Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da Comissão Especial do Senado destinada ao julgamento do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff; do crime de responsabilidade praticado pela Presidente da República; e da atuação de políticos que apoiaram o Governo Federal sob a gestão do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Comentários acerca da Comissão Especial do Senado destinada ao julgamento do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff; do crime de responsabilidade praticado pela Presidente da República; e da atuação de políticos que apoiaram o Governo Federal sob a gestão do Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2016 - Página 62
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • COMENTARIO, REFERENCIA, COMISSÃO ESPECIAL, SENADO, OBJETIVO, JULGAMENTO, PROCESSO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, PRESIDENTE, AUTOR, CRIME DE RESPONSABILIDADE, ATUAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ANALISE, POLITICA, PAIS.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, hoje, neste plenário, fizemos a recepção do processo. Amanhã, às 10 horas, a Comissão será instalada, que era uma expectativa grande do País. O debate foi em torno dessa questão e em torno de uma questão de ordem do Senador Capiberibe, que é uma proposta de seis Senadores, alguns com posição definida e outros, não. E semana passada eu disse que essa proposta seria acender uma vela para Deus e outra para o diabo, que essa proposta era uma no cravo, outra na ferradura de quem tem medo de estar no plenário e votar, assumir a sua posição diante dos olhos da nação brasileira.

    Mas, Srª Presidente, esse desmonte... Quando os Senadores vão à tribuna e dizem: "Essa mulher foi legitimada com 54 milhões de votos e estão querendo tirar uma mulher de vida limpa, de mãos limpas"...

    O que está ocorrendo no Brasil não é uma gincana de crimes, eu disse semana passada, entre Dilma e Eduardo Cunha. Ele tem dinheiro na Suíça, ela não tem; ele tem conta em paraíso fiscal, ela não tem; ele roubou no Rio, ela não roubou; ela tem mão limpa, ele não tem. Não é uma gincana. O problema de Eduardo Cunha...

    Eduardo Cunha é problema da polícia e do Supremo.

    Ela cometeu crime de responsabilidade fiscal. E eu dizia que me assusta uma coisa, Senador Paim. São agora os discursos que falam mal de Romero, falam mal de Temer, falam mal do PMDB.

    Mas, no ano passado, no final do ano, eu fiz um discurso indignado no Parlamento da Câmara, numa sessão histórica do Congresso Nacional em que Romero, o Senador Renan, o PMDB, todos sentados à Mesa, esticavam a Lei de Responsabilidade Fiscal na marra, para caber um ano e quatro meses de pedaladas de Dilma. Ali o PMDB era bom?

    Temer não tem voto. O cara tem oito mandatos. Se botarem cem mil votos, um pelo outro, pelo menos 800 mil votos ele levou para ela. O cara não tem? E o montante de votos desse PMDB? Eu dizia, na semana passada: então, por que ela não foi buscar Levy Fidelix para ser o vice dela? Por que ela não foi buscar Luciana Genro? Pastor Everaldo? Por que ela não foi? Foi buscar Temer. Por que Temer não tem voto? Ora, mamãe me acode! Não é assim que a banda toca!

    Este País tem ordenamento jurídico. Esses jornais de hoje e esses países que estão sobressaltados com o Brasil que saibam que nós temos ordenamento jurídico e que a democracia neste País está em vigor.

    Srª Presidente, eu estava vendo no YouTube uma entrevista de José Jorge, que foi candidato a presidente pelo PV. E, depois, li uma de Fernando Gabeira. Senador Hélio, Senadora Simone, interessante o que eles disseram. O Gabeira disse: olha, nós somos da luta armada. O José Jorge disse a mesma coisa. E nós, que pertencíamos à luta armada...

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - José Jorge ou Eduardo Jorge?

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) - Eduardo Jorge, desculpe. Muito obrigado.

    Nós, que pertencemos à luta armada, nós não estávamos defendendo democracia, não. Dilma nunca defendeu a democracia. Ela era da luta armada. Nós estávamos defendendo a ditadura do proletariado. Nós éramos contra a ditadura militar, mas defendíamos a ditadura do proletariado, tanto que Cuba tornou-se o nosso quartel de treinamento. Está lá no YouTube.

    Quando ela diz que defendia a democracia, são os líderes daqueles movimentos que estão falando isso hoje. Ela nunca defendeu a democracia. Ele disse: então, chegou o momento em que se entendeu que pela arma não se tomava aqui no Brasil. Decidiu-se então comer pelas beiradas até chegar ao poder. Depois que chegar ao poder, aparelha o Estado e aí faz o que nós queremos.

    É só entrar no YouTube. Pelo amor de Deus!

