Discurso durante a 62ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o Dia Mundial do Trabalhador, celebrado em 1º de maio.

Defesa da rejeição do processo de impeachment da senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, por constituir um golpe de Estado.

Autor
Donizeti Nogueira (PT - Partido dos Trabalhadores/TO)
Nome completo: Divino Donizeti Borges Nogueira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Sessão especial destinada a comemorar o Dia Mundial do Trabalhador, celebrado em 1º de maio.
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa da rejeição do processo de impeachment da senhora Dilma Rousseff, Presidente da República, por constituir um golpe de Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2016 - Página 17
Assuntos
Outros > TRABALHO
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, TRABALHO.
  • DEFESA, REJEIÇÃO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, GOLPE DE ESTADO, INEXISTENCIA, CRIME DE RESPONSABILIDADE.

    O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Paulo Paim, Srs. Membros da Mesa, quero cumprimentar, em nome do Willian, os nossos companheiros de luta e do Partido dos Trabalhadores no Tocantins; nossos convidados, trabalhadores e trabalhadoras, a cena se repete, companheiro de longas lutas, Chico Vigilante.

    Se em 1930, o chimarrão afastou o Café com Leite, eles sempre tentaram voltar; e sempre tentaram voltar por meio de golpe.

    Depuseram Getúlio em 1945. O povo resolve que ele tem que ser Presidente e o elege, mas eles não deixam ele governar. Comparando os discursos, as narrativas, os atores, são os mesmos de 1954 que não permitiram que Getúlio governasse. Por causa dos avanços para a classe trabalhadora, sobretudo para a soberania do nosso País, querem impedir a Presidenta Dilma de governar. É a mesma narrativa, o mesmo discurso.

    Eles tentaram, no discurso ainda, como não dava para falar do comunismo, colocar na cabeça, e colocaram na cabeça de alguns fascistas reacionários, o discurso do bolivarianismo e da corrupção. Combatiam Getúlio pela questão da corrupção. Getúlio deu o golpe no golpe. Juscelino foi eleito, mas não podia tomar posse. Tomou posse garantido. Fez um grande governo para este País, continuando a marcha para oeste de Getúlio Vargas, que era a interiorização do desenvolvimento.

    Costumo dizer, no meu Estado, que Palmas, a capital do Tocantins, é o último evento para a marcha para o oeste, que tirou os olhos do Brasil do mar e trouxe para o centro do País. Companheiro Chico Vigilante, quando o Fernando Henrique, no seu discurso de posse, disse que ia acabar com o legado do getulismo, era para botar os olhos do País na Av. Paulista e tirar do centro do País, era para voltar os olhos do País a serviço do capital internacional, voltar os olhos do País para além-mar, como foi feito. Mas veio o Presidente Lula. Aliás, ainda Jango. Por que Jango foi deposto? As reformas de base ameaçaram.

    Seguindo nessa trajetória, para encurtar, porque nosso tempo é exíguo e não quero prolongar, em determinado momento, nasceu no País um cacto que vem do Nordeste. Ele assume o Governo e incomoda a elite porque o filho do vaqueiro estuda na mesma universidade que o filho do fazendeiro, o filho do operário do chão da fábrica estuda nas mesmas universidades que os filhos dos donos da fábrica. (Palmas.)

    Isso não pode porque eles estão aceitando a competição em igualdade dos filhos dos trabalhadores com os filhos do patrão.

    É isso que está em jogo hoje: essa questão de o Presidente Lula elevar a autoestima do povo brasileiro, ampliar o exercício da cidadania, aumentar as universidades, aumentar as oportunidades dos filhos dos trabalhadores e das trabalhadoras para poderem estudar.

    Está aqui o Willian, que agora está fazendo universidade. Eu tenho uma sobrinha, filha do meu irmão, que não estudaria medicina nunca na vida, porque meu irmão não tem como pagar nem a mais barata universidade, cursos que não são medicina. Estuda bancada pela sociedade brasileira, através do Enem.

    Isso não pode, mas esses vão continuar tentando. Eu penso que a ida da Presidenta Dilma, ontem, ao Anhangabaú, como foi o Jango, na Central do Brasil, Senador Paim, eu tenho crença, eu tenho fé, aqui neste Senado, nós vamos barrar o impeachment.

    Podemos não barrar a admissibilidade, mas o impeachment nós vamos barrar, porque haverá a força da rua e haverá aqueles homens e mulheres Senadoras, aqui, que não são negociantes, que são, sim, representantes do povo brasileiro, de seus Estados. Nós vamos barrar o impeachment aqui.

    Basta que a gente, como já disse o Gonzaguinha... Eu queria lembrar do dia do processo, no dia 17, da vergonha nacional, mas eu penso que é um fato importante na história brasileira, porque mostrou para o povo qual Parlamento foi produzido nesses últimos anos.

    E aí eu lembrei de Raul Seixas, há uma música que diz o seguinte:

Tente outra vez.

Veja! Não diga que a canção está perdida.

Tenha fé em Deus, tenha fé na vida.

(Interrupção do som.)

    O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) -

Beba! Pois a água viva ainda tá na fonte. (Fora do microfone.)

Você tem dois pés para cruzar a ponte.

Nada acabou!

    Nós não podemos desanimar de que a Câmara vai impor ao Senado o impeachment. O povo brasileiro, os trabalhadores e as trabalhadoras, através da mobilização, irão convencer a cada Senador aqui, senão todos, mas a maioria deles para que a gente não permita esse golpe. Porque não tem outra explicação.

    E é um golpe que nasce de uma conspiração dentro do Palácio do Planalto, por um cara que era Ministro da Articulação Política, que conspirou, traiu a Presidente, traiu o povo brasileiro pra dar o golpe.

    É golpe! Não adianta a oposição ao nosso Governo vir aqui estrebuchar. Ficou provado pelo Ministro Nelson Barbosa, pelo Advogado-Geral da União, Eduardo Cardozo, e pela Ministra Kátia Abreu, na Comissão, que não existem os crimes que eles querem imputar à Presidente. Então, o que é isso? É golpe! E nós não vamos permitir.

    Nós temos que comemorar as nossas vitórias, mas não podemos estar desatentos nem embriagados só pela alegria, mas, sobretudo, pela reflexão de que esse 1º de maio no Brasil é diferente e que nós precisamos ocupar as ruas, convencer a sociedade democrática deste País de que é a rua que vai mudar o curso do que planejaram aí, que é o golpe, impedindo o golpe e mantendo a vontade do eleitor, como senhor e dono da razão, como soberano que decide na democracia.

    Um abraço a todos. Obrigado pela oportunidade de estar com vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2016 - Página 17