Comunicação inadiável durante a 51ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Apelo ao Presidente do PDT, Carlos Lupi, para que libere a bancada do partido para a votação de abertura do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

Solicitação ao TSE para que aja com celeridade no processo sobre as contas de campanha da chapa presidencial eleita em 2014.

Lamento pela desfiliação de importantes figuras políticas do PDT, partido com maior número de filiados no Rio Grande do Sul, e projeção para as eleições municipais de 2016 no Estado.

Defesa da aprovação do impeachment de S. Exª Dilma Rousseff, Presidente da República, em razão do descumprimento das promessas feitas na campanha eleitoral para a presidência da república.

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Apelo ao Presidente do PDT, Carlos Lupi, para que libere a bancada do partido para a votação de abertura do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.
PODER JUDICIARIO:
  • Solicitação ao TSE para que aja com celeridade no processo sobre as contas de campanha da chapa presidencial eleita em 2014.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Lamento pela desfiliação de importantes figuras políticas do PDT, partido com maior número de filiados no Rio Grande do Sul, e projeção para as eleições municipais de 2016 no Estado.
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa da aprovação do impeachment de S. Exª Dilma Rousseff, Presidente da República, em razão do descumprimento das promessas feitas na campanha eleitoral para a presidência da república.
Outros:
Aparteantes
Ana Amélia, José Medeiros, Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2016 - Página 9
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, CARLOS LUPI, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), CONCESSÃO, LIBERDADE, VOTAÇÃO, ABERTURA, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), JULGAMENTO, PRESTAÇÃO DE CONTAS, CAMPANHA ELEITORAL, CHAPA, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF, MICHEL TEMER.
  • REGISTRO, ROMPIMENTO, FILIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), PREVISÃO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • DEFESA, APROVAÇÃO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Presidente, agradeço muito.

    Quero lhe dizer que estou muito feliz, aqui no Senado, exatamente por esse círculo... (Fora do microfone.) ... de boas relações.

    Quero dizer que, lá no gabinete, fui surpreendido agradavelmente pela minha maravilhosa equipe com uma fantástica mesa de doces, bolos e sucos, que estarão disponíveis o dia inteiro. Então, eu quero convidar o Telmário, a Senadora Fátima, V. Exª, para que deem uma passada lá no meu gabinete. De fato, ficam em plano muito secundário as nossas eventuais divergências de ideias, de discursos; o que importa é o bom relacionamento que comungamos todos aqui no Senado.

    Agradeço essa gentil manifestação de um homem que sempre admirei como grande líder que foi na área sindical e que hoje é um líder aqui no Senado. É um dos políticos mais corretos, mais íntegros, e não me canso de divulgar isso aos meus amigos quando circulo pelo interior do Rio Grande do Sul e me perguntam: "Mas que tal é o Senador Paulo Paim?" Eu sempre digo: "É um gentleman, um homem que não briga, respeitoso; que tem divergências, mas sempre em nível muito elevado". Eu lhe agradeço muito, Senador. Obrigado.

    Eu queria aproveitar esta oportunidade, Senador Presidente dos trabalhos - cumprimentando também os telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, sobretudo a TV Senado, que a cada dia amplia mais o seu alcance e a sintonia por esse Brasil afora -, este momento, que, para mim, é muito festivo. Por que não? Apesar de que o avanço da idade não seja motivo para muita comemoração, afinal, quando vamos ficando velho, começamos a nos assustar com o avanço da idade. Mas eu queria aproveitar este momento para fazer um apelo, Presidente Paim, ao Presidente do meu Partido, Carlos Lupi.

