Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a insegurança no “campus” do Plano Piloto da Universidade de Brasília (Unb) e pedido para liberação e aplicação do orçamento aprovado, por iniciativa do orador, para a falta de iluminação na Universidade.

Apelo para que sejam pacíficas as manifestações no dia da votação do processo de “impeachment” da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Hélio José (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Preocupação com a insegurança no “campus” do Plano Piloto da Universidade de Brasília (Unb) e pedido para liberação e aplicação do orçamento aprovado, por iniciativa do orador, para a falta de iluminação na Universidade.
GOVERNO FEDERAL:
  • Apelo para que sejam pacíficas as manifestações no dia da votação do processo de “impeachment” da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2016 - Página 79
Assuntos
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • APREENSÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, FALTA, SEGURANÇA, ILUMINAÇÃO ELETRICA, CAMPUS UNIVERSITARIO, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), PEDIDO, LIBERAÇÃO, APLICAÇÃO, ORÇAMENTO, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
  • PEDIDO, PACIFICAÇÃO, POPULAÇÃO, ATO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DIA, VOTAÇÃO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, senhores ouvintes da Rádio e da TV Senado, é com muita alegria que venho hoje a este plenário para falar de um grave problema que tem acontecido na nossa Universidade de Brasília com relação à segurança.

    Eu, que sou pai de duas alunas da UnB, sei da importância da Universidade de Brasília. Eu me formei lá, sou amigo de turma do atual Reitor da UnB, Ivan de Toledo Camargo, e venho aqui alertar para essa importante situação que está acontecendo e chamar a atenção de todos para que juntos possamos ajudar a UnB a superar essa questão da grave crise de segurança nos pátios e nas áreas internas da nossa querida Universidade de Brasília.

    Antes de falar dessa questão, eu gostaria de me confraternizar com o nosso Líder, Senador Eunício Oliveira, pela lembrança da Padroeira de Fortaleza, pelo aniversário, e dizer que o Ceará realmente está em todo mundo. Fortaleza é uma cidade que nos agrada e apraz muito a todos nós, como Salvador também, Srª Presidente, que é uma cidade maravilhosa.

    A Universidade de Brasília, UnB, é uma das maiores e mais reconhecidas universidades da América Latina, com mais de 30 mil alunos e cerca de 5 mil professores e funcionários. A UnB está intimamente vinculada à história do Distrito Federal.

    Por isso, para mim é muito importante ressaltar essa questão.

    Os seus quatro campi, localizados no Plano Piloto, na Ceilândia, no Gama e em Planaltina, são verdadeiras cidades do saber, onde se ministram mais de 250 cursos de graduação e pós-graduação, tendo eu a felicidade de ter sido formado em Engenharia Elétrica exatamente na UnB, no ano de 1982.

    Seu excepcional corpo docente é reconhecido no Brasil inteiro, com muitos professores e pesquisadores de renome mundial. Sua distinta tradição acadêmica, focada no ensino de perspectiva crítica, tem formado alguns dos principais pensadores e líderes do País. Pela UnB, tem passado muita gente importante. Quem não se lembra de Darcy Ribeiro, que criou a nossa universidade?

    Pois bem, Srªs e Srs. Senadores, o que eu gostaria de dizer hoje é que, por trás dessa gloriosa história de renome e excelência, a UnB guarda uma face oculta, alheia aos luminares do saber, lamentavelmente.

    Ela, a nossa universidade, a Universidade de Brasília, sonho de figuras do porte de Anísio Teixeira e de Darcy Ribeiro, é um lugar violento, cenário de roubos, furtos, depredações e crimes bárbaros contra a vida, como o praticado em março deste ano contra a jovem estudante Louise Ribeiro, um ato horripilante, que fez todo mundo chorar, chorar ao ver na UnB uma jovem estudante passar pela situação por que passou Louise, que foi assassinada covardemente dentro do campus universitário da UnB.

