Pela Liderança durante a 59ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a necessidade de retomar o crescimento do País a partir da união de esforços entre parlamentares.

Autor
Benedito de Lira (PP - Progressistas/AL)
Nome completo: Benedito de Lira
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CONGRESSO NACIONAL:
  • Reflexão sobre a necessidade de retomar o crescimento do País a partir da união de esforços entre parlamentares.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2016 - Página 90
Assunto
Outros > CONGRESSO NACIONAL
Indexação
  • OBSERVAÇÃO, NECESSIDADE, RETOMADA, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, POLITICA NACIONAL, POLITICA SOCIAL, CRITICA, DISCURSO, INTERESSE PARTICULAR, POLITICO, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, ADOÇÃO, DEBATE, OBJETIVO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, CRISE, ECONOMIA.

    O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao me dirigir à tribuna, a Senadora Rose de Freitas me perguntou sobre o que eu ia falar. Eu, então, respondi a ela que ficasse tranquila porque eu não falaria de impeachment, de crise, de Lava Jato, porque, praticamente neste último ano, é só do que se fala nesta Casa e neste país. Incrível! Nunca vi isso na minha vida.

    Minha querida Senadora, vou tratar de um assunto genérico, conversar, para que os Senadores e as Senadoras imaginem este País, que paga um preço muito caro por conta desses desencontros.

    Sr. Presidente, o último biênio impôs aos cidadãos sérias dificuldades de contingências em um quadro geral que exige o concurso de agentes políticos para que o Brasil retorne aos trilhos do desenvolvimento. É da concórdia entre partidos e representantes públicos, é do diálogo aberto e franco entre todos nós que haverá de ressurgir a possibilidade da retomada do crescimento e da harmonia do nosso País. E, com o crescimento econômico, poderemos novamente ambicionar o desenvolvimento social de todos os brasileiros.

     Como é do conhecimento de todos, há mais de um ano o nosso País encontra-se paralisado, em estado letárgico e sem meios para a definição de projetos estruturantes na construção do amanhã. No presente, três temas dominam todos os debates na sociedade, na mídia e nos Parlamentos: um, a grave crise econômica em que nos encontramos; dois, a Operação Lava Jato e seus desdobramentos; e, por último, a crise política maximizada no presente, no processo de impeachment da Presidente da República. 

    A tríade temática é de importância real e autoevidente. Porém, é necessário que tenhamos em mente, neste Senado da República, na Câmara dos Deputados e nos legislativos das unidades federadas e municipais, que esses assuntos podem nos prejudicar, se o burburinho dos debates nos conduzir à paralisia, dificultando a hipótese de outros debates cruciais virem à tona.

    Acredito ser fundamental para os políticos trabalharmos com foco na solução da problemática em que nos vemos uma vez que o papel central da política é encontrar mecanismos para a superação das crises próprias à democracia, que se abatem sobre qualquer Estado em qualquer tempo e lugar.

    Srªs e Srs. Senadores, a nenhum de nós é dado negar que a mídia brasileira vem exercendo seu papel fundamental. Tampouco nos escapa que, dia a dia, somos bombardeados com a reiteração de manchetes, de editoriais, de matérias e de análises as mais pessimistas.

    A problemática das crises e dos escândalos de corrupção merece, de fato, a nossa mais profunda reflexão. Porém, quando se toma - entre aspas - "o" tema e não mais - entre aspas - "um" entre muitos temas, acaba por afetar os ânimos da sociedade e de seus representantes.

    Por essa razão, acredito que, sem abandonar ou afastar essa tríade temática a um segundo plano, a mídia deve assumir um papel mais propositivo, cumprindo, sim, sua função de noticiar, mas também de apontar, a partir da nossa história e dos contextos de crises vividas em outros países, caminhos possíveis para a superação de nossos impasses.

    E como a vida sempre há de seguir, importa para nós temperarmos a ideia fixa instaurada sobre esta crise com uma visão mais otimista e propositiva sobre nosso futuro.

    Cumpre relembrar, Sr. Presidente, que, a despeito de todas as nossas dificuldades históricas, o Brasil foi capaz de feitos impressionantes nos últimos 100 anos, foi capaz de avanços que credenciam este gigante e esta potência econômica a viabilizar os melhores cenários para a sociedade brasileira ao longo do promissor século XXI.

    Entretanto, o que vemos hoje no Brasil são embates políticos com tamanha violência verbal, com enorme acirramento, em uma divisão ideológica sem sentido.

    Não se extrai qualquer solução desses intermináveis insultos do presente nas páginas da internet ou nas ruas. É coxinha para lá, é petralha para cá, resultando em um debate estéril e infantil.

    Convém, uma vez mais, sublinhar que é próprio da política a reunião de mulheres e homens para a solução racional dos problemas.

    É preciso, portanto, insistir nesta ideia. A maior parte dos desafios que devemos enfrentar, as tantas crises de abastecimento ou de transporte das cidades, o saneamento básico ou a coleta de lixo, entre tantos outros exemplos, são de caráter pragmático e não raramente técnico e as preferências particulares do gestor do momento, quer seja prefeito, governador ou Presidente, alteram muito pouco o conteúdo das decisões sobre o que tem de ser feito.