    O meu Partido está vivendo um momento muito delicado e - por que não? - muito constrangedor: o Partido, com a orientação de seu Presidente, Carlos Lupi, tomou uma decisão que julgo equivocada, ao radicalizar um posicionamento de votar a favor da Presidente Dilma. Quero dizer que estou vivendo uma avalanche de telefonemas e de mensagens do meu Estado - e até de alguns de fora do Rio Grande do Sul, como Paraná e Santa Catarina - de apelos para que o Partido libere a Bancada para votar em quem quiser: ou a favor do impeachment ou contra o impeachment. Então, quero fazer um apelo de público; sei que o Presidente do Partido está em Brasília, e ele poderia liberar.

    Nós estamos vendo situações extremamente constrangedoras, como, por exemplo, meu prezado amigo Telmário Mota, a de que o Presidente do PDT do Rio Grande do Sul, Pompeo de Mattos, declarou às emissoras de rádio do Rio Grande do Sul e aos jornais, ontem, que ele gostaria muito de votar pelo impeachment. No entanto, ele vai votar, contrariadamente, contra o impeachment, porque ele quer obedecer a decisão do Partido. Então, vejam a que situação nós chegamos: uma Liderança político-partidária ter de votar contra os seus princípios, contra a sua história, contra o seu eleitorado! Porque, no Rio Grande do Sul, ao menos, a opinião preponderante é de que devemos mudar o Governo.

    A Presidente Dilma teve oportunidade de recompor a economia, de estabelecer um rumo de progresso ao Estado, mas não conseguiu. Houve muitas omissões, muitos erros, algumas conivências com nomes que vieram a integrar a Petrobras e outros. Portanto, deve dar uma oportunidade a que outro venha, seja lá quem for, e a minha pregação, nesta tribuna, tem sido já, por várias vezes, de que o ideal é que o Tribunal Superior Eleitoral entrasse em ação, deixasse um pouco a sua lentidão na instrução do processo, julgasse os dois e desse oportunidade à população brasileira de fazer uma nova eleição, aí, sim, arejando completamente as possibilidades de um novo Governo, de uma nova proposta ao Brasil.

    Então, arrematando, Presidente Paulo Paim, este é o apelo que quero fazer: que o Presidente do PDT libere a Bancada para votar em quem quiser não só agora no domingo, como depois, como, provavelmente, vai acontecer no Senado. Quando o Presidente do Partido invoca que Leonel Brizola não permitiria golpe, isso não é golpe.

    E eu trouxe aqui - e mostro para a Câmera - a doutrina do Partido Democrático Trabalhista e três discursos de Leonel Brizola, respectivamente, em 18 de março de 2004, depois em 5 de maio de 2004 e um primeiro em 3 de julho de 2003, em que o Presidente de então, o saudoso Leonel Brizola, já discursava sobre os "Sinais de Desintegração", esse é o título do discurso. Dia 18 de março de 2004, no ano em que veio a falecer, Brizola já dizia que:

A cada vez, a cada dia, por toda parte, surgem sinais de que o Governo Lula vai se desintegrando. Apenas um mês de escândalo, Waldomiro Diniz foi o suficiente para que ficasse evidente e dramática a crise de uma administração incapaz de tomar as decisões que o povo esperava e que só se preocupa com o seu projeto político eleitoral. O atual Presidente revelou-se um inepto e um fraco de ideias e de comando.

    Isso precisa ser lembrado pelo Sr. Carlos Lupi. O Presidente, o grande construtor do trabalhismo, Leonel Brizola já dizia isto, que, com a desintegração do Governo, já a partir do escândalo de Waldomiro Diniz, das loterias de Carlinhos Cachoeira, ali começava a desintegração de uma proposta de governo. Imaginem se hoje vivesse ainda Leonel Brizola, o que diria do desmantelamento da Petrobras, dos problemas criados na Eletrobrás, do fracasso de uma política econômica que nos leva a 3,8 abaixo de zero no PIB do Brasil no ano passado e a caminho neste ano? Imaginem o que estaria dizendo Leonel Brizola!

