Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que garante autonomia ao Banco Central; e expectativa positiva com o Governo Interino de Michel Temer.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Defesa da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que garante autonomia ao Banco Central; e expectativa positiva com o Governo Interino de Michel Temer.
Publicação
Publicação no DSF de 20/05/2016 - Página 36
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), PROPOSTA, HENRIQUE MEIRELLES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), OBJETO, CESSÃO, AUTONOMIA, NATUREZA TECNICA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), ELOGIO, APOIO, GOVERNO, INTERINO, MICHEL TEMER, CHEFE, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, EXPECTATIVA, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO, INDICAÇÃO, ECONOMISTA, POSSE, CARGO PUBLICO, PRESIDENTE, AUTARQUIA FEDERAL, REGULAMENTAÇÃO, CONTROLE, ECONOMIA NACIONAL.

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhoras e meus senhores, na última terça-feira, dia 17, o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou a nova equipe econômica do Governo Temer. É praticamente unânime a percepção de que a equipe é composta de verdadeiros craques, profissionais de grande competência e comprovado conhecimento, com a capacidade e a experiência necessárias para lidar com os assuntos espinhosos que os aguardam - a reforma da Previdência, a meta fiscal, o equilíbrio das contas públicas e o controle inflacionário, dentre outros.

    Boa parte desses temas envolve a aprovação de proposições legislativas por esta Casa e pela Câmara dos Deputados. Não tenho dúvidas de que estamos prontos para dar a nossa contribuição nos esforços que o Brasil requer neste momento de crise.

    Eu gostaria de chamar a atenção de V. Exªs, hoje, para um projeto específico que deve chegar ao Congresso em breve, de acordo com o que acenou o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ao indicar o economista Ilan Goldfajn para a Presidência do Banco Central - a confirmação no cargo ainda depende de sabatina por esta Casa, na Comissão de Assuntos Econômicos, e da aprovação aqui no plenário do Senado Federal -, o ministro Henrique Meirelles acrescentou que pretende enviar ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição que estabeleça, como dispositivo constitucional, a autonomia técnica e decisória do Banco Central do Brasil.

    Embora se possa argumentar que o Banco Central venha atuando, na prática, com certa autonomia - especialmente nos anos em que o próprio ministro Meirelles esteve à frente da instituição, ao longo dos oito anos do Governo Lula -, não existe uma garantia normativa, constitucional, para o exercício autônomo de prerrogativas pelo Banco Central. Há sempre o risco de interferência política na instituição. E tivemos relatos nesse sentido, nos últimos anos, com graves consequências para a economia do País.

    A PEC, que deve chegar ao Congresso nos próximos dias, evita esse quadro. O BC, Banco Central, terá autonomia técnica para decidir a respeito do melhor caminho a tomar, dentro, é claro, dos limites impostos pela legislação em vigor, pelos instrumentos à disposição do Banco e pelos objetivos e interesses da Nação.

    É importante frisar, como declarou o Ministro, que autonomia não deve ser confundida com independência. A adoção de um modelo de independência do Banco Central, como o do banco central norte-americano, em que o Presidente e os diretores do FED têm mandatos fixos, precisa ser discutida com mais vagar, em outra oportunidade. Mas não podemos mais evitar a urgência de se conferir aos auditores do nosso Banco Central a autonomia técnica para decidir sobre as melhores linhas de ação para a nossa economia.

    A PEC também deve confirmar a perda do status de Ministro para o Presidente do Banco Central, mas mantendo a prerrogativa de foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal para o Presidente e estendendo-a para os diretores. São medidas complementares que reforçam a autonomia dos diretores e lhes dão mais tranquilidade nas atividades que têm a desempenhar.

    Confirmando-se o teor e o envio dessa PEC ao Congresso, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acredito que ela mereça o nosso apoio. Nas palavras do Ministro Henrique Meirelles, "agora teremos garantia constitucional de maior amplitude para autonomia técnica de decisão".

    O Banco Central é órgão de Estado, e não de governo. Ele tem natureza eminentemente técnica, e sua atuação deve ser apartidária, isenta, voltada aos interesses do País, e não do governo do momento. A ingerência política sobre o Banco Central tem o nefasto potencial de nos causar imensos prejuízos. Conferir autonomia técnica ao Banco Central é um meio de impedir a concretização dessa grave ameaça à economia do nosso País.

    Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já falei aqui na tribuna do Senado, esta semana, da expectativa positiva, da credibilidade, da confiança que o Governo do Presidente Temer e a sua equipe econômica estão transmitindo à Nação, não só à Nação brasileira, mas a todo o mundo, a todo o mercado do mundo.

    A CNI já fez pesquisa depois da posse do Presidente Temer, e o aumento da credibilidade e da confiança do empresariado brasileiro é muito forte, é muito positivo, é muito grande. Isso é muito importante para o nosso País.

    Precisamos destravar a economia, precisamos destravar o que emperra hoje as grandes obras do País, sobretudo as obras de infraestrutura, precisamos voltar a gerar empregos, precisamos melhorar a renda do brasileiro. Esse início de governo do Presidente Temer, apesar de ser um governo em exercício - e esperamos que o Senado Federal possa se debruçar agora, cumprindo, é claro, os prazos regimentais, para finalizar o processo -, já demonstrou essa confiança, essa credibilidade, nacional e internacionalmente, nesse início de governo.

    É isso o que nós esperamos do Governo do Presidente Temer, da sua equipe econômica e de todo o ministeriado, reduzido, mas com autonomia e com competência para destravar a economia do nosso País.

    Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/05/2016 - Página 36