do Brasil? Nós despencamos. Nós somos um País de risco. Todas as agências de risco nos desclassificaram.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - E os jornais zombam. A Presidente Dilma é quadro de programa de humor nos Estados Unidos! Os Estados Unidos são o império do mundo, como disse V. Exª. Mas, quando vocês precisam, os editoriais deles se valem. São bons. Então, o mundo está falando mal de nós não por causa daquela sessão, não. Eu fico triste com aquilo, sabe? Porque tenho certeza de que, se V. Exª pudesse ter votado - porque não votou; comandou - o impeachment de Collor... Eu abri o Youtube e vi o voto dos Deputados do PT. Sabe como o Paim votou: "Pelo meu Rio Grande." E está correto. Quem deu os votos para ele? Ou ele teve voto no Rio? O Rio Grande. O senhor já viu como foi o voto do Aloizio Mercadante? Vai lá que você vai se deliciar e vai até fazer um discurso dizendo: "não precisava falar aquilo que falou." Você vai se deliciar. Você precisa ver o voto dos outros. Mas não está errado. O cara virou Deputado Federal com o voto de São Paulo. E viva a CUT! E viva não sei o quê, para votar contra Collor. Ali muito cara mandrake votou.

(Interrupção do som.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Eu tive a decepção que V. Exª teve também assistindo pela televisão em casa. Eu tive a mesma decepção que V. Exª, porque são aqueles caras com quem a gente conversava. Eu falava: "esses aqui estão vendendo mercadorias pela internet. Vão entregar um tijolo." Lembra disso?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Lembro.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - E aqueles caras foram lá e entregaram um tijolo. Foi mentira ou verdade?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Verdade.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Então, esse tipo de sujeito, que não tem caráter, que não tem vergonha na cara, chega lá e faz uma pantomina daquela, eu concordo, mas outro não. Eu vou ter uma neta agora, sabia? Vai nascer daqui a 30 dias e vai se chamar Ester. O senhor acha que eu não vou votar com a Ester no colo? É um mundo melhor que eu quero para a Ester. Você sabe quem me trouxe para cá, Senador Lindbergh? Minhas duas filhas mais velhas, que nunca estudaram em escola particular porque tudo que eu fiz na vida foi para tirar drogado da rua. Eu nunca tive condições.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Eu sacrifiquei as duas para tirar as pessoas da rua. Elas me trouxeram para cá, privadas de muitas coisas. E eu aqui não posso falar em nome das minhas filhas? Ora, que história é essa? Eu cruzei este País. Reuni-me com pastores, com lideranças, morei 29 dias dentro de um jato, Senador, falando para pastores. Eu fui para o Estado do Raupp, no segundo turno do Governador dele, e fiz reuniões com pastores e religiosos para "dessatanizar" a Dilma. Estou mentindo, Raupp? Não estou mentindo, não. Fiz isso no Brasil inteiro. Já estive em culto na Assembleia de Deus com V. Exª, e vou quantas vezes quiser, porque V. Exª é meu amigo. E o Pastor Samuelzinho tem muito amor no coração por V. Exª. Pergunte ao Zeca do PT, no segundo turno das eleições dele, a pedido do PT, o que eu fui fazer? Eu fui me reunir na zona, na boate, na balada ou fui falar com os crentes para decidir a eleição dele? Agora, chega de hipocrisia! O que é que há?