    É até complicado falar da violência na UnB, porque é muito difícil achar estatísticas atualizadas sobre a violência no campi, mas as notícias da mídia, as reclamações que tenho recebido e os depoimentos da comunidade universitária, todos indicam que a violência tem, de fato, crescido. E há algumas causas evidentes para isso.

    Em primeiro lugar, Sr. Presidente, quando eu falei que a UnB tinha uma face alheia aos luminares do saber, eu quis dizer literalmente que a UnB é um lugar escuro, escuro como poucos lugares públicos aqui no Distrito Federal. V. Exª, que é do Mato Grosso, tem lá a UFMT. Tenho certeza de que também tem dificuldades, mas aqui em Brasília a UnB está passando por muitas dificuldades.

    Veja só a ironia. As luzes do reconhecimento contrapõem-se às trevas de um terreno baldio. São paradas de ônibus escuras, blocos de ensino escuros, ciclovias escuras, estacionamentos escuros. No Campus Darcy Ribeiro, aqui no Plano Piloto, os estacionamentos são tão tenebrosos que ganham até apelidos como "estuprinho", lamentavelmente, e "sequestrinho", lamentavelmente.

    E tudo isso, nobre Sr. Presidente, Senador José Medeiros, sendo pai de duas jovens que estudam na UnB e vários que estão nos ouvindo hoje sendo também pais de jovens que estão na UnB. Então, essa é uma coisa que nos preocupa a todos, principalmente neste ano em que, na UnB, quebrou-se o recorde de alunos da rede pública e do DF que foram aprovados. Então, precisamos ajudar a UnB a superar essa questão.

    "Onde você parou o carro, Fulano?" "Ah, parei lá no sequestrinho." É comum que o público da UnB retorne das aulas ou do expediente e encontre o carro depenado, com os vidros quebrados, sem o estepe, sem os pneus, sem os aros. Num caso especialmente bizarro, não muito tempo atrás, um estudante teve até a porta - veja bem, a porta! - de seu carro roubada, tal a audácia dos bandidos. Até a porta, nobre Senador Medeiros! Até a porta, nobre Senador Davi Alcolumbre! Isso não pode continuar na nossa Universidade de Brasília.

    O motivo de tanto breu é bastante óbvio: faltam postes. Os que existem estão estragados, com as lâmpadas queimadas ou desligadas. Mesmo em áreas internas, como as dependências do Instituto Central de Ciências, o chamado "Minhocão", à noite, alguns lugares ficam totalmente no escuro. Banheiros, centros acadêmicos e salas de uso comum são utilizados para outros fins, porque estão totalmente às escuras e sem cuidados.

    Para piorar, nobre Senador Medeiros, Presidente desta sessão, a questão da insegurança é agravada pela absoluta falta de vigilância. Quase não se veem guardas na UnB, de qualquer tipo, sejam policiais, sejam vigias privados. São os próprios alunos que o dizem. Escuro e desguarnecido, com livre circulação de marginais, o ambiente universitário, lamentavelmente, passa a ser repulsivo, quando devia ser exatamente o contrário, inclusivo.

    O ideal seria que os estudantes gostassem de ficar na UnB, passassem lá o máximo de tempo possível, frequentando as aulas, fazendo uso da biblioteca, discutindo e trocando ideias com os colegas e com os camaradas de universidade. Mas, reféns da bandidagem, muitos fazem questão de voltar para casa o mais rápido possível, porque sabem que, na universidade, eles - e, principalmente, elas - correm risco. A paz e o prazer de estudar dão lugar ao medo, ao pânico. E isso se dá, Sr. Presidente, numa das mais importantes universidades da América Latina. Isso é lamentável.

    Eu, Senadora Lídice da Mata, que no ano de 1978, com 17 anos, entrei na UnB, passei quatro anos da minha vida, até 82, fazendo vários verões e estudando na UnB, eu, que me formei, em quatro anos, em Engenharia Elétrica, num pique sem tamanho, lembro-me do quanto era referência e orgulho para nós frequentarmos os bancos da UnB. Hoje, precisamos recuperar esse orgulho para cada família que põe seu jovem na nossa Universidade de Brasília.