    Portanto, Sr. Carlos Lupi, Leonel Brizola não pode ser referido pelo senhor nesta oportunidade. É um erro brutal - é um erro brutal! - comprometer os princípios do Partido e obrigar os trabalhistas do Brasil a darem apoio a este Governo, que, lamentavelmente fracassou. Então, é o apelo, no dia do meu aniversário, é o apelo que faço aqui, para que libere a Bancada, que dê dignidade à nossa Bancada, porque ela está verdadeiramente acuada!

    Senador Telmário.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senador Lasier, primeiro, quero - como já fiz pessoalmente e por telefone - publicamente aqui lhe parabenizar por esta data tão importante na sua vida, na vida da sua família e dizer que, sem nenhuma dúvida, neste Senado, o Rio Grande do Sul soube fazer esta mudança: tirou um ícone da política, como Pedro Simon, e o colocou aqui, um homem competente, honesto, íntegro, com o olhar sempre para o bem-estar da população e, sobretudo, de honestidade, de dignidade. Mas eu queria, neste momento, discordar de V. Exª no que diz respeito ao nosso Partido. A decisão não é do Presidente Lupi; a decisão é da executiva do Partido. E a decisão do nosso Partido foi com base na realidade brasileira. V. Exª fala, por exemplo, que a Presidenta teve um ano e pouco para recuperar as economias e colocar o País naquilo que nós esperávamos. Conversando com a Presidenta estes dias, ela me disse: "Senador Telmário, uma Presidenta da República e qualquer um... O sistema brasileiro só funciona com uma coalizão. O seu partido sozinho não ganha e não comanda esta Nação". Por isso, o Governo da Presidente Dilma é um governo de coalizão partidária, sendo o PMDB sócio majoritário nesse contexto, tendo o Vice-Presidente, sete Ministérios, mais de 600 cargos, só de primeiro e segundo escalões, e até de terceiro escalão. Então, ela tinha o PMDB, o PT, o PDT, o PR, vários partidos fazendo a governabilidade. Agora, Senador Lasier, V. Exª há pouco subiu nessa tribuna e elogiou, com muita propriedade e consciência, o quadro que assiste V. Exª em seu gabinete, o quadro técnico que V. Exª, agora mesmo, classificou de competente, de eficiente, e eu acredito que realmente acontece isso. Agora, imagine a Presidenta da República ao assumir! Ao lado dela, havia um senhor chamado "Traidor Temer". Ao lado dela! Um homem que gozava da total confiança desse Governo, a ponto de controlar os cargos, todos os cargos federais - todos! Era o Michel Temer quem fazia isso. Ele não era só o Vice; ele ocupava um cargo de coalizão dentro desse Governo. Era ele que fazia as composições partidárias neste País. E ele era detentor de informações privilegiadas - o Sr. Michel Temer era detentor de informações privilegiadas dentro do Governo! Só que, ao lado da Presidenta Dilma, estava um conspirador; um conspirador que tinha lá na ponta um corrupto presidindo, lamentavelmente, a Câmara Federal, que é o Sr. Cunha. Portanto, o Michel Temer, em parceria com o Cunha, passava informações privilegiadas, informações de Estado, para o Sr. Cunha criar as pautas bombas, porque eles queriam desgastar a Presidente na sua popularidade. Eles tinham um plano: o plano de tomar o Governo, como estão querendo. Então, culpar a Presidente Dilma sozinha pelo encaminhamento da economia deste País é, no mínimo, uma injustiça. E depois tirá-la sem nenhum crime de responsabilidade é uma maior injustiça; para colocar... Hoje, eu vi a lista, de que daqui a pouco vou falar, de prováveis Ministros - é de assustar esta Nação. É de assustar esta Nação. Pessoas que não podem ocupar jamais um cargo tão relevante como o de Ministro estão aí elencadas para comandar. A acontecer isso, nós vamos tirar uma Presidenta que está passando por um momento de impopularidade, só, mas que nunca atrapalhou a Polícia Federal, nunca atrapalhou o Ministério Público, nunca atrapalhou a Justiça. Estão caminhando a passos largos para esclarecer opções que nenhum país, nenhum Estado, nenhum outro governante permitiu. Querem tirá-la para colocar aqui nada mais, nada menos do que uma quantidade deles que estão aí. Pode ver: quase 30%, 40%, 50% dos Deputados que votaram para acatar o impeachment estão envolvidos em corrupção. Um mão suja não pode julgar ninguém - não pode julgar ninguém! Então, o PDT fechou questão na Câmara com a maioria. Eles se reuniram, os Deputados, a direção. Eu não acredito. Eu acho que esse impeachment não vai passar, porque quem tem bom senso... A sociedade brasileira está abrindo o olho. Imaginem tirar a Dilma para colocar uma facção criminosa! É um absurdo! Eu não posso, eu não consigo acreditar que amanhã um Cunha vai ser Presidente da República. Eu não consigo entender isso! Eu não consigo visualizar isso! Isso é brincar com a República brasileira. É rasgar... Leonel Brizola jamais, em nenhum momento, aceitaria tirar a Dilma para deixar um Cunha com um Michel Temer assumindo, sem haver nenhuma...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Sem ter sido aprovado nas urnas. Eu queria só alertar V. Exª que a direção do PDT está sinceramente dentro da bandeira, dentro dos princípios, dentro daquilo que o PDT defende. Respeito, naturalmente, a fala de V. Exª, mas eu queria colocar que não foi uma decisão unitária, unilateral do nosso Presidente, mas da executiva do Partido.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu já queria cumprimentar o Senador Lasier, mas ele é o aniversariante.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - E eu queria, não posso chegar aqui, além de mandar um cartão, desejar saúde, felicidade. Temos tido aqui uma extraordinária convivência, estamos passando por este período de turbulência, mas eu queria certamente me somar aos seus familiares, seus amigos, seus correligionários, eleitores, e desejar um feliz aniversário e, ao mesmo tempo, que V. Exª siga nos ajudando a conduzir os destinos do País aqui, no Senado Federal! Faço isso, tenho certeza, em nome de todos os colegas que estão aqui e que fazem parte da Casa. Então, parabéns, Senador Lasier Martins e, claro, peço desculpas por ter interrompido e sigo aí com...