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - No processo eleitoral da Senadora Vanessa Grazziotin, que não está aqui, o apóstolo Renê Terra Nova perdeu 5 mil membros em Manaus porque resolveu apoiar comunista. Ela entrava na igreja, chorava, o povo colocava a mão em cima dela, ajoelhava, orava, mas era a eleição. Na tribuna do Senado, ela está zombando de quem falou em Deus no dia da eleição. Que conversa é essa, Senadora? E eu posso citar o nome de todo mundo, porque estive na eleição de todo mundo. Eu fui para o Rio Grande do Sul, na eleição de Paim, por duas vezes. Sabe com quem eu fui falar? Com os crentes, para votarem nele. Eu estive nas quatro eleições do Jaques Wagner - três para perder e uma para ganhar -, levado por Pinheiro. Sabe para falar com quem? Com os crentes. Dos grandes eventos de Jaques Wagner, nunca houve um do tamanho do que eu fiz em Salvador. Deixei 15 dias da minha campanha para Senador e fui para a Bahia, rodar a Bahia com o Pinheiro. Fiz gravação contra o César Borges, do meu Partido, para eleger o Pinheiro.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Ora, no processo eleitoral é bom falar em Deus? Levar para dentro da igreja? Já estive na campanha de Tarso Genro, no primeiro e segundo turnos do Lula e dele. Encerrei aquela época em que saí "dessatanizando" Lula no Rio Grande do Sul, numa reunião à tarde, com lideranças evangélicas e religiosas que foram me ouvir para "dessatanizar" o Lula. Eu estava na campanha para prefeito do PT, em Pernambuco. Eu posso falar do Brasil todo. Eu estava na campanha de Maria para Governadora. Eu estava na campanha de Fortaleza, junto com a Ana Júlia, junto com o Prefeito, que hoje é do PSOL. Então, não dá para zombar da posição de pessoas. Sabemos quem é mau caráter e quem não é, Senador Lindbergh. Quer dizer, então, quando a Dilma pede para ser levada à Igreja Universal para beijar a mão do Bispo Macedo e pedir os votos dele; quando o Bispo Manoel Ferreira, que apanhou como...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - ... que apanhou igual a muleta nova em sovaco de aleijado. Ele sofreu porque levou Dilma à Assembleia de Deus, lá em São Paulo. Lindbergh, Dilma deu até "A paz do Senhor". Ela deu "A paz do Senhor". E agora ninguém pode falar em Deus, na hora de votar? Ah, mamãe me acode. Não é assim que a banda toca. O Bispo Manoel Ferreira e seus dois filhos pagaram um preço na internet que só Deus sabe, de tanta porrada que tomaram. Inclusive, eu dei. Tem muita coisa lá escrita por mim. Agora ninguém vale mais nada? Agora ninguém vale mais nada? Ninguém vale mais nada? Então, é preciso esse debate de respeito. Este aparte eu não queria ter feito para você, porque você é meu irmão, meu amigo, mas você me deu essa possibilidade. Mas o mundo precisa saber que este País não é a Venezuela, que isto aqui não é a Bolívia...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - ... daquele índio que invadiu as instalações da Petrobras, e não houve reação do País. Isto aqui não é. "Advindo das pedaladas, mas só foi aquilo...". Foi. Quando escuto falar do PMDB, eu me apavoro: "Esse Romero, esse Renan", não sei o quê. Mas até ontem eles eram bons, porque, no ano passado, naquela fatídica sessão do Congresso Nacional em que Renan e Romero ajudaram Dilma a estuprar a Lei de Responsabilidade Fiscal, arrombaram o portão da Lei, para caber um ano e quatro meses de pedaladas de Dilma, para as pessoas dizerem: "Não, mas legalizou". O próprio Eduardo Cardozo falou: "Não, mas o Congresso legalizou". O outro foi lá: "Legalizou, porque Romero e Renan...". Romero é negociador de sequestro. Romero é mais rápido do que imediatamente. Renan armou, deixou lá, e Romero, puf, votou, encaixou um ano e quatro meses de pedaladas. "Não, a lei legalizou." Mas a lei não valeu para salvar a vida de tantos prefeitos que se tornaram fichas-sujas...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - ... sem nunca terem mandado matar ninguém, porque se fez a Lei de Responsabilidade Fiscal. Então, é preciso que o mundo saiba que isto aqui tem ordenamento jurídico e que eu também me avexo de ter Eduardo Cunha comandando uma sessão daquela. Mas ele está lá no Supremo. O Supremo que o tire de lá. Agora, não tem nada a ver com o fato de Dilma estar sendo julgada por conta de responsabilidade fiscal. Eu quero ser convencido por V. Exª.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Claro.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Quero ser convencido pelo Senador Paim, pelo Senador Humberto, pela Senadora Gleisi. Estou disposto a me sentar em meu gabinete, a ouvir vocês, a conversar, a ouvir suas razões técnicas. Agora, dizer que é um processo jurídico e político! É. E por quê? Porque o jurídico é a pedalada e o político é comentar o quê? Os malefícios que advieram das pedaladas. O que foi? Desarrumou a economia do País, a saúde, a nossa segurança pública. É o fim do mundo! São milhões de desempregados! E milhões ficando agora. Isso é o político na discussão do jurídico.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Então, este aparte, repito, meu irmão querido, eu não queria ter feito para você.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Não...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Mas você me deu a possibilidade de falar com você. Até porque você é centroavante e eu sou cabeça de área. Quando você vem, eu preciso barrá-lo um pouco, porque, do contrário, você faz o gol sozinho. Eu não queria, mas você me deu a possibilidade, e sei que foi melhor fazer para você porque não serei desrespeitado por você da tribuna.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Claro que não!