    Srªs e Srs. Senadores, a Reitoria está consciente do problema - impossível não estar, é claro - e tem tomado as suas atitudes, até porque Ivan de Toledo Camargo foi meu colega de turma. Passamos quatro anos estudando juntos. Ele é o atual Reitor da UnB. Principalmente depois que perdemos, lamentavelmente, a jovem Louise. Restaurou o Conselho Comunitário de Segurança, instalou um e-mail para receber as sugestões da comunidade universitária e disponibilizou um número de telefone para receber denúncias por WhatsApp. Mas aí me pergunto, nobre Senador Medeiros: será que basta? E-mail, WhatsApp, conselho? Eu gostaria de acreditar, mas não acredito que só isso baste. A verdade é que muito mais precisa ser feito. Precisamos começar pelo óbvio, que é botar luz e vigilância nos campi o tempo todo.

    Carros roubados, celulares furtados, armas apontadas, professores desrespeitados, estudantes ameaçados, alunos inseguros, vigias escassos e impotentes. O campus imerso na escuridão. Esse é o panorama atual da nossa UnB, que precisa ser mudado, se Deus quiser!

    Sou coordenador da Bancada Parlamentar do Distrito Federal no Congresso. Nossa Bancada, exatamente por iniciativa minha, aprovou nos últimos dois orçamentos cerca de R$25 milhões para a Universidade de Brasília, especialmente para aplicar na substituição de energia convencional pela eletricidade obtida a partir de placas solares fotovoltaicas, a energia solar. São investimentos que podem resolver situações críticas que hoje a Universidade de Brasília tem enfrentado. Esses recursos precisam ser liberados e aplicados.

    Por isso eu quero me comprometer a estar junto com o nosso Reitor Ivan e com os demais membros da Reitoria da UnB para irmos ao Ministério da Educação e tentar liberar o recurso dessas emendas para que tenhamos uma situação melhor e mais tranquila para pais e alunos que hoje estão na UnB.

    Esses recursos precisam ser liberados e aplicados. É um caminho para resolver os graves problemas da insegurança no campus da Asa Norte e, ao mesmo tempo, transformar a Universidade de Brasília em um exemplo nacional do uso racional e sustentável de energia solar, que deve ser exemplo para todos nós.

    Além disso, a UnB, na Ceilândia, no Gama e em Planaltina, está com seus problemas, que são de conhecimento de todos nós e que precisam também ser superados. Sou um parceiro nessa linha.

    Era isso que eu teria a dizer neste momento, nobre Senador José Medeiros, Presidente desta sessão.

    Para concluir, quero desejar a todos os brasilienses e brasileiros que virão a Brasília no próximo fim de semana, para participarem das discussões e votação do impeachment, que venham com o coração pacífico, que venham na paz, para que todos possam se manifestar com tranquilidade, defendendo seus pontos de vista, sem se utilizarem de violência. Pais, crianças, famílias, por sinal, irão à rua, com o direito de manifestar sua posição. Respeito todas elas, tanto as que são pró como as que são contra. Eu não gostaria de ver a nossa Esplanada transformada em uma praça de guerra, como também nenhum ponto de Brasília, nem a rodoviária do Plano Piloto, nem as paradas de ônibus, nem a Ceilândia ou Taguatinga. Espero que tudo corra bem e que, pacificamente, a partir da votação de domingo, tenhamos outro norte para nosso País, para podermos ter condição de continuar avançando para um Brasil melhor.

    Era isso o que eu tinha a dizer. Agradeço, nobre Senador José Medeiros.

    Muito obrigado.

(Durante o discurso do Sr. Hélio José, a Srª Lídice da Mata deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. José Medeiros.)

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Parabéns, Senador Hélio José, pela preocupação com a educação, hoje falando sobre a UnB, do saudoso Darcy Ribeiro. Infelizmente, V. Exª traz essa imagem não tão alegre para nós brasileiros.

    O SR. HÉLIO JOSÉ (PMDB - DF) - Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2016 - Página 79