Pronunciamento de Lindbergh Farias em 13/04/2016
Comunicação inadiável durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apontamentos de manifestações da comunidade internacional sobre o processo de “impeachment” da Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, e críticas ao PSDB pela tentativa de golpe de estado.
- Autor
- Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
- Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL:
- Apontamentos de manifestações da comunidade internacional sobre o processo de “impeachment” da Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, e críticas ao PSDB pela tentativa de golpe de estado.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/04/2016 - Página 35
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL
- Indexação
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- REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, COMUNIDADE, AMBITO INTERNACIONAL, MOTIVO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), TENTATIVA, GOLPE DE ESTADO, SEMELHANÇA, UNIÃO DEMOCRATICA NACIONAL (UDN).
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, cresce a resistência internacional ao golpe no Brasil. A comunidade mundial está perplexa, não consegue entender direito o que se passa no Brasil, sobretudo, não consegue entender como a Presidenta, sabidamente honesta, pode ser afastada por adversários que são sabidamente corruptos e desonestos.
A comunidade internacional simplesmente não consegue entender a farsa monumental do golpe dos corruptos.
Luis Almagro, Secretário-Geral da OEA, resumiu bem essa perplexidade numa entrevista ontem ao Jornal espanhol El País, na qual afirma que o que acontece no Brasil é o mundo ao contrário. Disse Luis Almagro:
Para nós, o fundamental é a realização de um processo de impeachment de uma Presidente, Dilma Rousseff, que não é acusada de nada, não responde por nenhum ato ilegal. É algo que verdadeiramente nos preocupa, sobretudo, porque vemos que, entre os que podem acionar o processo de impeachment, existem Congressistas acusados e culpados. É o mundo ao contrário.
Anteriormente, Luis Almagro já tinha afirmado em nota oficial que "o mandato constitucional de Dilma Rousseff deve ser assegurado". Numa clara referência aos arbítrios de juiz de primeira instância no Brasil, ele ressaltou que "nenhum juiz está acima da lei".
A Chanceler do governo conservador de Macri, Suzana Malcorra, afirmou há poucas semanas que o Mercosul pode usar da cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, "caso haja rompimento da ordem constitucional no Brasil". O próprio Macri também manifestou preocupação com um processo de impeachment que cria instabilidade na região.
A Unasul, que também dispõe de cláusula democrática, emitiu, ontem, nota oficial de sua Secretaria-Geral sobre a decisão da Comissão Especial da Câmara, na qual afirma que:
A Presidente só pode ser processada e destituída - revogando o mandato popular que a elegeu - por crimes em que se verifique a sua participação dolosa e ativa. Aceitar que um presidente possa ser destituído do cargo por supostas falhas em meros atos administrativos pode levar à perigosa criminalização de um governo simplesmente por razões de natureza política.
Essas manifestações recentes se somam a muitas outras que ocorreram em semanas passadas. Entre elas, podemos destacar a da Cepal - Agência especializada da ONU; a da ONU Mulheres; a do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH); do próprio prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel; e de ex-Chefes de Estado, tais como: José Mujica, do Uruguai; Felipe González, da Espanha; Massímo d'Alema, da Itália; e Ricardo Lagos, do Chile.
Há também a dos chefes de Estado atuais como Michelle Bachelet do Chile...
(Soa a campainha.)
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Tabaré Vazquez do Uruguai, Evo Morales da Bolívia, Nicolás Maduro da Venezuela, Rafael Correa do Equador, entre vários outros.
Os próprios meios de comunicação internacionais, como o jornal britânico The Guardian, a revista alemã Der Spiegel, o jornal francês Le Monde, o jornal espanhol El País, os jornais americanos Los Angeles Times e New York Times, entre muitos outros, fazem reportagens e matérias questionando fortemente o processo do golpe no Brasil. A alemã Der Spiegel já está chamando o impeachment de "golpe frio".
A TV Al Jazeera, maior emissora do mundo árabe, acessada em 47 países, fez dura reportagem denunciando o papel da mídia partidarizada em sua criação.
(Soa a campainha.)
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - O mundo inteiro está ficando chocado com essa farsa monumental. O mundo não está conseguindo entender esse mundo ao contrário do golpe brasileiro. Ninguém consegue entender essa total inversão de valores. E não dá para entender mesmo, Sr. Presidente!
É claro que não é a primeira vez que se faz ou que se tenta fazer um golpe no Brasil. Foi o que ocorreu com Getúlio Vargas, foi o que ocorreu com João Goulart, mas desta vez há uma singularidade histórica que choca. E quem resumiu isso muito bem foi o ex-Ministro tucano Bresser Pereira. Disse ele:
A UDN foi um partido liberal, sempre na oposição, que, entre 1946 e 1964, tentou promover golpe contra...
(Soa a campainha.)
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Ele disse que a UDN foi um partido liberal, que, entre 46 e 64, tentou promover golpe contra governos legítimos. "Afina" - diz Bresser Pereira - "seu golpismo foi 'vitorioso' em 1964".
O PSDB revela o seu legítimo sucessor, mas com uma diferença: enquanto a UDN nunca se associou a políticos evidentemente corruptos, é isso que o PSDB está fazendo neste momento. Aliou-se ao Deputado Eduardo Cunha.
Essa é a grande novidade histórica dessa conspiração golpista. É por isso que a Presidente afirmou que esse golpe é uma grande e malcheirosa farsa.
Sr. Presidente, esse golpe está sendo articulado por muitos corruptos que estão na Câmara dos Deputados. É a farsa de corruptos contra a Presidente, que, efetivamente, combate...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Para mim, esse golpe lembra uma espécie de simbiose caricata de Carlos Lacerda, o moralizador hipócrita da UDN, com Ademar de Barros, o ladrão assumido do rouba, mas faz.
Hoje, o ladrão assumido, que eu também não sei se é chefe ou vice-chefe, como falou o Senador Jorge Viana, negocia cargos e acena com a impunidade para aqueles que votarem no golpe, enquanto o moralizador hipócrita posa no WhatsApp e na mídia como o estadista que vai salvar o Brasil. Na realidade, eles querem mesmo é salvar a própria pele, afinal esse é o golpe para salvar muita gente da Lava Jato. Farsa maior do que essa não há, nunca houve. É por isso que os políticos da Oposição...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Vai ser rápido, Sr. Presidente.
É por isso os políticos da Oposição despencam nas pesquisas. É por isso que a comunidade internacional está perplexa, chocada! Ninguém entende mesmo esse mundo ao contrário.
Sr. Presidente, eu agradeço a V. Exª pela tolerância. Infelizmente, vou retomar esse discurso mais à frente. Era um discurso muito maior, mas eu entendo. V. Exª já me deu dois minutos por duas vezes consecutivas. Então, eu me despeço agradecendo a V. Exª. Retomarei este pronunciamento mais tarde.