Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário da matéria "G-8 do Impeachment teve Reuniões Durante um Ano", publicada no jornal Estadão, referente às reuniões ocorridas em 2015 a fim de arquitetar o pedido de "impeachment" da Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, e acusação de machismo por parte da oposição.

Autor
Regina Sousa (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: Maria Regina Sousa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentário da matéria "G-8 do Impeachment teve Reuniões Durante um Ano", publicada no jornal Estadão, referente às reuniões ocorridas em 2015 a fim de arquitetar o pedido de "impeachment" da Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, e acusação de machismo por parte da oposição.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2016 - Página 42
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, O ESTADÃO, ASSUNTO, REUNIÃO, REALIZAÇÃO, OPOSIÇÃO, OBJETIVO, ELABORAÇÃO, PEDIDO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ACUSAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, MOTIVO, PRESIDENTE, MULHER.

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, eu queria cumprimentar aqui os vereadores e vereadoras presentes. Bem-vindos a esta Casa.

    Eu não podia fugir ao tema que está em pauta, porque falarmos de outras pautas fica até difícil: a questão do impeachment, que acabou de ser instalado neste Congresso. Eu percebo aqui e fora como a palavra golpe incomoda, talvez porque foi denunciando como golpe que a imprensa internacional, os organismos internacionais começaram a verificar, a prestar atenção e a estudar o que estava acontecendo.

    Hoje eu venho para falar de golpe com as palavras do lado que defende o que chamam de impeachment. Como não chamar de golpe algo que está sendo gestado desde 15 de abril do ano passado? Instalou-se um bunker na casa do Deputado Heráclito Fortes para estudar como fazer o impeachment da Presidenta. Ela mal tinha tomado posse. Isso está em uma reportagem do Estadão. Ninguém deu muita atenção, mas não sou eu que estou dizendo.

    Instalou-se um bunker na casa do Deputado Heráclito Fortes, em 15 de abril do ano passado. Chamou-se de jantar laboratório do impeachment. Era o jantar laboratório do impeachment. Havia um comando, juntou-se um comando de oito pessoas, que eles chamavam G8, que tinha reunião semanal. E havia o plenário de oitenta pessoas mais ou menos, que fazia reuniões quinzenais.

    Tinham aula de estratégia de como fazer o impeachment, dada por um ilustre ex-Ministro, Nelson Jobim. Falaram, inclusive, que ele deixou muito claras as três vertentes. Infelizmente, a reportagem não fala das vertentes, mas eu imagino que sejam imprensa, Judiciário e Congresso as três vertentes para a construção do impeachment.

    Chegam a dizer, entre aspas, na reportagem, que ele foi fundamental, "suas exposições nos permitiram ver com clareza como os fatos se dariam". Quer dizer, iam criar os fatos para construir o golpe.

    Outros convidados também como palestrantes apareceram por lá, como o ex-Presidente do Banco Central Armínio Fraga e o Senador José Serra algumas vezes. O Vice-Presidente da República também era frequentador desse lugar.

    O que ia fazer lá um Vice-Presidente da República se não conspirar?

    E essa palavra conspiração não sou eu que estou dizendo. Quando cita quem é o G8, ele diz que era ele, Heráclito, Jarbas Vasconcelos, José Carlos Aleluia, Raul Jungmann, Marcus Pestana, Tadeu Alencar, Rubens Bueno e Mendonça Filho. E aí está entre aspas "o cérebro do impeachment", não, "o cérebro da conspiração". Ele usa a palavra conspiração, não sou eu que estou dizendo. Então, quem conspira conspira para dar um golpe.

    Outros convidados, Deputados, apareceram de vez em quando, Roberto Freire, Bruna Furlan, Jutahy Júnior, Antônio Imbassahy, Bruno Araújo...

(Soa a campainha.)

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - ... que eu acho que é aquele que deu o voto 342.

    Uma tolerância aí, Sr. Presidente.

