Pronunciamento de Gleisi Hoffmann em 14/04/2016
Comunicação inadiável durante a 51ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Indignação por ofensas e ameaças de agressão recebidas por S. Exª.
- Autor
- Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
- Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA:
- Indignação por ofensas e ameaças de agressão recebidas por S. Exª.
- Aparteantes
- Ana Amélia.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/04/2016 - Página 29
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA
- Indexação
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- REPUDIO, OFENSA, AGRESSÃO, DESTINATARIO, ORADOR, LOCAL, AEROPORTO, MUNICIPIO, CURITIBA (PR), ESTADO DO PARANA (PR).
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Presidente.
Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero aqui também me somar ao pronunciamento feito pela Senadora Ana Amélia.
Eu sofri, realmente, uma agressão no aeroporto de Curitiba. Eu sempre digo que sou afeita a todos os tipos de manifestação. Não tenho problema. Eu me criei nas manifestações, fui para as ruas, combati a ditadura militar, mas nunca, nunca desrespeitei quem quer que seja. Sempre fiz manifestação na política. E, no aeroporto de Curitiba, eu realmente recebi uma agressão muito forte, muito violenta.
Eu disse aqui que eu sentia pena das pessoas, porque acho que elas externavam aquilo muito por informações que recebem, sem as aprofundar. Mas o fato é que eu disse aqui também que ia processar essas pessoas, porque acho que cada um tem que ser responsável pelo que faz. A toda ação corresponde uma reação. E, de fato, encaminhei à Polícia do Senado, à Polícia Federal - eu tinha a identificação de algumas dessas pessoas, das outras eu tinha nomes -, para que as identificassem e se pudesse fazer o processo.
E recebi, ontem à noite, um e-mail, Senadora Ana Amélia, dizendo o seguinte:
Essa vadia quadrilheira quer processar as pessoas de bem que se manifestaram contra ela? Então, estamos organizando grupos para armar emboscadas e atacar tanto ela, quanto seus familiares e amigos. Quero ver ela identificar e processar a gente. Com bandido quadrilheiro temos que lidar dessa forma, porque bandido só entende essa língua.
Eu quero dizer a essas pessoas que escreveram isso, o que, inclusive, é anônimo, que eu nunca falei nada anônimo na minha vida. Se há uma palavra que não existe no meu vocabulário é medo. Não sou temerária, mas medo não existe no meu vocabulário. E sou da paz. Sou extremamente da paz.
Agora, se querem entrar em uma briga, aí eu sei brigar também. Como diz o ditado popular: dou um boi para não entrar, mas uma boiada para não sair.
Então, eu quero deixar público aqui - e queria mostrar às câmeras - dois que nós já identificamos: Jofran Alves, da "República de Curitiba", e Elder Borges, do Movimento Brasil Livre. Estão identificados. Postaram no Facebook deles, postaram nas páginas deles. Inclusive, os comentários são de que "têm que linchar", "têm que matar", que "não podem ter convivência".
A essas duas pessoas só quero avisar: qualquer coisa que acontecer a mim, a minha família ou aos meus amigos, eles serão as primeiras pessoas a serem procuradas para responder por isso.
Quero deixar claro isto aqui: eu não tenho medo. Eu sei onde estão essas pessoas. Já entrei em contato com a Delegacia de Crimes Cibernéticos, com a Polícia Federal. Nós vamos, sim, identificá-los e vocês vão ser processados! Não vão ficar por aí fazendo com que as pessoas sintam medo. Não vão ficar! Eu não tenho!
E me solidarizo a V. Exª, Senadora Ana Amélia: procure saber quem lhe mandou essas mensagens. Mande a Polícia do Senado! Mande a Polícia Federal! Nós temos as Delegacias de Crimes Cibernéticos. Eu era Chefe da Casa Civil e acompanhei o que foi, na Copa do Mundo, a instalação da verificação de crimes cibernéticos. Nós temos como achar, e eu vou achar!
Ontem, uma outra moça, também do MBL - essa senhora aqui, a Carla Zambelli -, pegou uma Deputada nossa para me agredir. A Deputada estava almoçando na Câmara, a Deputada Moema Gramacho, a quem ela foi agredir, dizendo que tinham que me prender, prender os petistas. A Deputada conseguiu identificá-la: ela se chama Carla Zambelli, que anda aqui, por dentro do Congresso Nacional, com crachá, autorizada para fazer agressão aos outros.
Então, eu quero dizer: eu não tenho medo. Eu não tenho medo! Vocês vão responder pelo que fizeram, na paz, na boa, sem violência, mas vão responder! E todos os que foram ao aeroporto me agredir estão identificados e vão responder.
(Soa a campainha.)
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Concedo um aparte à Senadora Ana Amélia.
A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - É exatamente para reafirmar, Senadora Gleisi Hoffmann, a distinção: V. Exª está do lado que defende a Presidente da República, contra o impeachment da Presidente; eu estou do outro lado, sou favorável ao processo de impeachment quando isso chegar aqui, no Senado. A Câmara vai decidir no domingo. E isso não impede que V. Exª e eu tenhamos aqui um relacionamento absolutamente respeitoso...
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Exatamente.
A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - ... dentro do espírito democrático, com a maior reverência que temos ao trabalho que cada uma desenvolve aqui. Então, eu quero deixar isso muito claro, para reafirmar a relevância que é um movimento de paz e de respeito às pessoas, por mais divergências que tenhamos em relação aos nossos pontos de vista, às nossas teses, aos nossos votos e àquilo que representamos. Então, mais uma vez é necessário... À medida que avança esse processo os ânimos vão se acirrando de tal forma que eu temo, realmente, que haja uma violência física e não apenas essa virtual que V. Exª vem recebendo e eu venho recebendo pelo outro lado. Quem é contra o impeachment também me agride por conta disso. Da mesma forma, V. Exª é agredida por aqueles que são favoráveis ao impeachment.
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Sim.
A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Não é assim que a gente vai vencer esta etapa da vida nacional, Senadora Gleisi Hoffmann.
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Exatamente. O radicalismo não serve a nenhuma parte.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Mesmo antes de V. Exª falar, aqui na presença da Senadora Ana Amélia, como Vice-Presidente da Casa e presidindo esta sessão, eu conversei com o Secretário da Mesa, Dr. Bandeira, sobre isso. Nós vamos ter de adotar, a partir de hoje, mais intensamente, um trabalho da Advocacia do Senado Federal para que - e eu vou pedir isso ao Advogado-Geral do Senado -, na ocorrência de qualquer agressão às Senadoras ou aos Senadores, imediatamente se abra um processo, com a identificação que a Polícia Legislativa precisa trabalhar.
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Vamos ver se montamos uma espécie de plantão da Polícia Legislativa do Senado para ver se pegamos essas pessoas que passam de qualquer limite daquilo que estabelece o regime de livre manifestação. Só dessa forma poderemos coibir essas atitudes. Isso são agressões, são ameaças que V. Exªs estão recebendo.
Acho que a Mesa Diretora do Senado tem de tomar providências, e é esse o compromisso que assumo, a partir do que estou ouvindo e vendo nesta sessão que presido.
A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Agradeço, Sr. Presidente. Quero agradecer também em nome da Senadora Ana Amélia.
O radicalismo não serve a qualquer parte, não serve a qualquer causa. A violência será sempre uma manifestação de derrota; e nós estamos aqui para lutar pela democracia, pelo direito de as pessoas se manifestarem, pelas ideias que defendemos. Respeito é fundamental. Agressão e ameaça não cabem nesse processo.
Obrigada, Sr. Presidente.