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - E nem você por mim. Mas esta é uma Casa diferente. O que aconteceu na Câmara já passou, deixa para lá. Somos nós aqui agora. Eu sou capaz de ouvi-lo por duas ou três horas, ou a qualquer outro Senador. Eu estou aqui para ser convencido, para ser questionado e também questionar. Temos seis meses pela frente. São seis meses. Não dá para atirar de canhão agora, porque se isso acontecer acaba com tudo de uma vez. Fechamos todas as portas, explodem-se as pontes, de modo que não podemos mais passar. E não dá mais para fazer - como se diz, quando, ao final da luta, os lutadores se abraçam...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Quando se abraçam no final, é um termo em inglês.

(Intervenção fora do microfone.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Congratulations é parabéns. Não! Ele vai dar parabéns para quem bateu nele? (Risos.)

    Sei lá. Eu já ia falar e esqueci de novo...

(Intervenção fora do microfone.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Fair play! Nós dois vamos ao fair play daqui a pouco. É o seguinte: não dá para ficarmos fazendo fair play aqui e Dilma chamando a imprensa internacional e dizendo: "Estou sofrendo um golpe!". Ela vai agora à ONU dizer que está sofrendo um golpe. Nós fazemos fair play aqui e ela bate de lá, porque ela tem uma televisão onde pode falar todo dia. E bate de lá. E quando não pode, põe o Rolando Lero. O Rolando Lero vai lá. Rapaz, eu tive inveja desse cara. Se Chico Anysio estivesse vivo, ia chamá-lo. Ela bate de lá, ela dá o coice, e nós fazemos fair play aqui. Não dá!

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Dilma não está cassada, há uma comissão instalada, ninguém votou relatório, não há relatório. Vai ocorrer um debate, e eu estou aberto para o debate muito mais no pessoal, Senador Lindbergh, do que publicamente. Muito mais no pessoal do em comissão. Eu quero conversar com V. Exª em seu gabinete, quero conversar com V. Exª fora daqui. É porque eu não sou um golpista. E quando eu ouvia uma rádio... Eu não estou assumindo o poder, não sou PSDB, não sou PMDB, não sou nada disso. Só peço uma coisa. O Temer tem voto, sim. Seis mandatos de Deputado Federal. Se calcularmos oitenta votos, um pelo outro, seis vezes oito dá quanto? Se ele não levou nada, levou isso aí para ela. Agora, se você somar o volume de voto do PMDB no Brasil que ele levou, ele tem voto. Isso não é discurso para se fazer. Ele tem voto, sim. Por que ela o quis? Por que não foi buscar Levy Fidelix? Por que não quis o Pastor Everaldo como vice? Porque eles não têm voto, eles não têm partido. Por que ela não foi buscar Luciana Genro, que é da família?

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Filha de Tarso Genro, uma menina bem criada, educada. É uma menina que poderia ser vice, para falar do capital financeiro e de grandes fortunas. Só sabem falar disso. Poderia ter sido ela. Mas não chamou, chamou o Temer. Por quê? Porque o PMDB é raquítico? Não, porque o PMDB tem voto, tem uma estrutura em todo o Brasil. Aqui no Senado, não soma, porque aqui só tem 81, e o mais besta aqui veio para cá suplente. Obrigado, meu querido.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Eu agradeço, Senador Magno Malta, e vou fazer as considerações para encerrar.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Para concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Em primeiro lugar, Senador Magno Malta, quero dizer às pessoas que assistem de casa a este debate que nós temos muitas posições divergentes aqui, geralmente posições de lado contrário, mas somos muito amigos. V. Exª é de uma solidariedade! Sempre que acontece algum problema...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - V. Exª tem uma relação comigo, com a Senadora Gleisi, com o Senador Humberto. Nós nos respeitamos, sabemos fazer o debate com posições diferentes. Neste caso, Senador Magno, eu vim trazer aqui a repercussão internacional. Eu li editoriais. Eu não estava zombando de ninguém, até porque todo mundo pode, na hora do voto...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Não, quando eu falei com V. Exª, não estava me referindo a V. Exª.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Claro. Eu sei.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - Eu estava me referindo aos discursos que ouvi ontem e anteontem, entende? Sobre isso, porque não acrescenta. Eu inclusive falei isso no meu discurso. Na verdade, V. Exª falou da solidariedade e sobre os editoriais. Eu quero dizer o seguinte: esses jornais já zombam do Brasil há muito tempo.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Sim, mas, na hora da votação, todo mundo tem direito de falar em Deus, de falar na Bíblia, mas tem que votar em cima da Constituição. Eu aqui chamo a atenção: este é um processo político e jurídico. Nós, neste momento, estamos mudando de situação.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Veja bem, nós, Senadores, somos agentes políticos, mas quando chega um processo de crime de responsabilidade da Presidenta, nós nos tornamos juízes. Eu acho que o Senado Federal tem que agir completamente diferente da Câmara.