    Por isso, a nós nos parece artificial e contraproducente, para não dizer extemporâneo, o tensionamento ideológico do presente. E, neste aspecto, Srªs e Srs. Senadores, o Congresso Nacional pode exercer um grande papel.

    Devemos protagonizar a educação pelo exemplo ao demonstrarmos à sociedade brasileira que, a despeito de nossas bandeiras partidárias, somos adeptos do diálogo sincero, sensato e cortês e que somos capazes de entabular uma dialética honrada e honrosa, respeitável e respeitosa na construção do nosso futuro e na busca incessante das soluções para a crise, inclusive a que vivemos.

    E o Brasil tem pressa. Ao deparar com o gigantismo dos nossos potenciais e a situação indesejável de penúria do povo brasileiro na cidade e no campo, o cidadão comum se exaspera, porque a vida não pode ser assim. Ao testemunhar a falta de solidariedade entre todos, com o fortalecimento de discursos de ultraviolência, o brasileiro de fé desanima.

    Senhoras e senhores, é este o preocupante estado de coisas que o Senado da República deve enfrentar. É este o quadro geral a ser pensado por cada Senadora e cada Senador...

(Soa a campainha.)

    O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL) - Sr. Presidente, já foram 20 minutos.

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Fora do microfone.) - São dez.

    O SR. BENEDITO DE LIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AL) - Dez, está bem? Por isso que já cantou a cigarra.

    ... para que, em fina sintonia com a vontade geral, sejamos nós os promotores do bem comum da sociedade.

    Apresenta-se a nós uma enorme pauta de reformas estruturantes que não podem esperar: solução da crise hídrica em nossas maiores cidades; o aperfeiçoamento do transporte público em respeito ao tempo dos que perdem horas desnecessárias no itinerário casa-trabalho-casa; a recuperação e a expansão de nossas malhas viárias, ferroviárias e aeroviárias; a modernização de nossos portos; o desenvolvimento das formas de energia limpa; a preparação educacional dos jovens brasileiros para uma complexa economia do amanhã, em que o domínio das tecnologias será determinante para a plenitude de nossos avanços.

    O momento, portanto, é de ação cooperativa e de união. E cada um de nós é corresponsável pela abertura de espírito em que somos chamados ao esforço parlamentar pela reconciliação nacional.

    É imperioso que todas as representações adotem ações efetivas para o Brasil voltar a crescer política, econômica e socialmente. E, em contraponto, racional aos atos de violência verbal e de desrespeito ao próximo, por vezes presentes nas manifestações de rua, nós, Parlamentares, devemos reiterar nossa crença inabalável no diálogo, evitando todos os episódios de desrespeito já ocorridos neste Congresso, em que Parlamentares, tomados por inaceitável acesso de fúria e surdos às razões do outro, acusam-se mutuamente, partem para o clamor injurioso. Isso, na verdade, não constrói absolutamente nada.

    Não. O que buscamos em verdade, colegas, é a imperiosa convergência, para que a democracia, em seu aspecto comportamental, deite raízes em nossas ações comuns nesse solo laico e sagrado a que denominamos Parlamento. No Parlamento falamos e no Parlamento temos o dever de escutar; neste Congresso Nacional ou em qualquer outro espaço público de deliberação política, das lutas, do empenho, das pulsações, dos erros e acertos, da maturidade, das esperanças e da boa-fé de incontáveis gerações de seres humanos.

    Os nossos ancestrais nos libertaram da brutalidade cega e animalesca ao nos proporcionarem o espaço deliberativo para, ante o inevitável entrechoque de ideias e de interesses individuais e coletivos, buscarmos, por assim dizer, a força resultante e o tempo provisório das condições presentes no viver e no conviver em sociedade.

    Portanto, Sr. Presidente, acredito, em uma expressão, que este Brasil de paz, de congraçamento, de amor ao próximo e respeito aos cidadãos contribuintes, de convergência de propósito e de construção de ideias continue ao alcance de nossas mãos.

    E para isso só depende de nós; da nossa ação e da nossa vontade política em dialogar com todos de forma pacífica e respeitosa, dando nossa contribuição na busca de soluções para os problemas que ora enfrentamos. O momento é de união, de trabalho em favor do Brasil.

    Portanto, Sr. Presidente, é de fundamental importância que estas Casas do Congresso Nacional deixem de lado as paixões, deixem de lado os discursos meramente demagógicos. Esta é a Casa dos grandes debates. Aqui já se realizaram os mais fantásticos debates ao longo da história do Senado Federal. E o País está a precisar dessas ações de cada um de nós.

    Deixemos de lado a paixão política. Deixemos de lado as controvérsias. Deixemos de lado a vaidade. Deixemos de lado a ânsia do poder, e possamos nos juntar, para encontrar os caminhos do desenvolvimento, da paz e da convivência pacífica.

    Por isso, Sr. Presidente, eu agradeceria a V. Exª pela tolerância.

    Muito obrigado e que Deus nos ilumine.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2016 - Página 90