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Recebo, Senador Jorge Viana, os seus cumprimentos com muita alegria, porque já disse uma vez aqui desta tribuna que tenho uma grande admiração por V. Exª, que é um homem elegante, elegante nos gestos, elegante no comportamento, elegante no vocabulário e, por isso, V. Exª se constitui num dos Senadores mais estimados e respeitados. Muito obrigado por sua manifestação tão cordial a mim por esta data de hoje.

    Mas, já para encaminhar o meu pensamento sobre o que estávamos aqui discutindo, e, em seguida, concedo um aparte também ao Senador José Medeiros, eu queria lembrar ao Senador Telmário que concordo com ele, Senador Telmário, que estejamos vivendo um mundo de traições: Michel Temer, que não é o meu candidato para ser Presidente da República, também acho que não reúne as condições de que o Brasil precisa... Temos inúmeras traições neste País nos últimos tempos. A própria Presidente Dilma traiu o eleitorado, quando, durante a campanha eleitoral, pintou um Brasil ficcional, irreal, com aquela propaganda na televisão, em que as pessoas diziam: "Eu quero viver no mundo da propaganda da Dilma!", que era um Brasil vibrante, colorido, próspero, pelos truques da marquetagem do João Santana, e, depois, ao esconder a realidade econômico-financeira do País - aquilo foi uma traição ao eleitorado brasileiro.

    Agora, quero enfatizar o tempo todo, lembrar o tempo todo, que o impeachment não é um processo puramente jurídico, mas um processo jurídico e político. E não precisamos ir longe, basta lembrar o caso do Collor, que foi deposto por razões políticas.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - É o que está decidindo a Câmara dos Deputados agora nesse próximo domingo. É uma decisão que tem um fundamento também jurídico, mas é preponderantemente política.