    Felipe Maia, aquele que deu o voto 342, inclusive está sendo cassado lá no Estado dele.

    Então, a gente não pode dizer diferente. Estão aqui as palavras entre aspas. Eu peço que essa reportagem seja incorporada a minha fala, nos Anais.

    Ele diz aqui uma frase: "Dezoito convidados", que foi a primeira reunião, "ouviram o ex-Ministro Nelson Jobim pela primeira vez, no primeiro mês da articulação". "Nós precisávamos ter uma noção técnica de um processo de impeachment, e ele foi perfeito".

    Em outro lugar ele diz que se formou ali o estado-maior informal do impeachment", reuniões onde se preparava o cardápio que iria...

(Interrupção do som.)

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - ... o cardápio que iria ser servido ao Governo da questão do impeachment.

    Então, senhores, agora fica mais claro por que o pavor, por que o incômodo com a palavra golpe. É que esse fato, o Deputado Heráclito só falou, parece-me, no dia da votação, numa conversa informal com os repórteres do Estadão, o que gerou essa reportagem sobre a qual eu estou falando um pouco.

    Há outra passagem importante sobre o Nelson Jobim. "Suas exposições nos permitiram ver com clareza como os fatos se dariam sob suas diferentes perspectivas".

    Então, senhores, crime, tudo bem. Os dois lados exibem gráficos e mais gráficos, opiniões e mais opiniões. Se têm opiniões abalizadas dizendo que o impeachment é legal, que houve crime, há também opiniões muito importantes de pessoas e de estudiosos que dizem que não houve crime de responsabilidade.

    Portanto, é preciso clarear essa questão acerca do que está acontecendo. E que as pessoas tenham clareza do que estão votando.

    Tenho uma observação a fazer. Eu achava que o pessoal que estava indo para a rua ia comemorar muito aquela votação. E não comemoraram. Estranho. Acho que estão começando a se dar conta do que fizeram, porque estavam indo para a rua achando que estavam combatendo a corrupção, só que a Dilma não está sendo acusada de corrupção. De corrupção está sendo acusado o Vice-Presidente, que quer assumir o poder na marra.

(Soa a campainha.)

    A SRª REGINA SOUSA (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - Eu queria finalizar, Sr. Presidente, falando um pouco do que estão fazendo com a Presidenta Dilma, com uma mulher. E há um componente machista, sexista: uma Presidenta submetida a humilhações. Uma juíza de primeira instância proíbe a Presidenta de falar em rede nacional. Outra cogita proibi-la de viajar para a Assembleia da ONU. Senador vai, no dia seguinte, dar satisfações ao Tio Sam sobre o dia da votação. Ministro do STF praticamente dizendo o que ela deveria falar. Imagine, uma Presidente da República tendo que ouvir o que ela deve falar aonde ela vai. Deputados foram para a ONU para vigiar o que a Presidenta tinha a dizer. Foram barrados no baile, felizmente. Precisam até devolver o dinheiro que gastaram às custas da Câmara. E proibir uma Presidenta de nomear seus Ministros, por quê? Por caráter com certeza não é. Alguns que fizeram parte desse Governo até ontem não têm caráter melhor que o do Lula. E agora o Presidente da Câmara já decretou a vacância. O Presidente da Câmara decretou a vacância do cargo de Presidenta! O cargo de Presidente da República está vago, assim como um Senador fez no Senado, porque ele disse que não reconhece mais este Governo, que nada mais recebe, que nada mais vota enquanto este Governo não cair.

    Então, para você sentir. E tenho certeza de que há o componente machista nessa história! Se fosse um homem na Presidência da República, duvido que alguma dessas coisas tivesse acontecido.

    Muito obrigada. Era isso eu tinha a dizer.

    Peço que incorpore a reportagem ao meu discurso.

    Obrigada pela tolerância, Sr. Presidente.

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELA SRª SENADORA REGINA SOUSA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

-"G-8 do Impeachment teve Reuniões Durante um Ano", Estadão


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2016 - Página 42