    E, agora, qual é a grande questão, Senador Magno? Nós temos que dissecar se houve crime de responsabilidade. Nós temos que nos ater à denúncia, porque muitos aqui fazem discurso dizendo que a Dilma tem que ser afastada pelo conjunto da obra. Isso não pode, porque, aí, você não tem direito de defesa. A Presidente tem que ter o direito de defesa. Qual foi a acusação? São dois pontos que foram definidos pelo STF, acolhidos pelo Presidente da Câmara e, na semana passada, confirmados pelo STF. Qual são os dois pontos? Pedaladas em 2015, que se referem apenas ao Plano Safra, do Banco do Brasil, e seis créditos suplementares em 2015.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Tenho certeza, Senador Blairo - porque o critério político é no parlamentarismo; no presidencialismo, não há que ter crime -, se as pessoas se abrirem aos argumentos, muita gente vai ser convencida.

    Em relação às pedaladas, só há uma acusação: Plano Safra, pelo Banco do Brasil. Neste caso, não há ato da Presidente. O Plano Safra funciona há muito tempo e é dirigido pelo Ministério da Fazenda e pelo Conselho Monetário Nacional. Como é que se pode afastar uma Presidente sem qualquer ato dela? Não há ato, não há crime de responsabilidade.

    Em relação aos seis decretos de créditos suplementares...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Para concluir, Senador.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Vou encerrar. Vou encerrar. É porque os apartes se alongaram. Este é um debate que vamos dissecar mais à frente.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) - É preciso haver o debate. V. Exª tem mais dez minutos.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Não, vamos...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Vou só concluir.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Senador Lindbergh, para concluir, de verdade.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - É porque fui questionado.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Por favor.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - E os seis decretos de créditos suplementares, porque tem o art. 4º da Lei Orçamentária, Senador Magno Malta.

    Eu digo aos senhores...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Ataídes Oliveira (Bloco Oposição/PSDB - TO) - E os... (Fora do microfone.) ... para o BNDES.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Para concluir, para concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - O Senador Ataídes fala do BNDES. Está faltando sabe o quê, Senador Ataídes? Os senhores lerem. Estão faltando informações por parte dos senhores. Quero fazer debate sendo sincero.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Senador Lindbergh, para concluir, por favor. Por favor.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Posso concluir? Quando V. Exª for chamado, V. Exª fale.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Por favor, para concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - O fundamental aqui é, primeiro, termos uma informação básica.

    Não concedo mais aparte a ninguém, Sr. Presidente. Só quero concluir. Já estou aqui há muito tempo.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Só para concluir. Para concluir.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - V. Exª tem que concluir mesmo.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Ele vai concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Acalme minha irritação, Senador! Não é assim que me tratam aqui não!

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) - Para concluir, por favor!

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - V. Exª sabe melhor do que ninguém. V. Exª está concluindo há dez minutos, e há muita gente inscrita.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - É porque houve aparte, é porque houve aparte.

    O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) - E por que, então, V. Exª não quer dar aparte?

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Está bem. Eu quero. Dou o aparte, mas me deixe responder. Eu dou o aparte que quiserem, mas me deixem responder.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC. Fazendo soar a campainha.) - Não, não, não. Para concluir. Um minuto para V. Exª concluir.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Sr. Presidente, só quero que partamos de uma primeira premissa aqui, entre todos os Senadores: qual é o motivo da acusação?

    O Senador Ataídes vem falar de BNDES. Ele não leu, está desinformado! Não é isso! Isso é o básico!

    Vamos partir de uma coisa sincera. Vamos ler. Eu acho que temos que começar o trabalho lendo uma denúncia, para todo mundo saber o que é, porque aí, Senador Magno, da forma como V. Exª falou, dá para haver um debate sincero e cada um expor seus argumentos. Então,...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - É, mas V. Exª antes tem que se informar, ler o relatório que V. Exª não leu.

    Eu agradeço a V. Exª e peço desculpas aos Senadores se me estendi muito, mas, quando se faz um aparte, a gente tem que responder.

    Muito obrigado, Senador Dário.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2016 - Página 11