    E o próprio ex-Presidente Lula traiu a confiança brasileira, quando não viu ou não quis ver a ruína da Petrobras, ou foi cúmplice dela ou foi conivente com ela. Disso não há dúvidas. Ele era o Presidente da República com a montagem daquela equipe tão desonesta que desmontou a Petrobras. Isso também é traição.

    Por isso, eu repito: nós vivemos um mundo de desvirtuamento da política. E é por isso que as multidões estão indo às ruas. Nós precisamos fazer um desmonte dessa política errática e desleal que estamos vivendo.

    E, se for o caso, ali adiante, que o Superior Tribunal Eleitoral retire o Sr. Michel Temer, se encontrar fundamentos também em erros...

(Interrupção do som.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... eleitorais que ele tenha cometido. (Fora do microfone.)

    E, arrematando, Senador Paulo Paim, Senadora Ana Amélia, Senador Dário Berger, Senador José Medeiros, Senador Jorge Viana, eu quero lembrar o meu apelo ao Presidente do PDT para que releve esta crise que estamos vivendo e libere a Bancada para votar como quiser nesse processo de impeachment, porque o PDT já perdeu demais. É preciso lembrar ao eleitorado e a todos aqueles que acompanham a política que, nos últimos meses, o PDT perdeu quatro estrelas. Uma delas é a estrela maior do Partido, que foi Cristovam Buarque. O Partido perdeu Pedro Taques, hoje Governador do Mato Grosso; perdeu Antônio Reguffe, Senador pelo Distrito Federal; e, ainda há 15 dias, perdeu José Perrella, Senador de Minas Gerais. Os quatro por uma única razão: divergência com o Presidente do Partido que vem desmantelando o PDT, vem apequenando o PDT. E é por isso que eu peço que esse Presidente do PDT convença a cúpula e comece a reabilitar, porque, daqui a pouco, não teremos mais ninguém no PDT. E nós tínhamos e mantemos um sonho de fazer um elevado número de prefeitos por esse Brasil afora. Eu mesmo tenho andado pelo interior do Rio Grande prestigiando as campanhas dos candidatos do PDT às prefeituras municipais.

    Concedo-lhe a palavra, Senador José Medeiros.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Muito obrigado pelo aparte, Senador Lasier Martins, ao tempo em que quero cumprimentá-lo por mais essa primavera, por mais esse ano de vida. Quero deixar meus parabéns. Concordo com V. Exª, também, no elogio que fez ao nosso Presidente que ora preside a Mesa. Realmente, ele é um esgrimista. Embora estejamos em lados opostos - geralmente estamos em fronteiras distintas -, eu digo que ele não luta MMA.

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - É um esgrimista nato, um elegante na política. Dito isso, Senador Lasier, eu quero concordar com V. Exª, embora seja de outro Partido e não tenha que meter a colher nos assuntos internos do PDT. Eu tenho acompanhado V. Exª e fui um dos que o convidou à época em que o Senador Cristovam Buarque estava saindo do Partido, mas, no momento em que liguei para V. Exª em Porto Alegre, V. Exª disse-me claramente por que se manteria no PDT. E foram todos motivos de ideologia, do trabalhismo. Explicou-me toda a essência do PDT. V. Exª representa o brizolismo, V. Exª representa o trabalhismo. Não vejo, hoje, na direção do PDT, nada disso, nada dessa essência do que representou o PDT, nada do que representou aquele PDT de Leonel Brizola, que espalhou...