    Eu fiquei sobressaltado com isso! Fui ver lá o Eduardo Jorge, fui ver o Gabeira falando, e quando a Presidente Dilma disse que lutou pela democracia, eles disseram: não, não, a gente queria a ditadura do proletariado mesmo contra a ditadura militar.

    E o Eduardo Jorge diz uma coisa: "Eles fizeram muita maldade conosco, a ditadura militar, mas nós também fizemos muita coisa, nós não éramos fáceis não!", na entrevista dele. Então, essa história de posar de Madre Teresa Dilma de Calcutá, neste momento, afirmando: "Eu estou sendo injustiçada. Estão tirando uma mulher de mãos limpas!"... Ei, doutora, nós não estamos falando de crime penal; nós estamos falando de crime de responsabilidade fiscal, que fez de milhares de prefeitos neste País, que nunca mandaram matar ninguém, ficha suja, porque tiraram dinheiro da educação, para pagar salário! Pronto, cometeu um crime.

    Srª Presidente, Srs. Senadores, há outra coisa a que eu quero chamar a atenção neste momento. Quando eles dizem: "É, mas Fernando Henrique também fez; o Lula também fez!"... Alguns Senadores, quando o TCU votou que houve crime, que houve pedalada, eles resolveram assumir; fizeram esse discurso, e, nesse primeiro momento, assumiram.

    Eu vi o meu amigo, Senador Lindbergh, na tribuna, dizendo assim: "Não, realmente ela fez as pedaladas mesmo, mas foi para pagar os programas sociais, foi para pagar o Bolsa Família." O Lula fez um discurso em São Paulo dizendo: "Não, Dilma fez pedalada, ela fez, mas foi para pagar os programas sociais, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida!" Todos os Senadores da Base disseram isso.

    Deixe eu falar uma coisa para a senhora: desses 53 bilhões do primeiro furo - V. Exª era a Presidente da Comissão de Orçamento -, só 1,5 foi para Bolsa Família. Isso é brincadeira - isso é brincadeira, isso é brincadeira!

    Agora eu quero encerrar a minha fala, dizendo o seguinte, Senadora Rose, Senador Paim: quando o Presidente Lula, em um dos seus telefonemas dos que vazaram por aí, disse que os Ministros do Supremo não tinham saco, não eram homens, mas o processo dele estava na mão de Rosa Weber. "Eu espero que ela tenha saco", ele falou.

    Eu não vi nenhuma Senadora aqui ir para a tribuna - a Senadora Vanessa, que é tão atuante - dizer que o Lula afrontou as mulheres, que ele ofendeu as mulheres do Brasil. Porque, se fosse eu ou um Bolsonaro, se fosse qualquer outro cidadão comum... Eu não vi um discurso, nenhum.

    Em seguida, a gente ouve essa pantomima toda dos votos na Câmara: votaram em nome de Deus! Quer dizer, nome de Deus só presta na hora da eleição. Zombaram, fizeram anarquia.

    Não vi ninguém falar aqui da cusparada que Jean Wyllys deu no rosto de Bolsonaro. Agora, imaginem o contrário, se Bolsonaro é que tivesse cuspido na cara de Jean Wyllys: aí o circo estava armado!

    Eles iriam para o Supremo contra ele, iriam para o Janot contra ele, Comissão de Ética: "Vamos tirar o mandato desse troglodita!"

    O Senador Lindbergh estava admirado com o que estava acontecendo nas pesquisas com o Bolsonaro. É o efeito Donald Trump nos Estados Unidos: o povo cansou de quem mente; o povo cansou de ser usado pelas pessoas, depois que descobriu que foi usado, para levar para o Poder, pessoas que queriam aparelhar o País, para tirar proveito para si e para a sua própria família. É por isso que ele está crescendo nas pesquisas - é por isso! -; o povo se cansou de mentira.

    Quero falar outra coisa agora: eu acreditei nesse projeto. Viajei este País, defendendo o Lula e, depois, a Dilma; o Brasil sabe disso. Quando Dilma ganhou a eleição, no segundo turno do primeiro mandato, aqueles e-mails do Efeito Marina Silva, que levou Serra para o segundo turno, cruzei este País. Quando encerrou, estava aqui em Brasília; eu estava lá do lado dela na hora em que faz o seu primeiro discurso como Presidente da República, e eu, como milhões de brasileiros.

    Como eles dizem: "Não, ela representa 54 milhões." Então, pegue estes 54 milhões, e mande todo mundo ir para a rua defendê-la. Não tem cinquenta... Ela já recebeu votos de 54 milhões; hoje, pelo menos, destes, 35, 40 são absolutamente contra, e querem vê-la pelas costas.

    É por isso que eles só falam para a militância. Não têm discurso para falar com a Nação, porque não têm discurso de Nação. A Nação descobriu a farsa.

