Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Indignação com discurso do Sr. Adolfo Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz de 1980, que se pronunciou na tribuna do Senado sem previsão regimental.

Autor
Cássio Cunha Lima (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cássio Rodrigues da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Indignação com discurso do Sr. Adolfo Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz de 1980, que se pronunciou na tribuna do Senado sem previsão regimental.
Outros:
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2016 - Página 29
Assuntos
Outros > SENADO
Outros
Indexação
  • REPUDIO, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, PREMIO NOBEL, PAZ, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, AUSENCIA, PREVISÃO, REGIMENTO, SENADO.

    O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu tenho certeza absoluta de que a conduta de V. Exª não foi, obviamente, de má-fé - longe disso -, no sentido de flexibilizar o Regimento, porque, em instante nenhum, o Regimento autoriza que a sessão do Senado Federal possa ser interrompida para conceder a palavra a um não Senador. A sessão pode ser interrompida para que se registre a presença, para que possamos fazer nós, outros Senadores, a saudação, mas jamais para conceder a palavra a alguém, não sendo uma sessão especial. Só na sessão especial, essa palavra pode ser concedida, e nós estamos numa sessão deliberativa extraordinária do Senado da República; senão, vira uma esculhambação.

(Interrupção do som.)

    O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Vou trazer um convidado meu, que não tem voto popular, que não tem a delegação do povo e que, em plena sessão deliberativa do Senado, fará um discurso?

    Eu tenho certeza plena de que V. Exª não agiu de má-fé, tanto é que a sua providência aponta para esta direção, ao determinar que os Anais retirem a expressão usada inadequadamente pelo Prêmio Nobel da Paz, que é muito bem-vindo e que é vítima também de mais uma enganação do Governo. O Governo enganou o Brasil inteiro. É a postura traiçoeira de tentar escamotear a verdade porque seria, se fosse a verdade, a primeira vez, na história da humanidade, que um suposto golpista assume o Governo, a golpeada deixa o País - como aconteceu recentemente com a Presidente Dilma -, retorna ao Brasil, e o suposto golpista devolve o Governo! É a primeira vez, na história da humanidade, que um golpe em curso está sendo regulamentado pela Suprema Corte do próprio País. É a primeira vez, na história da humanidade, que deparamos com um golpe com amplo direito de defesa. Ou seja, isso é proselitismo puro; é verborragia; é blá-blá-blá.

    Agora, o que não podemos tolerar é que um não Senador, mesmo sendo ele o Prêmio Nobel da Paz, possa interromper uma sessão deliberativa do Senado Federal, sem delegação para tanto, porque não recebeu o voto do povo brasileiro, e vir se somar a um discurso politiqueiro, a um discurso que vem sendo feito de forma irresponsável, para denegrir a imagem do Brasil, porque aqui não há golpistas. Há aqui Senadores e Senadoras que vão cumprir a Constituição e que vão afastar a Presidente da República, que mentiu para o Brasil, que cometeu fraude fiscal, que levou o País a esta crise sem precedentes, porque cometeu o crime de desrespeito à Lei Orçamentária.

    Portanto, retirada a expressão "golpe" por determinação de V. Exª, acho que estamos voltando a um patamar de tranquilidade, mas que fique o alerta para que essas flexibilizações do Regimento não sejam cometidas! Temos sessões especiais próprias para isso. Pode ser do meu desconhecimento, mas, em sessão deliberativa, não conheço mecanismo em que a palavra seja concedida a quem não tem o voto popular, a quem não tem o voto do povo brasileiro, mesmo sendo o Prêmio Nobel da Paz, que, enganado e iludido, caiu na esparrela desse papo-furado, dessa conversa para boi dormir, de que há golpe no Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2016 - Página 29