(Interrupção do som.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... por cada Município deste País um CAIC, aquelas escolas de tempo integral. Ele não representa isso. Vejo, hoje, muito mais um Partido que tem dono e que está ali para abocanhar o próximo cargo. Não importa quantos saiam. Não tenho dúvida de que vai fechar a questão mesmo e que V. Exª vai ter que acabar votando contra o impeachment ou ter que tomar outro caminho. Essa é a encruzilhada que vejo que o Partido está lhe colocando. É lamentável, porque isso enfraquece a política. Quando homens da sua estatura têm que ficar neste tipo de constrangimento, entre o seu Partido, um Partido que tem uma história, e os seus ideais e a necessidade da Nação, isso enfraquece a política. V. Exª tem se mostrado aqui um baluarte e eu sei que tomará a melhor decisão para a Nação brasileira. Quero...

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - ... concordar plenamente, parabenizá-lo e dizer que, com certeza, há outras siglas que lhe abraçariam e que estão de braços abertos para lhe receber, caso o PDT não queira um homem da sua estatura, um político da sua envergadura nas suas fileiras. Muito obrigado.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Muito obrigado pelo seu aparte, Senador José Medeiros.

    Eu quero dizer que, de fato, tenho recebido muitos convites, mas não pretendo sair do Partido. Eu quero ser fiel ao meu eleitorado no Rio Grande do Sul que festejou muito a minha eleição. Depois de 62 anos em que o trabalhismo não elegia um Senador no Rio Grande do Sul, eu tive essa honra, exatamente depois de Alberto Pasqualini, o grande ideólogo da doutrina trabalhista. Eu adotei o PDT por vínculo com a minha família trabalhista que sempre foi e pelo ideal da bandeira da educação.

(Interrupção do som.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Por isso, eu optei pelo PDT. Eu não pretendo sair do PDT. Agora, evidentemente, se for afastado do Partido, eu não terei alternativa. Ficarei um tempo sem partido até definir alguma coisa, mas não pretendo sair e não acredito que ...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... a cúpula do PDT vá se incompatibilizar com mais da metade do Rio Grande do Sul, onde o PDT é o Partido que tem o maior número de filiados. Informo isto ao Brasil pela TV Senado: o Partido com o maior número de filiados do Rio Grande do Sul é o PDT. O Rio Grande do Sul é um Estado essencialmente trabalhista, em primeiro lugar, com todo o respeito ao PP da minha prezada Ana Amélia.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Quantos filiados?

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - São 305 mil filiados.

    É o Partido com o maior número de filiados no Rio Grande do Sul e possui as duas maiores prefeituras do Rio Grande do Sul, Porto Alegre e Caxias do Sul, além...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... de mais 75 prefeitos e uma infinidade de vereadores.

    É um grande Partido e nós não queremos que o Presidente Lupi apequene o nosso Partido. Ele já fez o suficiente ao provocar a saída de três Senadores. Nós iniciamos a Legislatura aqui com seis Senadores e hoje somos três. E perdemos um grande Governador, um dos homens mais públicos, mais competentes deste País, que é Pedro Taques, que estava desiludido. Apesar dos jantares que eu e o Reguffe fizemos com ele, tentando dissuadi-lo daquela atitude, ele disse que não aguentava mais, ele estava cansado de ouvir promessas.

    Assim, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, é o apelo que eu queria fazer. Eu vou votar pelo impeachment por entender que tem que se mudar. Houve erros demasiados. O impeachment é um processo político, principalmente nas circunstâncias atuais.

(Interrupção do som.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Eu vou votar ao lado dos 90% de brasileiros que têm se manifestado nas pesquisas de opinião pela falta de credibilidade com a Presidenta da República, que não correspondeu àquilo com que havia se comprometido. E eu quero votar ao lado do povo gaúcho que, em grande maioria, também quer esse desiderato que é a mudança de Governo.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Senadores, a todos pela tolerância de me ouvirem neste dia de hoje.

(Durante o discurso do Sr. Lasier Martins, o Sr. Paulo Paim deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Jorge Viana, 1º Vice-Presidente.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2016 - Página 9