    Agora, quando terminou a eleição, eu, crédulo - crédulo! -, larguei minhas filhas em casa. V. Exª é do meu Estado, aliás, sempre me apoiou, sabe que morei 29 dias dentro de um jato, defendendo Dilma País afora. E, depois, a minha decepção, a minha vergonha, porque descobri que estavam escondidos atrás de um biombo. Eles nos usavam, para preparar um país, para que pudessem tirar o leite, tirar o suco, e deixar esta bucha, que estamos vivendo hoje.

    Então, é a decepção de milhões de brasileiros. Vai melhorar o Brasil com a saída dela? Não. Vai piorar? Vai. Estamos em queda livre, ainda vamos chegar ao fundo do poço.

    É preciso que haja uma unidade, uma união nacional. Que o Presidente, ao assumir no lugar dela, com o afastamento dela, como está previsto, que o Temer diga à Nação que não é candidata à reeleição. Que convide os melhores quadros deste País sem lotear Ministérios, os melhores quadros até do PT, para eles dizerem que não querem aceitar, mas tem que convidar, porque onde há joio, há trigo, e lá há gente de bem também. Convidar gente com capacidade, gestores, gente íntegra, todos nós, para tirar o Brasil deste fosso, tirar o Brasil deste esgoto em que eles nos meteram.

    Semana passada, Lula gravou um vídeo, que está na internet. Em determinado momento, Senador Paim, que ele fala assim: "De que adianta tirar a Dilma? Se tirar a Dilma, vai consertar alguma coisa?"

    Ei, eles estão cansados de dizer que não fizeram nada contra o Brasil. Vai consertar alguma coisa? Como assim? Não há nada para consertar. Eles não quebraram nada, nunca assumiram nada.

    Quero perguntar ao Advogado da AGU José Eduardo Cardozo, com pureza d'alma: A Dilma falou a verdade no processo eleitoral? Se ele disser que ela falou, que as peças publicitárias eram verdadeiras e que o que ela disse ela não fez, terá o meu voto - estou assumindo o compromisso, terá o meu voto!

    Mas ele jamais falará. O diabo, no processo eleitoral, é o pai da mentira. E, no processo eleitoral, a Dilma era a mãe.

    Vou dizer uma coisa para a senhora. No encerramento de tudo isso, o José de Abreu estava lá também; foi quando eu conheci esse ator, que só via na televisão, e gostamos de conhecer pessoas que vemos na televisão. Eu peguei na mão dele, um ator por quem sempre tive muito respeito por ele como artista.

    Mas, no final de semana próximo passado, ele cuspiu na cara de uma senhora, dentro de um restaurante - cuspiu no prato e na cara dela! Não importa; eu não vi um discurso aqui da Base do Governo. Senadora Vanessa Grazziotin, cadê a senhora?

    Não ouvi discurso de ninguém. Cuspiu numa mulher! Seja lá o que tenha acontecido, não se bate em uma mulher nem com uma flor, porque a mulher é vítima. No dia 8 de março, há cada discurso de que a mulher tem que encher isso aqui, de que tem que se dar vagas para mulheres... Tem, mas quem vota é o povo.

    Não sei o que o marido dela falou para Zé de Abreu, não sei o que ela falou para Zé de Abreu, mas seja o que ela tenha falado, ele não tem o direito de cuspir no rosto de uma mulher, ele não tem o direito de cuspir no prato de uma mulher. E não vemos nenhum discurso aqui. Imaginem se fosse o Bolsonaro que tivesse cuspido no rosto de alguém do PT! Imaginem se um pobre mortal, feito eu, um pé-rapado cuspido, esse é José - que é mais pé-rapado do que eu - e Cristovam, que é mais do que nós todos juntos, tivesse cuspido no prato de uma mulher! (Risos.)

     E você está rindo de quê? Você é pé-rapado também. Vocês todos aqui, porque elite e riqueza só quem tem é Lula e os filhos dele. Nós somos todos pés-rapados.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) - Ele ainda chamou o Senador Cristovam de velhinho babaca.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) - Aí, o Cristovam vai se manifestar na defesa das mulheres, como faz sempre, e o José de Abreu chamou ele de velhinho babaca!

    Eu acho que os velhinhos do Brasil, os aposentados de Paim, estão todos ofendidos com isso.

    Senhora, quero ver, porque vou provocar amanhã, na sessão, as Senadoras, principalmente a Senadora Vanessa Grazziotin, que é incisiva. Nessa questão da mulher, ela não deixa por menos. Ela não defendeu Rosa Weber, mas eu acho que ela vai aproveitar para defendê-la. Sabe por quê? Ela não falou nada da cusparada de Jean Wyllys.

    Sabe por que eles não falaram nada da cusparada de Jean Wyllys nem da cusparada do José de Abreu? É porque eles estão cuspindo no Brasil sem dó.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2016 - Página 62